.
Com o mais profundo respeito oferecemos
este trabalho ás seguintes autoridades:
JAIR MESSIAS BOLSONARO.
Excelentíssimo Presidente
da Republica do Brasil.
MAURO
FERREIRA MENDES.
Excelentíssimo Governador do Estado de Mato Grosso.
PARASSÚ
DE SOUZA FREITAS.
Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de Luciara.
RUSLEY ALVES LUZ.
Digníssimo Presidente da Câmara Municipal de Luciara.
e
Vereadores no exercício de suas funções.
E especialmente.
A todos digníssimos Luciarences.
Alguém um dia ensinou:
A todos os homens de boa vontade incumbe à imensa tarefa de restaurar as relações de convivência humana na base da Justiça, verdade, amor e liberdade; as relações das pessoas entre si, as relações das pessoas com suas respectivas comunidades políticas, e dessas comunidades entre si, bem como o relacionamento de pessoas, famílias, organismos intermediários, e comunidades políticas com a comunidade mundial. Tarefa nobilíssima, qual a de realizar verdadeira paz segundo a ordem estabelecida por Deus. Bem poucos na verdade, em comparação com a urgência da tarefa, os beneméritos que se consagram a esta restauração da vida social conforme os critérios aqui apontados. A eles o nosso apreço, e um fervoroso convite a perseverarem em suas obras com renovado ardor. É um imperativo do dever, é uma exigência do amor. Cada cristão deve ser na sociedade humana uma centelha de luz um foco de amor um fermento para toda a massa. Tanto mais será, quanto mais na intimidade de si mesmo viver unido com Deus. Assim estaremos unidos numa luta social por um mundo melhor, não deixando de lembrar que a sociedade humana não estará bem constituída e nem será bem fecundada a não ser que lhes presida uma autoridade legitima que salvaguarde as instituições e dedique o necessário trabalho e esforço ao bem comum”. Tristão de Atayde. Wdg.
Homenagem
§
"um exemplo de mulher".

Eu nasci desta Terra bruta, fui cultivado com o suor dos desbravadores, produzi com o ímpeto das desenvolturas enquanto crescia amparado por você meu irmão sertanejo, e nestes dias de angustia só me resta pedir que zelem da nossa mãe natureza, ame as arvores e seus frutos, as aves, os animais, os peixes, os pássaros, enfim, ame toda criação do Pai, são todos seres vivos igual a você e acredite que o nosso Pai criou este mundo que ainda pode ser um paraíso se nos o respeitarmos. Ame-o como Ele vos ama, não tenha vergonha de dizer que Deus existe e que você acredita Nele. Sabem quem nos somos?
*
"Um cantinho do Céu" - A Princesinha do rio Araguaia;
Suas origens- de 1926 a 2021.
O baixo e médio Araguaia, mais
precisamente o leste mato-grossense, é o principal cenário dos relatos deste
autor onde ”sine ra et studio” registrou dezenas de contextos
importantes, os quais serão fielmente descritos e comentados neste
trabalho monográfico. Em um primeiro momento, para melhor compreensão da
obra aqui apresentada, foi feita uma revisão bibliográfica, a qual relaciona
literatura e história, um assunto bastante questionado pelos estudiosos, uma
vez que pesquisadores não acreditam que exista um elo entre ficção e a
realidade, enquanto outros estudiosos afirmam haver essa relação
entre a escrita histórica e a literária. O pós-modernismo traz justamente essa
proximidade, considerando por meio da literatura acontecimentos históricos
vistos sob outro prisma - a história vista de baixo – o
daqueles autores não citados nos grandes fatos da história que são contados sob
a visão elitista, mas que ajudam a ligar e compor a história de maneira geral.
Num segundo momento, vem à relação entre
os pensamentos dos estudiosos com as narrativas do autor, montando uma relação
entre teoria e pratica no sentido de que os pesquisadores embasem a atual obra
podendo ser considerada literária por apresentar a ligação entre historia e
literatura, do ponto de vista de um homem comum que viveu e testemunhou suas
narrativas, e destas assertivas brotaram e floriram histórias de uma emergente
vila com seus habituais moradores...
...Luciara
é um pequeno município ao leste do Estado de Mato Grosso, fundado e criado em
1934 pelo pioneiro Lucio Pereira Luz, tem na Pecuária, na Pesca artesanal e no
Turismo o seu meio de subsistência alardeando uma agricultura tradicional, mas
que vem evoluindo gradualmente acostada ao progresso com a chegada das grandes
rodovias e novos grupos de agricultores. Sua população de aproximadamente dois
mil e quinhentos habitantes entre fixos, flutuantes e índios levam uma vida
tradicional embora o município não traga tradições culturais antigas. Desde a
sua fundação os alicerces básicos e a estrutura político social desta
comunidade emergente têm sido abalados por casos fortuitos e muitas vezes
violentos, mas foram superados pela tempera dinâmica dos sertanejos, que
preferiam a morte a serem envergonhados, homens estes que eram forjados com a
temperança do aço e a dureza dos diamantes impondo pelas suas rusticidades atos
homéricos dignos de registros, e como resultado veio a ser gerada a história da
criação deste fabuloso município que já foi mãe das maiores Comarcas da região,
para entremearmos no âmago destes feitos teremos que retroceder aos idos de
1926.
Naveguemos nas memórias...
Necessário se torna retroagir e
assim por em pratica a expressão dos grandes escritores romanos: “Sine ra et
studio” (Quando o autor participava pessoalmente dos fatos
ocorridos)
“Como a história deve ser escrita”.
As Raízes..foi assim que começou...
ANOS DE 1926 - Barra do rio Tapirapé com o rio Araguaia.
Era mês de agosto de 1926 quando chegaram á Barra do rio Tapirapé com o Araguaia, na divisa do Estado de Mato Grosso com o Estado de Goiás, mas precisamente a Ilha do Bananal (hoje Estado do Tocantins), eram eles os rudes sertanejos desbravadores de sertões Pio José Pinheiro, sua esposa dona Inês, Sebastião Pereira, Ciriaco e outros, no inicio se instalaram junto ao morro da Barra, mas a grande enchente daquele ano fez com que na junção dos rios Tapirapés e Araguaia as águas corressem por entre os morros e os obrigaram a se mudarem, e, então habitaram a margem do lago Tapirapé onde se formou um grande mangueiral que mais tarde ficou sendo a aldeia dos índios Tapirapés. Os índios Karajas que moravam na Ilha do Bananal, no lado de Goiás, no verão se mudavam para a praia grande da ponta sul da Ilha. Em 1941 com a criação do Posto Heloisa Torres, no lado do Estado de Mato Grosso, bem na junção dos rios Araguaia e Tapirapés, ali se fixaram definitivamente trazidos por Antônio Wanderley Chaves. Os índios mais conhecidos eram os Tapirapes: Pranchui, Cantariô, Marco, Cantidio, Leônidas, Jose Cabelo Ruim e Penacho, os índios Karajas mais conhecidos eram Savarú, Wererremhy e Manoel Tucano.
Retornando ao ano 1934 - Barreirinha era uma pequena cidade no Estado do Pará ás margens do rio Araguaia. Ali moravam estes colossais aventureiros, uns nativos da região, outros vindos do Estado de Goiás e do nordeste, o espírito de aventura campeava solto nas almas daqueles homens rústicos que andavam em busca de sua terra prometida.
Lucio, casado
com dona Silvina Mendes de Sousa teve os filhos: José, Benedita, Adauta e
Donatilha,
E não dando certo o
casamento, anos depois, juntou-se com Dona Inês e teve o
filho Waldemar depois se amasiou com Maria Gruvira e teve o filho João Neton,
na sequência juntou se a Otildes e teve os filhos Jose Liton, Dalila, Maria
Daily e Maria Dorly, depois se amasiou com Raimunda Pinheiro que já tinha um
filho recém-nascido de nome José Célio e teve os filhos, José Lucio, Jose Cezar
e Jose Augusto. Finalmente como sua ultima aventura amorosa se engraçou de uma
professora sobrinha de seu amigo Poncidônio de nome Constância, e esta, como se
diz no sertão, “botou sal na moleira do velho coronel” e lhe complicou a vida,
como veremos mais adiante, no desenrolar deste episódio.
Mato
Verde/Luciara MT.
Plantando seus históricos...
Fundada em 10 de maio de 1934
pelo pioneiro Lucio Pereira Luz e seus companheiros de viajem que ali aportaram
em busca de novos mundos e deslumbrados pela exuberância de seus verdes
deram-lhes o nome de “Mato Verde” e ali habitaram.
Ao longo do grande Berrorocam (rio Araguaia)
subindo por este acima, passando pela Antiga aldeia de Xambioá, seguindo-se rio
acima pelas Andorinhas, Barreira de Santana, Barreira de Campo, Antônio Rosa,
Crisostemos, Macaúba, Barra do Tapirapes, Jatobá, Crisostemos (ilha de praia),
(Mata Verde), São Domingos, Fontoura, Santa Izabel do Morro, Barreira de São
Pedro, Luiz Alves, São José dos Bandeirantes, Cocalinho, Barreira do Henrique
Alemão, e finalmente Santa Leopoldina do Araguaia, moravam esparsamente estes
índios ribeirinhos e sertanejos, eram varias centenas de famílias Carajás,
alguns dissidentes tendo se separado tribalmente adentraram pelo braço menor do
rio Araguaia e deram-lhes o nome de Javaés, mas são todos uma só
nação.Considerado etnologicamente como um Grupo do tronco linguístico
Macro-Jê em razão de ser desconhecida a sua origem, os Carajás se
destacam pelo esplendor de sua cultura, pelo seu linguajar e pelo seu invejável
aspecto antropométrico. Matriarcal por índole, de contra partida, revela-se um
fervoroso “Pater Família” e, o respeito, a tolerância e a compreensão que
transmitem serviriam de base estrutural á qualquer sociedade moderna. Sertanejos
e índios desde tempos remotos viveram irmanados transmitindo assim uma
importante aproximação cultural.
Os pioneiros de Mato Verde não foram
exceção desta regra.
Dados interlocutórios.
Lucio Pereira Luz, Paraense de nascimento, nascido a
15 de abril de 1894 em Barreira de Santana PA. Era filho de José da Luz Reis e
de Francisca Pereira de Miranda, ambos maranhenses. E tinha os irmãos Leopoldo,
Osório, Ranulfo e Raimundo, e também tinha as irmãs Jardelina, Antonia, Otilia
e Fabriciana.
“Lucio
Pereira Luz faleceu no dia 19 de
novembro de 1970 durante o voo que o trazia doente do hospital de Mineiros GO.
foi sepultado junto a seus familiares em Luciara”.
“A expedição - 08 de abril de 1934”
O
tema do dia naquela cidade ribeirinha de Barreirinha do Pará era a nova
aventura que se avizinhava necessário se organizarem no sentido de fazerem uma
viagem tanto pelo rio como por terra com destino ao já sonhado local promissor
rio acima no Estado de Mato Grosso, que já tinha o nome de Mato
Verde. E muitos eram os candidatos que sonhavam com a Terra Prometida
criando histórias mirabolantes e fantasticamente imaginadas e os devaneios iam
de encontro a minas de ouros e pedras preciosas e assim por diante. Era bom
sonhar, não fazia mal algum, apenas trazia o animo a alegria e a impetuosidade
aventureira.
Já falavam da partida para
breve, primeiramente Lucio se manifestou aos seus amigos impondo as condições:
--Lucio, nós estamos no mês de abril e ainda chove muito e isto pode dificultar a nossa viagem - alertou Severiano Neves que era um dos pioneiros de frente.
--Severiano –respondeu o pioneiro –Eu não carrego saco de sal em minhas costas, não tenho nada a temer, a chuva pode dificultar, mas o rio cheio nos ajudará a subir pelas vazantes e pelos baixios.
--Já mandei derrubar a minha roça e eu plantarei muito milho e arroz, mandioca e abobora junto com a cana, se chover desse jeito teremos muita fartura. - interrompeu Severiano.
--Pode sonhar meu amigo, pois assim vai ser – completou Lucio – eu também já fui lá varias vezes e deixei o Pedro Madalena me esperando, a mata lá é de primeira e a minha roça já esta derrubada e por isso que eu quero chegar logo de mudança e tudo para plantar o futuro de minha família.
--Saiba que eu vou fundar um povoado aonde eu e todos os meus poderemos viver para sempre – alardeou Severiano.
--Eu fundarei a minha cidade – completou Lucio estavam decididos.
Horas depois a chuva tinha passado e ambos se dirigiram para a casa do “secretário” Jose Xavier que era o tipo do rábula sertanejo estudado tinha boa caligrafia e sabia fazer as contas, especialmente para o lado dele. Lucio sabia deste detalhe e que os outros mal assinavam os nomes.
--José... Eu quero que você organize no papel, a nossa viagem eu te dou mais ou menos o rumo das coisas e você faz a previsão, como você já sabe, eu já estive lá e sei o que vamos precisar.
--Muito bem, quero os nomes de quem concordou em ir.
--Eu sei que eu vou e o Severiano também.
--Muito bem Lucio Pereira Luz e família, Severiano Souza Neves e família, e quem mais? Pedro Nonato, que voltou de lá mais eu, Joaquim Rosário, Ananias Vasconcelos, Roxo, Antônio da Silva Mundim, Francisco Gomes, Barula, Altino Pereira, e você Jose Xavier.
--O João da Silva o “Fogaça”, Melquiades, Raimundo Vasconcelos e o Branco são os da frente --afirmou Severiano.
--Nem pensar que certos elementos que não gosto vão conosco, ainda vai ficar muita gente por aqui – zangou o Lucio.
De fato muita gente em Barreirinha tinha o Lucio como um líder, mas outros o
invejavam e se o odiavam era bem escondido, pois temiam o homem. Quando por um
acidente o Cartório onde foi feito o casamento com dona Silvina pegou fogo,
ele, sem ligar para o ocorrido comentava “não tendo documento não tem
casamento”.
Nos dias seguintes todos movimentaram, uns calafetavam os batelões, outros ensebando os arreios, limpando as armas, afiando as facas e facões, e as mulheres preparando as matulas e ensacando mantimentos. Era uma atividade febril.
Conta-se que no
dia da partida apareceram na cidade, vindos de barco
a motor uns fiscais do Estado e alguns policiais do Pará que ao saberem da
movimentação do gado para outro Estado queriam receber o imposto a que Lucio se
opôs, não concordando:
--Quando eu peço
verba para escola vocês não dão, e eu também não vou pagar nada e estamos
decididos!
.Finalmente
chegou o dia para a partida.
Era 12 de abril de 1934, - 05,30.
Mal o dia clareara já se escutava o gado berrando e os vaqueiros com seus
gritos movimentavam as rezes pondo-as a caminho por uma rota até então
desconhecida. Aliados aos vaqueiros iam varias famílias com suas carroças
carregando quase de tudo inclusive tralha da dormida e alimentos para toda a
equipe terrestre. Tropas de burros disciplinados liderados por uma égua madrinha
largaram na frente seguindo o boiadeiro do berrante que estrondeavam os ares se
juntando aos mugidos das rezes que pareciam se despedir estrada adentra foram
sumindo nas curvas invioladas e cheias de capim agreste, seria uma viagem de
muitos dias e noites, mas estes e aqueles estavam afeitos a esta lida.
Lá no rio, os viageiros se acomodavam em suas
embarcações e cada um assumia o seu posto de lida. As mulheres balançavam os
barcos ao entrarem e assim foram se agasalhando e deixando o porto, aos poucos
foram se enfileirando rio acima pelas forças de seus remos e impulsos de suas
zingas. Estava dada a partida. Um foguetório dos infernos explodiu por cima
daquela pequena vila, lá se iam seus heróis rumos ao desconhecido e Lucio em pé
na proa de seu batelão levantou seu rifle 44 de papo amarelo de 12 tiros e se
despedindo disse um ADEUS bem longo.
Muitos lhe desejaram boa sorte,
outros se quedaram calados por não terem tido coragem de participar desta
grande aventura.
Margeando
o rio escutava-se o berrante e o clamor do gado, nos barcos todos tentavam se
agasalhar e a ajudar empurrá-los contra a correnteza rio acima, uns com remos,
outros com zingas, e outros com ganchos com os quais usavam as arvores ribeirinhas
para dar impulso e as pequenas embarcações, tais gazelas. E estas seguiam na
frente e foram logo sumindo da vista dos moradores de Barreirinha. Já estavam a
caminho.
--Bem,
agora estamos por nossa conta, Dona Otildes e Dona Adauta e Dona Bené não se
descuidem do menino. (Jose Liton tinha apenas três dias de nascido).
--Pode
deixar Papai nos não nos descuidaremos de nada.
Como
o rio tinha muita água aqueles tipos de embarcações, os batelões e canoas, eram
largos e tinham pouco calado, próprio para navegarem em águas rasas, assim,
tiveram que colocar travessia no rio, desviando-se das correntezas para pegar
os remansos do outro lado. A viagem começou a render, almoçavam as merendas
preparadas durante a noite quando dormiam amarrados em arvores nos poucos
lugares seco que encontravam acendiam uma grande fogueira e se revezavam na
vigília.
Chuva fina e mosquitos
os acompanharam durante os vinte e oito (28) dias e noites que levaram para
irem de Barreirinha ao local pretendido, os ganchos que prendiam os arbustos
para puxar os barcos e as zingas os ajudaram muito para encurtar a viagem.
Finalmente em maio de 1934 chegaram os primeiros habitantes ao lugar que então
foi batizado como “Mato Verde” e ali acamparam definitivamente era ainda cedo
do dia quando desembarcaram em um barranco limpo que tinha como fundo uma
belíssima Mata Verde.
Explosão nascitura:
Era o dia 10
de maio de 1934.
Nascia a vila
de “Mato Verde”.
“Aos bravos
desbravadores de sertões e fundadores de cidades, Cel. Lúcio Pereira Luz e seus
companheiros o nosso apreço e registro de seus feitos heróicos”.
Certidão de
nascimento: Vila de Mato Verde.
Nascida a 10
de maio de 1934.
Filiação: Lucio
Pereira Luz e seus companheiros.
Localização:
Margem direita do Rio Araguaia.
Estado de Mato
Grosso.
“Fundaremos aqui a nossa cidade e ela se chamará MATO VERDE – e
aqui viveremos como uma só família, cristãos e índios e que Deus nos abençoe” -
gritou o Coronel Lúcio Pereira Luz e todos aplaudiram dando vivas.
Nascia a vila
de Mato Verde - José Liton Luz, filho de Lúcio Pereira Luz
e de Otildes era o filho mais novo da cidade que surgia, foi o primeiro filho
da terra”.
No singelo e rude
porto, um pequeno grupo de índios Carajás que ali habitavam em um torrão
(pedaço de terra alto e enxuto) denominado “Torrão dos Carajás”, que ficava uns
mil metros abaixo junto à barranca do rio. Oito casas e um barracão dos índios
solteiros enfeitavam a pequena aldeia composta por apenas oito (08) famílias
num total de trinta e nove (39) índios que eram comandados pelo cacique mais conhecido
como Manoel Joaquim Andori. No período do verão se mudavam para a praia da ilha
em frente ao porto onde desembarcaram os chegantes quase todos tinham uma boa
noção dos palavreados usados pelos cristãos e o porto estava em festa, índios e
seus novos irmãos se confraternizavam. Já conheciam Lucio de outras viagens
anteriores e tinham uma grande estima por ele, era o começo de um novo mundo
cheio de amor e esperança. Anos depois, na aldeia de São Domingos o capitão era
o carismático índio José Caolho Antuire.
Chacina no rio das Mortes.
Para darmos um melhor esclarecimento dos fatos ocorridos no mesmo ano, na mesma localidade que nascia, e, que isoladamente merece registro devemos...esclarecer minuciosamente os marcantes momentos de dois Padres Salesianos...
“Os Xavantes depois da primeira pacificação pelo exercito ainda em Goiás, desde
1775 viram-se diminuindo a tal ponto que fugiram atravessando o rio
Araguaia na barra do rio das Mortes, onde se fixaram a esquerda do rio
das Mortes desde 1840 rejeitando qualquer tentativa de aproximação.
Quando os Padre. João Fuchs e Pedro Sacilotti, tentaram se
aproximar dos Xavantes foram trucidados”.
Entrementes, ao nascer da vila de Mato Verde...
O
Pe. Sacilloti e o Pe. João Fuchs tinha suas desobrigas estendidas de Araguaiana
no rio Araguaia por este abaixo até Mato Verde e depois subiam o rio até a
embocadura com o rio das Mortes e por este adentro ate Santa Terezinha já
no alto Rio das Mortes ou rio Manso e vice versa.
Mato
Verde que havia sido habitada por Lucio Pereira Luz e mais uma boa leva de
lavradores e vaqueiros, era uma pequena vila apenas a uns dois mil metros do
Morro dos Padres que ficava na mesma margem, uma volta rio acima.
Os dois padres tinham por companhia um Bororo Luiz que era o motorista e piloto
de sua embarcação, e vez por outra a presença do Coadjutor Pellegrino. Que
segundo se supõe foi vitima de uma devastadora chaga que o vitimou. Lembro
ainda que haja muitos anos atrás eu mesmo por varias vezes, e por vários índios
Karajas da aldeia de Santa Izabel, os ouvi comentarem que não dormiam nas
praias do rio das Mortes porque elas causavam feridas nas peles como
queimaduras. Anos depois, por algumas vezes vinham os aviões anfíbios
”Catalinas” da charqueada de Araguacema e ali pousavam e enchiam sacos de areia
e decolavam. Falava-se em areia monazítica
Trechos do Boletim da Missão Salesiana:
“1934 — O primeiro mês de 1934 continuou com os nossos
em Mato Verde na evangelização dos Carajás da margem esquerda. Pelo
fim do mês por ordem dos Superiores, voltaram a Araguaiana para um descanso.
Aos 30 de outubro decidiram descer até Mato Verde, na frente da ilha Bananal,
onde num alto barranco construíram um rancho e no dia 3 de dezembro foi
inaugurada a nova missão de S. Francisco Xavier assistindo à Missa um
bom grupo de índios Carajás”. (o grifo é nosso). Noticiaram-se, naquela
oportunidade que 34 dias após as mortes dos padres, outros salesianos vindos de
Araguaiana oficiaram a nova Missão dando assim prosseguimento aos trabalhos dos
padres sacrificados. *
RETROAGINDO...
Assim se passaram os fatos:
“*01 de Novembro de 1934 — Festa
de todos os Santos foi o dia glorioso da morte dos nossos dois heróis. Na
embarcação que descia de Santa Teresinha no rio das Mortes eram sete pessoas:
os dois Padres, o bororo Luis Kapuceva. (motorista),
Militão Soares de Cocalinho, Nestor Coelho do Maranhão, o garimpeiro holandês
João Schiller e o moço Serafim Marques de Araguaiana.
Bordejando rio abaixo, eis que
pelas 3 horas da tarde, o moço Serafim entreviu na margem direita dois Xavantes
parados, em observação. Padre Sacilloti e o bororo Luis saltaram na ubá que
levavam consigo e encostaram, enquanto a lancha descia lenta no meio do rio com
o motor apagado. O barranco da margem era íngreme e muito alto: trepando com as
mãos e pés chegaram em cima; ninguém! Avançando um pouco subiram numa árvore e
de lá descortinaram à distância de cem metros na orla da floresta uns 50 Índios
escondidos na folhagem.
Pe. Sacilloti chamou então
os demais que viessem. Avançaram os dois Padres e o bororo; chegados bem perto.
Pe. Sacilloti falou aos Índios em Carajá, mas eles responderam em tom
ameaçador. Então Pe. Sacilloti virando-se pediu aos companheiros que trouxessem
os presentes. Militão, Nestor, e Luis voltaram à embarcação, enquanto o
holandês, que não tinha entendido, continuou a avançar.
Quase no mesmo instante ecoou o
grito de P. Sacilloti “Os Xavantes atacam!” O que aconteceu naqueles momentos
ninguém viu, mas é certo que os dois Padres desde muitos meses previam à hora
do sacrifício e serenamente o enfrentaram: sine sanguinis effusione non fit
remissio!
Os camaradas fugiram
desabaladamente, enquanto entre os gritos dos selvagens sibilavam os cacetes e
as bordunas. Chegados à lancha, o holandês armou-se de seu “Winchester”
automática e encostou outra vez no barranco chamando forte “Padre Sacilloti,
Padre Fuchs!”; fora do eco, silêncio absoluto.
Não avançou por estar
sozinho e porque começava a anoitecer; chamou os demais, mas estes se recusaram
pela escuridão. Bem lembrado da recomendação do Padre, não atirou nem quando
lhe pareceu que passassem perto duas sombras; ficou toda a noite ancorada no
meio do rio; no dia seguinte exploraram o terreno; a uns 500 metros do barranco
encontraram os dois cadáveres, um junto do outro, ambos com o crânio fraturado.
Transportados
na margem, foram enterrados à beira do rio a meio metro de distância e foi
levantada uma cruz, sinal de nossa redenção. Terminada a cerimônia, o bororo se
ajoelhou imitado pelos demais, e rezaram uma Ave Maria, para o descanso eterno
dos dois Padres, imolados para a conversão dos Índios Xavantes. “Meses depois
os restos mortais foram transportados a Araguaiana no cemitério que já acolhia
os despojos de Pellegrino: lá foi construída uma decorosa capela para lembrar
aos fiéis os heróicos missionários dos Xavantes”.
Esta é a origem do nome Morro dos Padres em Luciara.
Retornando a nova Vila de Mato Verde...
O raiar de uma nova era.
As primeiras ordens do dia foram dadas pelo Lúcio:
--Agora vamos
descarregar os batelões e as canoas e armar acampamento, os índios nos ajudarão
dormiremos com os rifles dentro de nossas redes, se bem que os índios Karajas
são nossas sentinelas, amanhã começaremos a nos organizar. Estamos em terra
hostil, mas os índios bravos não andam por estas bandas durante o período
chuvoso, mesmo assim manteremos sempre um olho aberto, nunca andem sozinho,
sempre acompanhados de dois ou três companheiros e pelo menos levem um índio
Carajás com vocês.
--Um
sonho que começa a se realizar, o nosso povo habitou todo este sertão,
agora se encontram espalhados por todos os cantos, cada um em sua posse, -
vaticinou Lúcio.
Ainda
cedo da noite algumas fogueiras e seus improvisados assados já haviam
alimentado os viajantes que já tinham armados suas barracas de vara e palha de
piaçaba, e se agasalhavam com suas famílias, era a primeira noite de uma nova
cidade.
Os cachorros corriam festejando a liberdade, os patos, marrecos e
galinhas aproveitavam a lua clara e andavam circulando junto às cozinhas
improvisadas e muitos peixes trazidos pelos Karajas estavam sendo assados em
jiraus e os meninos, índios e toris brincavam alegremente.
Não choveu e o céu se abriu como a cumprimentá-los dando boas vindas, as
estrelas e a lua faziam companhia aos novos moradores, seria assim daí por
diante.
Cada
grupo deu um turno de guarda, jantaram e foram dormir em busca de seu merecido
repouso.
No
outro dia cedo antes do dia clarear, os homens no acampamento já estavam
reunidos discutindo e traçando seus próximos passos, como iriam começar a
explorar a região e onde se instalaria definitivamente, Lúcio pediu que todos
se calassem porque tinha ouvido qualquer coisa, um som no ar do clarear do dia.
--É
o gado que vem chegando - gritaram entusiasmados.
--Devem
ter dormido aqui perto, vamos improvisar um curral de varas, precisamos dar
leite para esta molecada - comentou Ananias Vasconcelos.
Logo os homens se juntaram e de facão e machado na mão começaram a improvisar
um pequeno cercado para por o gado.
Três
horas depois o som do berrante estridente já soava quase dentro do acampamento
e se ouviam os gritos dos vaqueiros e o tropel do gado acelerado.
--Viva!
Até que finalmente chegaram, tiveram muita dificuldade?
--Quase nenhuma seu Lúcio,
apenas perdemos dois bois e uma
bezerra, de índios só vimos os rastros.
--Ainda
bem, coloquem o gado no pastoreio, seus homens devem descansar agora nos
tomaremos conta cada um do que é seu.
--É isso ai – concordou Nena – eu por mim vou tomar um banho, e, arranjar um
jeito de tomar um pileque e dormir um pouco.
Passaram o dia agasalhando os pertences,
fazendo barracos melhores e explorando a vizinhança. Enquanto isto um café
cheiroso tomou conta de todos.
À noite continuaram as reuniões interrompidas pela chegada do gado –
Lucio dissertava a todos os companheiros de aventura:
Entre estes estavam: Severiano de
Sousa Neves e a esposa Fabriciana e a filha Iraci, Francisco Gomes
Luz e Maria Clementina e a filha Rosália, Inês Abreu Luz e filhos
José Ateneu Luz, Domingos, Rosa e Waldemar.
--Sabemos que o Sebastião Pereira ainda esta na barra do Tapirapés onde
o Pio e a Inês estão morando quer subir o rio com o Ciriaco e ficar ali pelas
bandas do Urubu Branco na Gameleira, o Domingo Medeiros e o Ciriaco querem
ficar no porto junto a Cedrolândia onde o Dionel, Jose Barula, Leandro, o José
Domiciano, Pedro Nonato e Pedro Madalena estão nos esperando para tocarem fogo
nas roças.
Pedro Nonato, Joaquim
Rosário e Pedro Abel tiveram que atravessar para a Ilha do Bananal no Furo das
Pedras de lá chegaram a Mato Verde se juntando aos outros, era um caminho mais
seguro.
--Eu,
Lúcio, fico em Mato Verde e minha fazenda será na margem do Tapirapés, e terá o
nome de Fazenda São Pedro, o José Pinheiro acabou se instalando na Santa Rosa,
também as margens do Tapirapés, João Colodino foi para Bom Jesus do Tapirapés,
Sabino Brito se instalou no Bom Jardim, junto com Veronilha, Melquiades foi
para o Mutum junto da grota bonita – e continuou a sua dissertação- mas isto
não nos da o direito de nos descuidarmos, isto aqui ainda é uma terra hostil e
têm índios de outras paragens que não são os nossos amigos Carajás, temos que
ficar atentos para os sinais, eles quando estão querendo atacar ficam imitando
o Mutum ou o Jacurutu, quando escutarem muitos pássaros cantando de uma só vez
pode por a bala na agulha da arma, pois os índios Kaiapós gostam de atacar ao
meio dia quando o sol esta a pino é uma hora em que ninguém espera e são mais
violentos do que os Xavantes temos que zelar das nossas armas, pois estes
beiços de pau (Kaiapós) adoram roubar armas dos “toris ou caraíba”. Todo
cuidado é pouco.
--Vou ficar uns tempos por aqui, os animais precisam se recuperar da viagem - disse Severiano.
--Eu vou dar uma explorada, amanhã saio por ai.
--E eu vou junto disse Lúcio.
--Vamos pela beira do rio, margeando a mata.
--Vamos olhar o gado?
Ambos montaram a cavalo e foram para os varjões onde o gado estava pastando reunido, pelo caminho conversavam.
--Isto aqui vai ser uma bela fazenda, com tanta água, matagal, pasto, caça a vontade e muito verde.
--Olha só que beleza de pradaria, os campos perdem de vista nunca vi nada assim antes.
--Devemos voltar imediatamente para Barreirinha para trazer o povo que quiserem vir.
--O gado esta um pouco magro, a viajem foi apertada.
--Logo estarão roliços de gordos.
O dia passou rápido, logo amanhecia o dia da viajem de exploração das terras, cinco homens já havia arreados seus cavalos e de matula nas garupas se despediam prometendo voltar em cinco dias, já era perto do meio do dia quando saíram rumo ao desconhecido.
--Vamos em frente sempre margeando o rio – orientou Severiano
Seguiram por quilômetros de varjão onde os veados campeiros os olhavam desconfiados e se aproximavam bem perto para cheirá-los era o desconhecido. Nas margens dos lagos, esgotos e rios, os Jacus e os Mutuns abundavam os patos selvagens voando por cima pousavam nas praias aos milhares, já estava entardecendo, rodearam capões de matas sempre enxergando as arvores altas da beira rio quando chegaram ao esgoto de um lago que desembocava no rio Araguaia, acamparam em uma praia enxuta bem dentro da baixada.
--Ocês moradô donde?
--Mato Verde - respondeu Lúcio - e eu sou Lúcio.
--Onde fica isso Mato Verde? Bom, eu Pereira, capitão Pereira, eu cacique da aldeia do Fontoura lá na Ilha do Bananal.
--Nois moradô novo, Mato Verde fica meio dia de viajem rio abaixo. - Tem peixe ai na canoa? Vamos trocar?
--É eu troca por rapadura, mas eu aviso vocês toma cuidado Xavante ta perto eu vi rasto deles, são muitos, cuidado.
--Obrigado amigo.
Depois da troca, e um longo papo, Pereira foi embora e os homens foram assar peixes, neste mesmo dia o esgoto passou a se chamar “esgoto do lago Fontoura”, mas era do lado de Mato Grosso.
No outro dia, muito antes do clarear, Joaquim Rosário estava de vigia chamou a todos.
--Escutem... Os Jacurutus e jacus se revezavam nos cantos e eram muitos.
--São os índios – falou Severiano. – vamos dar uns tiros para cima que eles vão embora.
--Não – asseverou Lúcio - nada de tiros, temos que aprender a conviver com eles e não será hostilizando-os que o conseguiremos, vamos aguardar eles se aproximarem.
Os cinco homens estavam em meio à praia limpa, e atentos, ao redor a mata do rio. Logo os índios se fizeram aparecer. Lúcio levantando a carabina falou as únicas palavras que sabia em Xavante:
--Uachuadi. Uachuadi... (amigo.)
--“Ia mamã heto Terezaçu” (Sou o cacique me chamo Terezaçu.) - e continuou:
--Uachichi? (como chama você?).
--Eu me chamo Lucio e este outro se chama Severiano- e este outro chama Roxo- falando e indicando através de mímica.
O índio que parecia ser o chefe deles, todo pintado de vermelho e preto, um olhar penetrador e muito sério com arco e flechas na mão subitamente levantou o arco e disparou uma flecha que foi se enterrar quase entre as pernas do pioneiro, apenas dois metros adiante a frente, estavam a uma distancia de uns trinta metros um do outro. Lúcio não pensou duas vezes disparou um tiro com sua carabina de calibre 44 que levantou poeira meio longe do índio que nem piscou e tornou a gritar abaixando o rifle:
--Uachuadi... Uachuadi... (irmão)
Hummmm. - Resmungou o índio abaixando o arco e se aproximando de Lúcio dizia por mímicas que ele era o chefe, e numa demonstração estranha abaixou, pegou um graveto de pau no chão e enfiou na boca da carabina do Lucio o que valia dizer que não queria briga e sim paz. Daí por diante, todos se acalmaram e uns tentavam entender o que os outros diziam, mas os índios estavam vidrados nas armas, Havia perto de trinta índios. Ganharam presentes dos pioneiros, como facas, facões, rapaduras e sem mais nem menos foram saindo e sumiram da vista. Enfim tudo terminara bem, pelo menos neste primeiro encontro improvisado quase depenaram os toris.
--Severiano comentou: Foi uma temeridade sua atirar nos pés daquele índio.
--Tínhamos que mostrar que não estávamos com medo, só assim eles nos respeitará.
--Você acha que eles vão nos seguir?
--Hoje dormiremos na praia em frente à barranca do rio Araguaia, assim só teremos um lado para vigiar.
--É, parece que nos largaram, te juro que fiquei apreensivo - comentou Roxo.
Seguiram pelas limpezas de uma barreira que logo a chamaram de Barreira da Cotia, tal a quantidade destes pequenos roedores. Chegaram às margens de um bonito lago, junto ao rio e o chamaram de Lago de Pedra ao rodearem a planície saíram em cima de uma lagoa de arroz bravo que era uma maravilha. Ao entardecer estavam junto a um morro de areia bem acima da curva do rio onde ficava do outro lado do rio a grande Aldeia Carajás de Santa Isabel do Morro, pela primeira vez pousaram onde seria no futuro uma grande cidade que se chamaria de São Félix do Araguaia.
--Um dia voltarei para erguer a minha cidade aqui neste lugar - disse Severiano
--É um belo lugar - Comentaram.
--Nesta noite não acenderam fogo porque temiam também os índios Karajas que eram ótimos canoeiros, embora não fossem tão hostis.
--Estamos com índio de todos os lados, de um lado os Xavantes, do outro Kaiapós, mais em cima os Tapirapés e Karajas. No dia seguinte montaram a cavalo, e após sondarem as redondezas iniciaram a volta, a lua já ia alta quando chegaram ao acampamento em Mato Verde.
--Foram bem de exploração?- perguntaram.
--Tudo bem só um pequeno problema, mas foi resolvido e será sempre assim daqui para frente. – Quase ninguém entendeu a mensagem, mas para Lúcio tanto fazia.
As vilas no sertão eram construídas em forma de ferradura para melhor e defenderem dos ataques dos índios. Nos primeiro 16 dias de instalados, mataram 11 onças pintadas e seis suçuaranas.
O restante da boiada só chegou por volta de 1935.
Lembrete: Anos depois chegaram a Mato Verde o Raimundo Pereira Luz, o “Mundico” que era marido de Dona Rosa, José de Barros Lima chegou em 1936.
No dia 15 de julho de 1934 o Coronel Lúcio, e seus companheiros Severiano e Joaquim Rosário voltavam de Barreirinha onde conseguiram recrutar mais famílias. §
Um pouco de São Felix do Araguaia.
Severiano de Souza Neves com ele chegaram o Zé Martins e Liduina, Lió e Silvinha, Maria Dias, Ateneu Luz e Aracy, Lupércio, Sindô, Tertuliano, Leôncio e a esposa Joana, Firmino da Luz e Florência, Feliciano e Maria Dias, João da Luz e Manoela, Ursulino Vasconcelos e Salomé, Bento de Abreu e Felícia, Lourival e Camú, Sandoval e Silvina da Luz, Marçal e Germana, Raimundo e Luizinha, Pedro Coelho e Francisca, mas não se fixaram inicialmente no local escolhido por Severiano com receio das represálias dos índios e se instalaram rio acima, primeiramente na barreira do pequi na ilha do Bananal depois se mudaram para junto de Santa Izabel do Morro, mas com o advento da criação da Reserva Indígena Carajá e do Parque Nacional tiveram que abandonar a posse e mudaram-se definitivamente para o lado de Mato. Grosso onde ainda hoje se encontra instalada a cidade de São Felix do Araguaia. Isto por volta de 23 de maio de 1941
Posteriormente o Bispo Dom Pedro Maria Casaldaliga Plá instalou a Prelazia de São Felix do Araguaia.
§
A emancipação
Luciara emancipou como Município pelo Decreto Estadual-Lei nº 1.940 em 11 de novembro de 1963, com uma área originalmente de 4.243 Km².
Descendo o rio, de São Félix a Mato Verde passava-se primeiro por Santa Isabel do Morro, a maior aldeia Carajás na Ilha do Bananal, depois pela aldeia do Fontoura, também na Ilha do Bananal e finalmente pelo pontal do Padre, onde no período da seca, um travessão de pedra atravessa o rio de Mato Grosso a Ilha do Bananal. Logo adiante, depois da curva ficava a pequena vila, que mais parecia uma joia rara encravada na barranca do rio, suas lindas praias enfeitavam a chegada, do porto junto a um pé de Piranheira, chegava-se aos currais do pioneiro, e de lá para as casas que eram distribuídas ao longo da margem do rio numa bela e inesquecível vista panorâmica. Tudo era paz e tranqüilidade, não se ouvia falar de guerras ou revoltas. Nem radio ainda existia por lá, se acontecesse uma revolta ou guerra no mundo quando os habitantes viessem a tomar conhecimento ela já teria acabado.
.
*
Lúcio, já meu amigo, foi a primeira pessoa que encontrei.
--Boa tarde meu Coronel.
--Boa tarde, ora, se não é o nosso amigo paulista, seja bem vindo.
--Obrigado – agradeci dando-lhe um abraço forte.
--Estou secando o relógio, entrou água nele – disse me mostrando um relógio de pulso que colocndo-se para mim – vamos.
Saímos a andar pela rua, daquele momento em diante não me faltou mais nada, nem “pira para me coçar, estava soba tutela do Coronel”.
Misto de juiz, promotor, defensor, delegado e prefeito o homem é quem mandava e resolvia tudo, e fora a estes encargos era também agropecuarista e comerciante.
--Senhor Dankmar – tratava a todos com profundo respeito - estou esperando um caminhão com mercadorias em Leopoldina, devo me ausentar por uns dias, mas o próximo caminhão virá até a aldeia do Fontoura por dentro da Ilha do Bananal. O Senhor me espere aqui que na volta nos vamos juntos até a minha fazenda São Pedro.
Enquanto aguardava a volta do coronel me entrosava cada vez mais com seus filhos e amigos.
O sertanejo tinha um grande numero de gado que criado solto nas largas os mesmos embraveciam e se alongavam.
Este tipo de gado só era campeado em vaquejadas especiais. Sempre saiam em numero de dez a doze vaqueiros.
Não faltava a rede de dormir, rapadura e carne seca com farinha de puba. Na garupa um bom laço de couro de mateiro e vestiam perneiras de couro bem curtido. Sempre levavam duas ou três juntas de bois carreiros (sinueiros) para trazer de volta as rezes aprisionada. Eu mesmo fui por duas vezes. Nosso ponto de parada era na Santa Fé, uma belíssima ravina onde havíamos construído um curral e uma pequena casa. Ali dormíamos, e dali partíamos para nossas caçadas.
Sempre levantávamos bem cedo, ao clarear do dia, não só por causa do
gado, também por causa dos índios. Preparávamos nossos arreios tirando
tudo que fosse supérfluo e tudo que fizesse barulho, enrolávamos linhas nas
rosetas das esporas para não tinirem e saiamos em busca do gado bravo que
sempre andava reunido em magote de vinte a cinquenta rezes. Quando achávamos
seus rastros frescos seguíamos calados até avistá-los, então tomávamos chegada
pelo lado contra o vento para que as rezes não nos sentissem e chegávamos o
mais perto possível, mas quando elas nos farejavam era uma debandada doida e
saiamos todos em desabalada carreira cada um atrás de uma rês
desgarrada, uns as derrubavam logo e as peavam, outros as laçavam e depois
tinham que se defender das investidas amarrando-as em arvores, outras acuavam
dentro das capoeiras e enfrentavam os vaqueiros. Era uma luta dura, mas no
final sempre voltávamos com muitas reses apreendidas. O melhor eram os
comentários, fulano caiu, fulano ficou enganchado em um galho ou fulano teve
que pegar a novilha à unha se não ela o pisava. Eram formidáveis aqueles homens
inclusive o grande campeão Antônio Petoco que em decorrência de uma espetada de
pau no pé teve tétano e morreu.
Assim o tempo ia passando e eu esquecera que existia outro mundo lá fora.
Naquela tarde de verão eu estava sentado com
vários amigos em uma rodada escutando o velho Lúcio contar casos de Nostradamus quando um rapaz de nome Roberto se aproximou dele e disse:
--Seu Lúcio, eu preciso de um favor do senhor.
--O que é que você quer?
--Quando o Senhor for para o Fontoura eu queria uma carona de ida e volta.
--Primeiro você me deve desculpas – ironizou o Coronel. --Você se lembra daquele dia lá na praia quando o senhor pulou por cima de mim que estava agachado dentro da água, tirando “tiuba”?
--Sim, mas foi sem querer, mas eu sei que fui errado, eu não devia ser tão atrevido e o desrespeitei, me desculpe, por favor.
--Assim que se fala, está desculpado, quando eu for, te aviso, mas possivelmente será amanhã cedo - terminou o pioneiro com um leve e amoroso sorriso nos lábios.
--Dankmar você esta lembrando sobre o caminhão que eu ia trazer com mercadorias através da Ilha do Bananal?
--Sim me recordo, mas é uma temeridade seu Lúcio, será o primeiro caminhão a chegar neste sertão.
--Mas chegará amanhã cedo, mandei um bom guia para acompanhá-los e sei que conseguirá chegar à aldeia do Fontoura, seu barco esta no jeito?
--Estará pronto ao amanhecer do dia.
E realmente partimos no dia seguinte para aquela odisseia.
Eu havia comprado um barco com motor Penta com 04HP (Cavalos força) uma canoa para quatro mil quilos. Partimos ao clarear do dia e quando o sol saía já estávamos chegando á aldeia do Fontoura onde os crentes adventistas cuidavam da aldeia e o pastor Isaac Fonseca estava lá.
--Bom dia minha gente, seu Lúcio eu já soube da novidade, será que chegarão sem problemas? Inclusive já expliquei para os índios o que é um caminhão e eles estão ansiosos para vê-lo.
--Não se
incomode daqui para o meio dia eles
chegarão.
Fomos para a casa de o Isaac Fonseca conversar e eu
aproveitei fui falar com os índios que não queriam acreditar que tal coisa
existisse, mas queriam ver, já era perto das onze horas quando o Capitão
Pereira, cacique dos índios Karajas,
alertou:
--Vem
vindo, escutem, levantem a cabeça...
Todos os índios fizeram o mesmo e eu
também, era um silêncio total quando o vento vinha, ouvia-se um ronco surdo do
motor à distância, súbito uma buzinada apavorou a aldeia, foi uma correria
danada, as mães arrastavam os filhos pelos braços e os jogavam dentro das
canoas no porto e começaram a abandonar a aldeia rumo à praia defronte, uns
pulavam de cima do barranco para dentro do rio e nadavam até a praia outros
gritavam e pediam para se acalmarem, pois o barulho sumira. Mas de repente a
buzina e o som do motor acelerado, agora bem perto, invadiram a aldeia o pânico
foi geral, nos pulos de cima do barranco eu vi um índio novo se jogar e cair
dentro de uma canoa, mas pelo visto não se machucara muito, em pouco tempo só
restava na aldeia os índios mais velhos e os guerreiros dispostos a enfrentar a
fera que chegava. Buzinando alto como uma fera, eu cheguei a chorar de emoção
logo o GMC entrou triunfante dentro da aldeia deu uma roncada alta e apagou.
Foi tal ver um campeão em uma olimpíada a chegar vitoriosamente na fita de
chegada. Estávamos orgulhosos e também o Coronel que abraçava os chegantes.
A estas alturas os índios já haviam
inspecionado tudo e a maquina já tinha
um nome. BEUREOTU que queria dizer maquina de fogo que anda na terra e o
motorista REOTUDIRADICANDÔ – o que dirigi a maquina de fogo. Os índios foram
chegando e todo mundo queria buzinar, logo todos se acostumaram com o veiculo,
crianças e velhos e mulheres não mais os temiam, pois estava IRORO (morto ou
parado). Mas o Coronel pediu que ajudassem a descarregar a mercadoria e a
colocassem em meu pequeno barco já estacionado no porto, uns vinte índios
começaram a descarregar o caminhão e a carregar o barco, não dei conta de
mandar parar de por mercadoria logo o barco começou a afundar com tanta carga.
Foi uma correria doida para não deixar molhar a mercadoria, tiramos a água do
barco e com o peso certo dei duas viagens a Mato Verde.
Este
foi um fato inédito e digno de
registro, o progresso caminhara sobre
rodas foi uma apoteose inenarrável.
Comecei
a sentir que eu perdia alguma coisa, pois tinha medo do progresso.
O motorista do caminhão dois
dias conosco e voltou para
Anápolis carregado de couro.
Dois dias depois
fui para Fazenda São Pedro e de lá para Cedrolândia.
Eram doze léguas sertão adentro fui a. cavalo.
Lá
na fazenda São Pedro do Coronel Lúcio, nas margens do rio Tapirapé que distava
em apenas uns oitenta quilômetros ou pouco mais de Mato Verde, o velho coronel,
vivia sempre em constante desobriga, visitando os amigos e parentes, e estas
visitas sempre resultava em festa.
Era
comum ver todos os moradores reunidos em volta do velho desbravador e, este,
com os olhos quase fechados, mascando um pedaço de fumo, enquanto ia se
despindo da camisa suada tirando a faca da cinta e passando o gume pelos
braços, pelas costas e pelo corpo todo e a sacudia tirando o suor apegado na
lamina, diziam que era assim que ele banhava, mas eu mesmo o vi umas vezes
banhando, algumas vezes, no rio, de vez enquanto dava uma cusparada no chão da
preta masca e falava:
--Não
vai demorar muito tempo, vão começar a aparecer
por aqui os que se dizem proprietários destas terras e junto com eles virão os
grileiros, gente perigosa, ai vamos começar a ter problemas, por isto devíamos
nos precaver, cada um requerer um pedaço de terra, pois Nostradamus diz: –
batia no livro que sempre carregava - um dia o sangue vai correr no Brasil ate
a altura do peito do pé e este mundo nosso pode passar do ano 2000, isto é, mas
não chegará a 3000, por isto devemos cuidar bem do que é nosso e não estragar o
que Deus nos deu, é pecado até comer muito. Eu vou vender um pouco do
gado para comprar alguma terra, e vocês façam o mesmo.======
--Mas Lúcio, se a gente vender o gado para comprar terra e
depois não tem nada para por nela o que adianta isto?
--Você esta
igual o caboclo que comprou uma botina nova, mas andava com ela nas costas, ai
perguntaram para ele porque fazia assim e ele respondeu que a sola do pé
Deus dava outra, mas a da botina Deus não dava, ora seus moços, a que
Lucio continuou --Vão-se os anéis, mas ficam-se os dedos.
Os Festejos de fim de ano reuniam aquele povo
disperso em suas posses e quase sempre vinham para Mato Verde.
Era Natal de 1954, e Lucio, como o fazia em
todo Natal, desde os idos de 1950, continuou a preconizar:
“Chegará o dia em que os pretensos donos destas
terras virão e com eles os grileiros e nos expulsarão das terras que tanto
amamos e que com a nossa própria vida as conquistamos”.
--Coronel - dizia o outro – está faltando café por aqui já faz
muitos dias que não se toma um gole, nem os vizinhos estão tendo, o senhor da
um jeito para a gente viu.
--Muito bem seu
Medeiros, mas é assim mesmo como o senhor deve lembrar o velho ditado “na
minha casa nada eu achei, fui na do vizinho pior encontrei, voltei na minha me
remediei”, --Vou mandar um saco de café para vocês (café em grão
que teria que ser torrado e depois moído). Depois
vinham as festas, quando não eram em Mato Verde eram em Cedrolândia, um lugar
era perto do outro, como se diziam "de
grito" mas distava em aproximadamente em 10 Klms.
Feiticeiros corriam as léguas do Coronel, estes quando
sabiam da existência de um feiticeiro que andasse por ali, o mandava
buscar e aplicava-lhe uma bela surra com vara de pinhão.
--Quem dá jeito em macumbeiro é vara de pinhão-
ensinava o mestre Lúcio.
Um dia apareceu
por lá um “curador” cuja especialidade
era ”tratar de mocinhas”. O Seu Lúcio recebeu uma reclamação de um dos
moradores:
--Coronel, um
curador desconhecido anda aprontando por ai, ele esteve lá em casa na Santa
Lúcia e fez o que quis com a Dominga.
--Vão buscar o
homem.
Quando apareceram com o tal de macumbeiro mal encarado e metido a bravo o Lucio
foi logo ordenando:
--Então o Senhor
é um macumbeiro que anda aprontando por ai?
--Não, eu sou um
religioso viajante que entendo de tirar espíritos.
--E só sabe
tirar em meninas novas não é? Pois bem eu também sei tirar espírito de curador
macumbeiro – e olhando para os moradores que o cercavam determinou - Tirem uma
vara de pinhão e dêem uma boa surra neste macumbeiro e depois enfiem um palmo
de fumo de corda no traseiro dele e soltem-no bem longe daqui.
E
assim o fizeram, o macumbeiro nunca mais apareceu por aquelas bandas. Era o
Coronel Lúcio quem falara e suas ordens eram sempre executadas, assim conseguia
manter seu povo unificado e lhe respeitando afinal era um Líder, mas não
demorou muito para que as previsões do pioneiro se realizassem. Começaram a
aparecer os que se diziam donos daquelas terras e com eles vieram os grileiros.
Foi o começo do fim.
Enquanto vivo mantinha seu povo unido, mas a sorte do velho pioneiro estava
selada e, em uma última aventura amorosa jogou a sua última cartada.
Foi assim...
A tensão
entre Adauta e o pai crescia assustadoramente, pois enxergava o
patrimônio do velho pioneiro se esvair nas constantes contendas com sua última
mulher.
Constância insistia em casar civilmente com o
Coronel o que Adauta não concordava porque ele já era casado civilmente com sua
mãe e ainda viva, (diziam que o cartório onde Lúcio se casara pegará fogo
queimando todo acervo), assim ele se julgava livre do compromisso, mas o
próprio Lúcio contestava que não havia sido por mando dele o fogo do cartório.
Possidônio fora o articulador do plano e passou a patrocinar a briga na
justiça.
Enquanto
o Coronel começava se aborrecer com a mulher, um novo problema surgiu, e este
problema tinha um nome “Romildo”, mas isto já é outra... História.
Os últimos dias do Coronel.
Lucio
Pereira Luz tinha uma família toda criado á moda do sertão, eram rudes e duras
como o pai.
Adauta
era uma das filhas mais velhas do casal Lucio e dona Silvina e não era à
exceção da regra. Casada com o capixaba Flavio Baptista, moravam no morro do
Padre, um pontal um pouco acima da vila a beira rio que passou a se chamar
Ponta Porã.
Um velho atrito punha constantemente em briga o velho coronel e sua
filha, pois tendo abandonado a sua esposa Silvina, mãe de Adauta, já havia se
amasiado com outras mulheres, e finalmente a última de todas que era a lenha da
fogueira.
Constância, mulher nova e sabida tinha a orientação de seu tio Poncidônio e a
felicidade conjugal demorou, mas, pouco.
Finalmente
o casamento aconteceu mas durou pouco, ao
abandonar o marido a mulher exigia a metade de seus bens e o fez via judicial.
Poncidônio seu tio, e pretenso amigo do Cel. Lucio fora o articulador de todo
plano, inclusive fora ele que incentivou e jogou sua sobrinha para os braços do
seu então amigo e depois passou a patrocinar a briga.
O Coronel homem rude e embrutecido pela natureza hostil não
conseguia assimilar o que seria uma ação judicial, pois sempre fora ele quem
decidira, não podia entender que uma autoridade pudesse prejudicá-lo. Afinal
era ele a vitima daquela trama.
Para o velho Coronel a situação não era nada boa
a ação prosseguia a todo vapor e a justiça começava a tomar seus bens. O Juiz
era o Dr. Odiles de Freitas, Constância declara o dobro do patrimônio do
pioneiro pretendendo assim ficar com tudo. Já velho e doente cansado de tanta
luta enfrentava agora a incompreensão das autoridades, mas, mais teimoso que
uma mula o desbravador não podia admitir que ninguém tomasse os seus possuídos
que tanto lutara para conseguir enfrentando as intempéries das chuvas, o sol
quente, os índios arredios, as feras e as doenças só mesmo um ser fundido na
tempera dos mais duros aços poderia suportar por tanto tempo. Mas o que mais
lhe doía era aquela trama fora armada desde o inicio por um homem e este se
dizia seu amigo o “Pocidonio” a quem dera guarida muitas vezes quando foragido
das intentonas comunistas das “trombas” quando participara no Estado de Goiás
da revolta de Zé Pórfiro e a este dera a mão de amigo e agora se tornava o seu
algoz.
A maioria do
processo correu a revelia, quiças tenha sido verdadeiramente
intimado alguma vez, o velho não tomava conhecimento da tramitação judicial e
seu arquiinimigo disto se aproveitava e usando uma leva de policiais militares
e vários Oficiais de Justiça se dirigiram para a Fazenda São Pedro onde o velho
e seu filho Liton “Resistiam”, na realidade tudo era fantasioso, o objetivo
daqueles eram se assenhorear do patrimônio do velho coronel cujas centenas de
cabeças de gado estavam à solta e isto as tornava uma presa fácil para eles os
dilapidadores. E assim fizeram, deitaram e rolaram em cima dos bens do
fundador. Apenas um filho José Liton Luz estava junto ao pai defendendo-o e
isto fez com que os agressores tomassem mais cuidados.
Naquele
tempo eu estava na Policia Federal em Brasília, tinha acabado de cursar a
Academia Nacional de Policia Federal e estava lotado no DTP – Departamento de
Trafico de Pessoas - quando uma nora e uma filha do meu amigo Lucio me
procuraram, eram elas a Noemi e a Daily e me contaram tudo o que estava
acontecendo por lá e temiam um desfecho mais dramático informando que
Poncidônio era quem comandava as incursões e que programavam a “invasão” da Fazenda
São Pedro e que tinham ordens do Juiz de Barra do Garças para carregar todo o
gado e que os policiais já andavam no campo arrebanhando as rezes.
Sabendo
que o Poncidônio uma vez apareceu fugido lá pelo Mato Grosso porque era procurado
como um dos envolvidos com o militante comunista na revolta de Zé Porfírio em
Porangatu-Go. Resolvi dar uma mão ao velho amigo Lucio, levei as duas jovens ao
meu Chefe de Policia e o cientifiquei do ocorrido e este depois de ouvi-las
pessoalmente determinou a Barra do Garças que prendessem o militante revoltoso
Pocidonio para prestar contas a justiça. Poncidônio foi preso em Mato Verde
pelo Major Moacyr Couto tendo sido recambiado para a cadeia publica de Barra do
Garças, e ali, desanimado começou a fraquejar na luta, sozinho e abandonado e
na ânsia do desespero veio a falecer.
O inimigo de Lucio Pereira Luz não triunfou sobre ele e pagou caro ter traído
seu amigo.
m Apenas algumas chegaram às
mãos de seus filhos. Pouca coisa restou daquele herói apenas um busto em meio a
uma singela praça na cidade que fundara, e uma Avenida com o seu nome e este
foi somado ao majestoso rio Araguaia resultando em uma fusão histórica que
resultou “LUCIARA”. Lucio + Araguaia, dois expoentes extraordinários da obra de
Deus.
--Mas Lúcio, se a gente vender o gado para comprar terra e depois não tem nada para por nela o que adianta isto?
--Você esta igual o caboclo que comprou uma botina nova, mas andava com ela nas costas, ai perguntaram para ele porque fazia assim e ele respondeu que a sola do pé Deus dava outra, mas a da botina Deus não dava, ora seus moços, a que Lucio continuou --Vão-se os anéis, mas ficam-se os dedos.
Os Festejos de fim de ano reuniam aquele povo disperso em suas posses e quase sempre vinham para Mato Verde.
Era Natal de 1954, e Lucio, como o fazia em todo Natal, desde os idos de 1950, continuou a preconizar:
“Chegará o dia em que os pretensos donos destas terras virão e com eles os grileiros e nos expulsarão das terras que tanto amamos e que com a nossa própria vida as conquistamos”.
--Coronel - dizia o outro – está faltando café por aqui já faz muitos dias que não se toma um gole, nem os vizinhos estão tendo, o senhor da um jeito para a gente viu.
--Muito bem seu Medeiros, mas é assim mesmo como o senhor deve lembrar o velho ditado “na minha casa nada eu achei, fui na do vizinho pior encontrei, voltei na minha me remediei”, --Vou mandar um saco de café para vocês (café em grão que teria que ser torrado e depois moído).
Mas a justiça dos homens não escutou os clamores do velho e pioneiro desbravador e fundador de cidades e nem mesmo quis lhe entender. Adoeceu para orrer, triste, acabrunhado, não mais se alimentava. Morreu como só os bravos morrem sem dar o braço a torcer.
O patrimônio do Coronel foi totalmente dilapidado e o que sobrou como as rezes bravias e alongadas foram caçadas pelos seus próprios vaqueiros que se locupletavam dos bens de seu ex-patrão e as vendiam, ap “Espero que seu nome fique gravado
eternamente nos anais de nossa história contemporânea”.
Era Natal de
1944.
Reunidos em Mato Verde Lucio expôs seus
pensamentos a respeito do futuro “Chegará o dia em que os que se dizem donos
desta terra virão e com eles os grileiros e nos expulsarão desta terra que
tanto amamos e que demos nossas vidas para conquistá-la. Resta agora cada um
comprar o seu pedaço de terra do Governo”
Foi interpelado por um dos
reunidos: Mas Lucio se eu vender o gado para comprar a
terra o que eu ponho lá dentro?
--Vendem-se os anéis, mas
ficam os dedos. Foi
a resposta.
Luciara em 1970
Aspectos Políticos Sociais.
Em 12 de julho de 1961 pela Lei nº 1.502 a vila de Mato Verde passou a condição
de Distrito, sendo nomeado como sub Prefeito Aldenor Milhomem *Histórico: Não
posso continuar a frente da sub Prefeitura de Luciara, porque nada posso
realizar em beneficio do povo. Ainda recentemente estive em Barra do Garças
tentando conseguir auxílios para executar meu plano de trabalho. Nada
conseguindo. O Prefeito disse que não tinha dinheiro e que brevemente Luciara
seria independente e resolveria seus “abacaxis”. Assim sendo não vejo razão
para continuar somente ser chamado de “Sub Prefeito” sem poder realizar algo em
beneficio do povo. Estou demissionário. “De pleno acordo”.
Setembro/1963.... e, a 11 de novembro de 1963 pela Lei nº 1.940 de autoria do
Deputado Valdon Varjão foi emancipada e teve seu primeiro Prefeito eleito, o
seu fundador Lucio Pereira Luz. Revelou-se então o primeiro passo oficial dado
em favor da Tribo Karajas, o Prefeito doou uma área de terras na região de São
Domingos para assentamento dos índios e estes ali passaram a morar e cultivar
suas
roças.
O tempo passava e cada vez mais se integravam uns
aos outros. Era a aproximação cultural que se
difundia.
Outros
Prefeitos vieram entre eles José Liton Luz filho do fundador. a exemplo de seu
pai doou aos índios Karajas um torrão de terra alta onde moravam junto à cidade
e era denominado “Torrão dos Karajas”. Quando reeleito Jose Liton Luz tivera o
apoio dos índios eleitores e lhes prometera um barco tipo voadeira e um motor
de popa. Fez a doação.
Na
questão política devo ressaltar que a
Prefeitura de Luciara durante as duas gestões de José Liton Luz sua
administração abordava a atualidade do tema a que estava adstrita: Servir aos
necessitados sem olhar cor político partidária, servir com índole patriarcal os
Clãs municipais e assentados residentes e em torno dando-lhes apoio moral, sinóptico,
educacional, de saúde e de livre opção religiosa e não raras vezes apoio
alimentar a famílias inteiras. Constantemente levava pessoas doentes em seu
avião PT BBE para tratamento de saúde e socorros emergenciais em Gurupi-Go,
Barra do Garças - MT, Cuiabá e outros centros assistenciais sem cobrar um
centavo sequer carreando ainda para a Prefeitura as despesas médicas porventura
gastas. Há que se registrar o lado humano deste cidadão.
Prefeitos e Vereadores eleitos.
1º - PREFEITO ELEITO. Em 15.11.1963-.
Posse em 01.01.1964 a 31.12. 1967 - 4 anos.
Lucio Pereira Luz – UDN.
Vice Prefeito. Raimundo Miranda de Souza – UDN
Vereadores:
Diocleciano dos Santos-UDN.
Jose Liton Luz – UDN.
Flavio Batista - PFL.
João Paulo da Costa Santana – PFL.
Aldenor Milhomem - UDN.
2º PREFEITO ELEITO–
Posse em 01.01.1968 a 31.12 1971- 4 anos.
Leonardo Pereira Barros – (evadiu-se) PMDB.
Jose Barros Lima – assumiu o resto do mandato. PDS.
Vice Prefeito:
Edelson Oliveira Souza. PFL.
1º Dama: Rosa Barros.
Vereadores e suplentes:
Adauta Luz Baptista. PDT.
Arquimedes Barros de Araujo-UDN.
João Paulo da Costa Santana. PFL.
José Cândido Flores Sobrinho. PMDB.
Matusalém Pereira Milhomem. PMDB.
Veríssimo Martins dos Anjos. PFL.
3º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01. 1972 a 31.12. 1975. - 4 anos
José Liton Luz. UDN.
Vice Prefeito: Pedro Jose de Souza. UDN.
1º Noemi Paciente Luz.
Vereadores:
Antônio Rodrigues.
Arquimedes Barros de Araujo.
Diocleciano dos Santos. - UDN
Lídio Limeira Brito.
Milton Souza.
*
4º PREFEITO ELEITO –
Posse em 1.01.1976 a 31.12 1979 - 4 anos
Manoel Martins Costa - evadiu-se.
Lídio Limeira Brito: assumiu o resto do mandato
Vice Prefeito: Elizio Araujo Sampaio –
renunciou. 1ª Dama Maria Limeira Brito.
Vereadores e Suplentes que posteriormente assumiram.
Jose Célio Pinheiro Luz
Rui da Cunha Milhomem. PFL.
Diocleciano dos Santos. - UDN
Eugenia Barros Gama.
Luiz dos Santos Cabral.
Raimundo Carvalho de Souza.
Laurita Bancks Machado. PPS.
Benoir Pereira Sales.
Leonildes Irineu da Silva.
João Pereira Costa.
Lídio Limeira Brito.
Sebastião Mendes Luz.
Eugenia Barros Gama.
Francisco Bezerra Lima.
*
5º PREFEITO ELEITO.
Posse em 01. 01.1980 a 31.12.1983 - 4 anos
Sebastião Gomes de Souza
Vice Prefeito: Elias Alves Feitosa.
1ª Dama: Raimunda Gomes de Souza.
Vereadores:
Conceição Lopes Cardoso.
José Cândido Flores Sobrinho.
José Goar Pires.
Jose Ribamar Gonzaga de Souza.
Laurêncio Pereira Sales.
Manoel Gonçalves Cunha.
Raimundo Dias Campos.
6º PREFEITO ELEITO –
Posse em 02.01.1984 a 31.12.1988 – 5 anos.
José Liton Luz – PFL.
Vice Prefeito: Eliezer Fonseca – PFL.
1ª Dama: Noemi Paciente Luz.
Vereadores:
Adão Vieira Libório – PMDB.
Cândido Vieira Amorim PMDB.
Delma Gomes Luz.
João Paulo
Pereira da Silva.
João Valdemir Pereira da Silva.
José Célio Pinheiro Luz.
Jose de Souza Costa – PDS.
Luiz Figueiredo Wanderley PMDB.
Waldemar da Silva Ribeiro.
*
7º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01.1989 a 31.12.1992 - 4 anos.
Nagib Elias
Quedi.
Vice Prefeito: Francisco K. Schmidt.
1ª Dama. Claudia.
Vereadores:
Aníbal Lima Luz – PDC.
Carlos Alves Waxinarui Karaja – PDC.
Francisco Klein Schmidt – PDC.
Jandir Berti – PDC.
João Borges de Souza – PL.
João Carlos da Silva - PL.
Jose Luis Esteves – PTB.
Manoel Borges Barbosa – PTB.
Puyu Txcekrramãe – PL.
8º PREFEITO ELEITO.
Posse em-01.01. 1993 a 31.12. 1996. - 4 anos
Abi Roque de Lima -
PDC.
Vice Prefeito; Francisco K. Schmidt – PDC.
1ª dama: Geovania Roque de Souza.
Vereadores:
Gentil Kurrare de Oliveira – PDT.
Gil Lima Luz– PDC.
João Batista Zancanaro - PDT.
Jose Liton Luz – PFL.
Jose Nélio Aires Costa – PDC.
Nazirio Oliveira Santos – PDC.
Nilson Ribeiro Sobrinho – PDC.
Odete Lopes Brito – PFL.
Plínio Soares da Silva – PDC.
9º PREFEITO ELEITO.
Posse em 01.01. 1997 a 31.12. 2000- 4 anos
Odete Lopes Brito.
Vice Prefeito: Luiz Bezerra.
Vereadores:
Élson Roberto Nunes Souza.
Gil Lima Luz – PDC.
Jeovam Araujo dos Santos.
João Jose da Silva Santos.
Jose Francisco Alves Esteves.
Jose Liton
10 º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01. 2001 a 31.12. 2004 -4 anos
Noely Paciente Luz.
Vice Prefeito: Laurêncio Pereira Salles.
Vereadores:
Deusdete Ferreira da Silva-PMDB.
Dilma Berixa Karaja.
Élson Roberto Nunes de Souza.
Jazon de Souza Freitas.
José Liton Luz Junior-PFL.
José Nélio Aires
Costa.
Marcelo de Paula Lico.
Nazirio Oliveira Santos – PDC.
Rosália Bezerra Oliveira.
11º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01. 2005 a 31.12. 2008. - 4 anos
Nagib Elias Quedi.
Vice Prefeito: Parassú de Souza Freitas. PMDB
1º Dama: Claudia
Vereadores:
Charles Meneses Martins – PR.
Dinalvo Pereira da Silva -
Ilario Souza da Luz.
Jazon de Souza Freitas Filho.
Nazirio Oliveira Santos – PDC.
Roberto Silva dos Santos – PMDB.
Romiltom Ferreira da Silva.
Rubem Taverni Sales.
Ruslei Alves Luz. – DEM.
12º PREFEITO ELEITO -
Posse 01.01. 2009 a 31.12. 2012. - 4 anos.
Parassú de Souza Freitas – PMDB.
Vice-Prefeito – Nazirio Oliveira Santos – PSD.
1ª Dama: Tânia Maria Daniel Freitas.
Vereadores:
Antônio Rodrigues Galvão - DEM.
Charles Meneses Martins – PR.
Daniel da Silva Santos - PR.
Elizabeth Nunes de Souza – PMDB.
Deusdete Ferreira da Silva – PMDB.
José Rios de Souza – DEM.
Jose Francisco Alves Esteves - PP.
Roberto Silva dos Santos - PMDB.
Ruslei Alves Luz - DEM.
13º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01. 2013 a 31.12. 2016. - 4 anos.
Fausto Aquino de Azambuja Filho.
Vice Prefeita: - Elizabeth Nunes da Silva.
1º Dama: Marília
Vereadores:
Celso dos Anjos Feitosa – PTB.
Charles Meneses Martins – PR.
Deusdete Ferreira da Silva – PMDB.
Jose Francisco Alves Esteves - PP.
Josiney Evangelista Silva – PSDB.
Maurílio Santos Faria – PMDB.
Nazirio Oliveira Santos – PSD.
Rusley Alves Luz - DEM.
Wesley Santos Barros –
PPS
14º PREFEITO ELEITO
Posse em: 01.01.2017 a 31.12.2020. 04 anosº
Fausto Aquino de Azambuja Filho
PR.
Vice-Prefeita - Elizabeth Nunes da Silva PSC
1ª Dama- Marília.
Vereadores.
Nazirio Oliveira Santos PR
Raimundo Nonato Lopes Brito PTB.
Hiago Campos PR
Santa Pereira PMDB
Celso dos Anjos Feitosa PTB
Charles Meneses Martins PR
Claudio Werkima PSD
Adriano PR
Tatiane Chupa PSD
15º PREFEITO ELEITO.
Posse em 01.01.2021 a 31.12.2024...04 anos
Parassú de Sousa Freitas
1ª Dama.
Vice Prefeito Railson Sales
Vereadores
Reivone.. MDB
Hiago Campos.. PL
Arilson Sales… PL
Claudia Canela..PSB
Rusley.. PSB
Charles Meneses..PL
João Vitalina.... PL
Giselda da Saúde...
PB
Carmivanya... MDB.
TRE .MT: Apenas dois município em
Mato Grosso tem mais eleitores do que
habitantes...Serra Dourada e Luciara.
Comparativo TRE.MT - Eleições 2020.
Eleições
Município de Luciara.
Votos totais............2.095
Votos ausentes..........296
Votos validos.........1.799
Votos em branco...........7
Votos nulos.................51
Parassú.....................894...Eleito.
Naziro.......................847

Parassú de Souza Freitas - candidato eleito 2021.
Painel dos Campeões
Dentre as quinze legislaturas foram escolhidas aleatoriamente e classificados proporcionalmente
com avaliações dentro do município de Luciara, na opinião de eleitores, os
cinco Prefeitos e os dez Vereadores considerados os mais dinâmicos,
transparentes, humanos e atuantes...
PREFEITOS
1. Lucio Pereira Luz- O Fundador.
2. José Liton Luz – O mais humano.
3. Noely P. Luz - A mais envolvente e transparente.
4. Parassú S. Freitas – 0 mais influente e dinâmico.
5. Fausto A. de Azambuja
Filho – O mais criterioso.
Era Natal de 1944.
Reunidos em Mato Verde Lucio expôs seus pensamentos a respeito do futuro “Chegará o dia em que os que se dizem donos desta terra virão e com eles os grileiros e nos expulsarão desta terra que tanto amamos e que demos nossas vidas para conquistá-la. Resta agora cada um comprar o seu pedaço de terra do Governo”
Foi interpelado por um dos reunidos: Mas Lucio se eu vender o gado para comprar a terra o que eu ponho lá dentro?
--Vendem-se os anéis, mas ficam os dedos. Foi a resposta.
Luciara em 1970 |
O tempo passava e cada vez mais se integravam uns aos outros. Era a aproximação cultural que se difundia.
Outros Prefeitos vieram entre eles José Liton Luz filho do fundador. a exemplo de seu pai doou aos índios Karajas um torrão de terra alta onde moravam junto à cidade e era denominado “Torrão dos Karajas”. Quando reeleito Jose Liton Luz tivera o apoio dos índios eleitores e lhes prometera um barco tipo voadeira e um motor de popa. Fez a doação.
Na questão política devo ressaltar que a Prefeitura de Luciara durante as duas gestões de José Liton Luz sua administração abordava a atualidade do tema a que estava adstrita: Servir aos necessitados sem olhar cor político partidária, servir com índole patriarcal os Clãs municipais e assentados residentes e em torno dando-lhes apoio moral, sinóptico, educacional, de saúde e de livre opção religiosa e não raras vezes apoio alimentar a famílias inteiras. Constantemente levava pessoas doentes em seu avião PT BBE para tratamento de saúde e socorros emergenciais em Gurupi-Go, Barra do Garças - MT, Cuiabá e outros centros assistenciais sem cobrar um centavo sequer carreando ainda para a Prefeitura as despesas médicas porventura gastas. Há que se registrar o lado humano deste cidadão.
Posse em 01.01.1964 a 31.12. 1967 - 4 anos.
Lucio Pereira Luz – UDN.
Vice Prefeito. Raimundo Miranda de Souza – UDN
Vereadores:
Diocleciano dos Santos-UDN.
Jose Liton Luz – UDN.
Flavio Batista - PFL.
João Paulo da Costa Santana – PFL.
Aldenor Milhomem - UDN.
Posse em 01.01.1968 a 31.12 1971- 4 anos.
Leonardo Pereira Barros – (evadiu-se) PMDB.
Jose Barros Lima – assumiu o resto do mandato. PDS.
Vice Prefeito:
Edelson Oliveira Souza. PFL.
1º Dama: Rosa Barros.
Vereadores e suplentes:
Adauta Luz Baptista. PDT.
Arquimedes Barros de Araujo-UDN.
João Paulo da Costa Santana. PFL.
José Cândido Flores Sobrinho. PMDB.
Matusalém Pereira Milhomem. PMDB.
Veríssimo Martins dos Anjos. PFL.
3º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01. 1972 a 31.12. 1975. - 4 anos
José Liton Luz. UDN.
Vice Prefeito: Pedro Jose de Souza. UDN.
1º Noemi Paciente Luz.
Vereadores:
Antônio Rodrigues.
Arquimedes Barros de Araujo.
Diocleciano dos Santos. - UDN
Lídio Limeira Brito.
Milton Souza.
*
4º PREFEITO ELEITO –
Posse em 1.01.1976 a 31.12 1979 - 4 anos
Manoel Martins Costa - evadiu-se.
Lídio Limeira Brito: assumiu o resto do mandato
Vice Prefeito: Elizio Araujo Sampaio – renunciou.
VEREADORES:
- e suplente.
2 José Liton Luz
3 José Célio Pinheiro Luz
4 Jose Rios de Souza
5 Ruslei Alves Luz
6 Jose Liton Luz Jr.
7 Nazirio Oliveira Santos
8 Gil Lima Luz
9 Roberto Silva dos Santos
10 Milton Souza.
Aspectos administrativos e físico-geográficos.
Lei 1.502 cria o Distrito de Luciara de 12 de julho de 1961
–
O Distrito sede só foi Instalado em 31 de maio de 1963 –
Em divisão estadual datada de 31 de dezembro de 1963 o
município é constituído do distrito sede. A Lei nº 1.940 de 11 de novembro de
1963 criou o Município de Luciara o separando da sede Barra do Garças MT.Pela
Lei Estadual nº 3.758 de 29 de junho de 1976, é criado o distrito de Santa
Terezinha e anexado ao município de Luciara. Em divisão territorial datada de 14
de janeiro de 1979, o município é constituído de dois distritos – Luciara e
Santa Terezinha.
Pela Lei nº 4.177 de 04 de março de 1980, desmembra do
município de Luciara o distrito de Santa Terezinha elevado a categoria de
município com o mesmo nome.
Pela Lei Estadual nº 4.295 de 26 de maio de 1981, é criado
o distrito de São José do Xingu e anexado ao município de Luciara.
Pela Lei nº 5.306 de 11 de junho de 1981, é criado o
distrito de Porto Alegre do Norte e anexado ao município de Luciara.
Em divisão territorial datada de 01 de julho de 1983, o
município de Luciara é constituído de três distritos: Luciara, Porto Alegre do
Norte e São José do Xingu.
Pela Lei Estadual nº 5.010 de 13 de maio de 1986, desmembra
do município de Luciara o distrito de Porto Alegre do Norte elevado a categoria
de município com o mesmo nome.
A Lei n° 5.010 continha um grave erro geográfico-politico, pois o território de Porto Alegre do Norte separava em duas partes o município de Luciara não permitindo a sua unidade territorial. A fim de reparar o defeito legislativo editaram-se a Lei nº 5.338 de 18 de agosto de 1988 para corrigir esta anomalia.
Em divisão territorial datada de 1988, o município de
Luciara é constituído de um distrito: São Jose do Xingu.
Pela Lei Estadual nº 5.904 de 20 de dezembro de 1991,
desmembra do município de Luciara o distrito de São Jose do Xingu elevado à
categoria de município com o mesmo nome.
Aspectos demográficos /Evoluções &
Declínios.
POPULAÇÃO:
Habitantes.
Anos de 1991... 5.604..... evasões..2.863.......ABI e
NAGIB.
Anos
de 1996... 2.741 .....evasões....369........ODETE
Anos de 2000... 2.494 ......evasões....O89.......NOELY
Anos de 2007... 2.405........evasões.. 181......NAGIB e PARASSU
Anos de 2010... 2.224 + 367 = indígenas aldeiados.
IBGE
Densidade
populacional.
Homens...
........ 1.146
Mulheres... ..... .1.078
Habitantes.... .. . 2.224
Indígena................367
H. M. Não selecionados
Total habitantes.2..591 ....entre 1991 e 2.010
Total habitantes 2.591.....
.
Faixa
etária em 2.010
De
00 a 15 anos..299..Homens...301. mulheres..
De
16 a 30 anos..396..Homens...335..mulheres
De
31 a 50 anos .198..Homens...209..mulheres
De
51 a 70 anos..185..Homens ..183..mulheres
De
71 a 99 anos...68...Homens.....50..mulheres
Acima....................0000.
Total
de habitantes .......2.224 habitantes residências e alojados.
Total
indígenas ...............367 habitantes aldeiados e alojados.
Total
geral......................2.591 habitantes..
Em 2010...registrou-se . 2..591 habitantes.
Em 2021...registrou-se 2.591 habitantes - mantendo o
mesmo resultado de 2010, em virtude da
falta de recenseamento no atual período de
2010 a 2020.
Nota
de registro; Luciara tem 2.591 habitantes.
Origens
e naturalidades...
Naturais........................,....... 64.6%
Goianos..................................05,4%
Nordestinos............................13,3%
Centro
Sul.............................. 05.9%.
Indígenas................................ 10.8%
Total.......................................100.0%
Resultado em 2010 a população de Luciara se resumiu
em 2.591 habitantes.De 2010 a 2020 não há
registros, presume-se o mesmo que da década
passado....2.591. Aguardando recenseamento em 2022. §
Clima: Equatorial quente e úmido com precipitações anuais até 2.000 mm, sendo o período chuvoso intensivo de Outubro a Abril com variável em seis meses de chuva e seis meses de seca. Temperatura média oscila entre de 16 a 37 graus.
Luciara pertence a Micro Região nº 526 norte
Mato-grossense e seu processo de colonização obedecem a critérios e padrões
pré-estabelecidos.
O Município está classificado a dois tipos de climas: o Tropical e o
Tropical de Savanas com predominância do ultimo e sua temperatura atinge um
Máximo de 38º C e um mínimo de 16º C.
Em grande parte no município
encontram-se areias vermelhas, amarelas quartzares e areias marinhas com
algumas manchas de solo hidromórficos e latonobis vermelho amarelo. Ao longo
das praias do rio Tapirapés predominam as areias marinhas em meio à região
salineiras do extinto mar de Araés
As serras do Roncador, São João, Urubu Branco e a planície do
Tapirapés formadas pelos vales dos rios Araguaia e Xingu com seus afluentes
caracterizam a região.
A região é cortada por inúmeros rios e ribeirões sendo os mais
importantes: Araguaia, das Mortes, Xingu, Comandante Fontoura ou Liberdade,
Tapirapés, Sabino. Gameleira e Xavantinho, Corujão I e II, e uma dezena
de afluentes.
Em 1983 a densidade demográfica era de 0,3 ha. Por km² correspondia a 7.9% do
Micro Região e a 4% ao Estado.
O nome Morro do Padre tem origem no pressuposto que seus primeiros moradores
foram os Padres João Fuchs e Pedro Sacilotti *(ver páginas 17-18 e 19)
Posteriormente a família dos Passarinhos
passaram a residir no morro dos padres, mas não tinham qualquer vinculação com
os clérigos. Anos depois foi adquirida via do então Prefeito e fundador Lucio
Pereira Luz que doou para sua filha Adauta e seu genro Flavio Baptista, uma
área de terra com 3.031 hectares e estes ali residiram por um longo tempo. Com
a separação do casal, Adauta vendeu a área toda para Norberto Schwantes, tendo
sido cedida posteriormente ao falecimento do marido, pela sua esposa Gertrudes
que a doou aos índios.
Não se tem noticias de sítios arqueológicos ou de
trabalhos rupestres em seu perímetro, entretanto, há que se observar as áreas
em torno como a Serra do São João e notadamente a do Urubu Branco que é
contemplada com trabalhos rupestres da era primária ou Paleolítica encontrando-se
em sua laje superior rastos de animais pré históricos, poços escavados nas
rochas e outros vestígios arqueológicos ressaltando ainda a riqueza de um
enorme deposito de manganês (parte maior na Serra de São João) e outros
minérios preciosos como prata e ouro encontrados em suas adjacências como se
tem noticias antigas de exploradores, assim também a vila de Nova Floresta onde
as amostras residuais de fosseis foram contempladas o que vem eleger aquela
área como um futuro sitio arqueológico de grandeza imensurável somados Um
grande deposito de Caulim material básico utilizado na confecção de azulejos. Há que se
registrar alguns achados arqueológicos como machados de pedra e outros
instrumentos da pré historia na região do Lago dos Veados que dista da sede de
Luciara em 30 Klms onde já foram localizadas pedras que possivelmente deram
origem a esse material arqueológico”.
Padre François Jaques Jentel - Padre Francisco. “Padre Francisco + Prefeitura x IBRA”
Anos de 1972/73/74 e inicio de 1975.
Uma pendenga que tendia a evoluir envolvia uma
área a ser destinada para assentamento dos posseiros, e chegava a um ponto que
merecia uma atenção mais cuidadosa a fim de evitar danos físicos e materiais e
a Prefeitura de Luciara entrou no jogo e, esta barbárie envolvia a Codeara e O
Padre Jentel como veremos a seguir... Assim se passaram os fatos...
Padre Jentel aprendera tudo
sobre Codeara, sabia muito bem seu compromisso de compra e venda com Michel
Nasser que estabelecia na Sexta clausula: “Fica reservada uma área de cinco mil
e quinhentos e noventa e dois hectares de terra para assentamento dos posseiros
de Santa Terezinha” e dizia mais que se caso a área fosse insuficiente o
vendedor indenizaria a compradora no
excedente.
O
Bispo Don Thomas Balduino, então prelado de Conceição do Araguaia, havia
recorrido ao Presidente da República que por sua vez passara a atribuição ao
Ministério da Agricultura e este encarregara o IBRA (Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária) para
resolver.
Começou ai uma luta que durou mais de seis anos, Padre Jentel X Codeara. Um
exigia que a área fosse demarcada em determinado local, o outro não aceitava e
o Padre só queria o que fosse bom para os posseiros e a Codeara só queria o que
fosse bom para ela. Estava difícil de decidir.
O
tempo passava e as dissidências aumentavam.
Uma nova era viria a modificar muita coisa naquela região, Luciara ganha um
novo prefeito José Liton Luz filho do Cel. Lúcio Pereira Luz.
Uma das metas do prefeito era resolver o problema dos posseiros do então
distrito de Santa Terezinha, uma reunião foi convocada e o padre Jentel
participou ativamente trazendo mapas e cartas aerofotogramétricas, documentos e
fotos foram expostas abertamente e o problema discutido chegando-se finalmente
a uma conclusão “convocar a Codeara. Para uma reunião de cúpula”.
Como
Secretário Geral da Prefeitura, e assessor direto do Prefeito, eu fui incumbido
de representar a municipalidade e o Padre Jentel os posseiros e no dia marcado
lá se fomos nós, eu o Chico.
--Se com vocês dois juntos não der certo, ao menos vai explodir – vaticinou o
prefeito - E quase explode mesmo.
Eu o Padre Chico e a cidade de
Rio de Janeiro
Na parte da tarde saímos para darmos umas voltas pelo aterro da Gloria, a beira mar, Cinelândia e praias, afinal a reunião fora marcada para nos encontramos na sede do IBRA no dia seguinte pela manhã, fizemos uma boa caminhada e conversamos muito olhando as beldades da cidade maravilhosa, era época que as minissaias estavam no auge da moda e de vez enquanto passava uma garota e eu aproveitava para mexer com o padre.
--Olha padre que belezura.
--Bobagem, na Europa esta pior do que aqui e na França nem se fala bom mesmo é nosso interior onde moramos porque ainda ha respeito ao pudor e ao comportamento.
--Será?
--Bem, melhor do que aqui, é.
--E você só usa esta cruz na lapela, ninguém vai saber que você é padre.
--O que faz as pessoas não é a roupa, quero dizer não é o traje que faz o monge.
Eu costumava chamá-lo de “Padre Francisco, ou Jentel”, nunca gostei de chamá-lo de Padre Chico, fomos até o Cristo Redentor, e na volta passamos por um prédio chamado “Caritas”.
--É aqui que conseguimos dinheiro que precisamos e também muitas outras coisas. Temos muitos amigos na Europa que nos ajudam e a “Caritas” distribui, espere aqui fora um pouquinho - e dito isto entrou no prédio.
Então era ali a mina de ouro do padre, aguardei um bocado de tempo, e quando voltou, não aguentando mais a curiosidade eu perguntei:
--Como é que vem este dinheiro e as outras coisas?
--De avião, de navio, outros os trazem pessoalmente.
--Você viaja muito para o exterior?
--Já fui à Alemanha, França e até na Argélia.
Não entendi porque ele disse até na “Argélia”, também não perguntei, voltamos para o Hotel e após um banho fomos jantar, vi que Jentel estava apreensivo.
--O que há Francisco?
--Oh, nada, não se aborreça, mas não acredito que consigamos alguma coisa, já vim aqui tantas vezes e nunca deu nada certo - respondeu tristemente o francês.
--Não vamos desanimar agora, esperemos para ver o que acontece – e como queria mudar de assunto – continuei...
--Escuta padre você não usa batina?
--Uso, mas não estamos na missa agora, estamos num restaurante.
--Gostei da bronca, assim esta melhor, mas hoje você vai pagar a conta.
--Não tenho um centavo – respondeu – não trouxe dinheiro, deixe no hotel.
--Mas eu também não trouxe.
--Pendure.
Tive que pagar e voltamos ao hotel, mas o padre saiu em seguida, e pouco depois, atendi um telefonema que era para ele:
--Quero falar com o Padre Jentel.
--Denise?- perguntei ao reconhecer a voz da francesinha, louca de bonita que era a secretaria do padre em “Saint. Terezin”.
--Sim, Jentel esta ai Dankmar?- perguntou com um jeitinho bem danado.
--Não, foi visitar uns amigos, mas disse que voltava logo. (tomara que o prendam por ai, aquele padre sortudo, (monologuei);
--Informe a ele que cheguei hoje e preciso lhe falar, ele sabe onde estou.
--Muito bem, mas apareça por aqui.
--Sim claro eu vou ai – desligou aquele pedaço de mau caminho.
Deu vontade de entregar o padre e não contar nada para ele, mas assim que chegou, com muita relutância, babujei:
--Sabe quem ligou para você?
--Não, quem foi?
--Denise.
--Esta brincando.
--É talvez eu esteja, mas ela não, e esta te esperando.
--É serio?
--Ela disse até que você sabia aonde encontrá-la.
--Ulala – disse e já estava saindo.
Chegou no outro dia às sete horas da manhã quando eu já estava tomando o café.
--Passou bem à noite?
--Claro, na casa de uns amigos.
--Denise estava lá?
--Claro que estava – respondeu sem pestanejar.
Saímos direto para o IBRA.
Fomos recebidos pelo Dr. Mário um dos assessores do Presidente do órgão, que após nos anunciar retorna dizendo:
--O General Sérgio quer falar com o Senhor Dankmar, quanto ao Padre é favor esperar aqui e aguardar.
Meneei a cabeça, olhei para o padre e entrei.
--Bom dia queira se sentar – formalizou aquele homem atrás da mesa e continuou – o Senhor deve ser o representante da Prefeitura Municipal Senhor Dankmar.
--Sim, respondi secamente – eu represento a Prefeitura e o padre representa os posseiros.
--Muito bem, acredito que sua viagem se prenda ao que o Doutor Murat me comunicou pelo telefone, mas infelizmente ele não pode vir, mas o Doutor Seixas que é o Diretor Técnico da Codeara veio em seu lugar.
--Muito bem, mas a que hora será a reunião?
--A reunião será ás quatorze horas de hoje, aqui mesmo no IBRA, mas o Padre Jentel é considerado “persona não grata” e não poderá participar.
--Mas o Padre representa os posseiros e não vejo como se chegar a um final sem a participação dele – protestei.
--Ele que passe uma procuração para o Senhor e estará tudo certo.
--Vamos ver se ele concorda – terminei levantei, me despedi prometendo voltar no horário marcado e falei com Jentel:
--Jentel, eles querem que você me substabeleça a procuração para eu representar também os posseiros.
Foi feito o que o General pedira, mas que o padre gostou isto ele não gostou. No horário combinado lá se fomos os dois eu e o Chico rumo ao IBRA, pouco depois fui chamado em uma ampla sala com uma mesa muito grande no centro e lá estava o Doutor Seixas mais dois advogados, dois engenheiros do IBRA e outro que não fiquei conhecendo, mas lá de casa eu estava sozinho no meio daquelas feras, mas o padre Chico estava na sala ao lado, certamente com o olho na fechadura e o ouvido na porta, lembrei dos posseiros e resolvi enfrentá-los, lembrando um velho pensamento de Jentel: “não vire as costas aos pobres, pois estará virando as costas para Deus”.
--Boa tarde para todos – cumprimentei.
--Boas tarde – responderam alguns.
Após as apresentações o General Sérgio, Presidente do IBRA tomou a palavra.
--Solicito às partes que sejam coerentes e que este assunto tome uma solução definitiva - olhou para todos e prosseguiu - Já que o padre não participa, creio haver uma viabilidade de entendimentos – concluiu quase cansado.
--Sempre foi intenção de a Codeara fazer esta doação, mas não víamos uma solução viável para o problema, mas agora, com a interveniência da Prefeitura, o elo que faltava, estamos dispostos a cumprir a nossa obrigação a Codeara fará a doação e a Prefeitura se encarregara do assentamento dos posseiros – discursou o Diretor Técnico Doutor Seixas - a seguir abriu um enorme mapa em cima da mesa, era a planta do projeto agropecuário da Codeara, e mostrando um canto em cima na planta - aqui esta o local que escolhemos para a área a ser doada, é uma ótima posição, mata de primeira, muita água e estrada fácil – concluiu.
Se ele conhecia pessoalmente a área eu não sei, mas que eu conhecia isto eu sabia, por ai entendi o porquê da resistência do padre, o pessoal da Codeara não era mole.
--É muito bom mesmo Doutor Seixas, ótimo, mas, a que eu estou informado o IBRA fez um belo trabalho escolhendo uma área, e eu gostaria de saber qual é esta área, talvez tenha mais condições do que esta aqui tão longe e sem via de acesso, e, eu jamais me oporia à capacidade de trabalho do IBRA, poderiam me mostrar à área?
--Claro eu mesmo fiz o trabalho todo – interveio um dos engenheiros ali presente abrindo uma planta enorme e mostrou o seu trabalho a área estava situada, bem aonde nos interessava.
--Muito bem, é uma ótima área, não vejo porque não concordar com um trabalho como este afinal o IBRA é o órgão indicado para fazer o levantamento, não há o que contestar a não ser que a Codeara desconsidere o IBRA como capacitado para este trabalho – perguntei ao Doutor Seixas. (jogando ele na fogueira).
--Absolutamente, achamos o IBRA totalmente capacitado para este trabalho.
--Então, já que estamos todos de acordo será aqui sugiro que se lavre uma minuta do acordo – terminei.
--Mas, temos um problema nesta área é a aguada – interferiu o Diretor.
--Problema nenhum é só dividir as aguadas e os senhores nos reporão a terra na margem acima, o que dizem? Mas terão que fazer a demarcação e a mudança dos posseiros e ainda indenizá-los nas benfeitorias que deixarem na outra área.
--Bem, por nós não há problemas – concordou a Codeara.
--Então vamos fazer a minuta do que ficou assentado e depois assinamos.
Feita a minuta do acordo, lida e achada aprovada todos assinaram.
--Amanhã o Senhor Dankmar pode passar por aqui e pegar uma cópia e vamos marcar outra reunião para a escrituração da doação em São Paulo, creio que dia cinco de março estaria ótimo se todos concordarem? – perguntou o IBRA:
Todos concordaram. Disse adeus a todos e sai, estava doido para respirar um pouco e me ver livre.
--Como foi?– perguntou Jentel.
--Tudo bem, a Codeara concordou em doar a área que o IBRA demarcou e terá que indenizar os posseiros nas benfeitorias remanescentes e abrir estradas e fazer as mudanças dos posseiros.
--Neste pau tem abelha – ironizou Jentel acho que é bom demais para ser verdade.
No outro dia cedo passamos pelo IBRA para pegar a cópia da minuta, o General Sérgio havia viajado, mas o Doutor, Mário nos atendeu:
--Eu não sei como aconteceu, se o Doutor Seixas ou o General levaram a minuta, só sei dizer que desapareceu lá de cima da mesa, mas o que foi dito será mantido e a doação será feita no dia cinco de março conforme o combinado.
O padre me olhou e sorriu e eu entendi o que ele queria dizer.
Voltamos para Mato Grosso.
No dia anterior ao marcado para a doação nos chegamos a São Paulo, eu, João Neton irmão do Prefeito e o próprio.
A convite do Zezinho, dono da empresa de ônibus Reunidas, sendo ai nos hospedamos em belíssimos apartamentos em sua garagem.
Às duas horas da tarde fomos para o escritório da Codeara que ficava no Edifício Francisco Conde no BCN da Rua Boa Vista, subimos pelo elevador e logo nos anunciamos ao Dr. Luiz Gonzaga Murat então Diretor Presidente da Codeara e genro do Armando Conde, ao nos receber apresentei meus companheiros:
--Este é o nosso Prefeito José Liton Luz e seu irmão João Neton Luz.
--Muito prazer – cumprimentou a todos.
--O Senhor vai amanhã para a reunião no Rio de Janeiro para doação da área?
--Mas que reunião é esta? Que doação é esta? – perguntou quase colérico.
--Dr. Murat, o senhor sabe muito bem que tivemos uma reunião no Rio com o IBRA e o Doutor Seixas e ficou assentado que no dia cinco, amanhã, a Codeara faria a doação da área dos posseiros para a Prefeitura – falei me contendo para não explodir.
--Em primeiro lugar o Doutor Seixas não é a Codeara, nós temos centenas de acionistas que teremos que consultá-los, portanto não vai haver reunião nenhuma e muito menos qualquer doação – vociferou o branquelo Diretor.
--Não gostei do seu tom de voz Doutor Murat – respondi – nesta história toda dizem que o padre está embrulhando, mas o embrulhão aqui é o senhor, e de outra vez quando mandar alguém representando a Codeara para uma reunião mande um homem que tenha responsabilidade e não um elemento qualquer, e, eu não tenho mais nada para conversar contigo – sai esquecendo meus amigos lá dentro e bati a porta com bastante força.
Retornei para o apartamento e esperei pelo
Liton, já eram quase cinco horas da tarde quando chegou rindo:
--Sabe quem estava lá atrás da porta no escritório?
--Não.
--O Salomão, o bate-pau lá da fazenda e o Doutor Murat disse que você é muito atrevido em chamá-lo de embrulhão e ainda mais dentro do escritório dele, é, mas não tem nada não, amanhã vamos continuar a briga, voltamos todos lá para o Rio de Janeiro e veremos o que o General vai falar.
No outro dia quando chegamos ao Rio fomos
direto ao Hotel Gloria sabem quem estava lá? O padre Chico.
--Cheguei – disse ele.
--É, estamos vendo – respondi. Mas fiquei alegre.
Fomos todos para o IBRA e o General Sérgio nos recebeu a todos, inclusive Jentel.
--Lamento profundamente o desaparecimento da minuta, mas tudo que ficou combinado aqui na minha presença será cumprido, entrarei em contato com a Codeara e ela terá que manter o estabelecido, logo eu me comunicarei com os senhores a data da última reunião que faremos – terminou muito sério o Presidente do IBRA que estava visivelmente aborrecido.
Retornamos ao Hotel e depois bem mais tarde saímos para jantar, achamos um restaurante que era em uma adega, ficava no subsolo. Conversamos e rimos muito naquele dia, restava voltar para Mato Grosso e aguardar.
Foi uma longa espera, e a resposta nunca veio e assim, decidimos voltar ao Rio de Janeiro, não poderíamos deixar a coisa esfriar e lá se fomos nós de novo, eu e o Chico.
O General novamente nos recebeu bem, mas olhava o padre sempre com reserva. Aconselhou-nos a ter paciência e que aguardássemos os resultados das providências que ele estava tomando.
Saímos a perambular pelas dependências do IBRA e lá ficamos conhecendo o Doutor Bertoni, Chefe do Cadastro do IBRA, e também Conselheiro da SUDAM, explicamos a ele o pé em que se encontrava a situação e ele muito surpreso, comentou:
--Como é que a Codeara no último relatório que apresentou a SUDAM ela pediu a liberação das verbas atestando já terem feito a doação inclusive declararam que já abriram as estradas de acessos à área e outros benefícios.
--Mentira, muita mentira – delirou Jentel raivoso.
--Não é verdade Doutor Bertoni, nada disto aconteceu até agora – garanti.
--Mas então façam uma carta ao General Bandeira de Melo que é o Presidente da SUDAM, e expliquem a atual situação sugerindo a retenção das verbas como medida acauteladora até que se concretize a doação e eu garanto a vocês que farei a leitura na próxima reunião que é no fim desta semana - nos confidenciou aquele cidadão.
--Só me falta uma maquina de escrever, pois papel timbrado da prefeitura eu tenho.
--E nos sabemos escrever – ajudou o padre.
E assim fizemos, escrevi a carta, assinei e a entreguei ao Conselheiro Bertoni, do jeitinho que ele nos ensinou.
--Agora eu sei que a coisa vai ferver – vaticinou o clérigo.
--Não havia outro meio a não ser pressionar a Codeara, havíamos arranjado um grande aliado.
Começamos a mexer os pauzinhos.
Retornamos ao Hotel.
--Vamos sair um pouco?– perguntou o padre.
--Vamos, mas, aonde quer ir? (será que a Denise esta aqui?).
Desta vez ele não respondeu só fez um sinal com a mão como a dizer (aguarde).
A Bela Mansão
“Sem Fim”
Este era seu nome,
Pegamos um táxi e lá se fomos nós rumo a Petrópolis, embora fosse noite, podia-se notar o esplendor daquela mansão em que havíamos chegado com grandes jardins cercados de grades de ferro, fonte luminosa e iluminações artísticas realçavam num jogo místico a beleza do conjunto, e no portão de entrada sob um arco florido de plantas o nome em bronze polido “Sem Fim”. E um pouco ao lado umas casinhas a guisa de guarita abrigavam dois religiosos, possivelmente padres, que fiscalizavam as entradas e ao verem Jentel o saudaram exaustivamente.
Entramos em um enorme corredor que nos levou ao que parecia ser um salão de
refeição, dezenas de enormes mesas e muitas cadeiras, junto a uma enorme
cozinha com muitas pias e bancadas de mármore, fogões embutidos, armários e
varias geladeiras e freezer, dali saímos em uma sala que parecia uma grande
biblioteca, escutava-se a confusão de muitas vozes conversando ao mesmo tempo,
fomos nos aproximando, passando por muita gente nos corredores e portas, e
finalmente entramos em um salão onde estavam reunidas pelo menos umas duzentas
pessoas, ao lado uma porta ondulada em forma côncava dava entrada a um grande
auditório onde estavam na maioria reunidos os ali presentes.
O salão estava repleto, a frente um palco e um quadro negro, aonde
faziam inúmeras anotações, vários conferencistas sentados aguardavam sua vez de
se pronunciarem, ao que parecia..
A coisa ia longe. Dr. Bertoni era um deles que explicava a forma de
distribuição das verbas arrecadadas pelo IBRA e repassadas pelo governo federal
a CONTAG e outras entidades.
O padre Francisco me apresentou para varias pessoas, era gente que entrava e
gente que saia, que resolvi sentar perto de um grupo enquanto Chico se
entrosava com os outros, eram todos religiosos de todas as categorias e
espécies e de todo os lugares do planeta, ali estavam alemães, italianos,
espanhóis, holandeses, e muitos outros a discutirem não sei o que, foi quando
um deles em um péssimo português me perguntou:
--Eu vim com Padre Jentel e estamos no Araguaia.
--Mas que ótimo, quero conhecer Jentel.
--Já ele aparece por aqui e você de onde veio?
--Da Itália.
--Tem visto permanente – perguntei meio desconfiado.
--Não padre, nós padres não precisamos, eu vim fazer um curso de doenças tropicais e espero ficar por aqui para sempre, ninguém pede documento para padre não é verdade?
--Sim até hoje, não ouvi ninguém nem perguntar de onde vêm os padres.
--Pois então não há perigo.
--Claro que não – seria melhor me comportar como um deles antes que desconfiassem.
--Dankmar – me chamou o padre Jentel chegando junto com outros homens -- este aqui é o nosso encarregado na “Caritas” ele foi muito perseguido pela revolução, esteve preso e foi muito torturado, mas agora esta bem.
--Espero que
continue tudo bem contigo – respondi apertando a mão do homem.
--Sabe-me dizer onde estão fazendo vales?
--Não, não sei. - mas a ideia não era de todo má.
--Amigo de Jentel? – procurou um deles.
--Sim, estamos juntos. (afinal meu padre era famoso mesmo) e vocês são daqui do Rio?
--Não eu sou Búlgaro e este é italiano, mas já estamos no Brasil a mais de dez anos.
--E daqui vão para aonde?
--Não sabemos ainda, mas tanto faz.
--Com licença vou procurar Jentel. – me desculpei e sai achei Jentel conversando com Bertoni que nos procurava para dar uma carona de volta ao Rio.
--Dr. Bertoni vai nos levar até o Hotel, vamos?
--Porque não – respondi afinal eu estava doido para sair dali.
Logo seguíamos de volta ao Rio de Janeiro, íamos a um carro grande, nunca mais esquecerei aquela experiência.
Voltamos para Mato Grosso, eu e o Chico.
Meia hora mais tarde entrou na Prefeitura o Dr.Olímpio Jaime, advogado de Goiânia e muito amigo de Liton e meu conhecido, não se fez de rogado foi entrando direto gabinete adentro, aonde eu conversava com o prefeito.
--Boa Tarde meus amigos como vão passando?
--Muito bem doutor, que bons ventos o empurram para Luciara?
--Bons ventos nada Liton, o pessoal da Codeara estão fulo de raiva com vocês porque fizeram aquela carta para a SUDAM.
--Mas porque doutor?
--Vocês embananaram a vida deles agora estão com todas as verbas suspensas e me mandaram aqui para acertar a doação e levar um ofício seu dizendo que aquela carta foi um equivoco ou um mal entendido.
--Você tem que acertar com o Dankmar, ele quem fez a carta, só ele resolve, quem começou isto tudo foi ele e só a ele cabe a resposta.- sintetizou Liton.
--Marque o dia da doação o mais rápido possível e eu levo a carta em mão assim que receber a escritura eu a assino e entrego para eles - respondi.
Dr. Olímpio Jaime olhou para o Liton como a perguntar e agora? Como fica? Liton
simplesmente abriu os braços como a dizer eu não sei fica do jeito que está.
--Tudo bem –
interveio o advogado – de hoje a quinze dias a reunião será em São Paulo na
sede da Codeara e o Doutor Murat exige que o prefeito vá pessoalmente.
--Nada feito, eu
não vou ele vai – terminou Liton apontando para mim.
A conversa se prolongou até bem tarde da noite e ficou tudo acertado, dia e
hora para doação e a entrega da carta. No outro dia cedo o advogado voou rumo a
Capital de Goiás.
Finalmente a doação.
No dia anterior ao marcado eu já estava em São Paulo,
e como não tinha boas recordações do escritório da Codeara, ligue para o IBRA e
pedi a interveniência do Dr. Roberto Canot de Arruda, então supervisor do IBRA
para que arrastasse a reunião para sua esfera, lá no IBRA eu estaria seguro e
assim foi feito e ficou marcada para as 14.00 do dia seguinte.
Cheguei ao IBRA exatamente na hora aprazada, quando Dr. Roberto me procurou:
--E o prefeito
não veio?
--Não, eu mesmo
é que vou resolver isto.
--O Doutor Murat
hoje vai perder a criança.
--Farei tudo
para ajudá-lo – respondi – vamos lá.
--Chegaram
todos, já estão esperando.
A porta se abriu e eu entrei de pasta na mão, cumprimentando todos os
presentes.
--Boa tarde
senhores. – achei uma cadeira vazia bem longe do Murat e me sentei.
--Mas, e o
prefeito? Porque não veio?
--Infelizmente
são muitos os afazeres e ele me delegou, desde o inicio, poderes para
representá-lo como o Senhor já sabe Doutor Murat. Mas se o senhor insistir em
brigar eu posso me retirar e fazer meia volta para Mato Grosso – terminei
secamente.
--Nada disto, já
que estamos todos reunidos vamos terminar esta história o General esta ansioso
esperando o resultado no Rio e eu tenho que ligar para ele.
--Por mim esta
tudo bem peço apenas que leiam a minuta e em seguida a escritura se estiver
tudo de acordo terminamos em um segundo - enfatizei.
--Se me permitem
vou ler o conteúdo da minuta e do livro de registro, não é muita coisa – falou
um simpático senhor de boa idade, sentado em frente a um monte de livros.
E fez a leitura por duas vezes. Era exatamente o combinado no IBRA - Rio agora
eu sabia quem estava com a minuta e terminou dizendo – é isto senhores e esta
pronta para ser assinado, primeiro a Codeara assinaria, depois a Prefeitura e a
seguir o representante dos posseiros e demais da diretoria do IBRA e CODEARA. –
terminou e ficou olhando como a pensar “quem vai ser o primeiro?”.
O Doutor Murat mostrou intenção de relutância foi quando Doutor Seixas
interveio:
--Se você
quiser, eu assino primeiro.
--Ora bola –
resmungou o Diretor Presidente e pegando sua caneta assinou e empurrou o livro
para o tabelião que passou para mim que assinei duas vezes, por mim e por
Jentel e a seguir todos assinaram - está terminado, agora queremos o oficio
insistiu Murat.
--Mas, eu quero
a escritura, só vou lhe dar o oficio depois que me entregarem a escritura -
respondi.
--Nós vamos
mandar a escritura pelo correio – insistiu o nervoso Doutor.
--Não é preciso,
Senhor Dankmar o senhor vem comigo até o Cartório eu lhe entrego a escritura
ainda hoje, posso lhe garantir – amenizava o cartorário.
--Eu confio no
senhor – dizendo isto tirei o envelope da pasta, abri e assinei embaixo da
assinatura do prefeito e entreguei ao avexado Dr. Luiz Gonzaga Murat.
--Tudo bem –
dizendo isto, levantou-se e saiu sem se despedir de ninguém.
Agradeci a todos, especialmente o Dr. Roberto, um
grande homem e fui com o simpático senhor rumo ao cartório Medeiros e pouco
depois de duas horas e meia recebia a escritura pronta. Agora era só voltar
para Mato Grosso, mas desta vez eu ia só, mas com a missão cumprida.
Passei por Barra do Garças e registrei a escritura no Cartório de Imóveis e fui
para Luciara
Finalmente estava tudo sacramentado, mas, comecei a pensar em Jentel “já que
esta briga acabou logo ele vai arranjar outra, e arrumou mesmo”.
Missão cumprida o resto agora era com o prefeito.
Ao
chegar a Luciara a noticia correu “a doação fora feita”, no mesmo dia o Padre
chegou e só acreditou depois de ver a escritura e o registro o padre deu um
suspiro profundo que eu nunca pude entender, seria alivio ou uma decepção por
uma briga que acabava, mas ele como que adivinhando meus pensamentos disse:
--Se você pensa
que a briga acabou está muito enganado ainda faltam doar a área da cidade de
“Saint Terezin”. E lá em baixo no Araguaia a coisa esta esquentando, o Padre
Pedro, já está lá.
--Calma padre,
da uma folga, deixa esta briga lá pra longe.
--É, mas não vai
ser fácil você vai ver... - e virando as costas lá se foi o padre rumo a “Saint
Terezin” ou Saint Denise “sei lá”.
A Prefeitura se saiu bem, mas a Câmara Municipal de
Luciara estava as voltas com um seríssimo problema, a demora na aprovação
do zoneamento urbano da sede do Distrito de Santa Terezinha e, este
impasse causou graves danos como veremos...
A
cabeça do padre já ia maquinando novas encrencas e isto fez com movimentasse a
sua massa conscientizada, Santa Terezinha parecia um formigueiro
humano.
Os associados se reuniam constantemente em assembleias e
deliberavam muitas melhorias. A força da união os mantinha coesos. Estavam bem
“conscientizados”.
O processo de desapropriação da cidade de Santa
Terezinha tramitava na sua fase final e a Codeara já havia elaborado um plano
urbanístico da futura cidade, nos traçados velhos, pouca coisa seria
respeitada. O Padre Jentel, também elaborou um projeto urbanístico da nova
cidade respeitando os velhos traçados para não prejudicar os moradores antigos
e este tramitava na Câmara de Vereadores de Luciara.
Só que ai não se sabia mais qual prevaleceria, o que o Padre apoiava o qual
respeitava o velho traçado ou o que a Codeara apoiava e que não respeitava
quase nada.
Nestas alturas dos acontecimentos o padre Francisco resolve construir um
ambulatório para os pobres, e escolhe um local que pertencia ao velho traçado
da cidade, isto é, ficava em uma esquina na divisa dos dois traçados. Para a
Codeara a construção ficava no meio de uma rua nova, para o Padre Chico não
ficava e para a Prefeitura tanto fazia, estava armada a confusão.
Teimoso, sem escutar as advertências da Codeara que já queria mandar na cidade,
pois julgavam que as terras eram suas, enquanto que o Chico achava que aquilo
pertencia ao povo, e não deu ouvido e mandou começar a construção.
Novas advertências foram feitas e não ouvidas, o que o padre queria era fazer a
obra e os alicerces subiam.
Um dia a Codeara mandou um monte de homens e um trator de esteiras, derrubaram
tudo, abriram um buraco no chão e enterraram os escombros, cobriram de terra e
alisaram o chão não ficou nem sinal do ambulatório. Nada restou.
Manoel Quitandeiro, um dono de venda em Santa Terezinha, havia trazido de
Anápolis – GO. Um construtor para fazer os serviços, era crente, e com ele
vieram vários parentes. Roberto era seu nome.
--Seu Manoel –
dizia o crente – a coisa parece que vai ferver e eu sou crente e não posso me
meter em confusão, acho que vou largar tudo e dar no pé.
--Que nada seu
Roberto, isto ai num dá nada, vá ganhar o dinheiro do padre, homem...
--Mas pelo o que
eu estou vendo vai sair chumbo voando por ai e este bichinho não tem endereço
certo...
O Padre estava revoltado, neste mesmo dia convocou uma reunião geral. Era em 11
de fevereiro o dia da Grande Reunião.
O velho casarão fervilhava de posseiros, estavam em “Assembléia” era cerca de quatorze
horas quando começaram:
--Estávamos construindo um ambulatório para vocês, e
este dinheiro gasto era de vocês mesmos resultados da Cooperativa, mas a toda
poderosa Codeara não deixou e destruiu tudo, vocês sabem muito bem, agora eu
pergunto: Fazer o que? Construir de novo?
--Sim vamos
construir de novo – era a voz geral.
--Mas agora há o
risco de uma agressão maior e vamos ser necessários nós reagirmos, vocês estão
de acordo?
--Sim estamos
todos de acordo vamos prosseguir e resistir.
--Então amanhã
cedo, todos com as ferramentas que tiverem pás, enxadas, picaretas e vamos
trabalhar para nos preparar para recebê-los.
E assim, no outro dia quase cem homens trabalhavam sob a orientação de Jentel,
uns abriam as valetas que serviriam de trincheiras, outros enchiam sacos de
areia e os empilhavam fazendo um muro, alguns preferiram abrir buracos nas
paredes das casas vizinhas cujos proprietários se evadiram, a noticia correu
ligeira e a Codeara tomou conhecimento do que o padre estava fazendo e
solicitou em Barra do Garças a vinda de policiais militares. Enquanto isto os
candidatos a guerrilheiros também levantavam as paredes do ambulatório, os
crentes ficavam com um olho na colher e outra na entrada da rua. As mulheres
preparavam a comida e levavam para os homens nas trincheiras e assim ficaram
por vários dias e nada da policia aparecer. Até que numa quinta feira o vigia
lá do campo deu o aviso “A Policia chegou”, mas nestas alturas muitos dos
posseiros tinham saído, mas chegavam os índios Tapirapés para ajudar. O Povo de
Santa Terezinha torcia pelo Padre.
--Vamos aguardar
até chegarem bem perto e deixem-nos
começarem.
Não demorou muito a apareceram duas caminhonetes cheias de soldados e
trabalhadores da Codeara e vinha também um trator de pneus com uma lamina na
frente, quando chegaram junto da construção pararam a comitiva e o capataz
Silveira pulando de cima do trator no chão, gritou.
--Estão
escondidos ali atrás vamos pegá-los.
Foi a conta para começar o tiroteio, armas de todos os calibres e marcas de
fabricação caseira começaram a cuspir chumbo, o primeiro atingido foi o
Silveira bem no dedo da mão, o segundo foi o tratorista, ambos
desapareceram num instante. Na caminhonete da frente vinha o Capitão
Moacir comandante da Policia Militar que diante da surpresa de tanta bala teve
que abandonar a viatura escorando no soldado Amaro e nos dois crentes, mas
deixou dentro do carro sua bolsa e sua arma Bereta.
Foi uma debandada doida a Policia não pode reagir porque não via ninguém em que
atirar e tentaram ir buscar a caminhonete do Comandante que ainda funcionava,
mas quando um pretenso herói se aproximava uma chuva de bala o fazia voltar. O
carro apagou porque acabou a gasolina e com a vinda da noite á coisa se
complicou.
Resolveram esperar o dia amanhecer.
E no outro dia quando a policia voltou não encontrou
mais ninguém e nem o Padre Jentel que tinha fugido para Goiânia.
O Padre Jentel foi preso e posteriormente expulso do Brasil, e quando da busca
que o exercito deu na Prelazia de São Félix do Araguaia, por estar o Bispo
envolvido com os guerrilheiros de Xambioá, acharam a arma do Capitão Moacyr
pendurada na parede com etiqueta. “Lembranças da guerrinha de Santa Terezinha”
O Padre François Jaques Jentel, nasceu a 29 de agosto de 1932 na cidade de
Meriel, na França e já estava com 32 anos quando chegou como padre na aldeia
Tapirapés no encontro das águas do rio Tapirapés com Araguaia.
Fiquei sabendo depois que o Padre François Jaques Jentel, ou Padre Chico
ou ainda Padre Francisco, ou Padre Pranxiko, foi preso acusado de subversão, e
conduzido para o Quartel Militar em Campo Grande, levado a julgamento no dia 21
de maio de 1974 foi absolvido pelo Superior Tribunal Militar. Já em liberdade
voltou à França para visitar sua família ao retornar para o Brasil em 19 de
dezembro de 1975 foi novamente preso amarrado pelos testículos (assim me
contaram) foi deportado para a França num decreto assinado pelo Presidente
Geisel e o Ministro Amando Falcão isto em Janeiro de 1976. Morreu na sua terra
natal de hemorragia interna no dia 01 de janeiro de 1979, três anos depois de
sua expulsão no seu exílio onde sempre sonhava voltar ao Brasil.
Boas lembranças e muitas saudades de um matreiro rebelde e simples padre e
grande amigo que viveu para os pobres e índios entre e eles como um deles, era
a sua vida, ali guardava a sua alma e seu coração...
Um dia na sua humildade ele me disse:
”Cristo veio ao mundo porem muito pobre, pequenino e
aparentemente fraco, mas tinha em seus olhos a Luz do Céu”. E...
“Virar as costas aos pobres é o mesmo que virar as costas
para Deus”.
Boa caminhada Pranxiko, vá com Deus...
Breve nos encontraremos...
§
Ditado á época...
“Se peão fosse bala e rapariga fosse fuzil
Santa Terezinha ganhava qualquer guerra no Brasil”.
Ofereço este poema ao “Padre Chico”, meu
grande amigo e protetor dos pobres, peões, posseiros e índios.
Peão do trecho...
Tens a sina do deserto,
Sem rumo, sorte relegada,
A terra prometida?
Jamais a verá por certo,
Resto de migrante perdido,
Andas e andas sem parar
Na mata, braço forte, o machado,
Na alma pobre, maltrapilho,
No rosto tristeza estampada,
Lembra que é apenas o pó da estrada!
Sua alma inquieta agoniza,
Lembrando seu rincão natal,
Dentro desespero enfada,
No álcool, sua dor suaviza,
Com o sabor insípido do sal,
Lembra que é o pó da estrada!
Fere a carne, solta a vida,
No chão a taça derramada,
Vermelho o sangue tal vinho,
Mancha o pó da estrada...
.
*
Retornando ao Município de Luciara MT.
Formação geológica:
Terrenos arcaicos aliados a coberturas não dobradas do Fanerozoico da bacia
quartanária do da Ilha do Bananal com coberturas dobradas do Proterozoico com
Granitoides associados. Complexos metamórficos indiferenciados envolvendo a
Serra do Roncador e a Bacia quartanária do Araguaia/Ilha do Bananal e sua
depressão que envolve o rio Tapirapé, Rio Xavantinho, rio Crisostemos, Lago dos
Veados, Rio Sabino, Rio Gameleira, Rio Salobro um e dois, Rio Corgão e também
todos os afluentes menores, são resquícios básicos formadores do extinto mar de
“Araés”, cujo berço da bacia hidrográfica é o Vale do rio Araguaia/Tapirapes,
que brindam a região com seus sítios arqueológicos riquíssimos, mas ainda
inexplorados como os de Nova Floresta (Porto Alegre do Norte MT), Serra do
Urubu Branco, e Lago dos Veados.
Localização geográfica:
“Coordenadas:
11° 05’ 25” latitude sul e 50° 37’ 49 longitude Oeste Gren. Situa-se a NE da
Capital.. Pertence à Meso Região 128; nordeste Mato-grossense, Micro Região
526: Norte Araguaia.
Limites: Luciara limita se com os municípios de Santa
Terezinha, Porto Alegre do Norte, São Felix do Araguaia, Canabrava do Norte e
Ilha do Bananal (Estado de Tocantins) e sua formação geológica:
Faixa Amazônica:
Complexos metamórficos arqueanos com traços pré -
colombianos indiferenciados.
Altitude: nível do mar- 200 metros acima.
Elevações moderadas: Serra do Zeca Barros, Morro da Mata da Jiboia, e morro do Santo Antônio, Relevo do
Lago dos Veados --
Bacia Amazônica e Tocantins – Grande depressão vale
dos rios Araguaia e Tapirapes e Planalto do Roncador berço do extinto mar de
Araés. Teia fluvial de rios, lagos, lagoas e afluentes: Rio Araguaia, Rio
Tapirapés, rib. Crisostemos, rio Sabino, rio Gameleira, rio Salobro, rio
Corgão, Lago dos Veados, Lago do Fontoura, rio Liberdade ou Fontoura, rio das
Mortes, Lago de Pedra, Lagoa da Gaivota, Lago dos Patos, Lago Redondo, Rio
Xavantinho Um e Dois, Lago do Jaraqui, Lago dos Tapirapes, Lago do Jatobá, Lago
da Tartaruga, Lago do Pacu, Lago do Oscar, Lagoa das Perdidas. Lago Pereira,
Lago do Oiti, Lago Redondo, Lago dos Tapirapés, Lago do S, Lago do Chico Preto,
Lago do Pelego, Lago do Romiltom, Lago da Jiboia, Lago do Atolador, Lago do
Jaburu, Lago do Padeiro, Lago dos Quarentas, Lago da Piranha, Lago do Cocho,
Lago do Jatobá, Lago do Maxixe, Lagoa Redonda, Lago do Jacaré, Lago das Éguas,
Lago da Curica, Lago Vermelho, Lago da Canoa; Lagoa da Gaivota e Lagoa junto da
sede.
Vegetação predominante...
Há que se notar a pouca diferença de vegetação, tipo de solo e características
predominante entre os municípios de Canabrava do Norte,/ Porto Alegre do Norte,/
Confresa,/ Luciara e Santa Terezinha Todos agregados e em torno da mesma fralda
da Serra ou planalto do Roncador e pertencentes à mesma bacia Hidrográfica e
filhos do Extinto mar de “Araés”, ou planície do rio Araguaia. Dai talvez, a
semelhança físico-química./geológica.#*
O município de Luciara se caracteriza por quatro tipos de vegetação, campos
e várgeas alagadiças, cerrado, mata de transição e mata equatorial, devendo-se
incluir entre meios “Matas de Cocos Babaçu” com ricas presenças de palmeiras
“Bacabas”.O tipo de vegetação predominante na área é o campo limpo e o campo
com murundu, ou cerrado ralo, (primeiro estagio) sendo estes formados por
graminoides e em boa parte se expressam as comunidades hidrófilas representadas
por um mosaico de campos e várzeas inundadas, isto, na maior parte da área acontece
em decorrência da estrutura sedimentar dos terrenos que exibem em sua
superfície não mais do que trinta centímetros de matéria orgânica e depois
estagiam, na segunda camada cerca de um metro de areias quartzares e
seguidamente, no terceiro estagio, ainda na superfície cerca de um metro e meio
abaixo do nível do solo encontram-se aproximadamente um metro de areia
manteiga, ou argilosa que uma vez encharcada retém a água das chuvas fazendo-as
voltar à superfície onde se estacionam com um volume de dez centímetros sobre o
solo salpicado de montículos (cupins ou manchões) onde se desenvolvem arbustos
tais como Murici, Lixeira, Oiti, Mangaba e outras nesta unidade foram
englobadas indiscriminadamente vegetação campestre arbóreas de várzeas alagadas
periodicamente embasadas pelos Buritizais e Buritirana, correspondem a 45%
da região, para suprir esta anomalia muitos agricultoras abrem caneletas
nas lavouras a fim de drenarem as água retidas, mas com esta atitude fazem
baixar o nível superficial das águas e as fontes passam a secar e os veios de
água se perdem nas profundezas da terra seca. Seguidamente temos o Cerrado do
tipo mais fechado e menos degradado de maior densidade e altura (segundo
estagio) e correspondem a 36% da região, mas tem os
mesmos percalços de composição orgânica e de retenção de água.
.Na sequência predomina em boa parte da região a/Mata em transição Semi densa
definida com extrato dominante arbóreos de 4-8 m, com cobertura de copa em torno
de 25%%, extrato arbustivo de 1-2m, e extrato herbáceo composto principalmente
por gramíneas (terceiro estagio) correspondem a 13% da região, Finalmente as Matas Altas ou Florestas
Equatoriais, que circunda os Morros e Colimas e Terras altas correspondem
a 06% da região, (quarto estagio) mas se misturam na
identificação das Florestas Estacionais Semidecidua Mista, neste caso, o
extrato dominante é composto por arvores cujas copas esgalhadas são nitidamente
mais espaçadas dominando assim o extrato arbustivo denso e baixo recobertas
parcialmente de cipós e tiririca em especial nas matas alagadiças ou florestas
pluviais Perenifólias Hidrófilas. - Sedimentos: Em grande parte do Município
encontram-se areias vermelhas, amarelas, quartzares e areias marinhas, as
manchas de solo hidromifricos se fundem ao sistema argiloso sedimentar. As
areias marinhas conhecidas como areia manteiga predomina em meio aos barros
pretos argilosos e aos tremedais que procuram acomodação secular.
Em outras partes do município o subsolo numa profundidade de um metro a um
metro e meio se encontra grossas camadas de pedras vulcânicas mais conhecidas
como pedra canga que carreiam uma boa quantidade de oxido de
ferro.
*
.Demonstrativo
das áreas
Total da área do
município..............................4.243 Klms²
Total de área do Município.............................424.300,00
hectares
Total área quatro Reservas indígenas............... 33.905,26
hectares
Areá total remanescente .................................389.494,74
hectares
Área reserva aproximadamente 08% da área total
município.
Res. Cacique do Fontoura-................................
3.481,25 hectares
Reserva de São Domingos.R.CRI-SPU............. 5.723,62 hectares
Res. Tapirapés/Karajas (37,1% da área)............24.695,39 hectares
Doação Torrão dos Karajas.............................
.. 005,00 hectares
Total das
Reservas.............................................33.905,26 hectares
A reserva indígena Cacique Fontoura é de
32.069,00 hectares (homologada e Registrada no CRI e SPU) porem apenas 32.481,25
hectares, ou aproximadamente 10.9% da reserva total adentra no município de
Luciara.
A reserva indígena Karaja/Tapirapé é de 66.531,00
hectares (homologada Registrada no CRI e SPU) porem apenas 24.695,39 hectares,
ou aproximadamente 37.1% da reserva total adentra no município de
Luciara.
Totais no pressuposto da Reserva Ecológica (não aprovada).
Reserva Ecológica............................................
198.000,00 hectares
Reservas e doação
indígenas.......................... 33.905,26 hectares
Total..55,66% da área do município..................231.905,26
hectares
Área do município .......................................... 424.300,00
hectares
Área
remanescente........................................... 192.394,74
hectares
§
* |
EDUCAÇÃO.
Escola Municipal de 1º Grau São Bento – Alunos
matriculados.
(Escola Mun. de 1º Grau anexada a São
Bento)...................60
Escola.Municipal de 1ºGrau Raimundo de Pano alunos...
matriculados......................................................................
.... 68
Total Escolas Municipais, alunos matriculados ....................128
Creche Municipal “Pequeno Polegar” atendendo a 71 crianças.
Grau de atendimento –Nível 09 (Muito bom)
Escola Estadual de Ensino Médio Juscelino Kubitschek
alunos matriculados.............................................................178
Escola Estadual de Ensino Fundamental. Humberto Castelo
Branco,
alunos matriculados
............................................................325
Escola Estadual (Luciara - Carajás) Indígena Hadori, alunos
matriculados............................................................................78
Total alunos Escolas
Estaduais...............................................581
Total Geral de alunos matriculados em Escolas Municipais e Estaduais
de Luciara no exercício de 2013......... .............709
(setecentos e nove alunos matriculados)
Grau de Escolaridade.... nível 09 (Muito bom).
Universidade Federal de Mato Grosso UNEMAT - Ativa.
§
SAÚDE |
A Saúde em Luciara e regiões em torno pedem socorro em
decorrência das doenças que correm o risco de serem adquiridas por águas
contaminadas a exemplo do liquido coletado recentemente em especial no rio
Tapirapés e em outras regiões adjacentes, incluindo-se separadamente o rio
Araguaia as quais analisaremos em separado: Rio Tapirapés e em torno. Grupo
de doenças: 01-Transmitidas pela via feco-oral, (organismo patogênico agente
causador da doença é ingerido) DIARREIA E DESINTERIA COMO CÓLERA E A GIARDIASE,
LEPTOSPIROSE. AMEBIASE, HEPATITE INFECCIOSA E ASCARIDÍASE; 02-A falta de água e
a higiene pessoal: INFECÇÕES NA PELE E NOS OLHOS, COMO TRACOMA E O TIFO
RELACIONADO COM PIOLHOS E ESCABIOSE; 03-Associado à água ciclo vital quando o
agente infeccioso ocorre em um animal aquático (patológico-penetra na pele ou
ingerido) ESQUISTOSSO-MOSE; 04-Transmitidas por vetores que se relacionam a
água (doenças propagadas por insetos que nascem na água ou picam perto dela)
MALARIA, DENGUE, E FILARIOSE. Apêndice: A presença de Coliforme Total e
Fecal indica a necessidade de tratamento da água. As amostras coletadas no rio
Tapirapés apresentaram elevado índice não atendendo aos padrões estabelecidos
pela portaria 518/MS/2004 O parâmetro Bacteriológico de Coliformes totais foi
superior a 200 (colônias) e termo tolerante (fecais) 200- Unidade -UFC. (data
da coleta FUNASA 02.02.2005.) Nota de alerta OBS: No Rio Araguaia, junto
a Conceição do Araguaia: foi constatada a presença de bactérias que tem
os caramujos como hospedeiros e ali proliferam seus ovos que contaminam
as águas se desenvolvendo ao estagio de bactérias aptas a
contaminarem banhista incautos, lavadeiras de roupas e ainda os pescadores
transmitindo o GLAUCOMA, doença do olhos que leva a cegueira e não tem
ainda cura, estes agentes foram identificados e catalogados a cerca de
dois anos atrás, no baixo Rio Araguaia e que geraram sérios danos aos
ribeirinhos tendo causado várias cegueiras permanentes. A população foi
orientada a se afastar dos banhos no rio por um determinado e longo período
enquanto as autoridades sanitárias estudavam recursos para combater o predador.
Não se registraram novos casos.
Registre-se que casos de Dengue em Luciara têm sido
raríssimos, portanto considerado praticamente erradicados.
Os dados acima se aplicam especialmente ao Rio
Tapirapés como o mais comprometido e possivelmente nos rios e lagos da região a
ele afetos em decorrência da expansão de vetores e a proliferação de micro
organismos tanto em plantas aquáticas como por espécime animal viva.
Outros como o rio Araguaia e seus afluentes as
analises espectrográfica atende quase na totalidade todos os padrões
estabelecidos pelo CONAMA.
Verificar folhas seguintes em ÁGUA POTÁVEL.
Tratar aspectos saúde/doença/mortalidade Sem Registro
Oficial.
Mortalidade Infantil - índios e não índios. SRO - Sem
Registro Oficial- item prejudicado pela falta de informação.
Atendimento médico Hospitalar. -Vistorias periódicas-
atendimento dentro da ponderabilidade normal e nos procedimentos a casos
emergenciais - ótimo.
*
Posto de Saúde da Família PSF.
Posto de Vigilância da Saúde (Sanitária)
INDEA MT - Luciara.
PSF- Posto de Saúde da Família. Com distribuição de
remédios para pessoas carentes. E outras dependências em pleno funcionamento –
(Prédio do Hospital Regional)
Propriedades Urbanas e Rurais- Luciara MT - 2013/2018.
Animais/vacinações e assistências. Refazer em 01.12. 2021.
INDEA-MT. - LUCIARA – Instituto de Defesa Agro Pecuária.
Município 510330 - Luciara MT.
Atualizar cadastro em dezembro de 2021.
Setor 01 – Cadastro..................................2017.
Propriedades vacinadas....................288.....263
Propriedades não vacinadas.................0......003
Propriedades sem animais..................91.....?
Proprietários atendidos.......... ..........277 ....269
Propriedades com Bov/Bub...... ..........0 ....?
Propriedades com Bovinos...... ......284......269
Propriedades com Bubalinos...... ........0.....?
TOTAL DE REBANHO
VACINADO NO SETOR 1-2019
Atualizar cadastro em Dezenbro de 2021.
02 Bovinos...............00 a 04
meses fêmeas........1.784
02 Bovinos...............00 a 04
meses machos.......1.829
02 Bovinos..............04 a 12
meses fêmeas........4.345
02 Bovinos..............04 a 12
meses machos.......3.837
02 Bovinos..............12 a 24
meses fêmeas........5.207
02 Bovinos..............12 a 24
meses machos ......2.343
02 Bovinos....... ......24 a 36
meses fêmeas........6.066
02 Bovinos......... ....24 a 36
meses machos.. .. 2.654
02 Bovinos........... . .. +36
meses fêmeas ......22.394
02 Bovinos........ ....... .+36
meses machos........1.943
Total........................................................................52.402
Rebanho Bovino
atualizado............................ 26.09.2020..
Existente...................................................................41.698
Vacinados.................................................................41.600
OUTROS ANIMAIS . Não atualizados. em 2020-
Atualisar em dezembro de 2021.
04 Caninos..............fêmeas............. ......161
04 Caninos..............machos...................222
Continua....
Total..................... . .383
05 Caprinos............fêmeas......................50
05 Caprinos............machos......................15
Total............. ... .....................................65
07 Equinos.............fêmeas.....................376
07 Equinos............. machos....................464
Total.................................................
.. 840
09 Ovinos....... .... ..fêmeas.................. ..523
09 Ovinos............. .machos..................
.60
Total......................................................
. 583
10 Suinos 0030
fêmeas.................. .....85
10 Suinos 0030
machos .....................62
10 Suínos 0180
fêmeas........................58
10 Suinos 0180
machos..................... 13
10 Suinos 3070.
fêmeas........................33
10 Suinos 3070
machos.......................47
10 Suinos 7018
fêmeas.......................125
10 Suinos 7018
machos.................... 7
Total.........................................................430
11 felinos...............fêmeas.......................33
11 Felinos .............machos..... ................53
Total........................................................86
14 Asininos..............fêmeas...... ...............2
14 Asininos..............machos... ................ 3
Total.........................................................5
15 Muar;;;;;;;;;;;;;;;;;fêmeas......................1
15 Muar.................machos............ .. ....202
Total..................
....................................366
30.Galinhas.............fêmeas ................4.816
30.Galinhas.............machos........... ....1.265
Total..............
.................................. .6.081
Total
Geral.........................................................8.839
Total Geral. 8.839 c/vacinação animais domésticos.
Total Geral 52.402 vacinação bovinos diversos.
Total Geral 61.241 atendimento no período 2016.
TOTAL DE PROPRIEDADES
RURAIS.
Total de Propriedades com caninos.............120
Total de Propriedade com Caprinos..............
1
Total de Propriedades com
Equinos.............177
Total de propriedades com Ovinos............. . 13
Total de Propriedades com Suínos.... . ..........13
Total de Propriedades com Felinos.......... .....38
Total de Propriedades com Asininos................4.
Total de Propriedades com Muar........... ........94
Total de Propriedades com Galinha....... ......105
Dados coletados em 08 de abril de 2013/2014/2018
INDEA – Luciara MT
*
A Serra do Magalhães.
A história original desta serra data de tempos da colonização do leste
mato-grossense e não foi encontrado nenhum registro pelo autor, todavia os
sertanejos destes tempos idos insistiam na veracidade deste episodio
em que um expedicionário de nome Pimentel Barbosa que pretendia abrir um
posto indígena nas margens do rio Xavantinho em suas penetrações no Estado de
Mato Grosso, havia se arranchado, temporariamente, com um grupo limitado
de seis homens e dois índios Bororos que eram os guias, naquela pequena
elevação junto ao rio e teve a visita de índios xavantes mas não
conseguiram consolidar um contato mais direto em razão dos índios estarem,
supostamente amedrontados, em virtude do forte armamento dos caraíbas assim o
chefe da expedição determinou a seus comandados que recolhessem todas as armas
em caixão que depois foi cadeado. Apenas o cozinheiro ficou de posse de um
facão. Os índios assim quando os viram desarmados investiram contra eles
e os mataram, note-se que relata a historia que o cozinheiro era um homem
valente e lutou bravamente conseguindo matar vários índios com o facão, mas foi
vencido e os índios lhes cortaram um braço e uma perna para comerem, não que
fossem canibais, mas acreditavam que um homem valente igual aquele quem comesse
de sua carne se tornaria também um bravo valente lutador. Os corpos foram
encontrados amontoados uns sobre os outros com as bordunas ao lado, e,
Pimentel teve muitas fraturas por todo o seu corpo. Os índios Bororos não
foram vitimados por que naquele dia estavam ausentes.
Eu pessoalmente vi nos arquivos da FBC em Brasília algumas fotografias tiradas
de corpos mutilados por índios, pressupondo que fossem de outras refregas, mas
que confirmavam o mesmo costume.
Foram-me relatadas e confirmadas uma historia de um fato acontecido por volta
da mesma época que um pesquisador de origem suíça chamado Herbert Magalhães
Affer, a serviço do então SPI. (Serviço de Proteção aos Índios) por volta de
1938, esteve na vila de Mato Verde, hoje Luciara, e junto com o sertanejo Cel.
Lúcio Pereira Luz, fez uma penetração às margens do rio Xavantinho para manter
contatos com os índios Xavantes. Não sendo bem sucedido na primeira viagem
ficou de retornar em 1939, mas só chegou em 1941 e após muita insistência o
Coronel Lúcio e mais uns companheiros resolveram acompanhá-lo nesta expedição.
Assim fizeram. Acamparam em um limpo as margens do rio Xavantinho tendo como
paisagem ao fundo uma linda serra. Certo dia ficou no acampamento o suíço, o
cozinheiro Sulino e Raimundo, Lúcio saiu para pescar tartarugas a certa
distancia do acampamento, mas a sua vista. Foi quando inesperadamente os
índios, que já os haviam cercado, escondidos atrás de doze touceiras de galhos
e palhas e que esperavam a saída de Lúcio, atacaram o acampamento pegando o
pesquisador de surpresa dormindo dentro da rede e coberto por um mosquiteiro,
os golpes de lança e borduna o mataram tendo uma das lanças entrada boca
adentra levando junto o pano do mosquiteiro, o cozinheiro Sulino ao ver o que
acontecia correu rumo ao rio gritando pelo Lúcio enquanto que Raimundo
encostado em uma arvore recebe uma pancada no ombro e corre também rumo ao Lago
do rio onde estava o Coronel, este quando deparou com a tragédia deu vários
tiros por cima dos índios que debandaram largando a vitima e as armas do crime,
porque por força de sua cultura entendem que as armas é quem eram as
criminosas. Naquela época houve sérios comentários que o Coronel era quem
engendrara morte do pesquisador, mas com a vinda dos peritos do Rio de Janeiro
que desenterraram o corpo e este estava incrivelmente mumificado, talvez por
ter sido enterrado em terra argilosa, ficou tudo apurado que teriam sido
realmente os índios que o matou. Os restos mortais foram recambiados para São
Paulo. Aquela serra tão pacata por duas vezes se manchou de sangue humano,
muitos homens e índios morreram e hoje se chama simplesmente “Serra do
Magalhães”.
*
A Ilha do Bananal-TO
Do outro lado do rio Araguaia, bem ali em frente de Luciara
a Ilha do Bananal é um marco da grandiosidade histórica da região.
Nossa irmã Ilha que sempre nos acolheu ,ministrando suas riquezas da
fauna e da flora. O nome lhes foi imposto no ainda tempo da escravidão no
Brasil. Negros escravos fugiam de seus algozes e se refugiavam na ilha e
ali passaram a cultivar seus plantios. Mais tarde ficaram conhecidos como
os Avas canoeiros .Durante os anos de 1953 a 1956, o
autor e mais um amigo se embrenharam ilha a dentro a procura de lagos
ainda intocados a busca de Jacaré-açu para caça do mesmos e a venda de seus
couros. Devido a grande abundância destes não era proibido a sua caça e
assim.... Rememorando o passado sai em cima de uma foto minha que relata o tipo
de vida que eu tinha em Luciara nos anos 1953 a 1956. Recém-casado (no civil,
foi o primeiro casamento registrado em São Felix o Araguaia), Pai de duas
crianças esperando as outras seis, “emprego nunca ouvi falar que existisse”,
então para enfrentar a vida virei “mariscador”, nome dado aos caçadores
regionais. E escolhi a Ilha do Bananal para minhas caçadas
jacarés e onça. Arranjei um parceiro á altura do difícil trabalho e desempenho,
meu cunhado Mariano e lá se fomos nós. Lago do Mamão, Lago do 47, Lago do
Coqueiro Só e vários outros. A noite eu iluminava o lago com uma
lanterna e podia contar cerca de trinta ou mais jacaré-açu, acima de três
metros e meio até cinco metros, mas a cauda não se aproveitava para nada.
Nem gosto de me lembrar das eternas companheiras as piranhas que ficavam roendo
em baixo da canoa que parecia nada mais do que um caixão de defunto de
tão parecidos e sofisticados, mas aguentavam. Hoje penso nestas loucuras na
qual eu ficava quatro a cinco meses nessa labuta, raramente vinha a minha casa.
Tudo isto para não deixar nada faltar. Mas me sai bem e ao final me sentia
orgulhoso o bastante para ser feliz com minha família. Já relatei estas
histórias nos meus livros, hoje junto uma foto que estava perdida há muitos
anos e resolvi publica-la como testemunha de minha luta. Eu era magro
cheguei a pesar 55 quilos. Mas sobrevivi.
Dankmar e jacaré-açu. Rio
Tapirapé em 1954. |
§
Água Potável.
Rio Araguaia e rio das Mortes. (águas superficiais
renováveis)
Poços Artesianos e Semi Artesianos.
Em Luciara as águas dos dois rios ainda não se
misturam totalmente embora já tenham percorrido um trecho de aproximadamente
oitenta e sete quilômetros deste o encontro das águas acima de são Felix do
Araguaia. O rio das Mortes passa por diversas lavouras e pode coletar resíduos
de inseticidas e pesticidas, mas o longo trecho que percorre tende a dissolver
e a neutralizar parcialmente tais agressivos.
Feita a pesquisa constatou-se que a mineralização da
água chega a ter aproximadamente setenta tipos de minerais considerados, em sua
maioria de origem atômica e perambulam pela tabela periódica, mas são
extremamente necessários a sobrevivência da raça humana desde que absorvido em
quantidades aceitáveis. Apenas dezesseis destes minerais sãos os mais
frequentemente encontrados respeitando-se a tabela do Conselho Nacional de
Monitoração das Águas.
As águas superficiais são renováveis pelas chuvas e,
portanto sempre de boa qualidade, sejam de rios correntes, lagos, lagoas ou
represas a exceção das cisternas que precisam de manutenção, desinfecção via
“água sanitária” e limpeza anual.
*Poços
Artesianos ou Semi Artesianos.
As águas subterrâneas ou veios que se atingem viam
perfuração de poços, devem ser monitoradas pelos órgãos Estaduais ou Municipais
e suas águas analisadas periodicamente porque podem conter minerais acima do
Limite Máximo permitido pelo CONAMA, e notadamente a incidência de fósforo seja
de origem litogênica ou antropogênica independente de ser animal ou mineral o
fósforo tem como principal inconveniente o fenômeno da Eutrofização que
proporciona a proliferação de micro organismos e consequentemente produção de
toxinas prejudiciais à saúde humana.
Existe ainda o problema de altos teores de SULFATOS e
CLORETOS que são abundantemente encontrados no subsolo da nossa depressão
geológica junto à fralda da Serra do Roncador e em torno, no extinto mar de
Araés depressão, já comentada do vale ou planície do rio Araguaia.
Minerais estes que em elevado níveis tornam as águas
salobras e mal cheirosas e nocivas à saúde, o que não é o caso de Luciara, mas
mesmo assim a analise destes potenciais deve ser feita anualmente sob a
custódia da METAMAT-Companhia Mato-grossense de Mineração com sede em Cuiabá
que possui laboratórios fixos e de campanha para analises de águas e outros
minerais e Engenheiros especializados.
Luciara tem seu suprimento de água potável via poços
artesianos, analise já realizadas indicam como água de primeira qualidade, mas
mesmo assim estão sujeitas analise química periódica *.
As águas do rio Araguaia quando em transito por
Luciara carreiam um patamar de água limpa, pura e bem aceitável, o que torna um
convite invejável para pratica de esportes aquáticos e turismo.
Vejamos os resultados das analises feitas em Barra do
Garças e Nova Xavantina sobre as águas do rio das Mortes e Araguaia/com rio
Garças e levaremos em conta o VMP_ (Valor Maximo Permitido pela portaria nº 518
MS 2005 - do CONAMA) .
Minerais mais facilmente encontrados nas águas superficiais
e seus potencias:
VMP*
Cianeto ....................................... 0,07mgl
Chumbo .......................................0.01mgl
Cobre ...............................................2mgl
Cromo.......................................... 0,05mgl
Mercúrio ...................................0,001mgl
Nitrato
.............................. ........10mgl
E. Coliformes totais e fecais. 200 colônias termos
(tolerante) fecais.
Alumínio ....................................... 0,2mgl
Amônia
...................................... 1,5mgl
Cloreto.......................................
250mgl
Dureza
.....................................500mgl
Etilbenzeno .................................0,02mgl
Ferro
.................................... 0,3mgl
Sódio
................................... 200mgl
Sólidos dissolvidos totais ........... 1000mgl
Sulfatos ................................. ....
250mgl
Zinco
............................... .........5mgl
Tolueno ...............................
.......0,17mgl
Outros cinquenta e quatro minerais e variações não foram detectados, e quanto
a metais pesados só ocorrem naturalmente, em coleções
hídricas, em concentrações baixas, sendo que o aumento das normas é provocado
principalmente, por despejos de origem industrial sem decantação e lavouras no
uso dos praguicidas e inseticidas ou quando os resíduos tóxicos vão direto para
o rio via águas das chuvas.
Como exemplo de água naturalmente viva temos o Lago
dos Veados (foto abaixo) onde a vida aquática desponta em sua plenitude,
peixes, tartarugas, botos e muito mais desfilam mansamente pelas águas e
atendem ao chamado de banhistas a lhes presentear com peixes. É a natureza de
volta a sua permitividades.
Muitos outros recantos maravilhosos a sua espera.
“Eis que a estrutura física do homem é composta de água, minerais e
sais, e destes precisa para sobreviver”.
Fornecimento de Água Potável
Lei nº 8.078. De 1990.
Art. 6º - inciso III.
A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviços com especificações correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço bem como sobre os riscos que apresentam;
A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem
assegurar informações correta, claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição,
preço, garantia, prazos de validades e origem, entre outros dados, bem como
sobre os riscos que apresentam a saúde e segurança dos consumidores.
*
Hospital Regional de Luciara MT. 1985/1988
Um Hospital que ainda não morreu. (PSF).
Era uma nova e difícil meta a ser cumprida, após varias reuniões com a liderança política aqui em Luciara no inicio do novo mandato de José Liton como Prefeito ficou-se decidido que Luciara, ou melhor, a região, precisava de hospital mais moderno condizente com a atualidade e estabeleceu-se que eu, Dankmar, como Secretário de Planejamento da Prefeitura seria o encarregado desta missão.
Após dias de acertos e discussões assentou-se que a
nova obra deveria ser feita em dois blocos que conteriam: vinte e cinco leitos,
sala pré-natal com cinco berços, apartamentos para isolamentos de doença
contagiosos, sala de operação, oito gabinetes médicos, pronto socorro, pequenas
cirurgias, farmácia, leitos, e instrumentais cirúrgicos operatórios inclusive
Sala para Raios-X, autoclave e outras exigências necessárias.
De posse de uma procuração do Prefeito parti para
Brasília e comecei a luta que durou mais de um ano e meio. Contratei um
Engenheiro Arquiteto especializado em plantas de Hospitais por informação de
pessoal do Ministério da Saúde e quando a planta ficou ao que eu pensava
pronta, começou a via crucix.
Para ser aprovada a planta necessitaria passar pelo
crivo da Engenheira Chefe do Ministério da Saúde em Brasília, e ali o osso era
duro de roer. Eu encaminhei a planta a que Ela a Engenheira, me chamou e
pessoalmente e colocou as cartas na mesa.
--Meu caro
amigo, este corredor desta ala esta estreito em quinze centímetros e vai dar
problemas com o trafego de macas. É preciso corrigir- e assim por diante tudo
estava a menos ou a mais e teria que ser corrigido.
O Engenheiro encarregado da planta teve que
refazê-la quase totalmente e quando terminou a levei novamente para a vistoria
e novamente foram encontrados erros nas Lages, nas portas, nas vias de acesso,
nos isolamentos e nas partes elétricas
Enquanto a Engenheira fazia o laudo eu aproveitei
para conversar com outros assistentes dela no seu gabinete a que um
reservadamente me falou:
--Vai ser
difícil meu amigo, mas... Porque você não passa o trabalho para o irmão dela?
--Ele é
engenheiro? Trabalha aqui no Ministério?
--Não ele tem
firma particular e é especialista no assunto e como o serviço das plantas é
pago pela própria Caixa você não vai ter que gastar nada, pois será somado ao
projeto, e pode acreditar que será aprovada ao toque de caixa.
--Obrigado, vou
falar com ela.
--Mas reserve
meu nome, não me mencione.
--Fique seguro
amigo. Assim será.
Voltei à sala da nossa anfitriã e moderadamente
entrei no assunto:
--Eu acho que
vou mudar de Engenheiro e procurar um mais capacitado.
--È uma boa
alternativa.
--Por ventura a
senhora não teria alguém a indicar, já que é especialista do Ministério, deve
conhecer outros Engenheiros capacitados.
--Sim pegue este
cartão e procure esta pessoa e pode deixar que eu vá falar pessoalmente com
ele.
--Ótimo, se
possível peça a ele para me visitar lá no hotel hoje à tarde, assim já acerto
os detalhes.
--Pode deixar a
planta aqui eu mesma entrego a ele e explico o que tem que fazer e agora me de
seu telefone e o endereço do hotel.
Passei os dados agradeci e me retirei, sabia que
agora a coisa ia funcionar.
E funcionou mesmo.
Naquela mesma tarde um senhor de boa idade e ótima aparência
me procurou no hotel e era ele o irmão de nossa querida chefa. Conversamos
sobre tudo e acertamos os detalhes e passei a ele a autorização de trabalho em
nome da Prefeitura. Estava tudo sacramentado, restava agora aguardar.
--O senhor
Dankmar pode aguardar aqui mesmo no Hotel que nestes próximos dias eu
retornarei com tudo pronto e as plantas vistoriadas.
Mas, eu já começava a me aborrecer com tanta
correria.
Nos próximos cinco dias nos encontrávamos diariamente
sempre entremeados de umas rãzinhas ao ponto, até que finalmente chegou o dia e
ele já trouxe a planta devidamente aprovada com toda documentação. Valeu a pena
os drinques e as rãs ao ponto que gastei.
Restava agora arranjar verba para a construção.
Quase fiquei careca de vez, mas uns deputados amigos
incluindo especialmente Ricardo Correa e Humberto Bosaipo intervieram a nosso
favor na Caixa Econômica Federal que tinha verba para esta finalidade e
acabaram cedendo, restava agora descobrir uma firma que deveria assumir a
construção, fizemos uma licitação e acabou vencendo uma firma de Belo Horizonte
de propriedade do Engenheiro Mario Oscar.
Chegando a Brasília Mario Oscar assumiu toda
responsabilidade da primeira etapa da construção. Isto é toda estrutura
básica com cobertura, mas sem acabamento o que estaria destinado à segunda
etapa. Teria que deixar o prédio levantado as duas alas e coberto.
Entendemos que ele receberia as verbas em acordo com as etapas que fosse
concluindo e seria responsável pela prestação de contas.
A Caixa Econômica Federal e a Prefeitura fariam a
fiscalização da obra. Assim o dinheiro não passaria pelo caixa da Prefeitura.
Assim foi feito e a primeira etapa da Obra foi
concluída com sucesso, era uma construção digna de louvores, a Prefeitura
estava orgulhosa do seu trabalho.
Restavam ainda alguns meses para terminar o mandato
de Liton e eu aproveitei para ver se conseguia o instrumental cirúrgico para o
hospital. O Ministério da Saúde havia me dado um livro que enunciava todo
material cirúrgico e mobiliário para um hospital daquele porte enfim tudo que
seria necessário para o bom funcionamento e eu descobri que uma entidade na
Alemanha denominada Miseror tinha como finalidade doar materiais e
instrumentais cirúrgicos para os Hospitais em zonas carentes e sem recursos.
Não titubeie e escrevi para a Alemanha, mandei toda
documentação inclusive o pedido formalizado, e acreditem a Miseror foi
favorável ao pedido e respondeu que doariam todo o pedido, mas teríamos que
mandar dois médicos para a Alemanha para estagiarem e assim entrosarem com o
novo e moderno instrumental e equipamento cirúrgico.
Mas antes de tudo se consolidar vieram as eleições
municipais e assumiu a Prefeitura o Dr. Nagib Elias Quedi, aquele que
tempos atrás Liton lhe havia dado uma grande ajuda, pois ao chegar a Luciara
vindo do sul, médico novo com uma pequena família, sem recurso algum, pediu ao
Prefeito que o ajudasse e Liton assim o fez, doou um pequeno prédio que era uma
antiga escola municipal bem no centro da cidade ao medico para instalar seu consultório
e assim o fez, mas a política lhes subiu a cabeça e se candidatou contra Liton
ao cargo de Prefeito e foi eleito.
Uma vez eleito Nagib teve por praxe não
continuar as obras do seu antecessor e desta forma o prédio foi postergado ao
esquecimento, e a doação da Miseror tendo em vista a descontinuidade
das obras, foi cancelada sem o ad-referendum do Bispo Casaldaliga que
não encontrou sustentação no comportamento do então Prefeito, assim a
doadora Alemã me comunicou via oficio. E tudo ficou no esquecimento, por culpa
de gestores que não dão a mínima para os mais humildes e não consideram a
necessidade carente da população que os elegeram prejudicando-os
deliberadamente, mas as obras resistiram ao tempo e quase vinte anos depois,
embora abaladas pelas intempéries ainda estavam firmes, e em pé, e, uma destas
alas foi restaurada pela Prefeita Noely Paciente Luz, filha de José
Liton, e hoje, embora ainda com porte altaneiro de Hospital, recebe o nome
de PSF- Posto de Saúde Familiar – Mas se sente feliz em poder atender a
população carente aos quais foi inicialmente projetado.
“Eis
ai um ideal que não morreu, o Hospital vive”.
*
COMUNICAÇÃO - TRANSPORTE
Linha de Ônibus.
Atualmente um Ônibus faz o percurso Luciara a São Felix do
Araguaia partindo as 06.00 da manha nas segunda/quartas e sextas.
O Prefeito esta negociando uma linha permanente.
ESTRADAS.
Estrada de terra – MT 100 - ligando Luciara a MT 242 – 67
klms. ´-Projeta-se o asfaltamento deste trecho.
PROJÉTOS.
Projetos em andamento
Continuação dos trabalhos do Consórcio para termino da
estrada que liga Luciara a Porto Alegre do Norte MT.
TURISMO
Nos campos e varjões encontram-se facilmente os
veados campeiros e os veados cervos com suas esplendorosas galhadas a pastarem
tranquilamente pelo seu habitat, entremeios aos porcos queixados que aos bandos
reviram os varjões a procura do barro úmido, aqui e acolá ente os cerrados mais
fechados transitam os porcos Catetos ou Caititus nervosamente a busca de
raízes.
Os Tatus Galinha, Peba, Bola, China e o Tatu Galinha Verdadeiro que chega a
pesar 15 quilos (este em fase de extinção) são encontrados nos mesmos territórios
dos enormes Tatus Canastra, não menos as Cotias e as Pacas com suas irmãs
maiores as Capivaras e as Antas perseguidas pela faminta sagacidade das onças
Pintadas, das Suçuaranas (onça vermelha), das onças Pretas, das Canguçus da mão
torta, ou ainda das Onças Tiriricas (pequenas), não fosse ali junto aos
alagados fechados na mata escondidos a espreita e ardilosa Sucuri em meio aos
enormes Jacarés-açus de até, cinco metros e, estes fazem frente ao valente
Jacaré Tinga do papo amarelo com seus três metros ladeados pela sua famigerada assessoria
as piranhas, na ânsia de expulsa-lo de seu território aonde só os mais fortes e
maiores podem sobreviver... Enquanto isto...
...Nas arvores ribeirinhas, os Jacus Ciganos, Jacutinga, o Jacupemba, o
Jacurutu, o Mutum, os Patos ariscos em seus voos pesados junto aos Jaburus
canela seca ou Jaburu moleque que em meio a seus parceiros as Garças, os
Mergulhões, os Marrecões e os Colhereiros, as Araras Vermelhas, as Araras Azuis
e Papagaios eloquentes que espantam os Periquitos verdes de seus parentes aos
gritos estridentes vão á busca das frutas silvestres como o Puçá amarelo, Puçá
frade, Puçá preto, o Murici grande e o Murici pequeno, a Graviola, a Mangaba, o
Oiti, o Ingá, a Ingarana, o Pequi, o Jatobá, Buriti, a Buritirana, a Bacaba, a
Corriola, a Pitomba, a Condensa, a Pitanga, o Sapoti, o Araçá, o Brutus da
quaresma, a Azedinha, o Caju, o Jambo, a Baunilha, o Marmelo, a Seriguela, o
Cajá, o Bacupari, o Jenipapo, a Carambola, as Atas e muitas outras espalhadas
em meio ao campestre, cerrados e matas.
No aspecto Turístico e integração sociocultural falta uma estrada transitável interligando Porto Alegre do Norte a Luciara pelo interior dos municípios que terá aproximadamente 130 Klms, de extensão. A estrada atual via BR158 tem 260 Klms. A prefeitura de Porto Alegre do Norte, em parceria com os Fazendeiros Baianos e Vitoria do Araguaia, fizeram um bom trecho desta estrada que chega a ser quase 50% incluindo-se a ponte principal sobre o rio Xavantinho, todavia foi criado um Consorcio Municipal entre as Prefeituras de Porto Alegre do Norte, Canabrava, Confresa, Luciara, Vila Rica, Santa Cruz do Xingu e São José do Xingu tendo como Presidente o Prefeito de Porto Alegre do Norte Daniel Rosa Lago e o Prefeito de Luciara Parassú como resultado resolveram tomar as rédeas desta pendência e construíram, em concreto, duas pontes, uma sobre o Ribeirãozinho e outra na Empuca grande. faltam ainda 2 pontes sobre o xavantinho sendo que uma dela é de madeira, o greed foi levantado a nivel de transito e o encascalhamento esta em pleno andamento, cumprida estas etapas o trecho entre Porto Alegre do Norte e Luciara redundara em apenas 130 klms ou 02 horas de viajem
Foi um grande feito que começará a modificar completamente a vida Luciarense, abrindo as portas para uma grande afluência turísticas. Foi uma parte importante do elo que faltava para Luciara progredir. Resta o Consórcio levantar as outras duas pontes, o greed da estrada e encascalhar, trecho mais difícil é entre Luciara e o Xavantinho na divisa de Porto Alegre do Norte e desta ao rio Xavantinho está praticamente pronta e não vai oferecer problemas de transito pois precisa apenas de retoques superficiais e é de responsabilidade do Prefeito Daniel Rosa Lago e o de Luciara fica a cargo de dinâmico Prefeito Parassú que certamente estará frente e as obras serão concluídas agora em 2021 o que virá a enaltecer esta região rica em belezas naturais a serem visitadas, incluindo-se o rio Araguaia e suas extensas praias de uma alvura inconteste e convidativa somados a um povo hospitaleiro, cordial e profundos conhecedores da região.
Festival de praia. Mês de julho.
. Pontos de visitas e distâncias
Luciara Aldeia morro do Padre... 01 Klm.
Luciara Aldeia Fontoura... Rio 12 Klms.
Luciara a São Felix... rio 72 Klms - terra 85
Klms.
Luciara ao Rio das Mortes... rio 94 Klms
Luciara Lago do Jatobá... rio... 12 Klms.
Luciara praia do Crisostemos. Rio... 25 Klms.
Luciara Veados... rio 45 Klms - por terra..32 Klms.
Luciara Tapirapes... Rio 165 Klms
Luciara a Santa Terezinha... Rio 210. Klms
Outras atrações em lagos no interior podem ser visitados acompanhados por guias ou a cavalo ou de carro.
Partindo-se rio Araguaia abaixo passamos por dezenas de praias limpas de areia alvíssimas viajem pode ser estendida até Barra do rio Tapirapés com o rio Araguaia no Posto Indígena Heloisa Torres na Aldeia Karajas e na Aldeia Tapirapes.
Rio acima.
Visita a Aldeia Karajas do Fontoura, Santa Izabel,
São Felix do Araguaia, rio das Mortes e ilha do Bananal.
Quilômetros de praias de areias alvas e águas
límpidas.
Pousadas disponíveis:
Patrimônio sócio-econômico e cultural.
*
Luciara em sua sede conta com uma Prefeitura Municipal bem
estruturada, e seus departamentos, sejam Planejamento, Saúde, (inclusive
dentista), Educação, Administração, Finanças, Obras, Infra estrutura e
loteamentos, Rede de Água, Saneamento Básico, UMC-INCRA, INDEA e todos os
atrelamentos a eles inseridos funcionam a contento e dentro da normalidade.
No campo particular das opções anexadas ao desenvolvimento
urbano registramos os seguintes dados atualizados em 20/04/2013:- Cartórios do
Registro Civil do 2º Oficio – 01; Casa Lotérica (representante da CEF e
Banco do Brasil via ECT 01; Posto Avançado Bradesco -02; -03; Posto de
Saúde Familiar PSF – 01; Posto de Vigilância a Saúde – 01; Posto de
Gasolina 02, (Preços os mais altos registrados em toda região
20/04/13 em ambos os Postos as tabelas são iguais); Lava jato- 01;
Oficina mecânica para motos 01;- Oficina mecânica carros -03;
Padarias 01; Lanchonetes 02; Farmácia 01; Pousadas 05 (níveis
diferenciados); Super mercados (diversos) 06; Escritório de Contabilidade 01;
Associação do Retireiros 35 associados 01; (Associação) Colônia do
Pescadores 36 associados - 01; Materiais de Construção 01; Mini Mercado e
Peixaria Araguaia - 01; Destacamento de Policia Militar 01;
Delegacia Municipal de Policia Civil com um escrivão permanente 01; INDEA
01; EMPAER 01; UMC-INCRA 01; Igrejas Evangélicas 06; Igreja Católica
01; (Igreja Evangélica da Madureira – mais atuante); Creche
-01; Casa do Idoso 01; Escolas Municipais 03; Escolas Estaduais 02;
Universidade Federal de Mato Grosso (Campos Avançado)-01; Torre de
Transmissão TV Centro America – Globo 01; Torre Transmissão OI Brasil Telecom
-01; Pista de Pouso com 860 metros -01; Barracão para praticas esportivas
01; Campo de Futebol 01;
*
TRADIÇÕES.
Luciara não apresenta tradições antigas ou importadas quer seja em cultos mitológicos, afros, religiosos ou nativos a exceção dos praticados pela cultura indígena Karajas nos atos
CULTURA CONTEMPORANEA.
Aniversario da cidade em 10 de maio (de 1º a 10 de maio).
Aruanã (índios Carajás);
Bumba meu boi;
Torneio de Pesca artesanal um dia por ano a marcar;
Festival de Praia – mês de julho (30 dias);
Vaquejada - junho/julho;
*
Muitas vezes o homem
não sabe o mal que faz quando se propõe a fazer o bem a
outra pessoa.
Sebastião Gomes de Souza e sua esposa
Raimunda e dois filhos e o seu irmão Antonio Gomes de Souza e sua
filha chegaram a Luciara nos idos de 1974 vindos do
nordeste e esperavam encontrar em Luciara o seu local sonhado, pobres, embora
profissionais no ramo de sapataria e selaria, e sem recursos apelaram para o
então Prefeito José Liton Luz.
Tiveram todo apoio do Prefeito que lhes
franqueou uma empreita para abertura de uma estrada de Luciara ao Capão de Coco
em cerca de 50 klm. Possibilitando com o lucro a aquisição de um Jeep e a
instalação de um pequeno comércio, moradia, área para trabalho,com esta ajuda
financeira recomeçaram a vida.
Os dias se passaram e os dois casais
permaneceram firme em seus propósitos de construir um futuro solido, com
o decorrer dos tempo Sebastião e Raimunda e seu irmão Antonio e
Beliza logo se tornaram crentes evangélicos tendo sidos batizados nas
águas
Sebastião também aceitou o batismo e
tornou-se um crente fervorosos, na seqüência passou a ser o Pastor daquela
agremiação, candidatou-se a prefeito, apoiado pela igreja foi eleito, mas
um instinto predador continuou enraizado em seu coração e lhe subiu a cabeça e
ai coisa desandou, tanto ele como seu filho Waldez passaram a cometer desatinos
que resultaram num recheado de absurdas violências tão decantadas por aquela
população ribeirinha, que acabou resultando na expulsão destes dois da
igreja evangélica por terem, ele Sebastião deflorado uma menor filha
de João Vaqueiro e seu filho Waldez deflorado outras duas menores filhas
de Pedro José de Souza (Pedro Elias) e uma filha do Senhor Maroto.
Quando ainda no exercício da função recebeu
um oficio do Presidente da Câmara Municipal que solicitava informações sobre os
trabalhos nas estradas e sobre sua viabilidade e teve como resposta: “Tanto
as vias aéreas como as terrestres estão em bom estado e senhor vai
“tomar no seu cú”. Fato este amplamente divulgado na imprensa nacional. Não
se freando em seus impulsos no dia 18 de novembro de
1982, Sebastião e seu filho Waldez, invadem o bar de Manoel Messias
desferindo coronhadas de revolveres na face de Ernesto Alves Ferreira que lhe
custaram 15 pontos cirúrgico apavorando sua esposa Maria Coelho Ferreira e seus
filhos dos quais dois eram paraplégicos, amedrontados resultou terem que se
foragir para evitar serem mortos, e tudo isto em decorrência de terem apoiado
Liton em sua candidatura.
Mas não parou ai e em 11 de dezembro de
1984, ás 19. 00 horas....Liton vinha vindo de uma chácara para cidade quando em
determinado trecho da estrada havia uma porteira, ao avistá-la dado a
velocidade e a distancia teve que frear o veiculo fazendo com que os
passageiros fossem inclinados para frente momento este em que estourou um
tiro cujo balote passou raspando a nuca dos que estavam na cabine para ir
se encravar no batente da porta do outro lado da viatura e os passageiros que
viajavam na carroceria foram atingidos por chumbos esparsos que na realidade
eram esfera de bicicleta.
Todos foram medicados. Passado o susto
iniciaram uma busca e acharam, atrás de uma moita de mato, um rastro recente de
um individuo, seguindo os mesmos foram bater a porta de um parente de
Sebastião. Comunicaram o fato a policia, registrada a queixa e o autor foi
identificado como José Franqueira, foram feitos os exames de corpo
delito que fazem parte da ação penal instaurada contra Sebastião e
Waldez.
Neste meio tempo Sebastião mudara-se para Goiânia, mas
precisamente no Bairro
Ipiranga e, resolvi lhe fazer uma visita...e... assim o fiz.
Fui muito bem atendido e passei a manhã todo conversando sobre assuntos
diversos, mas após o almoço, eu e o Sebastião nos sentamos na sala e eu entrei
em conversa;
--Sebastião
eu vim falar sobre o assunto desta rixa entre você e o Liton, vamos botar água
fria em cima desta pendenga.
--Dankmar
você é o único desta família que eu nunca ouvi alguém dizer que
falasse mal de mim, por este motivo eu o recebi, mas quanto e esta
pendenga não há como desistir eu já fiz um juramento enquanto eu não
matar aquele língua branca e ver a boca cheia de formiga eu não desisto.assunto
encerrado.
--Mas isto só vai trazer problemas para você.
--Não me importo, nem que eu morra, mas eu tenho que
matar o Liton.
--Então não está
mais aqui aquele que lhe falou e vamos mudar de assunto.
Passamos a conversar outros assuntos corriqueiros até
a hora de minha saída, agradeci e voltei para Luciara e de lá fui para Cuiabá a
serviço da
Prefeitura.
Sebastião antes do terminar seu mandato fez uma compra, na
revendedora SHELL, em Goiânia de Óleo Lubrificante destinados as maquinas da
Prefeitura, o original da nota fiscal emitida por aquela empresa de
Goiânia versava uma determinada quantia, verificada a miúdo notava-se sinais de
rasuras a que a Prefeitura solicitou à firma em Goiânia uma segunda via da nota
fiscal que foi enviada com urgência, pasmem, a quantia lançada na nota na
Prefeitura era dez vezes maior do que a da original e assim também os valores,
constatava-se um crime de estelionato, falsidade documental,
peculato.
Foi dada entrada na ação penal
competente tendo o juiz mandado fazer a apreensão do produto que estava em mãos
do ex-prefeito.
Findo
o mandato de Sebastião novas eleições foram convocadas. José Liton foi
reeleito para o período de janeiro de 1984 a dezembro de 1987.
Sebastião mudou-se para a Mata de Coco onde sua esposa era
professora, mas as queixas se avolumaram na Prefeitura contra a mestre e isto
em decorrência de faltas, hostilidades com os alunos como puxão de orelha e
agressões verbais, sem alternativa Liton exonerou a professora o que veio
causar um ódio animalesco em Sebastião que no desenrolar dos fatos foi
o a gota d’água que gerou esta tragédia. Constrangido pela desdita,
Sebastião passou a morar em Porto Alegre do Norte, mas seu espírito inquieto
fomentou uma invasão na cidade de Luciara a fim de constranger seu
arquiinimigo e para tanto contratara dois mercenários para lhe dar
cobertura como de fato resultou em tiroteio, ficando apenas uma pessoa
levemente ferida, mas Sebastião acabou sendo expulsado da cidade. Foi instalada
uma sindicância policial a respeito. O processo contra Sebastião chegava
ao final e assim sendo as partes foram intimadas.
O Juiz de São Felix do Araguaia designou
data para a audiência no dia 09 de agosto 1985 para a ação em curso.
No dia
da audiência Liton madrugou, e saiu ás 04,00 da manhã de Luciara afim de
não cruzar com Sebastião. Chegada a hora do expediente de abertura foi ao
Fórum e solicitou ao Juiz a transferência da audiência para outro dia
tendo em vista a pretensão de Sebastião em matá-lo a que o Meritíssimo acedeu.
Todavia em vez de voltar de imediato Liton foi ao barbeiro fazer a barba hora
esta em que foi avistado pelo pessoal de Sebastião que chegava. Leopoldo
adverte o Pai e convida-o para regressarem e assim o fizeram.
Na caminhonete de Liton iam
na cabine Leopoldo (motorista) Noely Luz e Liton e na carroceria vinham
as testemunhas Aníbal Lima Luz, Pedro Jose de Souza, Miguel Jose Ferreira,
Joaquim Ferreira Santos, Francisco Silva Aguiar, todos a bordo tomaram o rumo
de volta a Luciara, eis que depois de viajarem alguns quilômetros foram
alcançados pelo corcel de Sebastião dirigido por se filho Waldez que indo a
frente levantava muita poeira em ziguezague no leito da estrada a
que Liton aconselhou a seu filho que diminuísse a velocidade, assim eles
outros, seguiriam em frente certamente a Porto Alegre do Norte onde os mesmos
moravam. Ledo engano,,
O Episodio: 09 de Agosto de 1985.
Entroncamento da BR 242 com a estrada que demanda para Luciara entre as 09.00 e
11,00 horas.
Liton chega ao entroncamento, o carro de Sebastião estava
estacionado junto a outro veiculo e a aproximadamente 60 metros de
distancia da viatura de Liton foi quando parou o carro para dar
carona a José Raimundo Ribeiro que ali aguardava afim de seguir para Luciara.
Na seqüência Pedro Rico que estava na carroceria junto ao lado do motorista viu
Sebastião vir caminhando rumo a eles e advertiu a Leopoldo e este aos
companheiros de cabine que abriram a porta do lado direito e
cambaram para fora escondendo-se atrás do veiculo e nesta fração de
segundos ouve-se um tiro, Leopoldo já entrincheirado na viatura responde
compassadamente, enquanto que Liton estava atrapalhado com sua 7,65 pois
uma bala amassada engasgou e enquanto isto a troca de tiros continuou e
Sebastião caíra sem vida no local em que ele começara a briga, seu filho Waldez
ao tentar fugir de carro não conseguiu ir longe pois uma bala havia atravessado
a porta do corcel e atingido o jovem que ainda funcionou o carro e sumiu na
estrada, porem baleado teve que passar a direção para
um outro jovem que estava com ele e o levou para o hospital da Suia Missu, mas
já chegara morto.. A grande verdade é que Liton ao se sentir preparado para a
luta não havia mais nada a fazer.
A 11 de abril de 1988 foi julgado por um
tribunal de Justiça de São Felix do Araguaia, sendo a votação de 04 como
culpado e 03 como inocente o que lhe deu o direito de recorrer em liberdade.
Mas com a passagem do tempo a sentença
foi cumprida sob a égide de “Prisão domiciliar” encerrando-se assim um
final drástico de uma pendenga em que apenas faltou-se dialogo entre as partes.
Raimunda morreu em Goiânia ao sair de um banco foi atropelada outros congênitos
não temos conhecimento, Antonio e Belisa faleceram sem nunca terem se
envolvidos diretamente com este problema, deixaram uma filha paraplégica que
ainda hoje vive e Luciara. Na cidade apenas um busto do fundador Lucio Pereira
Luz traz as lembranças do passado por incrível que pareça tendo sido seu
autor Sebastião.
É o Brasil, é o sertão das Terras
Bravias
Obs. Leopoldo tinha um 7,65 e seu Pai outra, ele ao treinar
pontaria teve uma bala amassada em sua arma, e então foi até a caminhonete e
tirou o pente da arma de seu pai, extraiu uma bala nova colocou a amassada no
lugar.
Certo dia em Mato Verde
Os beiços de pau...
Os
índios Kaiapós ou Chucarramães nunca morreram e amizades pelos nossos
sertanejos e sempre os consideram seus inimigos em potencial. Sai das margens
do rio Xingu, de sua aldeia na Barreira do Pequi, distante mais de duzentos
quilômetros para molestar os “Toris” ou “Caraiba” onde quer que estejam. Era a
luta dos mais fortes para sobreviver, quase pretos, com rodelas de madeira no
beiço furado, pelo tamanho destas se sabia do perigo que cada um representava.
Chegada
à seca, os sertanejos se organizavam em grupos, não mais deixavam suas casas
sem segurança e não andavam sozinhos, carregava sempre a mão sua carabina 44 do
papo amarelo de repetição – 12 ou 16 tiros. E nunca as largavam nem para
defecar no mato era segurando a arma, dormiam com elas e viviam com elas. Não
poucas vezes se ouviu contar que alguém encostara a carabina em uma arvore por
uns instantes e quando a procurava não mais a achava e feliz quando não morria
por ela, ás vezes os índios gostavam de deixar uma borduna na troca com a arma.
Os cuidados aumentavam com as incursões dos índios.
Um dia... Dois meninos saíram pelas cercanias da vila Mato Verde para apanharem
lenha e não mais voltaram, organizou-se uma equipe de busca que logo encontram
um deles morto com a cabeça quebrada e o outro desaparecera, os índios o haviam
levado. Debalde foram as buscas, o outro menino só foi encontrado dez anos
depois pelo Orlando Villas Boas em um posto indígena, ele estava doente, em São
Félix do Xingu, e foi recambiado para seus pais em Mato Verde que eram o
Antônio e Joana Barroso, o jovem já tinha e hoje ainda tem o nome de João
Kamura, mas não conviveu com seus pais biológicos e nem se adaptou nas
novas cidades de Porto Alegre do Norte ou Luciara, preferiu abandonar a sua
família, atualmente mora entre os índios Caiapós em São José do Xingu.
Vive na aldeia por opção própria e tem as orelhas e os lábios furados.
Caso idêntico partiu de Mato Grosso para acontecer no Pará.
Assim também se comportavam algumas aldeias ao norte do
Estado do Mato Grosso do Pará e Amazonas.
Eram violentos e agressivos e suas valentias eram identificadas pelo tamanho da
rodela de madeira que usava presa no lábio inferior, inicialmente era colocada
uma pequena rodela, aproximadamente do tamanho de uma moeda grande que eram
presas em pequenos furos feitos no lábio inferior que ia se dilatando até
segurar a rodinha de madeira que trazia um sulco em suas beiradas que seguravam
o artefato para não se desprender mostrando os buracos quando tiravam o
artefato, com o tempo, conforme ia aumentado de tamanho dependendo de quantas
mortes o portador já teria feito chegava algumas delas a ter o tamanho de um
pires pequeno e crescendo cada vez mais, são tribos de origem desconhecida e
catalogadas como Grupo G ou isolados, atualmente já devem ser conhecida as suas
origens.
Até
hoje ainda são os terrores das outras aldeias e dos pioneiros desbravadores
como os seringueiros, os castanheiros, dos agricultores, os pescadores
artesanais e os moradores das pequenas vilas, tanto no norte leste
mato-grossense como no estado do Para enfim na Amazônia toda e em torno atacam
sempre ao meio do dia quando o sol esta mais a pino, mas fazem incursões
noturnas para planejarem seus ataques violentos, finalmente parece terem
esquecidos de Mato Verde ou Luciara que passou a viver em paz no tocante a esta
nação indígena.
§
Fatos inéditos acontecidos na região de Luciara.
Fatos inéditos marcaram o nascimento daquela cidade, a exemplo, a dona Francisca Miranda, mãe do Lúcio é quem ditava as ordens e os costumes das novas terras e no dia de sua chegada na terra prometida fez as mulheres dançarem de saia arribada batendo as nádegas umas nas outras, era uma simpatia da “mística do congado africano”, para c
Um acidente fatal - II
Adauta Baptista Luz era filha de Lucio Pereira Luz e esposa de Flavio
Baptista, Professora, escritora, historiadora, compositora e artesã e autora do
Livro “Sertão de Fogo”, eles tiveram dois filhos Maria Lucia e Ari César, o
filho já era um jovem e simpático rapaz, quando ao tentar manusear uma
espingarda cometeu o desatino de colocar uma bala de calibre 38 no lugar do
cartucho na espingarda calibre 36 e ao disparar o impacto foi tão grande que a
arma descanhotou e o tiro saiu pela culatra entrando cartucho da bala na testa
do jovem que teve morte instantânea. Foram momentos de angustia e dores. A
cidade inteira chorou por muito tempo. Foi uma perda lamentável, Ari, Maria
Lucia, Adauta e Flavio já são falecidos. Deus os tenha.
*
O Jovem - III
Tínhamos um trabalhador que fazia serviços para nos em uma pequena posse e este homem tinha um filho de aproximadamente 16 anos que tinha o habito de furtar pequenas coisas e num dia que isto aconteceu resolveu castigar o rapaz e amarrando-o começou a espancá-lo o que resultou na morte do jovem. Maria, minha esposa mandou buscar o corpo do jovem na chácara que estava jogado no chão infestado de formigas e todo cheio de manchas roxas pelo corpo, o levamos para nossa casa e o enterramos e denunciamos o pai, mas nada aconteceu com ele, esteve recluso apenas poucos dias.
O sino e o Padre - IV
Este
caso se passou no começo da vida da ainda vila Mato Verde, a igreja improvisada
ficava ali onde hoje estão os pés de manga bem no meio da praça quase a beira
rio, era um casinha rústica coberta de palha e amparada por uns couros de vacas
para evitarem as chuvas e pelo lado de fora pendurado entre uma armação de paus
roliços, bem de longe se avistava um belíssimo sino de bronze dourado, era
o despeito amoroso da velharia católica daquele povoado,
sempre pela manha anunciava que estava na hora dos fieis se reunirem ou ali ou
na casa do Pedro Elias e sua esposa Dica era quem fazia a chamada, uma espécie
de coroinha e o próprio povo diziam:
--Praque Padre em Mato Verde se o Pedro Elias e a Dica estavam lá.
(voz do povo).
Mas numa bela manha a Raimunda ou Dica foi bater o
sino e se espantou com o tinido, não era o mesmo e assim vistoriou o sino e
descobriu que estava rachado, foi uma pega para capar.
Iniciou-se uma verdadeira pequena revolução tal
a revolta dos mulherios e a desconfiança que se instalou:
--Como foi que
isto aconteceu?
Não se achava uma explicação até
que um molecote de uns doze anos se aproximou delas e foi logo falando:
--Eu sei o que
foi que aconteceu.
--O que foi?
Conte logo?
--Hoje antes de
o dia clarear de todo o Matusalém, aquele que morava aqui e se mudou lá para o
São Felix, chegou de barco e encostou bem ai no barranco e desceu de lá com um
sino na mão e chegou aqui desamarrou o sino e o trocou pelo que trouxe e me
disse que foi o Padre que mandou ele fazer isto e chispou de volta para
São Felix.
Logo formaram um grupo de quatro homens dispostos a
reaverem o sino e para tanto tiveram todo apoio da cidade e logo embarcaram em
uma canoa a motor e levaram o sino rachado sumiram rio acima eram 12 léguas de
ida e 12 léguas de volta. Seis horas mais tarde regressavam e de longe vinha
soltando foguetes ou dando tiros era sinal que se saíram bem.
Houve até festa e eu acho que o Pedro Elias benzeu o
sino. Afinal era eles Pedro e Dica que estavam no comando, pelo menos as
festanças religiosas já que o padre não vinha, eles as faziam e todas eram
realizadas com muito dogmatismo, se é que ele sabia o que isto queria dizer.
--Mesmo assim
Mato Verde acabou pulando para Luciara e seus moradores vivem felizes e em paz,
a moda deles, fora os impedimentos eventuais já mencionados neste livro e até
hoje ainda não sei ainda quem é o Padre que reza missa por lá já que o Pedro
Elias e a sua esposa Raimunda faleceram.
--O
Padre Pedro Casaldaliga se elevou a Bispo e já não rege com sua batuta a
Prelazia de São Felix do Araguaia, hoje é Don Pedro Maria Casaldaliga Plá. e ao
que parece depois da refrega da questão do Posto da Mata ele tirou umas
férias. Queiram ou não queiram é ele a astuta “Raposa do Araguaia”, e é
ele quem ainda continua mandando, mesmo de longe com Parkinson e tudo mais.
Ainda é considerado o maná que alimenta as esperanças dos pobres.
O caso de Osmar Kalil Botelho -V
*
João Vaqueiro e Zé Arraia. VI
Uma
história de dedicação, amor e carinho á terra que os acolheu.
"Em 1954 chega em Luciara João Pereira
de Lima (o João Vaqueiro) com sua esposa Maria Pereira Gomes trazendo na
bagagem um garoto de apenas seis anos chamado José Pereira Lima. Este menino,
nascido em 07 de agosto de 1954, mais tarde viria a ser conhecido com Zé
Arraia.
Era realmente um homem simples que não incomodava a ninguém e um grande amigo meu e companheiro nas caçadas a jacaré-açu, certa feita nos estávamos em um lago na Ilha do Bananal para estas caçadas, e eu tinha tomado emprestado dele uma machadinha destas de abrir buraco em moirão de curral, pois ela não tem o gavião era reta e especial para desencaixar os jacarés. pois não enganchava no couro do pescoço, Mas, o João me recomendou para tomar cuidado com uso da mesma, pois seu patrão Lucio tinha ciúmes daquele instrumento. a que eu garanti que nada aconteceria com ela, ledo engano, no primeiro açu que eu arpoei que era um animal de mais ou menos de uns três metros do anus a cabeça, ao trazê-lo para perto da canoa e apos ter dado um tiro na nuca do animal desfechei um golpe certeiro na encaixe da espinha bem junto a cabeça do tal, mas o mesmo num arrojado repente deu um pinote e sumiu nas águas enrolando-se na linha da arpoeira e com a machadinha enterrada na nuca. João gritou "lá se foi a machadinha", mas passado os primeiro instantes de duvidas eu puxei a corda trazendo de volta aquela fera que logo apareceu na tona girando o corpo se desvencilhando da corda enrolada no corpo, mas o arpão estava firmemente encaixado no couro do pescoço, e para nossa surpresa ao se debater junto a canoa, o cabo da machadinha bateu no beiço da mesma e ela caiu dentro da canoa. então o meu amigo aliviado me disse "nunca conte a ninguém isto que aconteceu aqui pois vão nos chamar de mentirosos". Encerramos a nossa caçada e voltamos para o rancho do meu amigo que ficava bem a margem do rio onde ele estava construindo um curral para seu patrão Lucio. João morava em Luciara e eu também, mas sempre viajei muito e numa desta saídas fiquei sabendo que o meu amigo havia morrido de uma maneira terrivelmente cruel. João criava uns porcos na beira da lagoa em um chiqueiro que havia construído e todos os dias tratava seus porcos. Um dia foi achado morto com a cabeça quebrada e jogado dentro do chiqueiro e os porcos o estavam comendo. Houve muitos comentários sobre como fora morto. Ninguém nunca soube quem o matou. E se sabem não querem falar.
Fato pitoresco digno de registro. - VII
Este fato aconteceu nos idos de 1934 na época da fundação de Mato Verde. Manduca (Manoel Antonio dos Santos) jovem, era um jovem simpático, era tido como o Don Juan daquela época, faceiro e arisco sabiam usar a lábia e as mulheres, ao que se sabe gostavam, tanto é que se engraçou dele duas viúvas e como estavam indo as turras, Lúcio resolveu acabar com a demanda mandou improvisar um ringue onde no mastro, ao centro e ao alto tinham dois cortes de tecidos de seda, duzentos mil réis em dinheiro, e dois vidros de perfume e um par de sandálias e talco. Intimou as duas a disputarem, no tapa o homem cobiçado e quem ganhasse levava tudo, o homem e os presentes. E logo teve início uma luta sem quartel, era tapa, coice e mordida de todo tamanho até que uma cansada entregou os pontos e a outra saiu de braço dado com seu homem, os presentes e muita palma e viveram bem por muitos anos.
Anos difíceis... O comício eleitoral...VIII
Liton havia programado um comício eleitoreiro que seria realizado bem no centro
de Luciara, mas o seu opositor Manoel Martins Costa não estava gostando nem um
pouco porque ficou sabendo que os adversários iriam descer o sarrafo, e
organizou um contra ataque, isto é, revidariam na bala se o pessoal do palanque
os atacasse com palavras. Antes de começarem o comício eu fui até a praça
para ver o que estava e o que iria acontecer, estava encostado em uma porta da
casa comercial de Antônio Sousa, protegido pela sombra de uma arvore que
impedia a luz do poste me iluminar já que era ali pelas oito horas da noite,
para minha surpresa dois indivíduos encostaram-se a arvore, não me viram, e
comentaram:
--O
Manoel disse para metermos bala no pessoal do palanque se o agredirem com
baixarias.
--Estou
preparado disse o outro – e seguiram uma rua abaixo o outro rumo rua a cima.
Fui procurar o Liton e lhe contei o que ouvira, mas ele retrucou:-
--Vamos
ver se eles têm coragem para fazerem isto, você vai subir no palanque também?
--Não,
eu vou ficar de fora não quero servir de alvo para esses bandidos. Achei que a
minha parte estava feita, Liton estava determinado a fazer o comício e assim
sendo procurei minha família, encontrei minha esposa e os filhos que já estavam
lá em meio a uma pequena multidão para assistir o comício e os levei para casa.
--Maria
leve os meninos para casa agora mesmo, isto aqui não vai prestar- e contei a
ela o que vira e ouvira.
--Já
avisou o Liton?
--Sim,
mas ele não acredita.
--Então
vamos para casa agora mesmo – e chamando as crianças determinei: todos - Agora
mesmo vão para casa.
Já estávamos deitados quando escutamos um vozeirão vindo do comício e não demorou muito ouvimos uma saraivada de tiros e gritos e muita correria, me levantei para ver o que estava acontecendo foi quando Liton parou o carro na minha porta gritando:
--Tem
muita gente ferida e morta, vou levando uns aqui para o hospital em São Felix,
vai lá ajudar aquele povo.
--Eu
te avisei, mas você não escuta, agora não há mais nada a fazer a não ser
enterrar os mortos.
Liton saiu em disparada e eu fui até a praça ver o que tinha acontecido, o que
vi e ouvi me deixou estarrecido, durante o comício, na hora em que atacaram
verbalmente o outro candidato, vários homens armados começaram a atirar contra
o pessoal que estava no palanque e estes revidaram e descendo traçaram um corpo
a corpo apelando para as facas e revolveres, o tumulto era tão grande que
ninguém sabia mais quem era o outro se amigo ou inimigo tendo um deles
derrubado o outro e levantando a faca ia desferir o golpe mortal, mas o crime
não se consumou porque antes a vitima se virou para seu agressor e viu que era
seu pai e o mesmo viu que era seu filho. Resultado: ficaram oito feridos, dois
morreram no local e três foram hospitalizados morrendo mais um depois.
Foi uma carnificina e ninguém foi preso.
*
Fatos inéditos e reais - IX
Outubro de 1955, era por ai, eu estava de retorno da caçada de jacarés e onças
na ilha do Bananal, o trabalho fôra rendoso, tínhamos uns 120 couros de
jacarés salgados e um pouco de outros como, onça, porco queixadas e
jaguatirica.
Minha chegada foi um tanto agradável, pois revia meus filhos e
esposa, e momentos agradáveis, passamos a conversar sobre os
acontecimentos no último mês que eu havia ficado fora de casa, e foi mesmo o
último, pois abandonei aquela perigosa vida de mariscador.
Entre os vai e vens dos relatos um me tomou a atenção:
--Meu velho, ontem Alvino do Fontoura veio com a lancha Adventista
para fazer um culto, você sabe como são estes Adventistas, eles gostam de
ajudar todos necessitados, mas gostam também que frequente o seus cultos.
--Não, mas ele me convidou para assistir o culto ás 19.00 horas, bem no porto da minha mãe Joaninha e, eu fui, mas já tinham chegado umas dez mulheres, o barco estava todo iluminado por dentro, ele nos convidou a entrar assim sendo subimos pela prancha, pois a lancha estava encostada bem á beira do porto, e foi fácil porque era uma pequena distância para subirmos no barco. Entramos todos e ele começou o culto com uma oração. Mas enquanto orava o motor de luz que fica na proa do barco se calou e apagou, ficamos no escuro ai as lanternas brilharam, pois cada um tinha sua, o Alvino pediu para termos paciência e foi para a proa do barco ver o motor, escutamos ele puxar o cordão varias vezes, mas nada de motor pegar, então ele voltou e pediu para sairmos do barco enquanto ele ia ver se dava um jeito no motor. Mas para o espanto de todos olhamos para cima naquela noite tão estrelada com lua nova e vimos algo fora do comum, estava mais ou menos a uns cem metros de altura uma enorme coisa redonda com luzes piscando bem na aba era uma coisa redonda e enorme, ela estava parada no ar, piscando, algumas outras pessoas vieram para o porto para ver aquela assombração, ele ali ficou por uns dez minutos, mas não demorou muito ele balançou um pouco e foi subindo devagar, de repente disparou numa velocidade enorme no rumo do rio acima e sumiu, foi quando chegou um estrondo, pensávamos que ela tinha caído, mas era barulho do eco da velocidade, assim Alvino esclareceu, seguidamente ele tornou a puxar o cordão do motor e ele pegou, não continuamos o culto, fomos para casa e no dia seguinte houve comentários de todo jeito. Você acha que era um disco voador de outros mundos?
--Mas, o que ele veio fazer aqui?
--Isto eu não sei.
--Deixa de brincadeira não quero nem sonhar com isso, Deus me guarde.
--Fomos dormir, com a pulga atrás da orelha (desconfiados de qualquer coisa que não seria boa).
Mas os dias se passaram e todos esqueceram menos o Adão da Banda de Musica que tempos depois ia de bicicleta ele é um companheiro na estrada da Santa Fé, já era quase noite quando um objeto, cheio de luzes, voando baixinho passou sobre eles, (assim Adão me contou), os dois se espantaram e entram com as bicicletas dentro de uma moita de mato e se aquietaram, mas o tal objeto começou a dar voltas em derredor do pequeno capão sempre com a luz focada para dentro do capão ao que parece querendo localiza-los, mas não os acharam e seguidamente aquele objeto redondo que não fazia nenhum barulho, mas sempre com as luzes piscando subiu e riscou céu acima desaparecendo.
Era junho de 1962, 18,30,
em Santa Izabel do Morro Ilha do Bananal - Fundação Brasil Central.. Como chefe
do Centro de Atividades eu alternava minha moradia entre a Ilha do Bananal e
Luciara, chegada a hora de ir pra casa, após um dia de trabalho,
autorizei o nosso funcionário e amigo o José Dedinho para ligar o motor
de luz e convidei o Alvino que estava lá de passagem, e o nosso radio
telegrafista Bonfim para irmos banhar no rio, e de calção e toalha às costa
lá se fomos os três. Quando chegamos à beira d’água prontos para entrar
escutamos um barulho ensurdecedor como se fossem milhares de peixes fugindo em
debandada e na sequencia um enorme objeto redondo passou devagar sobre nossas
cabeças a uma altura no máximo de 100 metros, mas não tinha luzes piscando, mas
era bem nítido todo o seu contorno e tamanho porque era uma noite clara e
cheio de estrelas trazendo ao alto sua lua nova brilhante. Quando passava por
nós eu escutei o motor de luz se calar e as luzes todas se apagaram. O fenômeno
logo a seguir tomou o rumo da cidade de São Feliz do Araguaia e passando por
sobre ela sumiu na negridão da noite, pouco depois escutamos um estrondo
que representava o eco de seu deslocamento e certamente era a sua maneira
de se despedir dos incautos este planetinha empoeirado. Fomos direto ao motor
de luz e sendo ai encontramos o José Dedinho que nervoso explicou:
--Eu não sei o que foi
que aconteceu eu dei partida e o motor pegou liguei a chave de luz tudo
acendeu normalmente, mas de repente quando eu estava olhando para o
quadro de luz houve um estrondo e o motor trancou de vez jogando o
gerador fora do berço, ai apagou tudo.
Certamente, mas sem duvida
foi interferência do tal objeto voador. (concluímos).
Era uma noite escura e muito silenciosa, eu estava
já acomodado em minha cama conversando com a patroa quando passou por cima de
nossa casa em Luciara um avião que pelo ronco deveria ser grande, mas passou
muito baixo fazendo as coisas tremerem. Logo se calou.
–Maria este avião que passou
aqui esta perdido e vai cair, passou muito baixo e com as serras ai para frente
não sei não se ele não vai se chocar com elas.
Mas nossa conversa não
ficou só nisto, poucos dias depois soubemos que um avião de quatro motores e
dois andares bateu em uma serra na região de lago Grande abrindo uma enorme
clareira na mata e que todos morreram.
Pára-quedistas paulistas já haviam chegado ao
local do acidente. Mas a voz do povo contava que antes destes chegarem muitos
sertanejos da região estiveram no local e acharam um monte cadáveres e que
saquearam tudo que puderam, dizem que os mortos já estavam inchados, mas quando
encontravam um com anéis eles cortavam o dedo e tiravam as joias. Eu
pessoalmente vi um belíssimo anel de ouro com um diamante nos dedos do Coronel
Lucio que me disse ter comprado de um destes aventureiros que chegaram antes.
Falava-se em um cofre com muitos diamantes e dizem que não foi encontrado, mas
havia diamantes espalhados na área devastada pela queda e muito tempo
depois ainda tinha sertanejo garimpando no local. Dos quatro motores só acharam
três. O corpo de avião ainda deve estar lá, pois não se comentou que alguém
tivesse feito qualquer tentativa de aproveita-lo em decorrência da serra ser de
muito difícil acesso, mas certamente são milhares quilos de alumínio que
valeriam muito dinheiro.
Os irmãos congênitos...
...*O
s í n d i o s K a r a j á .
Os índios Karaja são habitantes seculares do rio Araguaia, nos Estados de
Goiás, Tocantins e Mato Grosso e se autodenominam Inã, que
significa “nós” e chamam os não índios de tori. Isso
porque Torirarére e Toritori, dois pássaros, avisaram
aos índios sobre a sua chegada.
‘ A
língua Karaja, do tronco linguístico Macro-Jê, apresenta três distinções:
Karajá, Javaé e Xambioá e estas comportam maneiras diferenciadas de falar de
acordo com o sexo do falante. Em algumas aldeias, em decorrência do processo de
contato com a sociedade nacional, a língua portuguesa passou a ser dominante.
“Os Karajá, com uma população estimada em 2.500
índios, estão distribuídos geograficamente em seis áreas: Parque Indígena do
Araguaia, na ilha do Bananal, Terra Indígena Karajá de Aruanã I, em Goiás,
Terra Indígena Karajá de Aruanã II, em Mato Grosso, Terra Indígena São
Domingos, em Luciara, Mato Grosso, Terra Indígena Maramanduba, no Pará e Terra
Indígena Tapirapé/Karajas, em Mato Grosso”.
O rio Araguaia é a grande referência para os
Karajá. A vida social e mitológica gira em torno da ilha do Bananal, a
maior ilha fluvial do mundo. As aldeias são edificadas próximas aos lagos
e afluentes do Araguaia, do rio Javaés e no interior da ilha, com seus
territórios específicos de pesca e caça, além daqueles reservados ao cultivo de
plantas utilitárias e comestíveis, nas florestas de galeria. Na época da
estiagem, constroem casas temporárias às margens dos rios e lagos para a pesca
de peixes e de tartarugas.
A história do povo indígena Karajá está envolta em muita disputa pela defesa de
suas terras, principalmente contra os Kayapó, Tapirapé, Xavante, Xerente,
Avá-canoeiro que, como uma das conseqüências, introduziu novos hábitos
culturais no cotidiano Karajá. Em relação ao contato ocorrido com a
sociedade nacional, há notícias que desde o século XVII os jesuítas da
Província do Pará entraram em contato com o
grupo dos Xambioá. Mais tarde, foram as bandeiras paulistas que adentraram
o Centro-oeste e atingiram a região dos Karajá. Inclusive a Bandeira
Piratininga comandada por Willy Aurelli 1945/1948.(o grifo é nosso/
(Wdg).
O contato permanente com a sociedade nacional trouxe
muitas mudanças na vida Karajá, incorporando elementos estranhos a sua cultura,
como também deixou marcas profundas como à doença infecta-contagiosas, o
alcoolismo, a subnutrição. Mas, o sofrimento pelo qual passou o povo
Karajá não apagou suas características principais; continuam lutando pela defesa
de suas terras e pela manutenção de sua cultura.
Na sociedade dos Inã, cabe aos homens a defesa de seu território,
fabricar objetos de uso pessoal e coletivo feitos com algodão, penas, palhas,
conchas, minerais e madeira, como a canoa e remos; caçar e pescar, construir
casas. Celebram também os rituais da Casa Grande e da Festa de Aruanã,
relacionados à subida e descida das águas do Araguaia. Preparam a terra
para o plantio do milho, batata, feijão, cará, amendoim e algumas espécies de
frutas, é também tarefa dos homens, representarem seu povo através das
associações e nas câmaras de vereadores para intermediar o contato com a
sociedade não índia.
As mulheres educam seus filhos: os meninos permanecem
sob seus cuidados até a idade do ritual de iniciação; as meninas, por um longo
tempo. Com suas mães, aprendem a cozinhar, coletar frutos nativos do
cerrado, mel e vegetais comestíveis da roça, pintar e ornamentar os corpos para
as festas, preparar o alimento a ser servido nos rituais, confeccionar diversos
artefatos, entre eles, as litokó, as bonecas de cerâmica.
Além dos adornos plumários e dos belíssimos colares
feitos com miçangas coloridas, os Karajá se embelezam também com a pintura
corporal. A pintura corporal obedece a padrões que diferenciam os homens
em relação à idade. Jovens de ambos os sexos recebem a omamura, tatuagem
riscada com dente de peixe-cachorra que representa dois círculos, nas maçãs do
rosto, à base de jenipapo e fuligem de carvão.
Obs. do autor: Embora em terras não consolidadas como
indígenas os Karajas viveram e vivem ao longo do rio Araguaia. Tradicionalmente
são originários das grandes águas (os mares) e exímios canoeiros e artífices em
suas fabricações e hoje habitam ao longo do Berrorocam na seguinte escala:
Antiga Aldeia de Xambioa, Aldeia da Andorinha, Aldeia da Barreirinha,
Aldeia do Crisostemos, Aldeia do Tapirapé (Posto indígena Heloisa Torres),
Aldeia do Morro do Padre, Aldeia de São Domingos, Aldeia do Fontoura, Aldeia da
Santa Izabel do Morro, Aldeia de São Pedro, Aldeia de Aruanã. e Aldeia do
Javaé.(as negritadas eram as aldeias maiores, outras eram núcleos familiares)..
“L i t o k ó” a arte oleira Karajá
As mulheres Karajá são exímias oleiras.
A arte da cerâmica no mundo Karajá consiste em uma
atividade exclusivamente feminina. Desde pequeninas, as meninas observam
suas mães a moldarem a argila, confeccionando belíssimas panelas, potes e
pratos, com os mais variados tamanhos e formatos.
Além da cerâmica utilitária, fabricam a cerâmica
figurativa que tem principalmente a função de criar brinquedos para as
crianças. Entre as figuras que representam a cerâmica figurativa
encontram-se as famosas litokó, bonecas que encenam a vida
cotidiana, religiosa, cerimonial e mitológica, além dos animais como a onça, a
tartaruga, o tatu e outros.
Ainda crianças, serão iniciadas nessa arte através
das litoko que também têm função lúdica e contribuem para
socializar as meninas que modelam diversas dramatizações da vida cotidiana: cenas
de parto, pescaria, caçadas, rituais, inclusive fúnebre. Além das figuras
humanas, criam animais e seres sobrenaturais presentes na mitologia. Com
as bonecas, aprendem as canções de ninar que futuramente cantarão para seus
filhos.
Primeiramente, as litokó eram
moldadas de forma diferente daquela que é feita hoje em dia. Possuíam
adornos distintivos de sexo e idade e com algumas partes do corpo representadas
com traços exagerados, como por exemplo, as nádegas e as coxas. As pernas
confundiam-se com as coxas e os braços, na maioria das vezes, não existiam.
O contato com a sociedade nacional alterou a forma
das bonecas, inclusive a arte oleira figurativa imprimindo modificações quanto
ao tamanho, tornando-se maior. O apelo dos consumidores não índios interferiu
bastante na sua forma original. As bonecas tornaram-se mais um meio de
subsistência dos índios e atualmente, apenas o grupo Karajá mantém a tradição
de confeccionar bonecas.
Contos e histórias indígenas.
Contam os mais velhos que um grupo de mulheres deixava a
aldeia para coletar pequi, mas retornava com uma grande quantidade de peixe.
Os maridos dessas mulheres,
muito desconfiados, resolveram, sorrateiramente, segui-las e descobriram o que
realmente acontecia. Ao invés de pegar pequi, iam para o rio e, lá
chegando, assobiavam, assobiavam, assobiavam... Depois de um tempo, emergiam
das águas muitos jacarés trazendo peixes para as mulheres. Os jacarés e
as mulheres se divertiam alimentando-se de peixes e namorando. Na noite
seguinte, os homens resolveram sair da aldeia primeiro do que as mulheres,
chegando antes no rio. Começaram a assobiar, como suas mulheres, e logo
os jacarés apareceram com os peixes, enganados, foram mortos pelos índios, que
ficaram esperando por suas mulheres para contar o que haviam feito. As
mulheres, indignadas, resolveram transformar-se em boto e passaram a viver nas
águas do Araguaia. Até hoje, o namoro das mulheres com os jacarés é
representado através das bonecas de
cerâmicas...
Ituéra - Diorréra - Dankmar
Entrementes...refazer.....
Conforme já comentado em Turismo a estrada pelo interior entre Luciara e Porto Alegre do Norte MT teve inicio em 2015 e agora em 2021 deveria estar concluída este importante meio de comunicação e integração sócio-regional entre Luciara e Porto Alegre do Norte pelo seu interior o que certamente encurtaria a distancia atual pela BR 158 de 260 Klms. pelo interior para apenas 110 Klms. Podendo ser feito em apenas duas horas de viajem entre os dois pólos em um bom acesso que ligaria Porto Alegre do Norte, Confresa, Canabrava, e em torno o que virá aumentar o fluxo turístico.
Seus povos humildes, dedicados
e bons são um exemplo de persistência, luta e progresso para as
pequenas e pacatas cidades interioranas do nosso país.
Suas lindas praias e a transparência das águas do rio, a fauna e a flora e seu
humilde povo insistem: venham nos visitar.
"!Visitem Luciara e aprendam com ela".
Galeria dos Pioneiros desbravadores.
Suas raízes e origens- de 1926 a 2021.
Pioneira: Dona Ines Pinheiro
Lago do Tapirapé-1926
Família de D. Ines-Barra do Tapirapé 1940.
Estas e estes foram as sementes que fizeram brotar o Leste-Mato-grossense “Dona Ines Pinheiro e seu esposo Pio José Pinheiro, e familiares: Raimunda,e filho José Célio, Oleriano, Luciana, João, Francisco, e companheiros Ciriaco e Sebastião Pereira, Lucio, Valentim Gomes e esposa Joaninha e filhos do Posto Heloisa Torres “FUNAI”. Estes e fixaram por entre os morros da barra dos rios Tapirapés e rio Araguaia, mas com o evento da grande cheia de 1926 tiveram que mudar para o lago Tapirape onde se tornou, mais tarde, em um grande mangueiral”.que ficou sendo ponto de apoio do Lucio e outros para as jornadas sertanejas nas quais procuravam sua terra prometida, Lucio, Severiano e seus companheiros desde 1927 já perambulavam pelos sertões subindo rio Araguaia conheceram então aquele lugar a que denominaram Mato Verde, e todos os anos ali voltavam até 1934 quando definitivamente se instalaram, e isto em decorrência e graças á aquela pousada da Dona Ines que estava localizada em um ponto estratégico.no encontro das águas do Tapirape e Araguaia abrindo assim caminho rumo ao desconhecido.
L ÚCIO PEREIRA LUZ –1926/1934 a 1970.
Lucio Pereira Luz. "O pioneiro".
Fundador desbravador de sertões e sua família à época do evento: esposa Silvina Mendes de Souza – filhos (as): – José -Benedita - Adauta – e Donatilia, na sequência Waldemar – Neton - José Liton - José Lucio - José Cesar -José Augusto - Daily - Dorly- Dalila e José Célio Pinheiro Luz -Juvêncio Arruda (afilhado)
SEVERIANO DE SOUZA NEVES – (cunhado Lucio)- esposa Fabriciana e filha Iracy.
FRANCISCO GOMES LUZ (primo
Lucio)- esposa Maria Clementina e filha Rosália.
Outros famílíares em ordem alfabética, que de uma forma ou de outra contribuíram e ainda estão a contribuir para o desenvolvimento de Luciara.
Ines Abreu luz.
Abidoral.
Adolfo Pereira da Silva e Alzira
Alcides Maciel .
Aleixo Gunther e Zilda.
Altino.
Antonio Carlos Camargo.
Antônio (Petoco).
Antônio de Melo Bosaipo- (barco Frei Chico).
Antônio G. Sousa e Belisa.
Antônio Padre e esposa.
Antônio R. Souza e Dominga.
Antônio, Laudelino, Manoel,
Aracy, Wendel .
Arquimedes e Nair.
Aurino Nonato.
Candido Marinho Cardoso e Rachel.
Danilo Gunther/Rosimeire .
Dionísio Marcolino e Nerci.
Domingos Cecílio.
Dona Abadia e Ranulfo.
Dorinha e Adolfo. (USA).
Durval C. Garcia e (Diná).
Durval Cristovam Garcia .
Edi Escorsin ..
Elizeu Abreu Luz e Alzira.
Elpidio (calafate).
Enilda Gunther/ .
Fabiana Gunther.
Fausto Azambuja e Marília.
Felício/ Joaninha Paciente.
Flaviano Seixas (Vivico).
Flavio Baptista e Adauta.
Fortunato Nazir Braine Thomé e Chiquinha.
Francisco Abel.
Francisco Klein Smith.
Francisco Teixeira Luz.
Gil Lima Luz.
Henrique Parente.
Hugo Samuel Alovise.
Horacio e Geronima .
Humberto de Mello Bosaipo.
Inocêncio Borges Araujo.(avô e neto)
Izabel Miranda.
Jacinta Ferreira da Silva.
João Feitosa .
João Felipe e Nega.
João Irineu e Enedina.
João Moreira e Terezinha.
João Moreira e Ruth Gunther
João Neton Luz.
João Paulo Santana.
João Vaqueiro.
Joaquim F Trindade e Olivia.
José Antonio de Avila.
Joel Gunther /Lucia .
José Barula.
José Célio Pinheiro Luz.
José de Moura Petronilio
José de O. Braga e Benedita.
José Lima e Doda.
José Liton Luz Junior
José Liton/Noemy .
José Pina (Zeca)
José Preto .
José Petronilio e Maria.
José Ranulfo e. Abadia.
José Ribamar e Conceição.
José Rosário e Galdina.
José Teixeira Luz e Nazaré.
José Souza Costa (Batuíra).
José Mutram (Evangelista)
Juvêncio e Tunica.
Juvenal (vaqueiro).
Juvenal Pereira Sales e Elvira
Leodilce, Noely e Leonilda.
Leonardo Pereira Barros.
Leopoldo Luz ..
Luciara.
Lucio Pereira Luz e Silvina .
Luiz Gama e Petrolina.
Manoel A. Santos-Manduca.
Manoel Bonfim.
Manoel e Luiz Dario.
Manoel Ferreira da Silva.
Manoel Martins ( Bibio).
Manuel Bonfim.
Maria Miranda .
Maria Paciente, Dankmar ..
Marina Borges.
Maroto e Rosa.
Messias Rei Arroz,
Minervino Pinto e Eva.
Miriam Gunther e Dauto.
Mirian Gunther/Wilmar.
Modesta Milhomem.
Nagib Elias Quedi.
Nascere Badre .
Nazir Thomé e Chiquinha.
Nazira Thomé.
Nazirio Oliveira Santos.
Nena.
Odete Lopes de Brito.
Osvaldo Guimarães.
Otaviano Galvão e Gina.
Otildes. Filhos.
Parassú Freitas e Tânia.
Paulo Gunther e Edemildes .
Paulo Moreira (Marreteiro).
Pedro Abel.
Pedro Costa e Nery..
Pedro José de Sousa e Dica. (Pedro Elias)
Pedro José de Sousa e Lourdes (Pedro Rico)
Pedro Mariano.
Pedro Pereira Luz e Inês.
Racildes.
Raimunda.
Raimundo Meneses.
Raimundo Miranda Souza.
Raimundo Pereira Luz.
Raimundo Teixeira Luz.
Raquel e Filhos.
Ricardina.
Roberto da Silva Santos.
Rosa Barros.
Rosa Gama e Antonia.
Ruslei Alves Luz.,
Salomé Vasconcelos.
Salviano e Berenice.
Sebastião Cecílio.
Sebastião Gomes de Sousa.
Sebastião Ribeiro.
Sebastião Vicente da Silveira.
Sebastião Vicente e Bené.
Silvina Mendes e filhos.
Silvio R. Maia .Telesforo e Sara Moreira Aguiar.
Tonico Bosaipo.
Tiago Arantes
E...um aviso para o atual Prefeito:
“Em um município como LUCIARA, em que sua força maior esta na Pecuária e Agricultura
e, especialmente no Turismo e na pesca há que se lhes presidir um
Prefeito ilibado e dinâmico, mas também é muito importante que os Secretários
de Agricultura e o de Turismo sejam altamente capacitados e competentes,
formando assim o Triangulo do sucesso, e estes deverão lutar na unificação
de fazendeiros, autoridades e de prefeituras vizinhas para
concluírem definitivamente a estrada que liga Luciara a BR 158 junto a
Porto Alegre do Norte abrindo assim definitivamente as portas para o turismo e
consequentemente a evolução desta joia do Araguaia” (Wdg.)
Autor:
Wolfgang Dankmar Gunther
Nova versão editada em 01 de julho de 2021.
§
Referencias Bibliográficas...
*Histórico de Lucio Pereira Luz... diversos dados pessoais
da família Luz, –Conhecimentos pessoais ."Adauta Luz Baptista Livro
Sertão de Fogo”.
*Chacina no rio das Mortes (Boletim salesiano) pgs
Extraído do Livro “Mártires do Araguaia” do mesmo autor.
*JORNAL do ARAGUAIA ano 4 n° 15 de setembro de 1963–.
Renuncia Sub Prefeito Aldenor Milhomem:- pg.
*Portaria 294 do SPU fonte Internet pgs.
*Índios Tapirapé na História de Luciara... pg.
*Histórico dos Índios Karajas –.
Seleção, organização e montagem da exposição: Anna,
Marli e Salime
Textos: Anna Maria
Ribeiro F. M. Costa
Idealização: Instituto Histórico e Geográfico de Mato
Grosso TORAL, André Amaral de. Pintura Fontes
AYTAI, Desiderio. A moça Karajas faz boneca de
barro. Publicações do Museu Municipal de Paulínia. Paulínia, n° 21, Agosto
de 1982, p. 15-20.
COSTA, Maria Heloisa Fénolon. A arte e o artista na
sociedade Karajá.
Fundação Nacional do Índio, Departamento Geral de
Planejamento
Comunitário, Divisão de Estudos e Pesquisas,
Brasília, 1978.
FITTIPALDI, Ciça. Tainá, a estrela amante: mito dos
índios Karajá. São
Paulo: Melhoramentos, 1986 (Série Morena)
LIMA FILHO, Manuel Ferreira. Karajá. Enciclopédia dos
Povos Indígenas no Brasil. São Paulo: Instituto Sócio ambiental,
2001.
MACHADO, Othon Xavier de Brito. Os Carajás.
Ministério da Agricultura.
Conselho Nacional de Proteção aos Índios .Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional,
publicação 104, anexo 7, 1947. Expressão corporal
Karajá contemporânea.
VIDAL, Lux (Org.). Grafismo indígena:
estudos de antropologia estética.
São Paulo: Studio Nobel: Editora da
Universidade de São Paulo:
*Painel dos disciplinadores e Nomes dos Fundadores e
participantes ativos do progresso de Luciara- folhas- pgs...
*Outros dados históricos: conhecimento próprio e Internet.
*Um dia um ser humano ensinou – pg. – Tristão de
Ataíde.
*Bibliografia. Pg.
*Agradecimento Prece : Isaac Watts pg..
).
Agradecimento...
Presença de Deus em “LUCIARA- RAÍZES”.
*Eu canto ao Todo poderoso Deus,
Que fez com que aparecessem montes,
Que espalhou oceanos amplamente,
Construiu de vez os altos Céus;
Eu canto a sabedoria que ordenou
Que o sol ao dia presidisse;
Que a Lua mandou também brilhar;
E as estrelas, que obedeçam a Sua voz;
Eu canto a bondade do Senhor,
Que encheu a Terra de alimento,
E formou as criaturas, como quis.
E achou que estava tudo bom!
Senhor, como expostas estão as Tuas obras!
Por onde quer que dirija os olhos meus,
Quer contemple o chão que piso,
Ou olhe para s céus, no espaço em cima,...
Não há planta, ou flor, aqui em baixo,
Que não a revele as tuas Glorias, Deus!
E as nuvens se elevam; as tempestades surgem,
Por ordem do Teu trono, ò poderoso Pai!
As criaturas todas, por Ti vivem, Senhor,
O objeto são do Teu cuidado eterno.
Não há lugar algum, de esconderijo,
Onde Deus não esteja: Ele em toda parte está!
Izac Wats/Wdg.
*Hino do rio
Araguaia.
Meu Araguaia, oh! Quanta beleza,
Em tuas praias de brancas
areias,
Tuas noites lindas de luar
banhadas,
Aruanã, dos Karajas na aldeia.
Oh! Rio cheio de encantos,
Que banhas a minha terra,
Todo o orgulho de minha’ alma,
Teu rolar garboso encerra.
Quero que no teu banzeiro,
Vá meu sofrer minha dor,
Meu Araguaia querido,
Por ti eu morro de amor.
O canto alegre de tuas gaivotas,
Nas manhas lindas sempre lindas,
Na alma da gente deixa mil saudades,
No coração mil doçuras infindas,
Já não posso mais aturar,
O coração cheio de magoas,
Meu Araguaia querido,
Me leve nas tuas águas,
Quero que no teu banzeiro,
Vá meu sofrer minha dor,
Meu Araguaia querido,
Por ti eu morro de amor.
Wilson Leite -Santa
Maria do Araguaia.
A canção mais antiga de Luciara.... ..
Em teus lindos cabelos, uma rosa prendeu,
Em teus braços divinos, o cativo sou eu
Em teus lábios viçosos, mil promessas de amor,
Hoje eu vivo cantando,
Esperando o frescor desta rosa de amor ,
O perfume da rosa, em meu peito ficou.
É a triste lembrança foi ela quem deixou,
Esta rosa formosa é que me faz penar,
Por que sei que cantado,
Alguém fica esperando vendo a rosa murchar,
*.....Se eu contar meu sofrimento,
Por este mundo sem fim,
Se eu contar minha vida, você tem dó de mim,
Vivo no mundo isolado, num martírio sem fim,
E é por causa de um amor,
Que até meus próprios irmãos
Também são contra mim.
Até meu violão, que não sabe falar,
E por ser de madeira, fica em meu lugar,
Até meu coração, também sente paixão,
Por viver assim tão triste patativa canção......
.....Se eu contar meu sofrimento.....por este mundo....
Wolfgang Dankmar Gunther - 1948- Mato Verde.
A beleza das índias Carajá.
Índia do Parque do Xingu 01
Índias do parque do Xingu.-2
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