sábado, 3 de junho de 2017

Raízes-Luciara A Princesinha do Rio Araguaia

     O Elo Perdido  V em...Docs 5    
.
           R  aízes...


   LUCIARA MT.
                                                  E sua origem...




A princesinha do
               Rio  Araguaia.                



                   Autor: Wolfgang Dankmar Gunther.

                                     

     

.

        Com o mais profundo respeito oferecemos 

                                                

                             este trabalho ás seguintes autoridades:

 

                   JAIR MESSIAS BOLSONARO.

Excelentíssimo Presidente  da Republica do Brasil.

 

            MAURO FERREIRA MENDES.

Excelentíssimo Governador do Estado de Mato     Grosso.         

 

             PARASSÚ DE SOUZA FREITAS.

Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de Luciara.

 

                      RUSLEY  ALVES  LUZ.

Digníssimo Presidente  da Câmara Municipal de Luciara.             

                                      e

     Vereadores no exercício de suas funções.

       

                      E  especialmente.

           A todos digníssimos Luciarences.


Alguém um dia ensinou:

A todos os homens de boa vontade incumbe à imensa tarefa de restaurar as relações de convivência humana na base da Justiça, verdade, amor e liberdade; as relações das pessoas entre si, as relações das pessoas com suas respectivas comunidades políticas, e dessas comunidades entre si, bem como o relacionamento de pessoas, famílias, organismos intermediários, e comunidades políticas com a comunidade mundial. Tarefa nobilíssima, qual a de realizar verdadeira paz segundo a ordem estabelecida por Deus. Bem poucos na verdade, em comparação com a urgência da tarefa, os beneméritos que se consagram a esta restauração da vida social conforme os critérios aqui apontados. A eles o nosso apreço, e um fervoroso convite a perseverarem em suas obras com renovado ardor. É um imperativo do dever, é uma exigência do amor. Cada cristão deve ser na sociedade humana uma centelha de luz um foco de amor um fermento para toda a massa. Tanto mais será, quanto mais na intimidade de si mesmo viver unido com Deus. Assim estaremos unidos numa luta social por um mundo melhor, não deixando de lembrar que a sociedade humana não estará bem constituída e nem será bem fecundada a não ser que lhes presida uma autoridade legitima que salvaguarde as instituições e dedique o necessário trabalho e esforço ao bem comum”. Tristão de Atayde.   Wdg.

    

         Homenagem

              Este histórico é uma homenagem à árvore Piranheira estampada na capa deste livro, ela nasceu muitos anos antes de Luciara MT ser criada, viveu como símbolo de referência daquela pequena e bela cidade ribeirinha, tinha como vizinha, mais próxima, bem à frente, no barranco alto, em uma pequena casinha, a Joaninha Paciente que ali morava a quem também dedicamos este trabalho porque se lembrar de um é recordar do outro, mas adversidade da vida fez o rio Araguaia mudar seu canal e adentrou pelo barranco e a arvore ficou em meio às águas, todavia a Piranheira é uma sobrevivente natural das matas alagadiças, assim mesmo em meio às águas continuava em seu ambiente natural, mas, areias formaram uma ilha em sua volta tentando salva-la, foi tudo em vão, depois de servir a aquele povo ribeirinho por muitos anos veio a definhar por uma imposição da natureza no curso natural da lei da inércia propriedade que tem os corpos  de persistir no estado de repouso enquanto não vem uma força que altere este quadro que a tudo e a todos atinge, mas ela, Arvore e Joaninha não morreram na memória daquele povo ribeirinho e nem nas historias, contos e lendas, pois ficou gravada nos corações sertanejos, na capa e no livro  “RAÍZES”  que conta a história daquele pedaço Mato-grossense,
                                 §
Luciara”.  
A Princesinha do rio Araguaia ou,  um Cantinho do Céu;
  O autor. Wolfgang Dankmar Gunther.
 
  Este livro é especialmente dedicado a...
  A arvore simbolo de  Luciara e Joaninha Paciente da Silva Leite . 
  "um exemplo de mulher".                                                                                                                                                     

  Eu nasci desta Terra bruta, fui cultivado com o suor dos desbravadores, produzi com o ímpeto das desenvolturas enquanto crescia amparado por você meu irmão sertanejo, e nestes dias de angustia  só me resta pedir que zelem da nossa mãe natureza, ame as arvores e seus frutos, as aves, os animais, os peixes, os pássaros, enfim, ame toda criação do Pai, são todos seres vivos igual a você e acredite que o nosso Pai criou este mundo que ainda pode ser um paraíso se nos o respeitarmos. Ame-o como Ele vos ama, não tenha vergonha de dizer que Deus existe e que você acredita Nele.  Sabem quem nos somos?
                 Eu sou a arvore simbolo deste Cantinho do Céu e ela é a irmã Joaninha que mora a meu lado.
                                                                             *                      
 Introduzindo...

"Um  cantinho do Céu" - A Princesinha do rio Araguaia;

                 Suas origens- de 1926 a 2021.

              O baixo e médio Araguaia, mais precisamente o leste mato-grossense, é o principal cenário dos relatos deste autor onde ”sine ra et studio” registrou dezenas de contextos importantes, os quais serão fielmente descritos  e comentados  neste trabalho  monográfico. Em um primeiro momento, para melhor compreensão da obra aqui apresentada, foi feita uma revisão bibliográfica, a qual relaciona literatura e história, um assunto bastante questionado pelos estudiosos, uma vez que pesquisadores não acreditam que exista um elo entre ficção e a realidade, enquanto outros estudiosos afirmam haver essa relação entre a escrita histórica e a literária. O pós-modernismo traz justamente essa proximidade, considerando por meio da literatura acontecimentos históricos vistos sob outro prisma - a história vista de baixo – o daqueles autores não citados nos grandes fatos da história que são contados sob a visão elitista, mas que ajudam a ligar e compor a história de maneira geral.

             Num segundo momento, vem à relação entre os pensamentos dos estudiosos com as narrativas do autor, montando uma relação entre teoria e pratica no sentido de que os pesquisadores embasem a atual obra podendo ser considerada literária por apresentar a ligação entre historia e literatura, do ponto de vista de um homem comum que viveu e testemunhou suas narrativas, e destas assertivas brotaram e floriram histórias de uma emergente vila com seus habituais moradores...  

              ...Luciara é um pequeno município ao leste do Estado de Mato Grosso, fundado e criado em 1934 pelo pioneiro Lucio Pereira Luz, tem na Pecuária, na Pesca artesanal e no Turismo o seu meio de subsistência alardeando uma agricultura tradicional, mas que vem evoluindo gradualmente acostada ao progresso com a chegada das grandes rodovias e novos grupos de agricultores. Sua população de aproximadamente dois mil e quinhentos habitantes entre fixos, flutuantes e índios levam uma vida tradicional embora o município não traga tradições culturais antigas. Desde a sua fundação os alicerces básicos e a estrutura político social desta comunidade emergente têm sido abalados por casos fortuitos e muitas vezes violentos, mas foram superados pela tempera dinâmica dos sertanejos, que preferiam a morte a serem envergonhados, homens estes que eram forjados com a temperança do aço e a dureza dos diamantes impondo pelas suas rusticidades atos homéricos dignos de registros, e como resultado veio a ser gerada a história da criação deste fabuloso município que já foi mãe das maiores Comarcas da região, para entremearmos no âmago destes feitos teremos que retroceder aos idos de 1926.

Naveguemos nas memórias...                                

Necessário se torna retroagir e assim por em pratica a expressão dos grandes escritores romanos: “Sine ra et studio” (Quando o autor   participava pessoalmente dos fatos ocorridos) 

                  “Como a história deve ser escrita”.

                     

     As Raízes..foi assim que começou...              

                      ANOS DE 1926 - Barra do rio Tapirapé com o rio Araguaia.

                    Era mês de agosto de 1926 quando chegaram á Barra do rio Tapirapé com o Araguaia, na divisa do Estado de Mato Grosso com o Estado de Goiás, mas precisamente a Ilha do Bananal (hoje Estado do Tocantins), eram eles os rudes sertanejos desbravadores de sertões Pio José Pinheiro, sua esposa dona Inês, Sebastião Pereira, Ciriaco e outros, no inicio se instalaram junto ao morro da Barra, mas a grande enchente daquele ano fez com que na junção dos rios Tapirapés e Araguaia as águas corressem por entre os morros e os obrigaram a se mudarem, e, então habitaram a margem do lago Tapirapé onde se formou um grande mangueiral que mais tarde ficou sendo a aldeia dos índios Tapirapés. Os índios Karajas que moravam na Ilha do Bananal, no lado de Goiás, no verão se mudavam para a praia grande da ponta sul da Ilha. Em 1941 com a criação do Posto Heloisa Torres, no lado do Estado de Mato Grosso, bem na junção dos rios Araguaia e Tapirapés, ali se fixaram definitivamente trazidos por Antônio Wanderley Chaves. Os índios mais conhecidos eram os Tapirapes: Pranchui, Cantariô, Marco, Cantidio, Leônidas, Jose Cabelo Ruim e Penacho, os índios Karajas mais conhecidos eram Savarú, Wererremhy e Manoel Tucano.

              Retornando ao ano 1934 - Barreirinha era uma pequena cidade no Estado do Pará ás margens do rio Araguaia. Ali moravam estes colossais aventureiros, uns nativos da região, outros vindos do Estado de Goiás e do nordeste, o espírito de aventura campeava solto nas almas daqueles homens rústicos que andavam em busca de sua terra prometida.

       Lucio, casado com dona Silvina Mendes de Sousa teve os filhos: José, Benedita, Adauta e Donatilha,

       E   não   dando  certo o   casamento,  anos depois, juntou-se com Dona Inês e teve o filho Waldemar depois se amasiou com Maria Gruvira e teve o filho João Neton, na sequência juntou se a Otildes e teve os filhos Jose Liton, Dalila, Maria Daily e Maria Dorly, depois se amasiou com Raimunda Pinheiro que já tinha um filho recém-nascido de nome José Célio e teve os filhos, José Lucio, Jose Cezar e Jose Augusto. Finalmente como sua ultima aventura amorosa se engraçou de uma professora sobrinha de seu amigo Poncidônio de nome Constância, e esta, como se diz no sertão, “botou sal na moleira do velho coronel” e lhe complicou a vida, como veremos mais adiante, no desenrolar deste episódio.

Mato Verde/Luciara MT.

Plantando seus históricos...

                 Fundada em 10 de maio de 1934 pelo pioneiro Lucio Pereira Luz e seus companheiros de viajem que ali aportaram em busca de novos mundos e deslumbrados pela exuberância de seus verdes deram-lhes o nome de “Mato Verde” e ali habitaram.

                  Durante anos viveram   irmanados   com os índios Carajás que habitavam a região, e, estes, não lhes eram hostis.

               Ao  longo  do grande  Berrorocam   (rio Araguaia) subindo por este acima, passando pela Antiga aldeia de Xambioá, seguindo-se rio acima pelas Andorinhas, Barreira de Santana, Barreira de Campo, Antônio Rosa, Crisostemos, Macaúba, Barra do Tapirapes, Jatobá, Crisostemos (ilha de praia), (Mata Verde), São Domingos, Fontoura, Santa Izabel do Morro, Barreira de São Pedro, Luiz Alves, São José dos Bandeirantes, Cocalinho, Barreira do Henrique Alemão, e finalmente Santa Leopoldina do Araguaia, moravam esparsamente estes índios ribeirinhos e sertanejos, eram varias centenas de famílias Carajás, alguns dissidentes tendo se separado tribalmente adentraram pelo braço menor do rio Araguaia e deram-lhes o nome de Javaés, mas são todos uma só nação.Considerado etnologicamente como um Grupo do tronco linguístico  Macro-Jê em razão de ser desconhecida a sua origem, os Carajás se destacam pelo esplendor de sua cultura, pelo seu linguajar e pelo seu invejável aspecto antropométrico. Matriarcal por índole, de contra partida, revela-se um fervoroso “Pater Família” e, o respeito, a tolerância e a compreensão que transmitem serviriam de base estrutural á qualquer sociedade moderna. Sertanejos e índios desde tempos remotos viveram irmanados transmitindo assim uma importante aproximação cultural.

                  Os pioneiros de Mato Verde   não   foram exceção desta regra.   

Dados interlocutórios.                           

    Lucio Pereira Luz, Paraense de nascimento, nascido a 15 de abril de 1894 em Barreira de Santana PA. Era filho de José da Luz Reis e de Francisca Pereira de Miranda, ambos maranhenses. E tinha os irmãos Leopoldo, Osório, Ranulfo e Raimundo, e também tinha as irmãs Jardelina, Antonia, Otilia e Fabriciana. 

            “Lucio Pereira   Luz faleceu no dia 19 de novembro de 1970 durante o voo que o trazia doente do hospital de Mineiros GO. foi sepultado junto a seus familiares em Luciara”.

“A expedição - 08 de abril de 1934”

                 O tema do dia naquela cidade ribeirinha de Barreirinha do Pará era a nova aventura que se avizinhava necessário se organizarem no sentido de fazerem uma viagem tanto pelo rio como por terra com destino ao já sonhado local promissor rio acima no Estado de Mato Grosso, que já tinha o nome de Mato Verde. E muitos eram os candidatos que sonhavam com a Terra Prometida criando histórias mirabolantes e fantasticamente imaginadas e os devaneios iam de encontro a minas de ouros e pedras preciosas e assim por diante. Era bom sonhar, não fazia mal algum, apenas trazia o animo a alegria e a impetuosidade aventureira.

   Já falavam da partida para breve, primeiramente Lucio se manifestou aos seus amigos impondo as condições:

                 --Vamos atrás do José Xavier para fazer a relação das pessoas e das famílias que vão conosco e das provisões que vamos precisar para a nossa viagem.
                  --Lucio, nós estamos no mês de abril e ainda chove muito e isto pode dificultar a nossa viagem - alertou Severiano Neves que era um dos pioneiros de frente.
                 --Severiano –respondeu o pioneiro –Eu não carrego saco de sal em minhas costas, não tenho nada a temer, a chuva pode dificultar, mas o rio cheio nos ajudará a subir pelas vazantes e pelos baixios.
                 --Já  mandei   derrubar a minha  roça e eu plantarei muito milho e arroz, mandioca e abobora junto com a cana, se chover desse jeito teremos muita fartura. - interrompeu Severiano.
                  --Pode sonhar  meu amigo, pois assim vai ser – completou Lucio – eu também já fui lá varias vezes e deixei o Pedro Madalena me esperando, a mata lá é de primeira e a minha roça já esta derrubada e por isso que eu quero chegar logo de mudança e tudo para plantar o futuro de minha família.
 --Saiba que eu vou fundar um povoado aonde eu e todos os meus poderemos viver para sempre – alardeou Severiano.   
                   --Eu fundarei  a minha cidade – completou Lucio estavam decididos.
                  Horas   depois  a chuva tinha passado e ambos se dirigiram para a casa do “secretário” Jose Xavier que era o tipo do rábula sertanejo estudado tinha boa caligrafia e sabia fazer as contas, especialmente para o lado dele. Lucio sabia deste detalhe e que os outros mal assinavam os nomes.
               --José... Eu quero que você organize no papel, a nossa viagem eu te dou mais ou menos o rumo das coisas e você faz a previsão, como você já sabe, eu já estive lá e sei o que vamos precisar.
                   --Muito bem, quero os nomes de quem concordou em ir.
                   --Eu sei que eu vou e o Severiano também.
                --Muito bem Lucio Pereira Luz e família, Severiano Souza Neves e família, e quem mais? Pedro Nonato, que voltou de lá mais eu, Joaquim Rosário, Ananias Vasconcelos, Roxo, Antônio da Silva Mundim, Francisco Gomes, Barula, Altino Pereira, e você Jose Xavier.
              --O João da Silva o “Fogaça”, Melquiades, Raimundo Vasconcelos e o Branco são os da frente --afirmou Severiano.
                 --Nem pensar que certos elementos que não gosto vão conosco, ainda vai ficar muita gente por aqui – zangou o Lucio.

                   De fato muita gente em Barreirinha tinha o Lucio como um líder, mas outros o invejavam e se o odiavam era bem escondido, pois temiam o homem. Quando por um acidente o Cartório onde foi feito o casamento com dona Silvina pegou fogo, ele, sem ligar para o ocorrido comentava “não tendo documento não tem casamento”.

                    Nos dias seguintes todos  movimentaram, uns calafetavam os batelões, outros ensebando os arreios, limpando as armas, afiando as facas e facões, e as mulheres preparando as matulas e ensacando mantimentos. Era uma atividade febril.

                  Conta-se   que    no dia   da   partida apareceram na cidade, vindos de barco a motor uns fiscais do Estado e alguns policiais do Pará que ao saberem da movimentação do gado para outro Estado queriam receber o imposto a que Lucio se opôs, não concordando:

--Quando eu peço verba para escola vocês não dão, e eu também não vou pagar nada e estamos decididos!

.Finalmente chegou o dia para a partida.

                  Era 12 de abril de 1934, - 05,30.

           Mal o dia clareara já   se   escutava   o gado berrando e os vaqueiros com seus gritos movimentavam as rezes pondo-as a caminho por uma rota até então desconhecida. Aliados aos vaqueiros iam varias famílias com suas carroças carregando quase de tudo inclusive tralha da dormida e alimentos para toda a equipe terrestre. Tropas de burros disciplinados liderados por uma égua madrinha largaram na frente seguindo o boiadeiro do berrante que estrondeavam os ares se juntando aos mugidos das rezes que pareciam se despedir estrada adentra foram sumindo nas curvas invioladas e cheias de capim agreste, seria uma viagem de muitos dias e noites, mas estes e aqueles estavam afeitos a esta lida.

Lá no rio, os viageiros se acomodavam em suas embarcações e cada um assumia o seu posto de lida. As mulheres balançavam os barcos ao entrarem e assim foram se agasalhando e deixando o porto, aos poucos foram se enfileirando rio acima pelas forças de seus remos e impulsos de suas zingas. Estava dada a partida. Um foguetório dos infernos explodiu por cima daquela pequena vila, lá se iam seus heróis rumos ao desconhecido e Lucio em pé na proa de seu batelão levantou seu rifle 44 de papo amarelo de 12 tiros e se despedindo disse um ADEUS bem longo.

                   Muitos lhe desejaram boa sorte, outros se quedaram calados por não terem tido coragem de participar desta grande aventura.

                  Margeando o rio escutava-se o berrante e o clamor do gado, nos barcos todos tentavam se agasalhar e a ajudar empurrá-los contra a correnteza rio acima, uns com remos, outros com zingas, e outros com ganchos com os quais usavam as arvores ribeirinhas para dar impulso e as pequenas embarcações, tais gazelas. E estas seguiam na frente e foram logo sumindo da vista dos moradores de Barreirinha. Já estavam a caminho.

                  --Bem, agora estamos por nossa conta, Dona Otildes e Dona Adauta e Dona Bené não se descuidem do menino. (Jose Liton tinha apenas três dias de nascido).

                   --Pode deixar Papai nos não nos descuidaremos de nada.

      Como o rio tinha muita água aqueles tipos de embarcações, os batelões e canoas, eram largos e tinham pouco calado, próprio para navegarem em águas rasas, assim, tiveram que colocar travessia no rio, desviando-se das correntezas para pegar os remansos do outro lado. A viagem começou a render, almoçavam as merendas preparadas durante a noite quando dormiam amarrados em arvores nos poucos lugares seco que encontravam acendiam uma grande fogueira e se revezavam na vigília.

      Chuva fina e mosquitos os acompanharam durante os vinte e oito (28) dias e noites que levaram para irem de Barreirinha ao local pretendido, os ganchos que prendiam os arbustos para puxar os barcos e as zingas os ajudaram muito para encurtar a viagem. Finalmente em maio de 1934 chegaram os primeiros habitantes ao lugar que então foi batizado como “Mato Verde” e ali acamparam definitivamente era ainda cedo do dia quando desembarcaram em um barranco limpo que tinha como fundo uma belíssima Mata Verde.

  Explosão nascitura:

Era o dia 10 de maio de 1934.

Nascia a vila de “Mato Verde”.

 

“Aos bravos desbravadores de sertões e fundadores de cidades, Cel. Lúcio Pereira Luz e seus companheiros o nosso apreço e registro de seus feitos heróicos”.

 

Certidão de nascimento: Vila de Mato Verde.
Nascida a 10 de maio de 1934.
Filiação: Lucio Pereira Luz e seus companheiros.
Localização: Margem direita do Rio Araguaia.
Estado de Mato Grosso.

 

              “Fundaremos aqui a nossa cidade e ela se chamará MATO VERDE – e aqui viveremos como uma só família, cristãos e índios e que Deus nos abençoe” - gritou o Coronel Lúcio Pereira Luz e todos aplaudiram dando vivas.

Nascia a vila de Mato Verde - José Liton Luz, filho de Lúcio Pereira Luz e de Otildes era o filho mais novo da cidade que surgia, foi o primeiro filho da terra”.

 

              No singelo e rude porto, um pequeno grupo de índios Carajás que ali habitavam em um torrão (pedaço de terra alto e enxuto) denominado “Torrão dos Carajás”, que ficava uns mil metros abaixo junto à barranca do rio. Oito casas e um barracão dos índios solteiros enfeitavam a pequena aldeia composta por apenas oito (08) famílias num total de trinta e nove (39) índios que eram comandados pelo cacique mais conhecido como Manoel Joaquim Andori. No período do verão se mudavam para a praia da ilha em frente ao porto onde desembarcaram os chegantes quase todos tinham uma boa noção dos palavreados usados pelos cristãos e o porto estava em festa, índios e seus novos irmãos se confraternizavam. Já conheciam Lucio de outras viagens anteriores e tinham uma grande estima por ele, era o começo de um novo mundo cheio de amor e esperança. Anos depois, na aldeia de São Domingos o capitão era o carismático índio José Caolho Antuire.

 Chacina no rio das Mortes.             

           Para darmos um melhor esclarecimento dos fatos ocorridos no mesmo ano, na mesma localidade que nascia, e, que isoladamente merece registro devemos...esclarecer minuciosamente  os marcantes momentos de dois Padres Salesianos...

 RETROAGIR..No tempo...

               “Os Xavantes depois da primeira pacificação pelo exercito ainda em Goiás, desde 1775 viram-se diminuindo a tal ponto que fugiram  atravessando o rio Araguaia na barra do rio das Mortes, onde se fixaram a esquerda  do rio das Mortes desde 1840  rejeitando qualquer tentativa de aproximação. Quando os Padre.  João Fuchs e  Pedro Sacilotti, tentaram se aproximar  dos  Xavantes foram trucidados”.

                Uma pausa...assim se passaram os fatos...

Entrementes, ao nascer da vila de Mato Verde...

                  No ano da fundação de Mato Verde ou Luciara, isto em maio de 1934, dois padres salesianos que frequentavam aquela localidade e tinham se instalado no Morro do Padre a cerca de dois quilômetros da nova vila, rio acima,  foram a  primeiro de novembro daquele ano assassinados pelos índios Xavantes no rio das mortes, como veremos a seguir:

                        O Pe. Sacilloti e o Pe. João Fuchs tinha suas desobrigas estendidas de Araguaiana no rio Araguaia por este abaixo até Mato Verde e depois subiam o rio até a embocadura com o rio das Mortes e por este adentro ate Santa Terezinha  já no alto Rio das Mortes ou rio Manso e vice versa.

                 Mato Verde que havia sido habitada por Lucio Pereira Luz e mais uma boa leva de lavradores e vaqueiros, era uma pequena vila apenas a uns dois mil metros do Morro dos Padres que ficava na mesma margem, uma volta rio acima.

                     Os dois padres tinham por companhia um Bororo Luiz que era o motorista e piloto de sua embarcação, e vez por outra a presença do Coadjutor Pellegrino. Que segundo se supõe foi vitima de uma devastadora chaga que o vitimou. Lembro ainda que haja muitos anos atrás eu mesmo por varias vezes, e por vários índios Karajas da aldeia de Santa Izabel, os ouvi comentarem que não dormiam nas praias do rio das Mortes porque elas causavam feridas nas peles como queimaduras. Anos depois, por algumas vezes vinham os aviões anfíbios ”Catalinas” da charqueada de Araguacema e ali pousavam e enchiam sacos de areia e decolavam. Falava-se em areia monazítica

 Trechos do Boletim da Missão Salesiana:

1934 — O primeiro mês de 1934 continuou com os nossos em Mato Verde na evangelização dos Carajás da margem esquerda. Pelo fim do mês por ordem dos Superiores, voltaram a Araguaiana para um descanso. Aos 30 de outubro decidiram descer até Mato Verde, na frente da ilha Bananal, onde num alto barranco construíram um rancho e no dia 3 de dezembro foi inaugurada a nova missão de S. Francisco Xavier assistindo à Missa um bom grupo de índios Carajás”. (o grifo é nosso). Noticiaram-se, naquela oportunidade que 34 dias após as mortes dos padres, outros salesianos vindos de Araguaiana oficiaram a nova Missão dando assim prosseguimento aos trabalhos dos padres sacrificados.  *

RETROAGINDO...

Assim se passaram os fatos:

               “*01 de Novembro de 1934 — Festa de todos os Santos foi o dia glorioso da morte dos nossos dois heróis. Na embarcação que descia de Santa Teresinha no rio das Mortes eram sete pessoas: os dois Padres, o bororo Luis Kapuceva. (motorista), Militão Soares de Cocalinho, Nestor Coelho do Maranhão, o garimpeiro holandês João Schiller e o moço Serafim Marques de Araguaiana.

Bordejando rio abaixo, eis que pelas 3 horas da tarde, o moço Serafim entreviu na margem direita dois Xavantes parados, em observação. Padre Sacilloti e o bororo Luis saltaram na ubá que levavam consigo e encostaram, enquanto a lancha descia lenta no meio do rio com o motor apagado. O barranco da margem era íngreme e muito alto: trepando com as mãos e pés chegaram em cima; ninguém! Avançando um pouco subiram numa árvore e de lá descortinaram à distância de cem metros na orla da floresta uns 50 Índios escondidos na folhagem.

 Pe. Sacilloti chamou então os demais que viessem. Avançaram os dois Padres e o bororo; chegados bem perto. Pe. Sacilloti falou aos Índios em Carajá, mas eles responderam em tom ameaçador. Então Pe. Sacilloti virando-se pediu aos companheiros que trouxessem os presentes. Militão, Nestor, e Luis voltaram à embarcação, enquanto o holandês, que não tinha entendido, continuou a avançar.

Quase no mesmo instante ecoou o grito de P. Sacilloti “Os Xavantes atacam!” O que aconteceu naqueles momentos ninguém viu, mas é certo que os dois Padres desde muitos meses previam à hora do sacrifício e serenamente o enfrentaram: sine sanguinis effusione non fit remissio!

Os camaradas fugiram desabaladamente, enquanto entre os gritos dos selvagens sibilavam os cacetes e as bordunas. Chegados à lancha, o holandês armou-se de seu “Winchester” automática e encostou outra vez no barranco chamando forte “Padre Sacilloti, Padre Fuchs!”; fora do eco, silêncio absoluto.

 Não avançou por estar sozinho e porque começava a anoitecer; chamou os demais, mas estes se recusaram pela escuridão. Bem lembrado da recomendação do Padre, não atirou nem quando lhe pareceu que passassem perto duas sombras; ficou toda a noite ancorada no meio do rio; no dia seguinte exploraram o terreno; a uns 500 metros do barranco encontraram os dois cadáveres, um junto do outro, ambos com o crânio fraturado.

Transportados na margem, foram enterrados à beira do rio a meio metro de distância e foi levantada uma cruz, sinal de nossa redenção. Terminada a cerimônia, o bororo se ajoelhou imitado pelos demais, e rezaram uma Ave Maria, para o descanso eterno dos dois Padres, imolados para a conversão dos Índios Xavantes. “Meses depois os restos mortais foram transportados a Araguaiana no cemitério que já acolhia os despojos de Pellegrino: lá foi construída uma decorosa capela para lembrar aos fiéis os heróicos missionários dos Xavantes”.

    Esta é a origem do nome Morro dos Padres em Luciara.

                                         *

Retornando a nova Vila de Mato Verde...

O raiar de uma nova era.

                     As primeiras ordens do dia foram dadas pelo Lúcio:

                  --Agora vamos descarregar os batelões e as canoas e armar acampamento, os índios nos ajudarão dormiremos com os rifles dentro de nossas redes, se bem que os índios Karajas são nossas sentinelas, amanhã começaremos a nos organizar. Estamos em terra hostil, mas os índios bravos não andam por estas bandas durante o período chuvoso, mesmo assim manteremos sempre um olho aberto, nunca andem sozinho, sempre acompanhados de dois ou três companheiros e pelo menos levem um índio Carajás com vocês.

                  --Um sonho que começa a se realizar, o nosso povo habitou todo este sertão, agora se encontram espalhados por todos os cantos, cada um em sua posse, - vaticinou Lúcio.

 Ao cair da tarde...

                  Ainda cedo da noite algumas fogueiras e seus improvisados assados já haviam alimentado os viajantes que já tinham armados suas barracas de vara e palha de piaçaba, e se agasalhavam com suas famílias, era a primeira noite de uma nova cidade.

                 Os cachorros corriam festejando a liberdade, os patos, marrecos e galinhas aproveitavam a lua clara e andavam circulando junto às cozinhas improvisadas e muitos peixes trazidos pelos Karajas estavam sendo assados em jiraus e os meninos, índios e toris brincavam alegremente.                    

                     Não choveu e o céu se abriu como a cumprimentá-los dando boas vindas, as estrelas e a lua faziam companhia aos novos moradores, seria assim daí por diante.

                  Cada grupo deu um turno de guarda, jantaram e foram dormir em busca de seu merecido repouso.

                 No outro dia cedo antes do dia clarear, os homens no acampamento já estavam reunidos discutindo e traçando seus próximos passos, como iriam começar a explorar a região e onde se instalaria definitivamente, Lúcio pediu que todos se calassem porque tinha ouvido qualquer coisa, um som no ar do clarear do dia.

                       --É o gado que vem chegando - gritaram entusiasmados.

                   --Devem ter dormido aqui perto, vamos improvisar um curral de varas, precisamos dar leite para esta molecada - comentou Ananias Vasconcelos.

                     Logo os homens se juntaram e de facão e machado na mão começaram a improvisar um pequeno cercado para por o gado.

                    Três horas depois o som do berrante estridente já soava quase dentro do acampamento e se ouviam os gritos dos vaqueiros e o tropel do gado acelerado.

                     --Viva! Até que finalmente chegaram, tiveram muita dificuldade?

                   --Quase  nenhuma  seu  Lúcio,  apenas  perdemos  dois  bois  e  uma  bezerra,   de índios só vimos os rastros.

              --Ainda bem, coloquem o gado no pastoreio, seus homens devem descansar agora  nos tomaremos conta cada um do que é seu.

                 --É isso ai – concordou   Nena – eu  por mim vou tomar um banho, e, arranjar um jeito de tomar um pileque e dormir um pouco.

           Passaram o dia agasalhando os pertences, fazendo barracos melhores e explorando a vizinhança. Enquanto isto um café cheiroso tomou conta de todos.

                  À noite continuaram as reuniões interrompidas pela chegada do gado – Lucio dissertava a todos os companheiros de aventura:

                   Entre estes estavam: Severiano de Sousa  Neves  e a esposa Fabriciana e a filha Iraci, Francisco Gomes Luz e Maria Clementina  e a filha Rosália, Inês  Abreu Luz e filhos José Ateneu Luz, Domingos,  Rosa e Waldemar.

                 --Sabemos que o Sebastião Pereira ainda esta na barra do Tapirapés onde o Pio e a Inês estão morando quer subir o rio com o Ciriaco e ficar ali pelas bandas do Urubu Branco na Gameleira, o Domingo Medeiros e o Ciriaco querem ficar no porto junto a Cedrolândia onde o Dionel, Jose Barula, Leandro, o José Domiciano, Pedro Nonato e Pedro Madalena estão nos esperando para tocarem fogo nas roças.

 Pedro Nonato, Joaquim Rosário e Pedro Abel tiveram que atravessar para a Ilha do Bananal no Furo das Pedras de lá chegaram a Mato Verde se juntando aos outros, era um caminho mais seguro.

                --Eu, Lúcio, fico em Mato Verde e minha fazenda será na margem do Tapirapés, e terá o nome de Fazenda São Pedro, o José Pinheiro acabou se instalando na Santa Rosa, também as margens do Tapirapés, João Colodino foi para Bom Jesus do Tapirapés, Sabino Brito se instalou no Bom Jardim, junto com Veronilha, Melquiades foi para o Mutum junto da grota bonita – e continuou a sua dissertação- mas isto não nos da o direito de nos descuidarmos, isto aqui ainda é uma terra hostil e têm índios de outras paragens que não são os nossos amigos Carajás, temos que ficar atentos para os sinais, eles quando estão querendo atacar ficam imitando o Mutum ou o Jacurutu, quando escutarem muitos pássaros cantando de uma só vez pode por a bala na agulha da arma, pois os índios Kaiapós gostam de atacar ao meio dia quando o sol esta a pino é uma hora em que ninguém espera e são mais violentos do que os Xavantes temos que zelar das nossas armas, pois estes beiços de pau (Kaiapós) adoram roubar armas dos “toris ou caraíba”. Todo cuidado é pouco.

               --Vou  ficar  uns    tempos   por  aqui,  os    animais precisam se recuperar da viagem - disse Severiano.

                 --Como quiser.
                 --Eu vou dar uma explorada, amanhã saio por ai.
                 --E eu vou junto disse Lúcio.
                 --Vamos pela beira do rio, margeando a mata.
  --Vamos olhar o gado?
                  Ambos montaram a cavalo e foram para os varjões onde o gado estava pastando reunido, pelo caminho conversavam.
                --Isto aqui   vai   ser uma bela fazenda, com tanta água, matagal, pasto, caça a vontade e muito verde.
                  --Olha só que   beleza de  pradaria, os campos  perdem de vista nunca vi nada assim antes.
                   --Devemos voltar imediatamente para Barreirinha para trazer o povo que quiserem vir.
                  --O gado esta um pouco magro, a viajem foi apertada.
                  --Logo estarão roliços de gordos.
               O dia passou rápido, logo  amanhecia  o dia da  viajem de  exploração das terras, cinco homens já havia arreados seus cavalos e de matula nas garupas se despediam prometendo voltar em cinco dias, já era perto do meio do dia quando saíram rumo ao desconhecido.
                  --Vamos em frente sempre margeando o rio – orientou Severiano
                   Seguiram por quilômetros de varjão onde os veados campeiros os olhavam desconfiados e se aproximavam bem perto para cheirá-los era o desconhecido. Nas margens dos lagos, esgotos e rios, os Jacus e os Mutuns abundavam os patos selvagens voando por cima pousavam nas praias aos milhares, já estava entardecendo, rodearam capões de matas sempre enxergando as arvores altas da beira rio quando chegaram ao esgoto de um lago que desembocava no rio Araguaia, acamparam em uma praia enxuta bem dentro da baixada.
                 Os índios Karajas habitavam do outro lado do rio na Ilha do Bananal em uma aldeia chamada Fontoura, e não demorou muito tempo um índio em sua canoa apareceu remando nas águas do esgoto e ia rumo ao grande rio Araguaia. Ao avistar os homens brancos parou a sua canoa e perguntou num péssimo português:
                      --Ocês moradô donde?
                       --Mato Verde - respondeu Lúcio - e eu sou Lúcio.
                     --Onde fica isso Mato Verde? Bom, eu Pereira, capitão Pereira, eu cacique da aldeia do Fontoura lá na Ilha do Bananal.
                    --Nois moradô novo, Mato Verde fica meio dia de viajem rio abaixo. - Tem peixe ai na canoa? Vamos trocar?
                   --É eu troca por rapadura, mas eu aviso vocês toma cuidado Xavante ta perto eu vi rasto deles, são muitos, cuidado.
                     --Obrigado amigo.
                     Depois  da   troca, e um longo papo, Pereira foi embora e os homens foram assar  peixes, neste mesmo dia o esgoto passou a se chamar “esgoto do lago Fontoura”, mas era do lado de Mato Grosso.
                    No outro   dia, muito   antes do clarear, Joaquim Rosário  estava de vigia chamou a todos.
                   --Escutem...  Os Jacurutus e jacus se revezavam nos cantos e eram muitos.
                   --São os índios – falou Severiano. – vamos dar uns tiros para cima que eles vão embora.
                 --Não – asseverou  Lúcio - nada   de tiros, temos que aprender a conviver com eles e não será hostilizando-os que o conseguiremos, vamos aguardar eles se aproximarem.
                   Os cinco homens estavam em meio à praia limpa, e atentos, ao redor a mata do rio. Logo os índios se fizeram aparecer. Lúcio levantando a carabina falou as únicas palavras que sabia em Xavante:
                 --Uachuadi. Uachuadi... (amigo.)
                 --“Ia mamã heto Terezaçu” (Sou o cacique me chamo Terezaçu.) - e continuou:
                 --Uachichi? (como chama você?).
                 --Eu me chamo Lucio e este outro se chama Severiano- e este outro chama Roxo- falando e indicando através de mímica.
                   O índio que parecia ser o chefe deles, todo pintado de vermelho e preto, um olhar penetrador e muito sério com arco e flechas na mão subitamente levantou o arco e disparou uma flecha que foi se enterrar quase entre as pernas do pioneiro, apenas dois metros adiante a frente, estavam a uma distancia de uns trinta metros um do outro. Lúcio não pensou duas vezes disparou um tiro com sua carabina de calibre 44 que levantou poeira meio longe do índio que nem piscou e tornou a gritar abaixando o rifle:
                  --Uachuadi... Uachuadi... (irmão)
                 Hummmm. - Resmungou   o   índio    abaixando o arco e se aproximando de Lúcio dizia por mímicas que ele era o chefe, e numa demonstração estranha abaixou, pegou um graveto de pau no chão e enfiou na boca da carabina do Lucio o que valia dizer que não queria briga e sim paz. Daí por diante, todos se acalmaram e uns tentavam entender o que os outros diziam, mas os índios estavam vidrados nas armas, Havia perto de trinta índios. Ganharam presentes dos pioneiros, como facas, facões, rapaduras e sem mais nem menos foram saindo e sumiram da vista. Enfim tudo terminara bem, pelo menos neste primeiro encontro improvisado quase depenaram os toris.   
                  --Severiano comentou: Foi uma temeridade sua atirar nos pés daquele índio.
                 --Tínhamos que mostrar que não estávamos com medo, só assim eles nos respeitará.
                 --Você acha que eles vão nos seguir?
                  --Hoje dormiremos  na  praia  em frente à barranca do rio Araguaia, assim só teremos um lado para vigiar.
                  --É, parece que nos largaram, te juro que fiquei apreensivo - comentou Roxo.
                   Seguiram pelas limpezas de uma barreira que logo a chamaram de Barreira da Cotia, tal a quantidade destes pequenos roedores. Chegaram às margens de um bonito lago, junto ao rio e o chamaram de Lago de Pedra ao rodearem a planície saíram em cima de uma lagoa de arroz bravo que era uma maravilha. Ao entardecer estavam junto a um morro de areia bem acima da curva do rio onde ficava do outro lado do rio a grande Aldeia Carajás de Santa Isabel do Morro, pela primeira vez pousaram onde seria no futuro uma grande cidade que se chamaria de São Félix do Araguaia.
                    --Um dia voltarei para erguer a minha cidade aqui neste lugar - disse Severiano
                    --É um belo lugar - Comentaram.
                --Nesta noite  não acenderam  fogo porque temiam também os índios Karajas que eram ótimos canoeiros, embora não fossem tão hostis.
                   --Estamos com índio de todos os lados, de um lado os Xavantes, do outro Kaiapós, mais em cima os Tapirapés e Karajas.   No dia seguinte montaram a cavalo, e após sondarem as redondezas iniciaram a volta, a lua já ia alta quando chegaram ao acampamento em Mato Verde.
                     --Foram bem de exploração?- perguntaram.
                 --Tudo bem só um pequeno problema, mas foi resolvido e será sempre assim daqui para frente. – Quase ninguém entendeu a mensagem, mas para Lúcio tanto fazia.      
                 As vilas no sertão eram construídas em forma de ferradura para melhor e defenderem dos ataques dos índios. Nos primeiro 16 dias de instalados, mataram 11 onças pintadas e seis suçuaranas.
                 O restante da boiada só chegou por volta de 1935.
                 Lembrete: Anos depois chegaram a Mato Verde o Raimundo Pereira Luz, o “Mundico” que era marido de Dona Rosa, José de Barros Lima chegou em 1936.
                   No dia 15 de julho de 1934 o Coronel Lúcio, e seus companheiros Severiano e Joaquim Rosário voltavam de Barreirinha onde conseguiram recrutar mais famílias.                                                                                                      §
 Um pouco de São Felix do Araguaia.                                        
               Severiano de Souza Neves com ele chegaram o Zé Martins e Liduina, Lió e Silvinha, Maria Dias, Ateneu Luz e Aracy, Lupércio, Sindô, Tertuliano, Leôncio e a esposa Joana, Firmino da Luz e Florência, Feliciano e Maria Dias, João da Luz e Manoela, Ursulino Vasconcelos e Salomé, Bento de Abreu e Felícia, Lourival e Camú, Sandoval e Silvina da Luz, Marçal e Germana, Raimundo e Luizinha, Pedro Coelho e Francisca, mas não se fixaram inicialmente no local escolhido por Severiano com receio das represálias dos índios e se instalaram rio acima, primeiramente na barreira do pequi na ilha do Bananal depois se mudaram para junto de Santa Izabel do Morro, mas com o advento da criação da Reserva Indígena Carajá e do Parque Nacional tiveram que abandonar a posse e mudaram-se definitivamente para o lado de Mato. Grosso onde ainda hoje se encontra instalada a cidade de São Felix do Araguaia. Isto por volta de 23 de maio de 1941      
                    Posteriormente o  Bispo   Dom   Pedro Maria Casaldaliga Plá instalou a Prelazia de São Felix do Araguaia.
                                             §
                        A  emancipação
                     Por vinte e cinco anos Mato Verde viveu como Vila, mais tarde, isto em 12 de julho de 1961 a Lei nº 1.503 criou o distrito de Luciara então Mato Verde que continuou a crescer e veio a se chamar Luciara em uma homenagem ao fundador e ao rio Araguaia.                                        
               Luciara  emancipou como Município pelo Decreto Estadual-Lei nº 1.940 em 11 de novembro de 1963, com uma área originalmente de 4.243 Km².                                           
                   Descendo o rio, de São Félix a Mato Verde passava-se primeiro por Santa Isabel do Morro, a maior aldeia Carajás na Ilha do Bananal, depois pela aldeia do Fontoura, também na Ilha do Bananal e finalmente pelo pontal do Padre, onde no período da seca, um travessão de pedra atravessa o rio de Mato Grosso a Ilha do Bananal. Logo adiante, depois da curva ficava a pequena vila, que mais parecia uma joia rara encravada na barranca do rio, suas lindas praias enfeitavam a chegada, do porto junto a um pé de Piranheira, chegava-se aos currais do pioneiro, e de lá para as casas que eram distribuídas ao longo da margem do rio numa bela e inesquecível vista panorâmica. Tudo era paz e tranqüilidade, não se ouvia falar de guerras ou revoltas. Nem radio ainda existia por lá, se acontecesse uma revolta ou guerra no mundo quando os habitantes viessem a tomar conhecimento ela já teria acabado.              

                   .          *                            

         ará em cima da chapa do fogão para secar e ao tentar removê-lo como estava quente não o conseguiu segurar e ele caiu dentro do fogo em cima das brasas, e só foi tirado do meio das brasas, minutos depois quase torrado agora este se acabou mesmo – dizendo isto jogou o relógio num canto e volta         Quando cheguei a Mato Verde naquele dia não tinha nada que estranhar, pois já havia estado ali antes e fizera bons amigos. Ninguém usava relógio e nem falavam em horas, usavam folhinhas, falava-se em dias, semanas ou meses. O tempo não importava.
                  Lúcio, já meu amigo, foi a primeira pessoa que encontrei.
                 --Boa tarde meu Coronel.
                 --Boa tarde, ora, se não é o nosso amigo paulista, seja bem vindo.
--Obrigado – agradeci dando-lhe um abraço forte.
                   --Estou  secando  o relógio, entrou água nele – disse  me  mostrando  um  relógio de pulso que colocndo-se para mim – vamos.
                 Saímos a andar pela rua, daquele momento em diante não me faltou mais nada, nem “pira para me coçar, estava soba tutela do Coronel”.
              Misto  de juiz,  promotor, defensor,  delegado  e prefeito o homem é quem mandava e resolvia tudo, e fora a estes encargos era também agropecuarista e comerciante.
--Senhor Dankmar – tratava a todos com profundo respeito - estou esperando um caminhão com mercadorias em Leopoldina, devo me ausentar por uns dias, mas o próximo caminhão virá até a aldeia do Fontoura por dentro da Ilha do Bananal. O Senhor me espere aqui que na volta nos vamos juntos até a minha fazenda São Pedro.
                 Enquanto aguardava a volta do coronel me entrosava cada vez mais com seus filhos e amigos.
             O sertanejo tinha um grande numero de gado que criado solto nas largas os mesmos embraveciam e se alongavam.
                     Este tipo de gado só era  campeado   em vaquejadas especiais. Sempre saiam em numero de dez a doze vaqueiros.
                 Não faltava a rede de dormir, rapadura e carne seca com farinha de puba. Na garupa um bom laço de couro de mateiro e vestiam perneiras de couro bem curtido. Sempre levavam duas ou três juntas de bois carreiros (sinueiros) para trazer de volta as rezes aprisionada. Eu mesmo fui por duas vezes. Nosso ponto de parada era na Santa Fé, uma belíssima ravina onde havíamos construído um curral e uma pequena casa. Ali dormíamos, e dali partíamos para nossas caçadas.

                  Sempre levantávamos bem cedo, ao clarear do dia, não só por causa do gado,  também por causa dos índios. Preparávamos nossos arreios tirando tudo que fosse supérfluo e tudo que fizesse barulho, enrolávamos linhas nas rosetas das esporas para não tinirem e saiamos em busca do gado bravo que sempre andava reunido em magote de vinte a cinquenta rezes. Quando achávamos seus rastros frescos seguíamos calados até avistá-los, então tomávamos chegada pelo lado contra o vento para que as rezes não nos sentissem e chegávamos o mais perto possível, mas quando elas nos farejavam era uma debandada doida e saiamos todos em desabalada carreira cada um atrás de uma rês desgarrada, uns as derrubavam logo e as peavam, outros as laçavam e depois tinham que se defender das investidas amarrando-as em arvores, outras acuavam dentro das capoeiras e enfrentavam os vaqueiros. Era uma luta dura, mas no final sempre voltávamos com muitas reses apreendidas. O melhor eram os comentários, fulano caiu, fulano ficou enganchado em um galho ou fulano teve que pegar a novilha à unha se não ela o pisava. Eram formidáveis aqueles homens inclusive o grande campeão Antônio Petoco que em decorrência de uma espetada de pau no pé teve tétano e morreu.

                   Eu mesmo levei muita paulada de galho pelo corpo.
                  Assim o   tempo  ia passando  e eu  esquecera que existia outro mundo lá fora.
                  Naquela tarde de   verão  eu estava  sentado   com
vários amigos em uma rodada escutando o velho Lúcio contar casos de Nostradamus quando um rapaz de nome Roberto se aproximou dele e disse:
   --Seu Lúcio, eu preciso de um favor do senhor.
   --O que é que você quer?
   --Quando o Senhor for para o Fontoura eu queria uma carona de ida e volta.
   --Primeiro  você me  deve desculpas – ironizou o Coronel. --Você se lembra daquele dia lá na praia quando o senhor pulou por cima de mim que estava agachado dentro da água, tirando “tiuba”?
    --Sim, mas foi sem querer, mas eu sei que fui errado, eu não devia ser tão atrevido e o desrespeitei, me desculpe, por favor.
   --Assim que se fala, está desculpado, quando eu for, te aviso, mas possivelmente será amanhã cedo - terminou o pioneiro com um leve e amoroso sorriso nos lábios.
   --Dankmar você esta lembrando sobre o caminhão que eu ia trazer com mercadorias através da Ilha do Bananal?
    --Sim me recordo, mas é uma temeridade seu Lúcio, será o primeiro caminhão a chegar neste sertão.
  --Mas chegará amanhã cedo, mandei um bom guia para acompanhá-los e sei que conseguirá chegar à aldeia do Fontoura, seu barco esta no jeito?
--Estará pronto ao amanhecer do dia.
                    E realmente partimos no dia seguinte para aquela odisseia.        
                Eu  havia   comprado  um barco com motor Penta com 04HP (Cavalos força)  uma canoa para quatro mil quilos. Partimos ao clarear do dia e quando o sol saía já estávamos chegando á aldeia do Fontoura onde os crentes adventistas cuidavam da aldeia e o pastor Isaac Fonseca estava lá.
             --Bom dia  minha   gente, seu Lúcio   eu já soube da novidade, será que chegarão sem problemas? Inclusive já expliquei para os índios o que é um caminhão e eles estão ansiosos para vê-lo.

                  --Não se incomode  daqui para o meio dia eles chegarão.

                Fomos   para   a casa de o Isaac Fonseca conversar e eu aproveitei fui falar com os índios que não queriam acreditar que tal coisa existisse, mas queriam ver, já era perto das onze horas quando o Capitão Pereira, cacique dos índios Karajas, alertou:         

                 --Vem vindo, escutem, levantem a cabeça...  

                 Todos  os índios  fizeram  o mesmo  e eu  também, era um silêncio total quando o vento vinha, ouvia-se um ronco surdo do motor à distância, súbito uma buzinada apavorou a aldeia, foi uma correria danada, as mães arrastavam os filhos pelos braços e os jogavam dentro das canoas no porto e começaram a abandonar a aldeia rumo à praia defronte, uns pulavam de cima do barranco para dentro do rio e nadavam até a praia outros gritavam e pediam para se acalmarem, pois o barulho sumira. Mas de repente a buzina e o som do motor acelerado, agora bem perto, invadiram a aldeia o pânico foi geral, nos pulos de cima do barranco eu vi um índio novo se jogar e cair dentro de uma canoa, mas pelo visto não se machucara muito, em pouco tempo só restava na aldeia os índios mais velhos e os guerreiros dispostos a enfrentar a fera que chegava. Buzinando alto como uma fera, eu cheguei a chorar de emoção logo o GMC entrou triunfante dentro da aldeia deu uma roncada alta e apagou. Foi tal ver um campeão em uma olimpíada a chegar vitoriosamente na fita de chegada. Estávamos orgulhosos e também o Coronel que abraçava os chegantes.                

                 A estas alturas os índios  já  haviam  inspecionado tudo e a maquina já tinha um nome. BEUREOTU que queria dizer maquina de fogo que anda na terra e o motorista REOTUDIRADICANDÔ – o que dirigi a maquina de fogo. Os índios foram chegando e todo mundo queria buzinar, logo todos se acostumaram com o veiculo, crianças e velhos e mulheres não mais os temiam, pois estava IRORO (morto ou parado). Mas o Coronel pediu que ajudassem a descarregar a mercadoria e a colocassem em meu pequeno barco já estacionado no porto, uns vinte índios começaram a descarregar o caminhão e a carregar o barco, não dei conta de mandar parar de por mercadoria logo o barco começou a afundar com tanta carga. Foi uma correria doida para não deixar molhar a mercadoria, tiramos a água do barco e com o peso certo dei duas viagens a Mato Verde.

                Este  foi  um  fato  inédito  e digno   de registro, o progresso  caminhara sobre rodas foi uma apoteose inenarrável.

                Comecei a sentir que eu perdia alguma coisa, pois tinha medo do progresso.

               O motorista  do caminhão  dois   dias conosco e  voltou para Anápolis carregado de couro.

                   Dois   dias   depois   fui  para    Fazenda  São Pedro e de lá para Cedrolândia. Eram doze léguas sertão adentro fui a. cavalo.

              Lá na fazenda São Pedro do Coronel Lúcio, nas margens do rio Tapirapé que distava em apenas uns oitenta quilômetros ou pouco mais de Mato Verde, o velho coronel, vivia sempre em constante desobriga, visitando os amigos e parentes, e estas visitas sempre resultava em festa.

                 Era comum ver todos os moradores reunidos em volta do velho desbravador e, este, com os olhos quase fechados, mascando um pedaço de fumo, enquanto ia se despindo da camisa suada tirando a faca da cinta e passando o gume pelos braços, pelas costas e pelo corpo todo e a sacudia tirando o suor apegado na lamina, diziam que era assim que ele banhava, mas eu mesmo o vi umas vezes banhando, algumas vezes, no rio, de vez enquanto dava uma cusparada no chão da preta masca e falava:

                   --Não  vai   demorar   muito tempo,  vão começar a aparecer por aqui os que se dizem proprietários destas terras e junto com eles virão os grileiros, gente perigosa, ai vamos começar a ter problemas, por isto devíamos nos precaver, cada um requerer um pedaço de terra, pois Nostradamus diz: – batia no livro que sempre carregava - um dia o sangue vai correr no Brasil ate a altura do peito do pé e este mundo nosso pode passar do ano 2000, isto é, mas não chegará a 3000, por isto devemos cuidar bem do que é nosso e não estragar o que Deus nos deu, é pecado até comer muito.  Eu vou vender um pouco do gado para comprar alguma terra, e vocês façam o mesmo.======
                  --Mas Lúcio, se a gente vender o gado para comprar terra e depois não tem nada para por nela o que adianta isto?
--Você esta igual o caboclo que comprou uma botina nova, mas andava com ela nas costas, ai perguntaram para ele porque fazia assim e ele respondeu que a sola do pé Deus dava outra, mas a da botina Deus não dava, ora seus moços, a que Lucio continuou --Vão-se os anéis, mas ficam-se os dedos.
Os Festejos de fim de ano reuniam aquele povo disperso em suas posses e quase sempre vinham para Mato Verde.
               Era Natal de 1954, e Lucio, como o fazia em todo Natal, desde os idos de 1950, continuou a preconizar:
“Chegará o dia em que os pretensos donos destas terras virão e com eles os grileiros e nos expulsarão das terras que tanto amamos e que com a nossa própria vida as conquistamos”.
                 --Coronel - dizia o outro – está faltando café por aqui já faz muitos dias que não se toma um gole, nem os vizinhos estão tendo, o senhor da um jeito para a gente viu. 
--Muito bem seu Medeiros, mas é assim mesmo como o senhor deve lembrar o velho ditado “na minha casa nada eu achei, fui na do vizinho pior encontrei, voltei na minha me remediei”, --Vou mandar um saco de café para vocês (café em grão que teria que ser torrado e depois moído).
                  Depois vinham as festas, quando não eram em Mato Verde eram em Cedrolândia, um lugar era perto do outro, como se diziam "de grito" mas distava em aproximadamente em 10 Klms.
                Feiticeiros corriam as léguas   do Coronel, estes quando sabiam da existência de um feiticeiro que andasse por ali,  o mandava buscar e aplicava-lhe uma bela surra com vara de pinhão.
                     --Quem dá jeito em macumbeiro é vara de pinhão- ensinava o mestre Lúcio.
            Um  dia  apareceu  por lá um “curador” cuja especialidade era ”tratar de mocinhas”. O Seu Lúcio recebeu uma reclamação de um dos moradores:
--Coronel, um curador desconhecido anda aprontando por ai, ele esteve lá em casa na Santa Lúcia e fez o que quis com a Dominga.
--Vão buscar o homem.
                   Quando apareceram com o tal de macumbeiro mal encarado e metido a bravo o Lucio foi logo ordenando:
--Então o Senhor é um macumbeiro que anda aprontando por ai?
--Não, eu sou um religioso viajante que entendo de tirar espíritos.
--E só sabe tirar em meninas novas não é? Pois bem eu também sei tirar espírito de curador macumbeiro – e olhando para os moradores que o cercavam determinou - Tirem uma vara de pinhão e dêem uma boa surra neste macumbeiro e depois enfiem um palmo de fumo de corda no traseiro dele e soltem-no bem longe daqui.
                 E assim o fizeram, o macumbeiro nunca mais apareceu por aquelas bandas. Era o Coronel Lúcio quem falara e suas ordens eram sempre executadas, assim conseguia manter seu povo unificado e lhe respeitando afinal era um Líder, mas não demorou muito para que as previsões do pioneiro se realizassem. Começaram a aparecer os que se diziam donos daquelas terras e com eles vieram os grileiros. Foi o começo do fim.
                   Enquanto vivo mantinha seu povo unido, mas a sorte do velho pioneiro estava selada e, em uma última aventura amorosa jogou a sua última cartada.
                   Foi assim...
          A tensão   entre  Adauta e o pai crescia assustadoramente, pois enxergava o patrimônio do velho pioneiro se esvair nas constantes contendas com sua última mulher.
               Constância    insistia   em casar civilmente com o Coronel o que Adauta não concordava porque ele já era casado civilmente com sua mãe e ainda viva, (diziam que o cartório onde Lúcio se casara pegará fogo queimando todo acervo), assim ele se julgava livre do compromisso, mas o próprio Lúcio contestava que não havia sido por mando dele o fogo do cartório.
               Possidônio fora o articulador do plano e passou a patrocinar a briga na justiça.
                 Enquanto o Coronel começava se aborrecer com a mulher, um novo problema surgiu, e este problema tinha um nome “Romildo”, mas isto já é outra... História.
            Os últimos dias do Coronel.
                Lucio Pereira Luz tinha uma família toda criado á moda do sertão, eram rudes e duras como o pai.
                 Adauta era uma das filhas mais velhas do casal Lucio e dona Silvina e não era à exceção da regra. Casada com o capixaba Flavio Baptista, moravam no morro do Padre, um pontal um pouco acima da vila a beira rio que passou a se chamar Ponta Porã.
                Um velho atrito punha constantemente em briga o velho coronel e sua filha, pois tendo abandonado a sua esposa Silvina, mãe de Adauta, já havia se amasiado com outras mulheres, e finalmente a última de todas que era a lenha da fogueira.
                   Constância, mulher nova e sabida tinha a orientação de seu tio Poncidônio e a felicidade conjugal demorou, mas, pouco.
                Finalmente  o casamento   aconteceu   mas durou  pouco, ao abandonar o marido a mulher exigia a metade de seus bens e o fez via judicial. Poncidônio seu tio, e pretenso amigo do Cel. Lucio fora o articulador de todo plano, inclusive fora ele que incentivou e jogou sua sobrinha para os braços do seu então amigo e depois passou a patrocinar a briga.
                 O Coronel homem rude e embrutecido pela natureza hostil não conseguia assimilar o que seria uma ação judicial, pois sempre fora ele quem decidira, não podia entender que uma autoridade pudesse prejudicá-lo. Afinal era ele a vitima daquela trama.
                 Para   o   velho Coronel a situação não era nada boa a ação prosseguia a todo vapor e a justiça começava a tomar seus bens. O Juiz era o Dr. Odiles de Freitas, Constância declara o dobro do patrimônio do pioneiro pretendendo assim ficar com tudo. Já velho e doente cansado de tanta luta enfrentava agora a incompreensão das autoridades, mas, mais teimoso que uma mula o desbravador não podia admitir que ninguém tomasse os seus possuídos que tanto lutara para conseguir enfrentando as intempéries das chuvas, o sol quente, os índios arredios, as feras e as doenças só mesmo um ser fundido na tempera dos mais duros aços poderia suportar por tanto tempo. Mas o que mais lhe doía era aquela trama fora armada desde o inicio por um homem e este se dizia seu amigo o “Pocidonio” a quem dera guarida muitas vezes quando foragido das intentonas comunistas das “trombas” quando participara no Estado de Goiás da revolta de Zé Pórfiro e a este dera a mão de amigo e agora se tornava o seu algoz.
                  A maioria   do   processo   correu   a revelia, quiças tenha sido verdadeiramente intimado alguma vez, o velho não tomava conhecimento da tramitação judicial e seu arquiinimigo disto se aproveitava e usando uma leva de policiais militares e vários Oficiais de Justiça se dirigiram para a Fazenda São Pedro onde o velho e seu filho Liton “Resistiam”, na realidade tudo era fantasioso, o objetivo daqueles eram se assenhorear do patrimônio do velho coronel cujas centenas de cabeças de gado estavam à solta e isto as tornava uma presa fácil para eles os dilapidadores. E assim fizeram, deitaram e rolaram em cima dos bens do fundador. Apenas um filho José Liton Luz estava junto ao pai defendendo-o e isto fez com que os agressores tomassem mais cuidados.
                 Naquele tempo eu estava na Policia Federal em Brasília, tinha acabado de cursar a Academia Nacional de Policia Federal e estava lotado no DTP – Departamento de Trafico de Pessoas - quando uma nora e uma filha do meu amigo Lucio me procuraram, eram elas a Noemi e a Daily e me contaram tudo o que estava acontecendo por lá e temiam um desfecho mais dramático informando que Poncidônio era quem comandava as incursões e que programavam a “invasão” da Fazenda São Pedro e que tinham ordens do Juiz de Barra do Garças para carregar todo o gado e que os policiais já andavam no campo arrebanhando as rezes.
                  Sabendo que o Poncidônio uma vez apareceu fugido lá pelo Mato Grosso porque era procurado como um dos envolvidos com o militante comunista na revolta de Zé Porfírio em Porangatu-Go. Resolvi dar uma mão ao velho amigo Lucio, levei as duas jovens ao meu Chefe de Policia e o cientifiquei do ocorrido e este depois de ouvi-las pessoalmente determinou a Barra do Garças que prendessem o militante revoltoso Pocidonio para prestar contas a justiça. Poncidônio foi preso em Mato Verde pelo Major Moacyr Couto tendo sido recambiado para a cadeia publica de Barra do Garças, e ali, desanimado começou a fraquejar na luta, sozinho e abandonado e na ânsia do desespero veio a falecer.
                   O inimigo de Lucio Pereira Luz não triunfou sobre ele e pagou caro ter traído seu amigo.
m
           Apenas algumas chegaram às mãos de seus filhos. Pouca coisa restou daquele herói apenas um busto em meio a uma singela praça na cidade que fundara, e uma Avenida com o seu nome e este foi somado ao majestoso rio Araguaia resultando em uma fusão histórica que resultou “LUCIARA”. Lucio + Araguaia, dois expoentes extraordinários da obra de Deus.

        Mas a justiça dos homens não escutou os clamores do velho e pioneiro desbravador e fundador de cidades e nem mesmo quis lhe entender. Adoeceu para 
orrer, triste, acabrunhado, não mais se alimentava. Morreu como só os bravos morrem sem dar o braço a torcer.

                   O patrimônio do Coronel foi totalmente dilapidado e o que sobrou como as rezes bravias e alongadas foram caçadas pelos seus próprios vaqueiros que se locupletavam dos bens de seu ex-patrão e as vendiam, ap                 “Espero que seu nome fique gravado eternamente nos anais de nossa história contemporânea”.
                                    Era Natal de 1944.
                     Reunidos em Mato Verde Lucio expôs seus pensamentos a respeito do futuro “Chegará o dia em que os que se dizem donos desta terra virão e com eles os grileiros e nos expulsarão desta terra que tanto amamos e que demos nossas vidas para conquistá-la. Resta agora cada um comprar o seu pedaço de terra do Governo” 
Foi interpelado por um dos reunidos:  Mas Lucio se eu vender o gado para comprar a terra  o que eu ponho lá dentro?
                       --Vendem-se os anéis, mas ficam os dedos. Foi a resposta.

Luciara em 1970

Aspectos Políticos Sociais.
               Em 12 de julho de 1961 pela Lei nº 1.502 a vila de Mato Verde passou a condição de Distrito, sendo nomeado como sub Prefeito Aldenor Milhomem *Histórico: Não posso continuar a frente da sub Prefeitura de Luciara, porque nada posso realizar em beneficio do povo. Ainda recentemente estive em Barra do Garças tentando conseguir auxílios para executar meu plano de trabalho. Nada conseguindo. O Prefeito disse que não tinha dinheiro e que brevemente Luciara seria independente e resolveria seus “abacaxis”. Assim sendo não vejo razão para continuar somente ser chamado de “Sub Prefeito” sem poder realizar algo em beneficio do povo. Estou demissionário.  “De pleno acordo”.  Setembro/1963....  e, a 11 de novembro de 1963 pela Lei nº 1.940 de autoria do Deputado Valdon Varjão foi emancipada e teve seu primeiro Prefeito eleito, o seu fundador Lucio Pereira Luz. Revelou-se então o primeiro passo oficial dado em favor da Tribo Karajas, o Prefeito doou uma área de terras na região de São Domingos para assentamento dos índios e estes ali passaram a morar e cultivar suas roças.                  
                    O tempo      passava e cada vez mais se integravam uns aos outros. Era a aproximação cultural que se difundia.                   
                    Outros Prefeitos vieram entre eles José Liton Luz filho do fundador. a exemplo de seu pai doou aos índios Karajas um torrão de terra alta onde moravam junto à cidade e era denominado “Torrão dos Karajas”. Quando reeleito Jose Liton Luz tivera o apoio dos índios eleitores e lhes prometera um barco tipo voadeira e um motor de popa. Fez a doação.
 
                  Na questão  política devo ressaltar que a Prefeitura de Luciara durante as duas gestões de José Liton Luz sua administração abordava a atualidade do tema a que estava adstrita: Servir aos necessitados sem olhar cor político partidária, servir com índole patriarcal os Clãs municipais e assentados residentes e em torno dando-lhes apoio moral, sinóptico, educacional, de saúde e de livre opção religiosa e não raras vezes apoio alimentar a famílias inteiras. Constantemente levava pessoas doentes em seu avião PT BBE para tratamento de saúde e socorros emergenciais em Gurupi-Go, Barra do Garças - MT, Cuiabá e outros centros assistenciais sem cobrar um centavo sequer carreando ainda para a Prefeitura as despesas médicas porventura gastas. Há que se registrar o lado humano deste cidadão.
 Prefeitos e Vereadores eleitos.
 
1º - PREFEITO ELEITO. Em 15.11.1963-.
Posse em 01.01.1964 a 31.12. 1967 - 4 anos.
Lucio Pereira Luz – UDN.
Vice Prefeito. Raimundo Miranda de Souza – UDN
Vereadores:
Diocleciano dos Santos-UDN.
Jose Liton Luz – UDN.
Flavio Batista - PFL.
João Paulo da Costa Santana – PFL.
Aldenor Milhomem - UDN.
 
 
   2º PREFEITO ELEITO–
Posse em 01.01.1968 a 31.12 1971- 4 anos.
Leonardo Pereira Barros – (evadiu-se) PMDB.
Jose Barros Lima – assumiu o resto do mandato. PDS.
Vice Prefeito:
Edelson Oliveira Souza. PFL.
1º Dama: Rosa Barros.
Vereadores e suplentes:
Adauta Luz Baptista. PDT.
Arquimedes Barros de Araujo-UDN.
João Paulo da Costa Santana. PFL.
José Cândido Flores Sobrinho. PMDB.
Matusalém Pereira Milhomem. PMDB.
Veríssimo Martins dos Anjos. PFL.
              
3º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01. 1972 a 31.12. 1975. - 4 anos
José Liton Luz. UDN.
Vice Prefeito: Pedro Jose de Souza. UDN.
1º Noemi Paciente Luz.
Vereadores:
Antônio Rodrigues.
Arquimedes Barros de Araujo.
Diocleciano dos Santos. - UDN
Lídio Limeira Brito.
Milton Souza.
                                               *
4º PREFEITO ELEITO –
Posse em 1.01.1976 a 31.12 1979 - 4 anos
Manoel Martins Costa - evadiu-se.
Lídio Limeira Brito: assumiu o resto do mandato
Vice Prefeito:  Elizio Araujo Sampaio – renunciou.
1ª Dama Maria Limeira Brito.
Vereadores e Suplentes que posteriormente assumiram.
Jose Célio Pinheiro Luz
Rui da Cunha Milhomem. PFL.
Diocleciano dos Santos. - UDN
Eugenia Barros Gama.
Luiz dos Santos Cabral.
Raimundo Carvalho de Souza.
Laurita Bancks Machado. PPS.
Benoir Pereira Sales.
Leonildes Irineu da Silva.
João Pereira Costa.
Lídio Limeira Brito.
Sebastião Mendes Luz.
Eugenia Barros Gama.
Francisco Bezerra Lima.
                     *                         
 5º PREFEITO ELEITO.
Posse em 01. 01.1980 a 31.12.1983 - 4 anos
Sebastião Gomes de Souza
Vice Prefeito: Elias Alves Feitosa.
1ª Dama: Raimunda Gomes de Souza.
Vereadores:
Conceição Lopes Cardoso.
José Cândido Flores Sobrinho.
José Goar Pires.
Jose Ribamar Gonzaga de Souza. 
Laurêncio Pereira Sales.
Manoel Gonçalves Cunha.
Raimundo Dias Campos.
     
 6º PREFEITO ELEITO –
Posse em 02.01.1984 a 31.12.1988 – 5 anos.                          
José Liton Luz – PFL.  
Vice Prefeito: Eliezer Fonseca – PFL.
1ª Dama: Noemi Paciente Luz.
Vereadores:
Adão Vieira Libório – PMDB.
Cândido Vieira Amorim PMDB.
Delma  Gomes  Luz.
João Paulo Pereira da Silva.
João Valdemir Pereira da Silva.
José Célio Pinheiro Luz.
Jose de Souza Costa – PDS.
Luiz Figueiredo Wanderley PMDB.
Waldemar da Silva Ribeiro.
                                              *
 7º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01.1989 a 31.12.1992 - 4 anos.
Nagib Elias Quedi.        
Vice Prefeito: Francisco K. Schmidt.
1ª Dama. Claudia.
Vereadores:
Aníbal Lima Luz – PDC.
Carlos Alves Waxinarui Karaja – PDC.
Francisco Klein Schmidt – PDC.
Jandir Berti – PDC.
João Borges de Souza – PL.
João Carlos da Silva - PL.
Jose Luis Esteves – PTB.
Manoel Borges Barbosa – PTB.
Puyu Txcekrramãe – PL.
                                   
8º PREFEITO ELEITO.
Posse em-01.01. 1993 a 31.12. 1996. - 4 anos
Abi Roque de Lima - PDC.        
Vice Prefeito; Francisco K. Schmidt – PDC.
1ª dama: Geovania Roque de Souza.
Vereadores:
Gentil Kurrare de Oliveira – PDT.
Gil Lima Luz– PDC.
João Batista Zancanaro - PDT.
Jose Liton Luz – PFL.
Jose Nélio Aires Costa – PDC.
Nazirio Oliveira Santos – PDC.
Nilson Ribeiro Sobrinho – PDC.
Odete Lopes Brito – PFL.
Plínio Soares da Silva – PDC.
 
  9º PREFEITO ELEITO.
Posse em 01.01. 1997 a 31.12. 2000- 4 anos
Odete Lopes Brito.
Vice Prefeito: Luiz Bezerra.
Vereadores:
Élson Roberto Nunes Souza.
Gil Lima Luz – PDC.
Jeovam Araujo dos Santos.
João Jose da Silva Santos.
Jose Francisco Alves Esteves.
Jose Liton 
10 º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01. 2001 a 31.12. 2004 -4 anos
Noely Paciente Luz.
Vice Prefeito: Laurêncio Pereira Salles.
Vereadores:
Deusdete Ferreira da Silva-PMDB.
Dilma Berixa Karaja.
Élson Roberto Nunes de Souza.
Jazon de Souza Freitas.
José Liton Luz Junior-PFL.
José Nélio Aires Costa.                       
Marcelo de Paula Lico.
Nazirio Oliveira Santos – PDC.
Rosália Bezerra Oliveira.
 
 11º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01. 2005 a 31.12. 2008. - 4 anos
Nagib Elias Quedi.
Vice Prefeito: Parassú de Souza Freitas. PMDB
1º Dama: Claudia
Vereadores:
Charles Meneses Martins – PR.
Dinalvo Pereira da Silva -
Ilario Souza da Luz.
Jazon de Souza Freitas Filho.
Nazirio Oliveira Santos – PDC.
Roberto Silva dos Santos – PMDB.
Romiltom Ferreira da Silva.
Rubem Taverni Sales.
Ruslei Alves Luz. – DEM.
                                               
12º PREFEITO ELEITO -
Posse 01.01. 2009 a 31.12. 2012. - 4 anos.
Parassú de Souza Freitas – PMDB.
Vice-Prefeito – Nazirio Oliveira Santos – PSD.
1ª Dama: Tânia Maria Daniel Freitas.

Vereadores:
Antônio Rodrigues Galvão - DEM.
Charles Meneses Martins – PR.
Daniel da Silva Santos - PR.
Elizabeth Nunes de Souza – PMDB.
Deusdete Ferreira da Silva – PMDB.
José Rios de Souza – DEM.
Jose Francisco Alves Esteves - PP.
Roberto Silva dos Santos - PMDB.
Ruslei Alves Luz - DEM.
13º PREFEITO ELEITO –
Posse em 01.01. 2013 a 31.12. 2016. - 4 anos.
Fausto Aquino de Azambuja Filho.
Vice Prefeita: - Elizabeth Nunes da Silva.
1º Dama: Marília
Vereadores:
Celso dos Anjos Feitosa – PTB.
Charles Meneses Martins – PR.
Deusdete Ferreira da Silva – PMDB.
Jose Francisco Alves Esteves - PP.
Josiney Evangelista Silva – PSDB.
Maurílio Santos Faria – PMDB.
Nazirio Oliveira Santos – PSD.
Rusley Alves Luz - DEM.
Wesley Santos Barros – PPS                                   

 
14º PREFEITO ELEITO
Posse em: 01.01.2017 a 31.12.2020. 04 anosº                           
Fausto  Aquino de Azambuja   Filho   PR.
Vice-Prefeita - Elizabeth Nunes da Silva PSC
1ª Dama- Marília.
Vereadores.
Nazirio Oliveira Santos PR
Raimundo Nonato Lopes Brito PTB.
Hiago Campos PR
Santa Pereira PMDB
Celso dos Anjos Feitosa PTB
Charles Meneses Martins PR
Claudio Werkima PSD
Adriano PR
Tatiane Chupa PSD
 
15º PREFEITO ELEITO.
Posse em 01.01.2021 a 31.12.2024...04 anos
Parassú de Sousa Freitas
1ª Dama.
Vice Prefeito Railson Sales
Vereadores
Reivone.. MDB
Hiago Campos.. PL
Arilson Sales… PL
Claudia Canela..PSB
Rusley.. PSB
Charles Meneses..PL
João Vitalina.... PL
Giselda da Saúde...  PB
Carmivanya...  MDB.
 TRE .MT: Apenas dois município em Mato Grosso tem mais eleitores do que  habitantes...Serra Dourada e Luciara.
Comparativo   TRE.MT - Eleições 2020.
                Eleições Município de Luciara.
                Votos totais............2.095
                Votos ausentes..........296
                Votos validos.........1.799
                Votos em branco...........7
                Votos nulos.................51
                 Parassú.....................894...Eleito.
                 Naziro.......................847
 
                                     
               
               Parassú de Souza Freitas - candidato eleito 2021.        
                           Painel dos Campeões           
            Dentre as quinze legislaturas   foram escolhidas aleatoriamente e classificados proporcionalmente com avaliações dentro do município de Luciara, na opinião de eleitores, os cinco Prefeitos e os dez Vereadores considerados os mais dinâmicos, transparentes, humanos e atuantes...
 PREFEITOS
 1.    Lucio Pereira Luz- O Fundador.
2.    José Liton Luz – O mais humano.
3.    Noely P. Luz - A mais envolvente e transparente.
4.    Parassú S. Freitas – 0 mais influente e dinâmico.
5.      Fausto A. de Azambuja Filho – O mais criterioso.   
        

VEREADORES: - e suplente.               

1      Adauta Luz Baptista
2      José Liton Luz
3      José Célio Pinheiro Luz
4      Jose Rios de Souza
5      Ruslei Alves Luz
6      Jose Liton Luz Jr.
7      Nazirio Oliveira Santos
8      Gil Lima Luz
9            Roberto Silva dos Santos
10     Milton Souza.
 Aspectos administrativos e físico-geográficos.

 

Lei 1.502 cria o Distrito de Luciara de 12 de julho de 1961 –

O Distrito sede só foi Instalado em 31 de maio de 1963 –

Em divisão estadual datada de 31 de dezembro de 1963 o município é constituído do distrito sede. A Lei nº 1.940 de 11 de novembro de 1963 criou o Município de Luciara o separando da sede Barra do Garças MT.Pela Lei Estadual nº 3.758 de 29 de junho de 1976, é criado o distrito de Santa Terezinha e anexado ao município de Luciara. Em divisão territorial datada de 14 de janeiro de 1979, o município é constituído de dois distritos – Luciara e Santa Terezinha.

Pela Lei nº 4.177 de 04 de março de 1980, desmembra do município de Luciara o distrito de Santa Terezinha elevado a categoria de município com o mesmo nome.

Pela Lei Estadual nº 4.295 de 26 de maio de 1981, é criado o distrito de São José do Xingu e anexado ao município de Luciara.

Pela Lei nº 5.306 de 11 de junho de 1981, é criado o distrito de Porto Alegre do Norte e anexado ao município de Luciara.

Em divisão territorial datada de 01 de julho de 1983, o município de Luciara é constituído de três distritos: Luciara, Porto Alegre do Norte e São José do Xingu.

Pela Lei Estadual nº 5.010 de 13 de maio de 1986, desmembra do município de Luciara o distrito de Porto Alegre do Norte elevado a categoria de município com o mesmo nome.

A Lei n° 5.010 continha um grave erro geográfico-politico, pois o território de Porto Alegre do Norte separava em duas partes o município de Luciara não permitindo a sua unidade territorial. A fim de reparar o defeito legislativo editaram-se a Lei nº 5.338 de 18 de agosto de 1988 para corrigir esta anomalia.

Em divisão territorial datada de 1988, o município de Luciara é constituído de um distrito: São Jose do Xingu.

Pela Lei Estadual nº 5.904 de 20 de dezembro de 1991, desmembra do município de Luciara o distrito de São Jose do Xingu elevado à categoria de município com o mesmo nome.

                   Aspectos demográficos /Evoluções & Declínios.

 

POPULAÇÃO: Habitantes.

Anos de 1991... 5.604..... evasões..2.863.......ABI e NAGIB.

Anos de 1996... 2.741  .....evasões....369........ODETE

Anos de 2000... 2.494 ......evasões....O89.......NOELY

Anos de 2007... 2.405........evasões..   181......NAGIB e PARASSU

Anos de 2010... 2.224 + 367 = indígenas aldeiados. IBGE

Densidade populacional.

Homens... ........ 1.146

Mulheres... .....  .1.078

Habitantes.... .. . 2.224

Indígena................367 H. M. Não selecionados

Total habitantes.2..591 ....entre 1991 e 2.010

Total  habitantes 2.591.....

.

Faixa etária em 2.010

De 00 a 15 anos..299..Homens...301. mulheres..

De 16 a 30 anos..396..Homens...335..mulheres

De 31 a 50 anos .198..Homens...209..mulheres

De 51 a 70 anos..185..Homens ..183..mulheres

De 71 a 99 anos...68...Homens.....50..mulheres

Acima....................0000.

 

Total de habitantes .......2.224 habitantes residências e alojados.

Total indígenas ...............367 habitantes aldeiados e alojados.

Total geral......................2.591 habitantes..

Em  2010...registrou-se . 2..591   habitantes.

Em 2021...registrou-se 2.591 habitantes - mantendo o mesmo resultado de 2010,  em virtude da falta de recenseamento no atual  período de 2010 a 2020.

Nota de registro; Luciara tem 2.591 habitantes.

 

 

Origens e naturalidades...

Naturais........................,....... 64.6%

Goianos..................................05,4%

Nordestinos............................13,3%

Centro Sul.............................. 05.9%.

Indígenas................................ 10.8%

Total.......................................100.0%

Resultado em 2010 a população de Luciara se resumiu em 2.591  habitantes.De 2010 a 2020 não há registros, presume-se  o mesmo que da década passado....2.591. Aguardando recenseamento em 2022.                                   §
                    Área 4.243 Klms²   (quatro mil  duzentos e quarenta e três quilômetros quadrados) Distancia da Capital- 1.166,5 km. Via terrestre e Via aérea 811 klms.

                   Clima: Equatorial quente e úmido com precipitações anuais até 2.000 mm, sendo o período chuvoso intensivo de Outubro a Abril com variável em seis meses de chuva e seis meses de seca. Temperatura média oscila entre de 16 a 37 graus.

               Luciara   pertence   a Micro Região nº 526 norte Mato-grossense e seu processo de colonização obedecem a critérios e padrões pré-estabelecidos.

                  O Município está classificado a dois tipos de climas: o Tropical e o Tropical de Savanas com predominância do ultimo e sua temperatura atinge um Máximo de 38º C e um mínimo de 16º C.

                   Em     grande   parte no município encontram-se areias vermelhas, amarelas quartzares e areias marinhas com algumas manchas de solo hidromórficos e latonobis vermelho amarelo. Ao longo das praias do rio Tapirapés predominam as areias marinhas em meio à região salineiras do extinto mar de Araés

                   As serras do Roncador, São João, Urubu Branco e a planície do Tapirapés formadas pelos vales dos rios Araguaia e Xingu com seus afluentes caracterizam a região.

                  A região é cortada por inúmeros rios e ribeirões sendo os mais importantes: Araguaia, das Mortes, Xingu, Comandante Fontoura ou Liberdade, Tapirapés, Sabino.  Gameleira e Xavantinho, Corujão I e II, e uma dezena de afluentes.

                   Em 1983 a densidade demográfica era de 0,3 ha. Por km² correspondia a 7.9% do Micro Região e a 4% ao Estado.

                   O nome Morro do Padre tem origem no pressuposto que seus primeiros moradores foram os Padres João Fuchs e Pedro Sacilotti  *(ver páginas 17-18 e 19)

                   Posteriormente a família dos Passarinhos passaram a residir no morro dos padres, mas não tinham qualquer vinculação com os clérigos. Anos depois foi adquirida via do então Prefeito e fundador Lucio Pereira Luz que doou para sua filha Adauta e seu genro Flavio Baptista, uma área de terra com 3.031 hectares e estes ali residiram por um longo tempo. Com a separação do casal, Adauta vendeu a área toda para Norberto Schwantes, tendo sido cedida posteriormente ao falecimento do marido, pela sua esposa Gertrudes que a doou aos índios.

Não se tem noticias de sítios arqueológicos ou de trabalhos rupestres em seu perímetro, entretanto, há que se observar as áreas em torno como a Serra do São João e notadamente a do Urubu Branco que é contemplada com trabalhos rupestres da era primária ou Paleolítica encontrando-se em sua laje superior rastos de animais pré históricos, poços escavados nas rochas e outros vestígios arqueológicos ressaltando ainda a riqueza de um enorme deposito de manganês (parte maior na Serra de São João) e outros minérios preciosos como prata e ouro encontrados em suas adjacências como se tem noticias antigas de exploradores, assim também a vila de Nova Floresta onde as amostras residuais de fosseis foram contempladas o que vem eleger aquela área como um futuro sitio arqueológico de grandeza imensurável somados Um grande deposito de Caulim material básico utilizado na confecção de azulejos. Há que se registrar alguns achados arqueológicos como machados de pedra e outros instrumentos da pré historia na região do Lago dos Veados que dista da sede de Luciara em 30 Klms onde já foram localizadas pedras que possivelmente deram origem a esse material arqueológico”.

                                        

                           Padre François Jaques Jentel - Padre Francisco.    

“Padre Francisco + Prefeitura x IBRA”
Desmembrado do Município de Luciara MT. pela Lei nº 3.758 em 29/06/1976 o novo e nascituro  Distrito de  Santa Terezinha estava juridicamente ligado   à Prefeitura de Luciara, assim... os problemas dela estavam afetos ao   Prefeito José Liton.

                                 Anos de 1972/73/74 e inicio de 1975.                    

                Uma   pendenga que tendia a evoluir envolvia uma área a ser destinada para assentamento dos posseiros, e chegava a um ponto que merecia uma atenção mais cuidadosa a fim de evitar danos físicos e materiais e a Prefeitura de Luciara entrou no jogo e, esta barbárie envolvia a Codeara e O Padre Jentel como veremos a seguir...  Assim se passaram os fatos...

                 Padre Jentel  aprendera  tudo sobre Codeara, sabia muito bem seu compromisso de compra e venda com Michel Nasser que estabelecia na Sexta clausula: “Fica reservada uma área de cinco mil e quinhentos e noventa e dois hectares de terra para assentamento dos posseiros de Santa Terezinha” e dizia mais que se caso a área fosse insuficiente o vendedor indenizaria a compradora no excedente.               

                 O Bispo Don Thomas Balduino, então prelado de Conceição do Araguaia, havia recorrido ao Presidente da República que por sua vez passara a atribuição ao Ministério da Agricultura e este encarregara o IBRA (Instituto Brasileiro de Reforma Agrária) para resolver.                

                   Começou ai uma luta que durou mais de seis anos, Padre Jentel X Codeara. Um exigia que a área fosse demarcada em determinado local, o outro não aceitava e o Padre só queria o que fosse bom para os posseiros e a Codeara só queria o que fosse bom para ela. Estava difícil de decidir.

                 O tempo passava e as dissidências aumentavam.

                   Uma nova era viria a modificar muita coisa naquela região, Luciara ganha um novo prefeito José Liton Luz filho do Cel. Lúcio Pereira Luz.

                   Uma das metas do prefeito era resolver o problema dos posseiros do então distrito de Santa Terezinha, uma reunião foi convocada e o padre Jentel participou ativamente trazendo mapas e cartas aerofotogramétricas, documentos e fotos foram expostas abertamente e o problema discutido chegando-se finalmente a uma conclusão “convocar a Codeara. Para uma reunião de cúpula”.

                 Como Secretário Geral da Prefeitura, e assessor direto do Prefeito, eu fui incumbido de representar a municipalidade e o Padre Jentel os posseiros e no dia marcado lá se fomos nós, eu o Chico.

                   --Se com vocês dois juntos não der certo, ao menos vai explodir – vaticinou o prefeito - E quase explode mesmo.

                               Eu o Padre Chico e a cidade de

                                                   Rio de Janeiro

 

                      O Padre Chico já velho viageiro para o Rio de Janeiro, tinha seu hotel preferido, o Hotel Gloria e lá nos hospedamos.
                 Na parte da tarde saímos para darmos umas voltas pelo aterro da Gloria, a beira mar, Cinelândia e praias, afinal a reunião fora marcada para nos encontramos na sede do IBRA no dia seguinte pela manhã, fizemos uma boa caminhada e conversamos muito olhando as beldades da cidade maravilhosa, era época que as minissaias estavam no auge da moda e de vez enquanto passava uma garota e eu aproveitava para mexer com o padre.
--Olha padre que belezura.
--Bobagem, na Europa esta pior do que aqui e na França nem se fala bom mesmo é nosso interior onde moramos porque ainda ha respeito ao pudor e ao comportamento.
--Será?
--Bem, melhor do que aqui, é.
--E você só usa esta cruz na lapela, ninguém vai saber que você é padre.
--O que faz as pessoas não é a roupa, quero dizer não é o traje que faz o monge.
                  Eu costumava chamá-lo de “Padre Francisco, ou Jentel”, nunca gostei de chamá-lo de Padre Chico, fomos até o Cristo Redentor, e na volta passamos por um prédio chamado “Caritas”.
                  --É aqui que conseguimos dinheiro que precisamos e também muitas outras coisas. Temos muitos amigos na Europa que nos ajudam e a “Caritas” distribui, espere aqui fora um pouquinho - e dito isto entrou no prédio.
                   Então era ali a mina de ouro do padre, aguardei um bocado de tempo, e quando voltou, não aguentando mais a curiosidade eu perguntei:
--Como é que vem este dinheiro e as outras coisas?
--De avião, de navio, outros os trazem pessoalmente.
--Você viaja muito para o exterior?
--Já fui à Alemanha, França e até na Argélia.
                   Não entendi porque ele disse até na “Argélia”, também não perguntei, voltamos para o Hotel e após um banho fomos jantar, vi que Jentel estava apreensivo.
--O que há Francisco?
--Oh, nada, não se aborreça, mas não acredito que consigamos alguma coisa, já vim aqui tantas vezes e nunca deu nada certo - respondeu tristemente o francês.
--Não vamos desanimar agora, esperemos para ver o que acontece – e como queria mudar de assunto – continuei...
                   --Escuta padre você não usa batina?
                    --Uso, mas não estamos na missa agora, estamos num restaurante.
                     --Gostei da bronca, assim esta melhor, mas hoje você vai pagar a conta.
--Não tenho um centavo – respondeu – não trouxe dinheiro, deixe no hotel.
--Mas eu também não trouxe.
--Pendure.
                   Tive que pagar e voltamos ao hotel, mas o padre saiu em seguida, e pouco depois, atendi um telefonema que era para ele:
--Quero falar com o Padre Jentel.
--Denise?- perguntei ao reconhecer a voz da francesinha, louca de bonita que era a secretaria do padre em “Saint. Terezin”.
--Sim, Jentel esta ai Dankmar?- perguntou com um jeitinho bem danado.
--Não, foi visitar uns amigos, mas disse que voltava logo. (tomara que o prendam por ai, aquele padre sortudo, (monologuei);
--Informe a ele que cheguei hoje e preciso lhe falar, ele sabe onde estou.
--Muito bem, mas apareça por aqui.
--Sim claro eu vou ai – desligou aquele pedaço de mau caminho.
                   Deu vontade de entregar o padre e não contar nada para ele, mas assim que chegou, com muita relutância, babujei:
--Sabe quem ligou para você?
--Não, quem foi?
--Denise.
--Esta brincando.
--É talvez eu esteja, mas ela não, e esta te esperando.
--É serio?
--Ela disse até que você sabia aonde encontrá-la.
--Ulala – disse e já estava saindo.          
 Chegou no outro dia às sete horas da manhã quando eu já estava tomando o café.
--Passou bem à noite?
--Claro, na casa de uns amigos.
--Denise estava lá?
--Claro que estava – respondeu sem pestanejar.
                    Saímos direto para o IBRA.
                   Fomos recebidos pelo Dr. Mário um dos assessores do Presidente do órgão, que após nos anunciar retorna dizendo:
--O General Sérgio quer falar com o Senhor Dankmar, quanto ao Padre é favor esperar aqui e aguardar.
                   Meneei a cabeça, olhei para o padre e entrei.
           --Bom   dia queira se sentar – formalizou aquele homem atrás da mesa e continuou – o Senhor deve ser o representante da Prefeitura Municipal Senhor Dankmar.
                 --Sim, respondi secamente – eu represento a Prefeitura e o padre representa os posseiros.
--Muito bem, acredito que sua viagem se prenda ao que o Doutor Murat me comunicou pelo telefone, mas infelizmente ele não pode vir, mas o Doutor Seixas que é o Diretor Técnico da Codeara veio em seu lugar.
      --Muito bem, mas a que hora será a reunião?
                   --A reunião      será ás quatorze horas de hoje, aqui mesmo no IBRA, mas o Padre Jentel é considerado “persona não grata” e não poderá participar.
                --Mas o Padre   representa os posseiros e não vejo como se chegar a um final sem a participação dele – protestei.
                --Ele que passe   uma procuração para o Senhor e estará tudo certo.
--Vamos ver se ele concorda – terminei levantei, me despedi prometendo voltar no horário marcado e falei com Jentel:
--Jentel, eles querem que você me substabeleça a procuração para eu representar também os posseiros.
                 --Não vai ser por isso que não vai haver reunião, vamos a um Cartório agora.
                 Foi feito o que o General pedira, mas que o padre gostou isto ele não gostou. No horário combinado lá se fomos os dois eu e o Chico rumo ao IBRA, pouco depois fui chamado em uma ampla sala com uma mesa muito grande no centro e lá estava o Doutor Seixas mais dois advogados, dois engenheiros do IBRA e outro que não fiquei conhecendo, mas lá de casa eu estava sozinho no meio daquelas feras, mas o padre Chico estava na sala ao lado, certamente com o olho na fechadura e o ouvido na porta, lembrei dos posseiros e resolvi enfrentá-los, lembrando um velho pensamento de Jentel: “não vire as costas aos pobres, pois estará virando as costas para Deus”.
    --Boa tarde para todos – cumprimentei.
     --Boas tarde – responderam alguns.
                   Após as apresentações o General Sérgio, Presidente do IBRA tomou a palavra.
--Solicito às partes que sejam coerentes e que este assunto tome uma solução definitiva - olhou para todos e prosseguiu - Já que o padre não participa, creio haver uma viabilidade de entendimentos – concluiu quase cansado.
--Sempre foi intenção de a Codeara fazer esta doação, mas não víamos uma solução viável para o problema, mas agora, com a interveniência da Prefeitura, o elo que faltava, estamos dispostos a cumprir a nossa obrigação a Codeara fará a doação e a Prefeitura se encarregara do assentamento dos posseiros – discursou o Diretor Técnico Doutor Seixas - a seguir abriu  um enorme mapa em cima da mesa, era a planta do projeto agropecuário da Codeara, e mostrando um canto em cima na planta - aqui esta o local que escolhemos para a área a ser doada, é uma ótima posição, mata de primeira, muita água e estrada fácil – concluiu.
                   Se ele conhecia pessoalmente a área eu não sei, mas que eu conhecia isto eu sabia, por ai entendi o porquê da resistência do padre, o pessoal da Codeara não era mole.
--É muito bom mesmo Doutor Seixas, ótimo, mas, a que eu estou informado o IBRA fez um belo trabalho escolhendo uma área, e eu gostaria de saber qual é esta área, talvez tenha mais condições do que esta aqui tão longe e sem via de acesso, e, eu jamais me oporia à capacidade de trabalho do IBRA, poderiam me mostrar à área?
--Claro eu mesmo fiz o trabalho todo – interveio um dos engenheiros ali presente abrindo uma planta enorme e mostrou o seu trabalho a área estava situada, bem aonde nos interessava.
--Muito bem, é uma ótima área, não vejo porque não concordar com um trabalho como este afinal o IBRA é o órgão indicado para fazer o levantamento, não há o que contestar a não ser que a Codeara desconsidere o IBRA como   capacitado para este trabalho – perguntei ao Doutor Seixas. (jogando ele na fogueira).
--Absolutamente, achamos o IBRA totalmente capacitado para este trabalho.
--Então, já que estamos todos de acordo será aqui sugiro que se lavre uma minuta do acordo – terminei.
      --Mas, temos um problema nesta área é a aguada – interferiu o Diretor.
      --Problema nenhum é só dividir as aguadas e os senhores nos reporão a terra na margem acima, o que dizem? Mas terão que fazer a demarcação e a mudança dos posseiros e ainda indenizá-los nas benfeitorias que deixarem na outra área.
      --Bem, por nós não há problemas – concordou a Codeara.
--Então vamos fazer a minuta do que ficou assentado e depois assinamos.
                   Feita a minuta do acordo, lida e achada aprovada todos assinaram.
--Amanhã o Senhor Dankmar pode passar por aqui e pegar uma cópia e vamos marcar outra reunião para a escrituração da doação em São Paulo, creio que dia cinco de março estaria ótimo se todos concordarem? – perguntou o IBRA:
Todos concordaram. Disse adeus a todos e sai, estava doido para respirar um pouco e me ver livre.
--Como foi?– perguntou Jentel.
--Tudo bem, a Codeara concordou em doar a área que o IBRA demarcou e terá que indenizar os posseiros nas benfeitorias remanescentes e abrir estradas e fazer as mudanças dos posseiros.
--Neste pau tem abelha – ironizou Jentel acho que é bom demais para ser verdade.
No outro dia cedo passamos pelo IBRA para pegar a cópia da minuta, o General Sérgio havia viajado, mas o Doutor, Mário nos atendeu:
--Eu não sei como aconteceu, se o Doutor Seixas ou o General levaram a minuta, só sei dizer que desapareceu lá de cima da mesa, mas o que foi dito será mantido e a doação será feita no dia cinco de março conforme o combinado.
O padre me olhou e sorriu e eu entendi o que ele queria dizer.
Voltamos para Mato Grosso. 
No dia anterior ao marcado para a doação nos chegamos a São Paulo, eu, João Neton irmão do Prefeito e o próprio.
                A convite do Zezinho, dono da empresa de ônibus Reunidas, sendo ai nos hospedamos em belíssimos apartamentos em sua garagem.
                Às duas horas da tarde fomos para o escritório da Codeara que ficava no Edifício Francisco Conde no BCN da Rua Boa Vista, subimos pelo elevador e logo nos anunciamos ao Dr. Luiz Gonzaga Murat então Diretor Presidente da Codeara e genro do Armando Conde, ao nos receber apresentei meus companheiros:
--Este é o nosso Prefeito José Liton Luz e seu irmão João Neton Luz.
                   --Muito prazer – cumprimentou a todos.                  
                 --O Senhor vai amanhã para a reunião no Rio de Janeiro para doação da área?
                   --Mas que reunião é esta? Que doação é esta? – perguntou quase colérico.
 --Dr. Murat, o senhor sabe muito bem que tivemos uma reunião no Rio com o IBRA e o Doutor Seixas e ficou assentado que no dia cinco, amanhã, a Codeara faria a doação da área dos posseiros para a Prefeitura – falei me contendo para não explodir.
--Em primeiro lugar o Doutor Seixas não é a Codeara, nós temos centenas de acionistas que teremos que consultá-los, portanto não vai haver reunião nenhuma e muito menos qualquer doação – vociferou o branquelo Diretor.
--Não gostei do seu tom de voz Doutor Murat – respondi – nesta história toda dizem que o padre está embrulhando, mas o embrulhão aqui é o senhor, e de outra vez quando mandar alguém representando a Codeara para uma reunião mande um homem que tenha responsabilidade e não um elemento qualquer, e, eu não tenho mais nada para conversar contigo – sai esquecendo meus amigos lá dentro e bati a porta com bastante força.
                  Retornei para o apartamento e esperei pelo
Liton, já eram quase cinco horas da tarde quando chegou rindo:
--Sabe quem estava lá atrás da porta no escritório?
--Não.
--O Salomão, o bate-pau lá da fazenda e o Doutor Murat disse que você é muito atrevido em chamá-lo de embrulhão e ainda mais dentro do escritório dele, é, mas não tem nada não, amanhã vamos continuar a briga, voltamos todos  lá para o Rio de Janeiro  e veremos o que o General vai falar.
                 No outro   dia  quando  chegamos  ao  Rio  fomos
 direto ao Hotel Gloria sabem quem estava lá? O padre Chico.
--Cheguei – disse ele.
--É, estamos vendo – respondi. Mas fiquei alegre.
                   Fomos todos para o IBRA e o General Sérgio nos recebeu a todos, inclusive Jentel.
--Lamento profundamente o desaparecimento da minuta, mas tudo que ficou combinado aqui na minha presença será cumprido, entrarei em contato com a Codeara e ela terá que manter o estabelecido, logo eu me comunicarei com os senhores a data da última reunião que faremos – terminou muito sério o Presidente do IBRA que estava visivelmente aborrecido.
                Retornamos ao Hotel e depois bem mais tarde saímos para jantar, achamos um restaurante que era em uma adega, ficava no subsolo. Conversamos e rimos muito naquele dia, restava voltar para Mato Grosso e aguardar.            
                 Foi uma longa espera, e a resposta nunca veio e assim, decidimos voltar ao Rio de Janeiro, não poderíamos deixar a coisa esfriar e lá se fomos nós de novo, eu e o Chico.
                   O General novamente nos recebeu bem, mas olhava o padre sempre com reserva. Aconselhou-nos a ter paciência e que aguardássemos os resultados das providências que ele estava tomando.
                    Saímos a perambular pelas dependências do IBRA e lá ficamos conhecendo o Doutor Bertoni, Chefe do Cadastro do IBRA, e também Conselheiro da SUDAM, explicamos a ele o pé em que se encontrava a situação e ele muito surpreso, comentou:
--Como é que a Codeara no último relatório que apresentou a SUDAM ela pediu a liberação das verbas atestando já terem feito a doação inclusive declararam que já abriram as estradas de acessos à área e outros benefícios.
--Mentira, muita mentira – delirou Jentel raivoso.
--Não é verdade Doutor Bertoni, nada disto aconteceu até agora – garanti.
--Mas então façam uma carta ao General Bandeira de Melo que é o Presidente da SUDAM, e expliquem a atual situação sugerindo a retenção das verbas como medida acauteladora até que se concretize a doação e eu garanto a vocês que farei a leitura na próxima reunião que é no fim desta semana - nos confidenciou aquele cidadão.
--Só me falta uma maquina de escrever, pois papel timbrado da prefeitura eu tenho.
--E nos sabemos escrever – ajudou o padre.
                    E assim fizemos, escrevi a carta, assinei e a entreguei ao Conselheiro Bertoni, do jeitinho que ele nos ensinou.
--Agora eu sei que a coisa vai ferver – vaticinou o clérigo.
                  --Não havia outro meio a não ser pressionar a Codeara,  havíamos arranjado um grande aliado.
                   Começamos a mexer os pauzinhos.                                   
                   Retornamos ao Hotel.
--Vamos sair um pouco?– perguntou o padre.
--Vamos, mas, aonde quer ir? (será que a Denise esta aqui?).
                   Desta vez ele não respondeu só fez um sinal com a mão como a dizer (aguarde).
 
                              *
A Bela Mansão 
                             “Sem Fim”
Este era seu nome,
                  Pegamos um táxi e lá se fomos nós rumo a Petrópolis, embora fosse noite, podia-se notar o esplendor daquela mansão em que havíamos chegado com  grandes jardins cercados de grades de ferro, fonte luminosa e iluminações artísticas realçavam num jogo místico a beleza do conjunto, e no portão de entrada sob um arco florido de plantas o nome em bronze polido “Sem Fim”. E um pouco ao lado umas casinhas a guisa de guarita abrigavam dois religiosos, possivelmente padres, que fiscalizavam as entradas e ao verem Jentel o saudaram exaustivamente.

                   Entramos em um enorme corredor que nos levou ao que parecia ser um salão de refeição, dezenas de enormes mesas e muitas cadeiras, junto a uma enorme cozinha com muitas pias e bancadas de mármore, fogões embutidos, armários e varias geladeiras e freezer, dali saímos em uma sala que parecia uma grande biblioteca, escutava-se a confusão de muitas vozes conversando ao mesmo tempo, fomos nos aproximando, passando por muita gente nos corredores e portas, e finalmente entramos em um salão onde estavam reunidas pelo menos umas duzentas pessoas, ao lado uma porta ondulada em forma côncava dava entrada a um grande auditório onde estavam na maioria reunidos os ali presentes.

                 O salão   estava  repleto, a  frente um palco e um quadro negro, aonde faziam inúmeras anotações, vários conferencistas sentados aguardavam sua vez de se pronunciarem, ao que parecia..

                    A coisa ia longe. Dr. Bertoni era um deles que explicava a forma de distribuição das verbas arrecadadas pelo IBRA e repassadas pelo governo federal a CONTAG e outras entidades.

                   O padre Francisco me apresentou para varias pessoas, era gente que entrava e gente que saia, que resolvi sentar perto de um grupo enquanto Chico se entrosava com os outros, eram todos religiosos de todas as categorias e espécies e de todo os lugares do planeta, ali estavam alemães, italianos, espanhóis, holandeses, e muitos outros a discutirem não sei o que, foi quando um deles em um péssimo português me perguntou:

                  --Você esta aonde?
                   --Eu vim com Padre Jentel e estamos no Araguaia.
--Mas que ótimo, quero conhecer Jentel.
--Já ele aparece por aqui e você de onde veio?
--Da Itália.
--Tem visto permanente – perguntei meio desconfiado.
--Não padre, nós padres não precisamos, eu vim fazer um curso de doenças tropicais e espero ficar por aqui para sempre, ninguém pede documento para padre não é verdade?
--Sim até hoje, não ouvi ninguém nem perguntar de onde vêm os padres.
--Pois então não há perigo.
--Claro que não – seria melhor me comportar como um deles antes que desconfiassem.
--Dankmar – me chamou o padre Jentel chegando junto com outros homens -- este aqui é o nosso encarregado na “Caritas” ele foi muito perseguido pela revolução, esteve preso e foi muito torturado, mas agora esta bem.

--Espero que continue tudo bem contigo – respondi apertando a mão do homem.

                   Outros me foram apresentadas eram as natas que a revolução andara atrás, a maioria era lideres sindical do nordeste.      Fiquei preocupado afinal o que fazia aquele povo ali todo reunido? Jentel me deixou em outra saleta pequena e perto de uma geladeira cheia de cerveja, era o que me estava faltando e logo fiz companhia para outros dois ali sentados quando chegou um terceiro procurando:
--Sabe-me dizer onde estão fazendo vales?
--Não, não sei. - mas a ideia não era de todo má.
--Amigo de Jentel? – procurou um deles.
--Sim, estamos juntos. (afinal meu padre era famoso mesmo) e vocês são daqui do Rio?
--Não eu sou Búlgaro e este é italiano, mas já estamos no Brasil a mais de dez anos.
--E daqui vão para aonde?
--Não sabemos ainda, mas tanto faz.
--Com licença vou procurar Jentel. – me desculpei e sai achei Jentel conversando com Bertoni que nos procurava para dar uma carona de volta ao Rio.
--Dr. Bertoni vai nos levar até o Hotel, vamos?
--Porque não – respondi afinal eu estava doido para sair dali.
                   Logo seguíamos de volta ao Rio de Janeiro, íamos a um carro grande, nunca mais esquecerei aquela experiência.        
                   Voltamos para Mato Grosso, eu e o Chico.
 
Os resultados não se fizeram esperar,
 
                   E numa tarde chuvosa um avião monomotor sobrevoou Luciara, no intimo eu sabia que era a Codeara.
                 Meia hora mais tarde entrou na Prefeitura o Dr.Olímpio Jaime, advogado de Goiânia e muito amigo de Liton e meu conhecido, não se fez de rogado foi entrando direto gabinete adentro, aonde eu conversava com o prefeito.
--Boa Tarde meus amigos como vão passando?
--Muito bem doutor, que bons ventos o empurram para Luciara?
--Bons ventos nada Liton, o pessoal da Codeara estão fulo de raiva com vocês porque fizeram aquela carta para a SUDAM.
--Mas porque doutor?
--Vocês embananaram a vida deles agora estão com todas as verbas suspensas e me mandaram aqui para acertar a doação e levar um ofício seu dizendo que aquela carta foi um equivoco ou um mal entendido.
--Você tem que acertar com o Dankmar, ele quem fez a carta, só ele resolve, quem começou isto tudo foi ele e só a ele cabe a resposta.- sintetizou Liton.
--Marque o dia da doação o mais rápido possível e eu levo a carta em mão assim que receber a escritura eu a assino e entrego para eles - respondi.

                   Dr. Olímpio Jaime olhou para o Liton como a perguntar e agora? Como fica? Liton simplesmente abriu os braços como a dizer eu não sei fica do jeito que está.

--Tudo bem – interveio o advogado – de hoje a quinze dias a reunião será em São Paulo na sede da Codeara e o Doutor Murat exige que o prefeito vá pessoalmente.

--Nada feito, eu não vou ele vai – terminou Liton apontando para mim.

                   A conversa se prolongou até bem tarde da noite e ficou tudo acertado, dia e hora para doação e a entrega da carta. No outro dia cedo o advogado voou rumo a Capital de Goiás.

 

Finalmente a doação.                 

No dia anterior ao marcado eu já estava em São Paulo, e como não tinha boas recordações do escritório da Codeara, ligue para o IBRA e pedi a interveniência do Dr. Roberto Canot de Arruda, então supervisor do IBRA para que arrastasse a reunião para sua esfera, lá no IBRA eu estaria seguro e assim foi feito e ficou marcada para as 14.00 do dia seguinte.

                   Cheguei ao IBRA exatamente na hora aprazada, quando Dr. Roberto me procurou:

--E o prefeito não veio?

--Não, eu mesmo é que vou resolver isto.

--O Doutor Murat hoje vai perder a criança.

--Farei tudo para ajudá-lo – respondi  – vamos lá.

--Chegaram todos, já estão esperando.

                   A porta se abriu e eu entrei de pasta na mão, cumprimentando todos os presentes.

--Boa tarde senhores. – achei uma cadeira vazia bem longe do Murat e me sentei.

--Mas, e o prefeito?  Porque não veio?

--Infelizmente são muitos os afazeres e ele me delegou, desde o inicio, poderes para representá-lo como o Senhor já sabe Doutor Murat. Mas se o senhor insistir em brigar eu posso me retirar e fazer meia volta para Mato Grosso – terminei secamente.

--Nada disto, já que estamos todos reunidos vamos terminar esta história o General esta ansioso esperando o resultado no Rio e eu tenho que ligar para ele.

--Por mim esta tudo bem peço apenas que leiam a minuta e em seguida a escritura se estiver tudo de acordo terminamos em um segundo -  enfatizei.

--Se me permitem vou ler o conteúdo da minuta e do livro de registro, não é muita coisa – falou um simpático senhor de boa idade, sentado em frente a um monte de livros.  E fez a leitura por duas vezes. Era exatamente o combinado no IBRA - Rio agora eu sabia quem estava com a minuta e terminou dizendo – é isto senhores e esta pronta para ser assinado, primeiro a Codeara assinaria, depois a Prefeitura e a seguir o representante dos posseiros e demais da diretoria do IBRA e CODEARA. – terminou e ficou olhando como a pensar “quem vai ser o primeiro?”.

                   O Doutor Murat mostrou intenção de relutância foi quando Doutor Seixas interveio:

--Se  você quiser, eu assino primeiro.

--Ora bola – resmungou o Diretor Presidente e pegando sua caneta assinou e empurrou o livro para o tabelião que passou para mim que assinei duas vezes, por mim e por Jentel e a seguir todos assinaram - está terminado, agora queremos o oficio insistiu Murat.

--Mas, eu quero a escritura, só vou lhe dar o oficio depois que me entregarem a escritura - respondi.

--Nós vamos mandar a escritura pelo correio – insistiu o nervoso Doutor.

--Não é preciso, Senhor Dankmar o senhor vem comigo até o Cartório eu lhe entrego a escritura ainda hoje, posso lhe garantir – amenizava o cartorário.

--Eu confio no senhor – dizendo isto tirei o envelope da pasta, abri e assinei embaixo da assinatura do prefeito e entreguei ao avexado Dr. Luiz Gonzaga Murat.

--Tudo bem – dizendo isto, levantou-se e saiu sem se despedir de ninguém.

Agradeci a todos, especialmente o Dr. Roberto, um grande homem e fui com o simpático senhor rumo ao cartório Medeiros e pouco depois de duas horas e meia recebia a escritura pronta. Agora era só voltar para Mato Grosso, mas desta vez eu ia só, mas com a missão cumprida.

                   Passei por Barra do Garças e registrei a escritura no Cartório de Imóveis e fui para Luciara

                   Finalmente estava tudo sacramentado, mas, comecei a pensar em Jentel “já que esta briga acabou logo ele vai arranjar outra, e arrumou mesmo”.

                   Missão cumprida o resto agora era com o prefeito.

                   Ao chegar a Luciara a noticia correu “a doação fora feita”, no mesmo dia o Padre chegou e só acreditou depois de ver a escritura e o registro o padre deu um suspiro profundo que eu nunca pude entender, seria alivio ou uma decepção por uma briga que acabava, mas ele como que adivinhando meus pensamentos disse:

--Se você pensa que a briga acabou está muito enganado ainda faltam doar a área da cidade de “Saint Terezin”. E lá em baixo no Araguaia a coisa esta esquentando, o Padre Pedro, já está lá.

--Calma padre, da uma folga, deixa esta briga lá pra longe.

--É, mas não vai ser fácil você vai ver... - e virando as costas lá se foi o padre rumo a “Saint Terezin” ou Saint Denise “sei lá”.

A Prefeitura se saiu bem, mas a Câmara Municipal de Luciara  estava as voltas com um seríssimo problema, a demora na aprovação do zoneamento urbano da sede do Distrito de   Santa Terezinha e, este impasse causou graves danos como veremos...  

                 A cabeça do padre já ia maquinando novas encrencas e isto fez com movimentasse a sua massa conscientizada, Santa Terezinha parecia um formigueiro humano.                          

                   Os associados se reuniam constantemente em assembleias e deliberavam muitas melhorias. A força da união os mantinha coesos. Estavam bem “conscientizados”.               

                  O processo de desapropriação da cidade de Santa Terezinha tramitava na sua fase final e a Codeara já havia elaborado um plano urbanístico da futura cidade, nos traçados velhos, pouca coisa seria respeitada. O Padre Jentel, também elaborou um projeto urbanístico da nova cidade respeitando os velhos traçados para não prejudicar os moradores antigos e este tramitava na Câmara de Vereadores de Luciara.      

                   Só que ai não se sabia mais qual prevaleceria, o que o Padre apoiava o qual respeitava o velho traçado ou o que a Codeara apoiava e que não respeitava quase nada.

                   Nestas alturas dos acontecimentos o padre Francisco resolve construir um ambulatório para os pobres, e escolhe um local que pertencia ao velho traçado da cidade, isto é, ficava em uma esquina na divisa dos dois traçados. Para a Codeara a construção ficava no meio de uma rua nova, para o Padre Chico não ficava e para a Prefeitura tanto fazia, estava armada a confusão.

                   Teimoso, sem escutar as advertências da Codeara que já queria mandar na cidade, pois julgavam que as terras eram suas, enquanto que o Chico achava que aquilo pertencia ao povo, e não deu ouvido e mandou começar a construção.

                   Novas advertências foram feitas e não ouvidas, o que o padre queria era fazer a obra e os alicerces subiam.

                   Um dia a Codeara mandou um monte de homens e um trator de esteiras, derrubaram tudo, abriram um buraco no chão e enterraram os escombros, cobriram de terra e alisaram o chão não ficou nem sinal do ambulatório. Nada restou.

                   Manoel Quitandeiro, um dono de venda em Santa Terezinha, havia trazido de Anápolis – GO. Um construtor para fazer os serviços, era crente, e com ele vieram vários parentes. Roberto era seu nome.

--Seu Manoel – dizia o crente – a coisa parece que vai ferver e eu sou crente e não posso me meter em confusão, acho que vou largar tudo e dar no pé.

--Que nada seu Roberto, isto ai num dá nada, vá ganhar o dinheiro do padre, homem...

--Mas pelo o que eu estou vendo vai sair chumbo voando por ai e este bichinho não tem endereço certo...

                   O Padre estava revoltado, neste mesmo dia convocou uma reunião geral. Era em 11 de fevereiro o dia da Grande Reunião.

                  O velho casarão fervilhava de posseiros, estavam em “Assembléia” era cerca de quatorze horas quando começaram:

--Estávamos construindo um ambulatório para vocês, e este dinheiro gasto era de vocês mesmos resultados da Cooperativa, mas a toda poderosa Codeara não deixou e destruiu tudo, vocês sabem muito bem, agora eu pergunto: Fazer o que? Construir de novo?

--Sim vamos construir de novo – era a voz geral.

--Mas agora há o risco de uma agressão maior e vamos ser necessários nós reagirmos, vocês estão de acordo?

--Sim estamos todos de acordo vamos prosseguir e resistir.

--Então amanhã cedo, todos com as ferramentas que tiverem pás, enxadas, picaretas e vamos trabalhar para nos preparar para recebê-los.

                   E assim, no outro dia quase cem homens trabalhavam sob a orientação de Jentel, uns abriam as valetas que serviriam de trincheiras, outros enchiam sacos de areia e os empilhavam fazendo um muro, alguns preferiram abrir buracos nas paredes das casas vizinhas cujos proprietários se evadiram, a noticia correu ligeira e a Codeara tomou conhecimento do que o padre estava fazendo e solicitou em Barra do Garças a vinda de policiais militares. Enquanto isto os candidatos a guerrilheiros também levantavam as paredes do ambulatório, os crentes ficavam com um olho na colher e outra na entrada da rua. As mulheres preparavam a comida e levavam para os homens nas trincheiras e assim ficaram por vários dias e nada da policia aparecer. Até que numa quinta feira o vigia lá do campo deu o aviso “A Policia chegou”, mas nestas alturas muitos dos posseiros tinham saído, mas chegavam os índios Tapirapés para ajudar. O Povo de Santa Terezinha torcia pelo Padre.

--Vamos aguardar até chegarem bem perto e deixem-nos começarem.      

                   Não demorou muito a apareceram duas caminhonetes cheias de soldados e trabalhadores da Codeara e vinha também um trator de pneus com uma lamina na frente, quando chegaram junto da construção pararam a comitiva e o capataz Silveira pulando de cima do trator no chão, gritou.

--Estão escondidos ali atrás vamos pegá-los.

                   Foi a conta para começar o tiroteio, armas de todos os calibres e marcas de fabricação caseira começaram a cuspir chumbo, o primeiro atingido foi o Silveira bem no dedo da mão, o segundo foi o tratorista, ambos desapareceram  num instante. Na caminhonete da frente vinha o Capitão Moacir comandante da Policia Militar que diante da surpresa de tanta bala teve que abandonar a viatura escorando no soldado Amaro e nos dois crentes, mas deixou dentro do carro sua bolsa e sua arma Bereta.

                 Foi uma debandada doida a Policia não pode reagir porque não via ninguém em que atirar e tentaram ir buscar a caminhonete do Comandante que ainda funcionava, mas quando um pretenso herói se aproximava uma chuva de bala o fazia voltar. O carro apagou porque acabou a gasolina e com a vinda da noite á coisa se complicou.

Resolveram esperar o dia amanhecer.

E no outro dia quando a policia voltou não encontrou mais ninguém e nem o Padre Jentel que tinha fugido para Goiânia.

                 O Padre Jentel foi preso e posteriormente expulso do Brasil, e quando da busca que o exercito deu na Prelazia de São Félix do Araguaia, por estar o Bispo envolvido com os guerrilheiros de Xambioá, acharam a arma do Capitão Moacyr pendurada na parede com etiqueta. “Lembranças da guerrinha de Santa Terezinha”

                   O Padre François Jaques Jentel, nasceu a 29 de agosto de 1932 na cidade de Meriel, na França e já estava com 32 anos quando chegou como padre na aldeia Tapirapés no encontro das águas do rio Tapirapés com Araguaia.

                  Fiquei sabendo depois que o Padre François Jaques Jentel, ou Padre Chico ou ainda Padre Francisco, ou Padre Pranxiko, foi preso acusado de subversão, e conduzido para o Quartel Militar em Campo Grande, levado a julgamento no dia 21 de maio de 1974 foi absolvido pelo Superior Tribunal Militar. Já em liberdade voltou à França para visitar sua família ao retornar para o Brasil em 19 de dezembro de 1975 foi novamente preso amarrado pelos testículos (assim me contaram) foi deportado para a França num decreto assinado pelo Presidente Geisel e o Ministro Amando Falcão isto em Janeiro de 1976. Morreu na sua terra natal de hemorragia interna no dia 01 de janeiro de 1979, três anos depois de sua expulsão no seu exílio onde sempre sonhava voltar ao Brasil.         

                   Boas lembranças e muitas saudades de um matreiro rebelde e simples padre e grande amigo que viveu para os pobres e índios entre e eles como um deles, era a sua vida, ali guardava a sua alma e seu coração...

               Um dia na sua humildade ele me disse:

 ”Cristo veio ao mundo porem muito pobre, pequenino e aparentemente fraco, mas tinha em seus olhos a Luz do Céu”.  E...

“Virar as costas aos pobres é o mesmo que virar as costas para Deus”.                                                

                 Boa caminhada Pranxiko, vá com Deus...

                             Breve nos encontraremos...

                                                          §                              

Ditado á época...

“Se peão fosse bala e rapariga fosse fuzil  Santa Terezinha ganhava qualquer guerra no Brasil”.

            

    Ofereço este poema ao “Padre Chico”, meu grande amigo e protetor dos pobres, peões, posseiros e índios.

 

Peão do trecho...

 

Estrela solitária do nordeste
Tens a sina do deserto,
Sem rumo, sorte relegada,
A terra prometida?
Jamais a verá por certo,
 
Peão do trecho, sem destino,
Resto de migrante perdido,
Andas e andas sem parar
Caminheiro sem rumo definido,

Na mata, braço forte, o machado,

Lenha a arvore com fervor,
Na alma pobre, maltrapilho,
No rosto tristeza estampada,
lembra a mãe que chora o filho,
Lembra que é apenas o pó da estrada!
                                                                          
Sua alma inquieta agoniza,
Lembrando seu rincão natal,
Dentro desespero enfada,
No álcool, sua dor suaviza,
Com o sabor insípido do sal,
Lembra que é o pó da estrada!

 
A violência tal espinho,
Fere a carne, solta a vida,
No chão a taça derramada,
Vermelho o sangue tal vinho,
Mancha o pó da estrada...

 

.


 

                    *

                                       

Retornando ao Município de Luciara MT.

 

Formação geológica:

 

                  Terrenos arcaicos aliados a coberturas não dobradas do Fanerozoico da bacia quartanária do da Ilha do Bananal com coberturas dobradas do Proterozoico com Granitoides associados. Complexos metamórficos indiferenciados envolvendo a Serra do Roncador e a Bacia quartanária do Araguaia/Ilha do Bananal e sua depressão que envolve o rio Tapirapé, Rio Xavantinho, rio Crisostemos, Lago dos Veados, Rio Sabino, Rio Gameleira, Rio Salobro um e dois, Rio Corgão e também todos os afluentes menores, são resquícios básicos formadores do extinto mar de “Araés”, cujo berço da bacia hidrográfica é o Vale do rio Araguaia/Tapirapes, que brindam a região com seus sítios arqueológicos riquíssimos, mas ainda inexplorados como os de Nova Floresta (Porto Alegre do Norte MT), Serra do Urubu Branco, e Lago dos Veados.

 

Localização geográfica:

            “Coordenadas: 11° 05’ 25” latitude sul e 50° 37’ 49 longitude Oeste Gren. Situa-se a NE da Capital.. Pertence à Meso Região 128; nordeste Mato-grossense, Micro Região 526: Norte Araguaia.

Limites: Luciara limita se com os municípios de Santa Terezinha, Porto Alegre do Norte, São Felix do Araguaia, Canabrava do Norte e Ilha do Bananal (Estado de Tocantins) e sua formação geológica: 

 

Faixa Amazônica:

Complexos metamórficos arqueanos com traços pré - colombianos indiferenciados.

Altitude: nível do mar- 200 metros acima.

Elevações moderadas: Serra do Zeca Barros, Morro da Mata da Jiboia, e morro do Santo Antônio, Relevo do Lago dos Veados --                        

Bacia Amazônica e Tocantins – Grande depressão vale dos rios Araguaia e Tapirapes e Planalto do Roncador berço do extinto mar de Araés. Teia fluvial de rios, lagos, lagoas e afluentes: Rio Araguaia, Rio Tapirapés, rib. Crisostemos, rio Sabino, rio Gameleira, rio Salobro, rio Corgão, Lago dos Veados, Lago do Fontoura, rio Liberdade ou Fontoura, rio das Mortes, Lago de Pedra, Lagoa da Gaivota, Lago dos Patos, Lago Redondo, Rio Xavantinho Um e Dois, Lago do Jaraqui, Lago dos Tapirapes, Lago do Jatobá, Lago da Tartaruga, Lago do Pacu, Lago do Oscar, Lagoa das Perdidas. Lago Pereira, Lago do Oiti, Lago Redondo, Lago dos Tapirapés, Lago do S, Lago do Chico Preto, Lago do Pelego, Lago do Romiltom, Lago da Jiboia, Lago do Atolador, Lago do Jaburu, Lago do Padeiro, Lago dos Quarentas, Lago da Piranha, Lago do Cocho, Lago do Jatobá, Lago do Maxixe, Lagoa Redonda, Lago do Jacaré, Lago das Éguas, Lago da Curica, Lago Vermelho, Lago da Canoa; Lagoa da Gaivota e Lagoa junto da sede.

 

 

Vegetação predominante...

 

                 Há que se notar a pouca diferença de vegetação, tipo de solo e características predominante entre os municípios de Canabrava do Norte,/ Porto Alegre do Norte,/ Confresa,/ Luciara e Santa Terezinha Todos agregados e em torno da mesma fralda da Serra ou planalto do Roncador e pertencentes à mesma bacia Hidrográfica e filhos do Extinto mar de “Araés”, ou planície do rio Araguaia. Dai talvez, a semelhança físico-química./geológica.#*

                  O município de Luciara se caracteriza por quatro tipos de vegetação, campos e várgeas alagadiças, cerrado, mata de transição e mata equatorial, devendo-se incluir entre meios “Matas de Cocos Babaçu” com ricas presenças de palmeiras “Bacabas”.O tipo de vegetação predominante na área é o campo limpo e o campo com murundu, ou cerrado ralo, (primeiro estagio) sendo estes formados por graminoides e em boa parte se expressam as comunidades hidrófilas representadas por um mosaico de campos e várzeas inundadas, isto, na maior parte da área acontece em decorrência da estrutura sedimentar dos terrenos que exibem em sua superfície não mais do que trinta centímetros de matéria orgânica e depois estagiam, na segunda camada cerca de um metro de areias quartzares e seguidamente, no terceiro estagio, ainda na superfície cerca de um metro e meio abaixo do nível do solo encontram-se aproximadamente um metro de areia manteiga, ou argilosa que uma vez encharcada retém a água das chuvas fazendo-as voltar à superfície onde se estacionam com um volume de dez centímetros sobre o solo salpicado de montículos (cupins ou manchões) onde se desenvolvem arbustos tais como Murici, Lixeira, Oiti, Mangaba e outras nesta unidade foram englobadas indiscriminadamente vegetação campestre arbóreas de várzeas alagadas periodicamente embasadas pelos Buritizais e Buritirana, correspondem a 45% da região, para suprir esta anomalia muitos agricultoras abrem caneletas nas lavouras a fim de drenarem as água retidas, mas com esta atitude fazem baixar o nível superficial das águas e as fontes passam a secar e os veios de água se perdem nas profundezas da terra seca. Seguidamente temos o Cerrado do tipo mais fechado e menos degradado de maior densidade e altura (segundo estagio) e correspondem a 36% da região, mas tem os mesmos percalços de composição orgânica e de retenção de água.

                 .Na sequência predomina em boa parte da região a/Mata em transição Semi densa definida com extrato dominante arbóreos de 4-8 m, com cobertura de copa em torno de 25%%, extrato arbustivo de 1-2m, e extrato herbáceo composto principalmente por gramíneas (terceiro estagio) correspondem a 13% da região, Finalmente as Matas Altas ou Florestas Equatoriais, que circunda os Morros e Colimas e Terras altas correspondem a 06% da região, (quarto estagio) mas se misturam na identificação das Florestas Estacionais Semidecidua Mista, neste caso, o extrato dominante é composto por arvores cujas copas esgalhadas são nitidamente mais espaçadas dominando assim o extrato arbustivo denso e baixo recobertas parcialmente de cipós e tiririca em especial nas matas alagadiças ou florestas pluviais Perenifólias Hidrófilas. - Sedimentos: Em grande parte do Município encontram-se areias vermelhas, amarelas, quartzares e areias marinhas, as manchas de solo hidromifricos se fundem ao sistema argiloso sedimentar. As areias marinhas conhecidas como areia manteiga predomina em meio aos barros pretos argilosos e aos tremedais que procuram acomodação secular.   

                 Em outras partes do município o subsolo numa profundidade de um metro a um metro e meio se encontra grossas camadas de pedras vulcânicas mais conhecidas como pedra canga que carreiam uma boa quantidade de oxido de ferro.                

                                                      *

.Demonstrativo das áreas

      Total da área do município..............................4.243 Klms²

 

Total de área do Município.............................424.300,00 hectares

Total área quatro Reservas indígenas............... 33.905,26 hectares

Areá  total remanescente .................................389.494,74 hectares

  Área reserva aproximadamente 08% da área total município.

 

Res. Cacique do Fontoura-................................  3.481,25 hectares

Reserva de São Domingos.R.CRI-SPU............. 5.723,62 hectares

Res. Tapirapés/Karajas (37,1% da área)............24.695,39 hectares

Doação Torrão dos Karajas............................. ..   005,00 hectares 

Total das Reservas.............................................33.905,26 hectares

 A reserva indígena Cacique Fontoura é de 32.069,00 hectares (homologada e Registrada no CRI e SPU) porem apenas 32.481,25 hectares, ou aproximadamente 10.9% da reserva total adentra no município de Luciara.

 

A reserva indígena Karaja/Tapirapé é de 66.531,00 hectares (homologada Registrada no CRI e SPU) porem apenas 24.695,39 hectares, ou aproximadamente 37.1%  da reserva total adentra no município de Luciara.                                                      

Totais no pressuposto da Reserva Ecológica (não aprovada).

Reserva Ecológica............................................ 198.000,00 hectares

Reservas e doação  indígenas..........................   33.905,26 hectares

Total..55,66% da área do município..................231.905,26 hectares

Área do município ..........................................  424.300,00 hectares

Área remanescente...........................................  192.394,74 hectares

                                               §

Cópia autentica.                                                   

ÍNDIOS TAPIRAPÉS E A PARTICIPAÇÃO DE LUCIARA.


Professora Dra. Sílvia Lúcia Bigonjal  Braggio

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Letras da UFG – Universidade Federal de Goiás. Bolsista do CNPq, membro do Grupo de Educação e Línguas Indígenas da UFG, participante do Projeto LIBA – Línguas Indígenas Brasileiras Ameaçadas*.

 Em seu trabalho publicado na Internet sobre os índios Tapirapés a Professora relata a participação de Lucio Pereira Luz na ajuda a aquele povo sofrido e perseguido por outras nações indígenas hostis, vejamos:*Entretanto, com a penetração do rio Araguaia pelas frentes colonizadoras, em meados do século XIX, pequenas cidades ribeirinhas foram sendo criadas e povoadas por migrantes vindos do nordeste brasileiro. O rio Tapirapé passou então a ser explorado e uma expedição que estava à procura de caucho (um tipo de seringueira) chegou até aos Tapirapé por volta de 1910, causando-lhes grandes perdas populacionais, Anteriormente, Wagley (1988) calculou que, no início do século, esse processo éra preciso lembrar que, em 1935, ano da primeira visita de Baldus, eles somavam apenas 130 pessoas e, 12 anos mais tarde, em1947, havia somente 59 Tapirapé. Acrescia, ainda, a esta dura realidade, imposta pelos colonizadores, ataques desfechados por guerreiros Kayapó, que vinham até Tapi’ itãwa e raptavam mulheres e crianças, incendiavam casas e também matavam pessoas. Depois de um desses ataques, ocorrido em 1947, a população Tapirapé se dispersou. Uma parte dos sobreviventes foi acolhida por Lúcio da Luz, criador de gado na região. O Serviço de Proteção aos Índios (SPI) conseguiu então convencer esse grupo a se mudar para a Barra do rio Tapirapé, onde estava instalado o Posto Indígena Heloísa Alberto Torres e a aldeia Itxala, dos Karajas. Em 1950, foi construída uma aldeia próxima ao posto, denominada Orokotãwa pelos Tapirapé (‘Aldeia do Urucum’). Em 1952, quando as Irmãzinhas de Jesus (religiosas católicas de origem francesa) chegaram, os Tapirapé estavam reduzidos a 47 pessoas. Diante de novas mortes por sarampo e pneumonia, as freiras iniciaram um trabalho de atendimento à saúde que possibilitou o crescimento populacional desse povo. Aos poucos, eles conseguiram reorganizar a sociedade e retomar seus rituais.

                             *

EDUCAÇÃO.

 

Escola Municipal de 1º Grau São Bento – Alunos matriculados.

(Escola Mun. de 1º Grau anexada a São Bento)...................60

Escola.Municipal de 1ºGrau Raimundo de Pano alunos...

matriculados...................................................................... .... 68 

Total Escolas Municipais, alunos matriculados ....................128

 

Creche Municipal “Pequeno Polegar” atendendo a 71 crianças.

Grau de atendimento –Nível 09 (Muito bom)

 

Escola Estadual de Ensino Médio Juscelino Kubitschek

alunos matriculados.............................................................178

Escola Estadual de Ensino Fundamental. Humberto Castelo Branco,

alunos matriculados  ............................................................325  

Escola Estadual (Luciara - Carajás) Indígena Hadori, alunos

matriculados............................................................................78 

Total alunos Escolas Estaduais...............................................581

 

Total Geral de alunos matriculados em Escolas Municipais e Estaduais de Luciara no exercício de 2013......... .............709

(setecentos e nove alunos matriculados)

Grau de Escolaridade.... nível  09 (Muito bom).

Universidade Federal de Mato Grosso UNEMAT - Ativa.

                                 §

 

SAÚDE

 

A Saúde em Luciara e regiões em torno pedem socorro em decorrência das doenças que correm o risco de serem adquiridas por águas contaminadas a exemplo do liquido coletado recentemente em especial no rio Tapirapés e em outras regiões adjacentes, incluindo-se separadamente o rio Araguaia as quais analisaremos em separado: Rio Tapirapés e em torno. Grupo de doenças: 01-Transmitidas pela via feco-oral, (organismo patogênico agente causador da doença é ingerido) DIARREIA E DESINTERIA COMO CÓLERA E A GIARDIASE, LEPTOSPIROSE. AMEBIASE, HEPATITE INFECCIOSA E ASCARIDÍASE; 02-A falta de água e a higiene pessoal: INFECÇÕES NA PELE E NOS OLHOS, COMO TRACOMA E O TIFO RELACIONADO COM PIOLHOS E ESCABIOSE; 03-Associado à água ciclo vital quando o agente infeccioso ocorre em um animal aquático (patológico-penetra na pele ou ingerido) ESQUISTOSSO-MOSE; 04-Transmitidas por vetores que se relacionam a água (doenças propagadas por insetos que nascem na água ou picam perto dela) MALARIA, DENGUE, E FILARIOSE.  Apêndice: A presença de Coliforme Total e Fecal indica a necessidade de tratamento da água. As amostras coletadas no rio Tapirapés apresentaram elevado índice não atendendo aos padrões estabelecidos pela portaria 518/MS/2004 O parâmetro Bacteriológico de Coliformes totais foi superior a 200 (colônias) e termo tolerante (fecais) 200- Unidade -UFC. (data da coleta FUNASA 02.02.2005.) Nota de alerta OBS: No Rio Araguaia, junto a Conceição do Araguaia: foi constatada a presença de bactérias que tem  os caramujos como hospedeiros e ali proliferam seus ovos que contaminam as águas  se  desenvolvendo ao estagio de bactérias aptas a contaminarem banhista incautos, lavadeiras de roupas e ainda os pescadores transmitindo o GLAUCOMA, doença do olhos que leva a cegueira e  não tem ainda cura,  estes agentes foram identificados e catalogados a cerca de dois anos atrás, no baixo Rio Araguaia e que geraram sérios danos aos ribeirinhos tendo causado várias cegueiras permanentes. A população foi orientada a se afastar dos banhos no rio por um determinado e longo período enquanto as autoridades sanitárias estudavam recursos para combater o predador. Não se registraram novos casos. 

Registre-se que casos de Dengue em Luciara têm sido raríssimos, portanto considerado praticamente erradicados.

Os dados acima se aplicam especialmente ao Rio Tapirapés como o mais comprometido e possivelmente nos rios e lagos da região a ele afetos em decorrência da expansão de vetores e a proliferação de micro organismos tanto em plantas aquáticas como por espécime animal viva.

Outros como o rio Araguaia e seus afluentes as analises espectrográfica atende quase na totalidade todos os padrões estabelecidos pelo CONAMA.

Verificar folhas seguintes em ÁGUA POTÁVEL.

Tratar aspectos saúde/doença/mortalidade Sem Registro Oficial.

Mortalidade Infantil - índios e não índios. SRO - Sem Registro Oficial- item prejudicado pela falta de informação.

Atendimento médico Hospitalar. -Vistorias periódicas- atendimento dentro da ponderabilidade normal e nos procedimentos a casos emergenciais - ótimo.

                    *

Posto de Saúde da Família PSF.

Posto de Vigilância da Saúde (Sanitária)

INDEA MT - Luciara.

 01- Médico Clinica Geral Especializado  -  02 - Enfermeiras padrão

PSF- Posto de Saúde da Família. Com distribuição de remédios para pessoas carentes. E outras dependências em pleno funcionamento – (Prédio do Hospital Regional) 

 Posto de Vigilância da Saúde da Família e animal em completa cooperação com o INDEA.

 Ver relação de vacinação animal seguir:

 Propriedades Urbanas e Rurais- Luciara MT - 2013/2018.

Animais/vacinações e assistências. Refazer em 01.12. 2021.

INDEA-MT. - LUCIARA – Instituto de Defesa Agro Pecuária.

 

Município 510330 - Luciara MT.

Atualizar cadastro em dezembro de 2021.

Setor 01 – Cadastro..................................2017.

Propriedades vacinadas....................288.....263

Propriedades não vacinadas.................0......003

Propriedades sem animais..................91.....?

Proprietários atendidos.......... ..........277 ....269

Propriedades com Bov/Bub......  ..........0 ....?

Propriedades  com Bovinos......  ......284......269

Propriedades com Bubalinos......  ........0.....?

 

 TOTAL DE REBANHO VACINADO NO SETOR 1-2019

Atualizar cadastro em Dezenbro de 2021.

02 Bovinos...............00 a 04  meses     fêmeas........1.784

02 Bovinos...............00 a 04  meses     machos.......1.829

02 Bovinos..............04 a 12   meses     fêmeas........4.345

02 Bovinos..............04 a 12   meses     machos.......3.837

02 Bovinos..............12 a 24   meses     fêmeas........5.207

02 Bovinos..............12 a 24   meses     machos ......2.343

02 Bovinos....... ......24 a 36   meses     fêmeas........6.066

02 Bovinos......... ....24 a 36   meses     machos..  .. 2.654

02 Bovinos........... .   .. +36   meses     fêmeas ......22.394

02 Bovinos........ .......  .+36   meses     machos........1.943

Total........................................................................52.402            

Rebanho Bovino atualizado............................ 26.09.2020..

Existente...................................................................41.698

Vacinados.................................................................41.600      

OUTROS ANIMAIS . Não atualizados. em 2020-

Atualisar em dezembro de 2021.

04 Caninos..............fêmeas............. ......161

04 Caninos..............machos...................222

Continua....           Total..................... . .383

05 Caprinos............fêmeas......................50

05 Caprinos............machos......................15

Total.............  ...   .....................................65

07 Equinos.............fêmeas.....................376

07 Equinos............. machos....................464

 Total.................................................  .. 840

09 Ovinos....... .... ..fêmeas.................. ..523

09 Ovinos.............  .machos..................  .60

Total...................................................... . 583

10 Suinos      0030  fêmeas.................. .....85

10 Suinos      0030   machos .....................62

10 Suínos      0180  fêmeas........................58

10 Suinos      0180   machos..................... 13

10 Suinos      3070.  fêmeas........................33

10 Suinos      3070   machos.......................47

10 Suinos      7018   fêmeas.......................125

10 Suinos      7018   machos....................  7

Total.........................................................430

 

11 felinos...............fêmeas.......................33

11 Felinos .............machos..... ................53

Total........................................................86

14 Asininos..............fêmeas...... ...............2

14 Asininos..............machos... ................ 3

 Total.........................................................5

15 Muar;;;;;;;;;;;;;;;;;fêmeas......................1

15 Muar.................machos............ .. ....202

Total.................. ....................................366     

30.Galinhas.............fêmeas ................4.816

30.Galinhas.............machos........... ....1.265

 Total.............. .................................. .6.081

Total Geral.........................................................8.839

 

Total Geral. 8.839 c/vacinação animais domésticos.

Total Geral 52.402 vacinação bovinos diversos.         

 

Total Geral 61.241 atendimento no período 2016.

 

TOTAL  DE PROPRIEDADES RURAIS.

Total de Propriedades  com caninos.............120

Total de Propriedade com Caprinos..............   1

Total de Propriedades com Equinos.............177              

Total de propriedades  com Ovinos............. . 13

Total de Propriedades com Suínos.... . ..........13

Total de Propriedades com Felinos.......... .....38

Total de Propriedades com Asininos................4.

Total de Propriedades com Muar........... ........94

Total de Propriedades com Galinha....... ......105

Dados coletados em 08 de abril de 2013/2014/2018

 INDEA – Luciara MT

                          *

A Serra do Magalhães.

 

                   A história original desta serra data de tempos da colonização do leste mato-grossense e não foi encontrado nenhum registro pelo autor, todavia os sertanejos destes  tempos idos insistiam na veracidade deste episodio  em que um expedicionário de nome Pimentel Barbosa que pretendia abrir um posto indígena nas margens do rio Xavantinho em suas penetrações no Estado de Mato Grosso, havia se arranchado, temporariamente,  com um grupo limitado de seis homens e dois índios Bororos que eram os guias, naquela pequena elevação junto ao rio  e teve a visita de índios xavantes mas não conseguiram consolidar um contato mais direto em razão dos índios estarem, supostamente amedrontados, em virtude do forte armamento dos caraíbas assim o chefe da expedição determinou a seus comandados que recolhessem todas as armas em caixão que depois foi cadeado. Apenas o cozinheiro ficou de posse de um facão. Os índios assim quando os  viram desarmados investiram contra eles e os mataram, note-se que relata a historia que o cozinheiro era um homem valente e lutou bravamente conseguindo matar vários índios com o facão, mas foi vencido e os índios lhes cortaram um braço e uma perna para comerem, não que fossem canibais, mas acreditavam que um homem valente igual aquele quem comesse de sua carne se tornaria também um bravo valente lutador. Os corpos foram encontrados amontoados uns sobre os outros com as bordunas ao lado, e,  Pimentel teve muitas fraturas por todo o seu corpo. Os índios Bororos não foram vitimados por que naquele dia estavam ausentes.

                   Eu pessoalmente vi nos arquivos da FBC em Brasília algumas fotografias tiradas de corpos mutilados por índios, pressupondo que fossem de outras refregas, mas que confirmavam o mesmo costume.              

                   Foram-me relatadas e confirmadas uma historia de um fato acontecido por volta da mesma época que um pesquisador de origem suíça chamado Herbert Magalhães Affer, a serviço do então SPI. (Serviço de Proteção aos Índios) por volta de 1938, esteve na vila de Mato Verde, hoje Luciara, e junto com o sertanejo Cel. Lúcio Pereira Luz, fez uma penetração às margens do rio Xavantinho para manter contatos com os índios Xavantes. Não sendo bem sucedido na primeira viagem ficou de retornar em 1939, mas só chegou em 1941 e após muita insistência o Coronel Lúcio e mais uns companheiros resolveram acompanhá-lo nesta expedição. Assim fizeram. Acamparam em um limpo as margens do rio Xavantinho tendo como paisagem ao fundo uma linda serra. Certo dia ficou no acampamento o suíço, o cozinheiro Sulino e Raimundo, Lúcio saiu para pescar tartarugas a certa distancia do acampamento, mas a sua vista. Foi quando inesperadamente os índios, que já os haviam cercado, escondidos atrás de doze touceiras de galhos e palhas e que esperavam a saída de Lúcio, atacaram o acampamento pegando o pesquisador de surpresa dormindo dentro da rede e coberto por um mosquiteiro, os golpes de lança e borduna o mataram tendo uma das lanças entrada boca adentra levando junto o pano do mosquiteiro, o cozinheiro Sulino ao ver o que acontecia correu rumo ao rio gritando pelo Lúcio enquanto que Raimundo encostado em uma arvore recebe uma pancada no ombro e corre também rumo ao Lago do rio onde estava o Coronel, este quando deparou com a tragédia deu vários tiros por cima dos índios que debandaram largando a vitima e as armas do crime, porque por força de sua cultura entendem que as armas é quem eram as criminosas. Naquela época houve sérios comentários que o Coronel era quem engendrara morte do pesquisador, mas com a vinda dos peritos do Rio de Janeiro que desenterraram o corpo e este estava incrivelmente mumificado, talvez por ter sido enterrado em terra argilosa, ficou tudo apurado que teriam sido realmente os índios que o matou. Os restos mortais foram recambiados para São Paulo. Aquela serra tão pacata por duas vezes se manchou de sangue humano, muitos homens e índios morreram e hoje se chama simplesmente “Serra do Magalhães”.

 

                                 *

A Ilha do Bananal-TO

                     Do outro lado do rio Araguaia, bem ali em frente de Luciara a Ilha do Bananal é um marco  da grandiosidade  histórica da região. Nossa irmã Ilha  que sempre nos acolheu ,ministrando suas riquezas da fauna e  da flora. O nome lhes foi imposto no ainda tempo da escravidão no Brasil. Negros  escravos fugiam de seus algozes e se refugiavam na ilha e ali passaram a cultivar seus plantios. Mais tarde ficaram conhecidos como os Avas canoeiros .Durante os anos de 1953 a 1956, o autor  e mais um amigo se embrenharam ilha a dentro a procura de lagos ainda intocados a busca de Jacaré-açu para caça do mesmos e a venda de seus couros. Devido a grande abundância destes  não era proibido a sua caça e assim.... Rememorando o passado sai em cima de uma foto minha que relata o tipo de vida que eu tinha em Luciara nos anos 1953 a 1956. Recém-casado (no civil, foi o primeiro casamento registrado em São Felix o Araguaia), Pai de duas crianças esperando as outras seis, “emprego nunca ouvi falar que existisse”, então para enfrentar a vida virei “mariscador”, nome dado aos caçadores regionais. E escolhi a Ilha do Bananal para  minhas caçadas   jacarés e onça. Arranjei um parceiro á altura do difícil trabalho e desempenho, meu cunhado Mariano e lá se fomos nós. Lago do Mamão, Lago do 47, Lago do Coqueiro Só  e vários outros.  A noite eu iluminava o lago com uma lanterna e podia contar cerca de trinta ou mais jacaré-açu, acima de três metros e meio até cinco metros, mas a cauda não se aproveitava para nada.  Nem gosto de me lembrar das eternas companheiras as piranhas que ficavam roendo em baixo da canoa que parecia nada mais do  que um caixão de defunto de tão parecidos e sofisticados, mas aguentavam. Hoje penso nestas loucuras na qual eu ficava quatro a cinco meses nessa labuta, raramente vinha a minha casa. Tudo isto para não deixar nada faltar. Mas me sai bem e ao final me sentia orgulhoso o bastante para ser feliz com minha família. Já relatei estas histórias nos meus livros,  hoje junto uma foto que estava perdida há muitos anos e  resolvi publica-la como testemunha de minha luta. Eu era magro cheguei a pesar 55 quilos. Mas sobrevivi.

Dankmar e jacaré-açu. Rio Tapirapé em 1954.

 

                                           §

             Água Potável.   

Rio Araguaia e rio das Mortes. (águas superficiais renováveis)

                   Poços Artesianos e Semi  Artesianos.

Em Luciara as águas dos dois rios ainda não se misturam totalmente embora já tenham percorrido um trecho de aproximadamente oitenta e sete quilômetros deste o encontro das águas acima de são Felix do Araguaia. O rio das Mortes passa por diversas lavouras e pode coletar resíduos de inseticidas e pesticidas, mas o longo trecho que percorre tende a dissolver e a neutralizar parcialmente tais agressivos.

Feita a pesquisa constatou-se que a mineralização da água chega a ter aproximadamente setenta tipos de minerais considerados, em sua maioria de origem atômica e perambulam pela tabela periódica, mas são extremamente necessários a sobrevivência da raça humana desde que absorvido em quantidades aceitáveis. Apenas dezesseis destes minerais sãos os mais frequentemente encontrados respeitando-se a tabela do Conselho Nacional de Monitoração das Águas.

As águas superficiais são renováveis pelas chuvas e, portanto sempre de boa qualidade, sejam de rios correntes, lagos, lagoas ou represas a exceção das cisternas que precisam de manutenção, desinfecção via “água sanitária” e limpeza anual.

*Poços Artesianos ou Semi Artesianos.

As águas subterrâneas ou veios que se atingem viam perfuração de poços, devem ser monitoradas pelos órgãos Estaduais ou Municipais e suas águas analisadas periodicamente porque podem conter minerais acima do Limite Máximo permitido pelo CONAMA, e notadamente a incidência de fósforo seja de origem litogênica ou antropogênica independente de ser animal ou mineral o fósforo tem como principal inconveniente o fenômeno da Eutrofização que proporciona a proliferação de micro organismos e consequentemente produção de toxinas  prejudiciais à saúde humana.

Existe ainda o problema de altos teores de SULFATOS e CLORETOS que são abundantemente encontrados no subsolo da nossa depressão geológica junto à fralda da Serra do Roncador e em torno, no extinto mar de Araés depressão, já comentada do vale ou planície do rio Araguaia.

Minerais estes que em elevado níveis tornam as águas salobras e mal cheirosas e nocivas à saúde, o que não é o caso de Luciara, mas mesmo assim a analise destes potenciais deve ser feita anualmente sob a custódia da METAMAT-Companhia Mato-grossense de Mineração com sede em Cuiabá que possui laboratórios fixos e de campanha para analises de águas e outros minerais e Engenheiros especializados.

 

Luciara tem seu suprimento de água potável via poços artesianos, analise já realizadas indicam como água de primeira qualidade, mas mesmo assim estão sujeitas analise química periódica *.

As águas do rio Araguaia quando em transito por Luciara carreiam um patamar de água limpa, pura e bem aceitável, o que torna um convite invejável para pratica de esportes aquáticos e turismo.

Vejamos os resultados das analises feitas em Barra do Garças e Nova Xavantina sobre as águas do rio das Mortes e Araguaia/com rio Garças e levaremos em conta o VMP_ (Valor Maximo Permitido pela portaria nº 518 MS 2005 - do CONAMA) .

Minerais mais facilmente encontrados nas águas superficiais e seus potencias:

 

                                                   VMP*

Cianeto ....................................... 0,07mgl

Chumbo .......................................0.01mgl

Cobre  ...............................................2mgl

Cromo.......................................... 0,05mgl

Mercúrio  ...................................0,001mgl

Nitrato   ..............................    ........10mgl

E. Coliformes totais e fecais. 200 colônias termos (tolerante) fecais.

Alumínio ....................................... 0,2mgl

Amônia    ...................................... 1,5mgl

Cloreto.......................................    250mgl

Dureza      .....................................500mgl

Etilbenzeno  .................................0,02mgl

Ferro          .................................... 0,3mgl

Sódio          ................................... 200mgl

Sólidos dissolvidos totais ........... 1000mgl

Sulfatos  .................................  .... 250mgl

Zinco       ...............................   .........5mgl

Tolueno  ............................... .......0,17mgl

                 Outros cinquenta e quatro minerais e variações não foram detectados, e quanto a metais pesados só ocorrem naturalmente, em coleções hídricas, em concentrações baixas, sendo que o aumento das normas é provocado principalmente, por despejos de origem industrial sem decantação e lavouras no uso dos praguicidas e inseticidas ou quando os resíduos tóxicos vão direto para o rio via águas das chuvas.

Como exemplo de água naturalmente viva temos o Lago dos Veados (foto abaixo) onde a vida aquática desponta em sua plenitude, peixes, tartarugas, botos e muito mais desfilam mansamente pelas águas e atendem ao chamado de banhistas a lhes presentear com peixes. É a natureza de volta a sua permitividades.

Muitos outros recantos maravilhosos a sua espera.

          “Eis que a estrutura física do homem é composta de água, minerais e sais, e destes precisa para sobreviver”.

                                              §

Fornecimento de Água Potável

 Lei nº 8.078. De 1990.

Art. 6º - inciso III.

A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços com especificações correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço bem como sobre os riscos que apresentam;

 Art. 31.

A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações correta, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validades e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam a saúde e segurança dos consumidores.

 A portaria nº 2.194, de 12 de dezembro de 2011 do MS, estabelece os procedimentos e responsabilidades relativo ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e da outras providencias:

 O órgão responsável pelo abastecimento de água potável em Luciara é a Vigilância Ambiental – afeta a Prefeitura Municipal.

                           *

Hospital Regional de Luciara MT. 1985/1988

Um Hospital que ainda não morreu. (PSF).

Era uma nova e difícil meta a ser cumprida, após varias reuniões com a liderança política aqui em Luciara no inicio do novo mandato de José Liton como Prefeito ficou-se decidido que Luciara, ou melhor, a região, precisava de hospital mais moderno condizente com a atualidade e estabeleceu-se que eu, Dankmar, como Secretário de Planejamento da Prefeitura seria o encarregado desta missão.

Após dias de acertos e discussões assentou-se que a nova obra deveria ser feita em dois blocos que conteriam: vinte e cinco leitos, sala pré-natal com cinco berços, apartamentos para isolamentos de doença contagiosos, sala de operação, oito gabinetes médicos, pronto socorro, pequenas cirurgias, farmácia, leitos, e instrumentais cirúrgicos operatórios inclusive Sala para Raios-X, autoclave e outras exigências necessárias.

De posse de uma procuração do Prefeito parti para Brasília e comecei a luta que durou mais de um ano e meio. Contratei um Engenheiro Arquiteto especializado em plantas de Hospitais por informação de pessoal do Ministério da Saúde e quando a planta ficou ao que eu pensava pronta, começou a via crucix.

Para ser aprovada a planta necessitaria passar pelo crivo da Engenheira Chefe do Ministério da Saúde em Brasília, e ali o osso era duro de roer. Eu encaminhei a planta a que Ela a Engenheira, me chamou e pessoalmente e colocou as cartas na mesa.

--Meu caro amigo, este corredor desta ala esta estreito em quinze centímetros e vai dar problemas com o trafego de macas. É preciso corrigir- e assim por diante tudo estava a menos ou a mais e teria que ser corrigido.

 O Engenheiro encarregado da planta teve que refazê-la quase totalmente e quando terminou a levei novamente para a vistoria e novamente foram encontrados erros nas Lages, nas portas, nas vias de acesso, nos isolamentos e nas partes elétricas

Enquanto a Engenheira fazia o laudo eu aproveitei para conversar com outros assistentes dela no seu gabinete a que um reservadamente me falou:

--Vai ser difícil meu amigo, mas... Porque você não passa o trabalho para o irmão dela?

--Ele é engenheiro? Trabalha aqui no Ministério?

--Não ele tem firma particular e é especialista no assunto e como o serviço das plantas é pago pela própria Caixa você não vai ter que gastar nada, pois será somado ao projeto, e pode acreditar que será aprovada ao toque de caixa.

--Obrigado, vou falar com ela.

--Mas reserve meu nome, não me mencione.

--Fique seguro amigo. Assim será.

Voltei à sala da nossa anfitriã e moderadamente entrei no assunto:

--Eu acho que vou mudar de Engenheiro e procurar um mais capacitado.

--È uma boa alternativa.

--Por ventura a senhora não teria alguém a indicar, já que é especialista do Ministério, deve conhecer outros Engenheiros capacitados.

--Sim pegue este cartão e procure esta pessoa e pode deixar que eu vá falar pessoalmente com ele.

--Ótimo, se possível peça a ele para me visitar lá no hotel hoje à tarde, assim já acerto os detalhes.

--Pode deixar a planta aqui eu mesma entrego a ele e explico o que tem que fazer e agora me de seu telefone e o endereço do hotel.

Passei os dados agradeci e me retirei, sabia que agora a coisa ia funcionar.

E funcionou mesmo.

Naquela mesma tarde um senhor de boa idade e ótima aparência me procurou no hotel e era ele o irmão de nossa querida chefa. Conversamos sobre tudo e acertamos os detalhes e passei a ele a autorização de trabalho em nome da Prefeitura. Estava tudo sacramentado, restava agora aguardar.

--O senhor Dankmar pode aguardar aqui mesmo no Hotel que nestes próximos dias eu retornarei com tudo pronto e as plantas vistoriadas.

Mas, eu já começava a me aborrecer com tanta correria.

Nos próximos cinco dias nos encontrávamos diariamente sempre entremeados de umas rãzinhas ao ponto, até que finalmente chegou o dia e ele já trouxe a planta devidamente aprovada com toda documentação. Valeu a pena os drinques e as rãs ao ponto que gastei.

Restava agora arranjar verba para a construção.

Quase fiquei careca de vez, mas uns deputados amigos incluindo especialmente Ricardo Correa e Humberto Bosaipo intervieram a nosso favor na Caixa Econômica Federal que tinha verba para esta finalidade e acabaram cedendo, restava agora descobrir uma firma que deveria assumir a construção, fizemos uma licitação e acabou vencendo uma firma de Belo Horizonte de propriedade do Engenheiro Mario Oscar.

Chegando a Brasília Mario Oscar assumiu toda responsabilidade da primeira etapa da construção. Isto é toda estrutura básica com cobertura, mas sem acabamento o que estaria destinado à segunda etapa.  Teria que deixar o prédio levantado as duas alas e coberto. Entendemos que ele receberia as verbas em acordo com as etapas que fosse concluindo e seria responsável pela prestação de contas.

A Caixa Econômica Federal e a Prefeitura fariam a fiscalização da obra. Assim o dinheiro não passaria pelo caixa da Prefeitura.

Assim foi feito e a primeira etapa da Obra foi concluída com sucesso, era uma construção digna de louvores, a Prefeitura estava orgulhosa do seu trabalho.

Restavam ainda alguns meses para terminar o mandato de Liton e eu aproveitei para ver se conseguia o instrumental cirúrgico para o hospital. O Ministério da Saúde havia me dado um livro que enunciava todo material cirúrgico e mobiliário para um hospital daquele porte enfim tudo que seria necessário para o bom funcionamento e eu descobri que uma entidade na Alemanha denominada Miseror tinha como finalidade doar materiais e instrumentais cirúrgicos para os Hospitais em zonas carentes e sem recursos.

Não titubeie e escrevi para a Alemanha, mandei toda documentação inclusive o pedido formalizado, e acreditem a Miseror foi favorável ao pedido e respondeu que doariam todo o pedido, mas teríamos que mandar dois médicos para a Alemanha para estagiarem e assim entrosarem com o novo e moderno instrumental e equipamento cirúrgico.

Mas antes de tudo se consolidar vieram as eleições municipais e assumiu a Prefeitura o Dr. Nagib Elias Quedi, aquele que tempos atrás Liton lhe havia dado uma grande ajuda, pois ao chegar a Luciara vindo do sul, médico novo com uma pequena família, sem recurso algum, pediu ao Prefeito que o ajudasse e Liton assim o fez, doou um pequeno prédio que era uma antiga escola municipal bem no centro da cidade ao medico para instalar seu consultório e assim o fez, mas a política lhes subiu a cabeça e se candidatou contra Liton ao cargo de Prefeito e foi eleito.

Uma vez eleito Nagib teve por praxe não continuar as obras do seu antecessor e desta forma o prédio foi postergado ao esquecimento, e a doação da Miseror tendo em vista a descontinuidade das obras, foi cancelada sem o ad-referendum do Bispo Casaldaliga que não encontrou sustentação no comportamento do então Prefeito, assim a doadora Alemã me comunicou via oficio. E tudo ficou no esquecimento, por culpa de gestores que não dão a mínima para os mais humildes e não consideram a necessidade carente da população que os elegeram prejudicando-os deliberadamente, mas as obras resistiram ao tempo e quase vinte anos depois, embora abaladas pelas intempéries ainda estavam firmes, e em pé, e, uma destas alas foi restaurada pela Prefeita Noely Paciente Luz, filha de José Liton, e hoje, embora ainda com porte altaneiro de Hospital, recebe o nome de PSF- Posto de Saúde Familiar – Mas se sente feliz em poder atender a população carente aos quais foi inicialmente projetado.

          “Eis ai um ideal que não morreu, o Hospital vive”.

                                         *

COMUNICAÇÃO  -  TRANSPORTE

Linha de Ônibus.

Atualmente um Ônibus faz o percurso Luciara a São Felix do Araguaia partindo as 06.00 da manha nas segunda/quartas e  sextas.

O Prefeito esta negociando uma linha permanente.

ESTRADAS.

Estrada de terra – MT 100 - ligando Luciara a MT 242 – 67 klms. ´-Projeta-se  o asfaltamento deste trecho.

PROJÉTOS.

Projetos em andamento

Continuação dos trabalhos do Consórcio para termino da estrada que liga Luciara a Porto Alegre do Norte MT.

 

TURISMO

 Lembrete urgente: ....

Luciara corre o risco de ser instinto o Municipio via baixo numero de habitantes e isto torna um imperativo que os cidadãos  se reúnam com Prefeito na Câmara Municipal para discutirem o futuro desta Princesinha iniciem urgentemente  a estrada que liga a Porto Alegre do Norte,  promovendo assim em larga escala o Turismo. Só este recurso salvará esta cidade, mas não há muito tempo sobrando para   isto Há  que ser AGORA. o peso do povo é necessário, não deixem para amanha.   Façam  viver suas belezas naturais.     como o lago da jiboiá, e morro do Santo Antônio, Relevo do Lago dos Veados--Bacia Amazônica/Tocantins e Araguaia – Grande depressão vale dos rios Araguaia e Tapirapes e Planalto do Roncador berço do extinto mar de Araés. Teia fluvial envolve rios, lagos, lagoas e afluentes e, em torno, na maioria pertencente ao município de Luciara: Rio Araguaia, Rio Tapirapés, rib. Crisostemos, rio Sabino, rio Gameleira, rio Salobro, rio Corgão, Lago dos Veados, Lago do Fontoura, rio Liberdade ou Fontoura, rio das Mortes, Lago de Pedra, Lago da Guariroba, Lagoa da Gaivota, Lago dos Patos, Lago Redondo, Rio Xavantinho Um e Dois, Lago do Jaraqui, Lago dos Tapirapes, Lago do Jatobá, Lago da Tartaruga, Lago do Pacu, Lago do Oscar, Lagoa das Perdidas. Lago Pereira, Lago do Oiti, Lago Redondo, Lago dos Tapirapés, Lago do S, Lago do Chico Preto, Lago do Pelego, Lago do Romilton, Lago da Jibóia, Lago do Atolador, Lago do Jaburu, Lago do Padeiro, Lago dos Quarentas, Lago da Piranha, Lago do Cocho, Lago do Jatobá, Lago do Maxixe, Lagoa Redonda, Lago do Jacaré, Lago das Éguas, Lago da Curica, Lago Vermelho, Lago da Canoa; Lagoa da Gaivota e Lagoa junto da sede. Uma infinidade de Lagos e lagoas riquíssimas na flora e fauna com predominância de peixes regionais como o Boto, Tucunaré. Piau, Jaraquis, Surubim, Pintado, Bagre, Mandi, Piabanha, Pacus, Caras, Papa terra, Pirarucus, Aruanã, Cachorras, Tubaranas, Sardinhas, Piabas, Piranhas, Caranhas, Lambaris, Filhotes ou Piraibas, a Tartaruga, o Tracajás e muitos outros tem ali seu habitat natural onde proliferam abundantemente em meio a um festival de patos e marrecos selvagens que passam o dia a banhar em suas águas. (dados importados da pagina 47)

  Nos campos e varjões encontram-se facilmente os veados campeiros e os veados cervos com suas esplendorosas galhadas a pastarem tranquilamente pelo seu habitat, entremeios aos porcos queixados que aos bandos reviram os varjões a procura do barro úmido, aqui e acolá ente os cerrados mais fechados transitam os porcos Catetos ou Caititus nervosamente a busca de raízes.

                Os Tatus Galinha, Peba, Bola, China e o Tatu Galinha Verdadeiro que chega a pesar 15 quilos (este em fase de extinção) são encontrados nos mesmos territórios dos enormes Tatus Canastra, não menos as Cotias e as Pacas com suas irmãs maiores as Capivaras e as Antas perseguidas pela faminta sagacidade das onças Pintadas, das Suçuaranas (onça vermelha), das onças Pretas, das Canguçus da mão torta, ou ainda das Onças Tiriricas (pequenas), não fosse ali junto aos alagados fechados na mata escondidos a espreita e ardilosa Sucuri em meio aos enormes Jacarés-açus de até, cinco metros e, estes fazem frente ao valente Jacaré Tinga do papo amarelo com seus três metros ladeados pela sua famigerada assessoria as piranhas, na ânsia de expulsa-lo de seu território aonde só os mais fortes e maiores podem sobreviver... Enquanto isto...      ...Nas arvores ribeirinhas, os Jacus Ciganos, Jacutinga, o Jacupemba, o Jacurutu, o Mutum, os Patos ariscos em seus voos pesados junto aos Jaburus canela seca ou Jaburu moleque que em meio a seus parceiros as Garças, os Mergulhões, os Marrecões e os Colhereiros, as Araras Vermelhas, as Araras Azuis e Papagaios eloquentes que espantam os Periquitos verdes de seus parentes aos gritos estridentes vão á busca das frutas silvestres como o Puçá amarelo, Puçá frade, Puçá preto, o Murici grande e o Murici pequeno, a Graviola, a Mangaba, o Oiti, o Ingá, a Ingarana, o Pequi, o Jatobá, Buriti, a Buritirana, a Bacaba, a Corriola, a Pitomba, a Condensa, a Pitanga, o Sapoti, o Araçá, o Brutus da quaresma, a Azedinha, o Caju, o Jambo, a Baunilha, o Marmelo, a Seriguela, o Cajá, o Bacupari, o Jenipapo, a Carambola, as Atas e muitas outras espalhadas em meio ao campestre, cerrados e matas.

               No aspecto Turístico e integração sociocultural falta uma estrada transitável interligando Porto Alegre do Norte a Luciara pelo interior dos municípios que terá aproximadamente  130 Klms, de extensão. A estrada atual via BR158 tem 260 Klms. A prefeitura de Porto Alegre do Norte, em parceria com os Fazendeiros Baianos e Vitoria do Araguaia, fizeram um bom trecho desta estrada que chega a ser quase 50% incluindo-se a ponte principal sobre o rio Xavantinho, todavia foi criado um Consorcio Municipal entre as Prefeituras de Porto Alegre do Norte, Canabrava, Confresa, Luciara, Vila Rica, Santa Cruz  do Xingu e São José do Xingu  tendo como Presidente o Prefeito de Porto Alegre do Norte Daniel Rosa Lago e o Prefeito de Luciara Parassú como resultado  resolveram tomar as rédeas desta pendência e construíram,  em concreto, duas pontes, uma sobre  o Ribeirãozinho e outra na Empuca grande. faltam ainda 2 pontes sobre o xavantinho sendo que uma dela é de madeira, o greed foi levantado a nivel de transito e o encascalhamento esta em pleno andamento, cumprida estas etapas  o trecho entre Porto Alegre do Norte e Luciara redundara em apenas 130 klms ou 02 horas de viajem

          Foi um grande feito que começará a modificar completamente a vida Luciarense, abrindo as portas para uma grande  afluência turísticas. Foi uma parte importante  do elo que faltava para Luciara progredir. Resta o Consórcio levantar as outras duas pontes, o greed da estrada e encascalhar,  trecho mais difícil é entre Luciara e o Xavantinho  na divisa de  Porto Alegre do Norte e desta ao rio Xavantinho está praticamente pronta e não vai oferecer problemas de transito  pois precisa apenas de retoques superficiais e é de responsabilidade do Prefeito Daniel Rosa Lago e o de   Luciara fica a cargo de dinâmico Prefeito Parassú que certamente estará frente  e as obras serão concluídas agora em 2021  o que virá a enaltecer esta região rica em belezas naturais a serem visitadas, incluindo-se o rio Araguaia e suas extensas praias de uma alvura inconteste e convidativa somados a um povo hospitaleiro, cordial e profundos conhecedores da região.


Festival de praia em Luciara MT


                                                       Festividades dos índios Karajas.

   

Segisval Henoc Gunther - Lago dos Veado

                                                             Lagoa da Gariroba

 

 

                                                  Morro dos Padres.Vista do rio Araguaia. 


                                        Lancha do SPI levando índios para o Festival de praia.


                     Festival de praia. Mês de julho.

.                    Pontos de visitas e distâncias

                    Luciara Aldeia morro do Padre... 01 Klm.

Luciara Aldeia Fontoura... Rio 12 Klms.

Luciara a São Felix... rio 72 Klms - terra  85 Klms.

Luciara ao Rio das Mortes... rio 94 Klms

Luciara Lago do Jatobá... rio... 12 Klms.

Luciara praia do Crisostemos. Rio... 25  Klms.

Luciara Veados... rio 45 Klms - por terra..32 Klms.

Luciara Tapirapes... Rio 165 Klms

Luciara a Santa Terezinha... Rio 210. Klms

Outras atrações em lagos no interior podem ser visitados acompanhados por guias ou a cavalo ou de carro.

                Partindo-se rio Araguaia abaixo passamos por dezenas de praias limpas de areia alvíssimas viajem pode ser estendida até Barra do rio Tapirapés com o rio Araguaia no Posto Indígena Heloisa Torres na Aldeia Karajas e na Aldeia Tapirapes.

Rio acima.

Visita a Aldeia Karajas do Fontoura, Santa Izabel, São Felix do Araguaia, rio das Mortes e ilha do Bananal.

 Pelos interiores trilhas atendem todo o lago do município acompanhado por experientes guias turísticos via carro, a cavalo ou barco.

 

Quilômetros de praias de areias alvas e águas límpidas.

 Se instalando na sede do Município.

Pousadas disponíveis:

 1 Pousada Recanto do Araguaia – 66 8404-1273 - Noely P. Luz. 

 2 Pousada Castelinho  - 66 3528 – 1228.

 3 Pousada Pororoca – 66 3528 – 1248.

 4 Pousada Buriti – 66 3528 – 1286.

                                             *

 Patrimônio sócio-econômico e cultural.

 Prefeitura Municipal – Câmara de Vereadores – Registro Civil do 2º Oficio - Casa Lotérica/Agencia da Caixa Econômica Federal- Posto Bradesco – Caixa e Posto do Banco do Brasil, Correios – INDEA – EMPAER – Delegacia Municipal de Policia Civil – Destacamento de Policia Militar – Associação dos Retireiros – Associação dos Pescadores – PSF- Posto de Vigilância a Saúde – Hotéis – Pousadas –– Escritório de Contabilidade –Super Mercados e Peixaria Araguaia – Torre de Transmissão TV Centro America – Globo – Bicicletaria - Oficinas mecânicas para veículos automotores - Oficinas de motos – Escolas Municipais e Estaduais de 1º e 2º Grau - UNEMAT – Creche - Lanchonetes e Restaurantes – Padarias – Açougues – Igrejas Evangélicas e Católicas – Posto de Abastecimento de gasolina – Lava Jato – CEMAT – Brasil Telecom OI – Sorveterias. Lojas de materiais de construção – Lojas de Roupas e afinidades -       

                                                             *

 PRINCIPAIS

 Dados qualificativos:

Luciara em sua sede conta com uma Prefeitura Municipal bem estruturada, e seus departamentos, sejam Planejamento, Saúde, (inclusive dentista), Educação, Administração, Finanças, Obras, Infra estrutura e loteamentos, Rede de Água, Saneamento Básico, UMC-INCRA, INDEA e todos os atrelamentos a eles inseridos funcionam a contento e dentro da normalidade.

No campo particular das opções anexadas ao desenvolvimento urbano registramos os seguintes dados atualizados em 20/04/2013:- Cartórios do Registro Civil do 2º Oficio – 01; Casa  Lotérica (representante da CEF e Banco do Brasil via ECT 01; Posto Avançado Bradesco -02;  -03; Posto de Saúde Familiar PSF – 01;  Posto de Vigilância a Saúde – 01;  Posto de Gasolina 02, (Preços os mais altos registrados em toda região  20/04/13  em ambos os Postos as tabelas são iguais);  Lava jato- 01; Oficina mecânica para motos  01;- Oficina mecânica carros -03;  Padarias 01;  Lanchonetes 02; Farmácia 01;  Pousadas 05 (níveis diferenciados); Super mercados (diversos) 06; Escritório de Contabilidade 01; Associação do Retireiros 35 associados  01; (Associação) Colônia do Pescadores 36 associados - 01; Materiais de Construção 01; Mini Mercado e Peixaria Araguaia - 01;  Destacamento de Policia Militar 01;  Delegacia Municipal de Policia Civil com um escrivão permanente 01; INDEA 01;  EMPAER 01; UMC-INCRA 01; Igrejas Evangélicas 06; Igreja Católica 01;  (Igreja Evangélica da Madureira – mais atuante);   Creche -01; Casa do Idoso 01; Escolas Municipais 03; Escolas Estaduais 02; Universidade Federal de Mato Grosso  (Campos Avançado)-01; Torre de Transmissão TV Centro America – Globo 01; Torre Transmissão OI Brasil Telecom -01; Pista de Pouso com 860 metros -01; Barracão  para praticas esportivas 01; Campo de Futebol 01;

                                          *

                             TRADIÇÕES.

Luciara não apresenta tradições antigas ou importadas quer seja em cultos mitológicos, afros, religiosos ou nativos a exceção dos praticados pela cultura indígena Karajas nos atos 

CULTURA CONTEMPORANEA.

 Festas tradicionais:

 Pesca artesanal anual - mês de março e abril.

Aniversario da cidade em 10 de maio (de 1º a 10 de maio).

Aruanã (índios Carajás);

Bumba meu boi;

Torneio de Pesca artesanal um dia por ano a marcar;

Festival de Praia – mês de julho (30 dias);

Vaquejada - junho/julho;

                                                       *

 As historias que não foram  contadas

Muitas vezes o homem não sabe o mal que faz   quando se propõe a fazer  o  bem a outra pessoa.

                  Sebastião Gomes de Souza e sua esposa Raimunda e dois filhos  e o seu irmão Antonio Gomes de Souza e sua filha  chegaram a Luciara nos idos  de 1974 vindos do nordeste e esperavam encontrar em Luciara o seu local sonhado, pobres, embora profissionais no ramo de sapataria e selaria, e sem recursos apelaram para o então Prefeito José Liton Luz.

                Tiveram todo apoio do Prefeito que lhes franqueou uma empreita para abertura de uma estrada de Luciara ao Capão de Coco em cerca de 50 klm. Possibilitando com o lucro  a aquisição de um Jeep e a instalação de um pequeno comércio, moradia, área para trabalho,com esta ajuda financeira  recomeçaram a vida.     

                  Os dias se passaram e os dois casais permaneceram firme em seus propósitos de construir um futuro solido,  com o decorrer dos tempo Sebastião e  Raimunda  e seu irmão Antonio e Beliza logo se tornaram crentes  evangélicos tendo sidos batizados nas águas

      Sebastião também aceitou o batismo e tornou-se um crente fervorosos, na seqüência passou a ser o Pastor daquela agremiação,  candidatou-se a prefeito, apoiado pela igreja foi eleito, mas um instinto predador continuou enraizado em seu coração e lhe subiu a cabeça e ai coisa desandou, tanto ele como seu filho Waldez passaram a cometer desatinos que resultaram num recheado de absurdas violências tão decantadas por aquela  população ribeirinha, que acabou resultando na expulsão destes dois da igreja evangélica por terem, ele Sebastião deflorado uma menor filha de João Vaqueiro e seu filho Waldez  deflorado outras duas menores filhas de Pedro José  de Souza (Pedro Elias)  e uma filha do Senhor Maroto.    

    Quando ainda no exercício da função recebeu um oficio do Presidente da Câmara Municipal que solicitava informações sobre os trabalhos nas estradas e sobre sua viabilidade e teve como resposta: “Tanto as vias  aéreas como as terrestres estão em bom estado e senhor  vai “tomar no seu cú”. Fato este amplamente divulgado na imprensa nacional. Não se freando em seus impulsos  no dia  18 de novembro de 1982,  Sebastião e seu filho Waldez, invadem o bar de Manoel Messias desferindo coronhadas de revolveres na face de Ernesto Alves Ferreira que lhe custaram 15 pontos cirúrgico apavorando sua esposa Maria Coelho Ferreira e seus filhos dos quais dois eram paraplégicos, amedrontados resultou terem que se foragir para evitar serem mortos, e tudo isto em decorrência de terem apoiado Liton em sua candidatura.

      Mas não parou ai e em 11 de dezembro de 1984, ás 19. 00 horas....Liton vinha vindo de uma chácara para cidade quando em determinado trecho da estrada havia uma porteira, ao avistá-la dado a velocidade e a distancia teve que frear o veiculo fazendo com que os passageiros fossem inclinados para frente momento este em que estourou um tiro  cujo balote passou raspando a nuca dos que estavam na cabine para ir se encravar no batente da porta do outro lado da viatura e os passageiros que viajavam na carroceria foram atingidos por chumbos esparsos que na realidade eram esfera de bicicleta.

       Todos foram medicados. Passado o susto iniciaram uma busca e acharam, atrás de uma moita de mato, um rastro recente de um individuo, seguindo os mesmos foram bater a porta de um parente de Sebastião. Comunicaram o fato a policia, registrada a queixa e o autor foi identificado como  José Franqueira, foram feitos os exames de corpo  delito  que fazem parte da ação penal instaurada  contra Sebastião e Waldez.  

Neste meio tempo Sebastião mudara-se para Goiânia, mas precisamente no Bairro  

                  Ipiranga e, resolvi lhe fazer uma visita...e...  assim o fiz. Fui muito bem atendido e passei a manhã todo conversando sobre assuntos diversos, mas após o almoço, eu e o Sebastião nos sentamos na sala e eu entrei em conversa;

    --Sebastião eu vim falar sobre o assunto desta rixa entre você e o Liton, vamos botar água fria em cima desta pendenga.

     --Dankmar você  é o único desta família que eu nunca ouvi alguém dizer que falasse  mal de mim, por este motivo eu o recebi,  mas quanto e esta pendenga não há como desistir eu já fiz um juramento enquanto eu não matar aquele língua branca e ver a boca cheia de formiga eu não desisto.assunto encerrado.

--Mas isto só vai trazer  problemas para você.

--Não me importo, nem que eu morra, mas eu tenho que matar o Liton.

--Então não está mais aqui aquele que lhe falou e vamos mudar de assunto.

Passamos a conversar outros assuntos corriqueiros até a hora de minha saída, agradeci e voltei para Luciara e de lá fui para Cuiabá a serviço da Prefeitura.                                     Sebastião antes do terminar seu mandato  fez uma compra, na revendedora SHELL, em Goiânia de Óleo Lubrificante destinados as maquinas da Prefeitura, o original da nota fiscal emitida por aquela empresa  de Goiânia versava uma determinada quantia, verificada a miúdo notava-se sinais de rasuras a que a Prefeitura solicitou à firma em Goiânia uma segunda via da nota fiscal que foi enviada com urgência, pasmem, a quantia lançada na nota na Prefeitura era dez vezes maior do que a da original e assim também os valores, constatava-se  um crime de estelionato, falsidade documental, peculato. 

     Foi dada entrada na ação penal  competente tendo o juiz mandado fazer a apreensão do produto que estava em mãos do ex-prefeito.

                  Findo o mandato de Sebastião novas eleições foram convocadas. José  Liton foi reeleito para o período de janeiro de 1984 a dezembro de  1987.

                Sebastião mudou-se para a Mata de Coco onde sua esposa era professora, mas as queixas se avolumaram na Prefeitura contra a mestre e isto em decorrência de faltas, hostilidades com os alunos como puxão de orelha e agressões verbais, sem alternativa Liton exonerou a  professora o que veio  causar um ódio animalesco em Sebastião que no desenrolar dos fatos foi o  a gota  d’água que gerou esta tragédia. Constrangido pela desdita, Sebastião passou a morar em Porto Alegre do Norte, mas seu espírito inquieto fomentou uma invasão na cidade de Luciara a fim de constranger seu  arquiinimigo e para tanto contratara dois  mercenários para lhe dar cobertura como de fato resultou em  tiroteio, ficando apenas uma pessoa levemente ferida, mas Sebastião acabou sendo expulsado da cidade. Foi instalada uma sindicância policial a respeito.  O processo contra Sebastião chegava ao final e assim sendo as partes foram intimadas.

      O Juiz de São Felix do Araguaia designou data para a audiência no dia 09 de agosto 1985 para a ação em curso.

     No dia da audiência Liton madrugou, e saiu ás 04,00 da manhã de Luciara  afim de não cruzar com Sebastião.  Chegada a hora do expediente de abertura foi ao Fórum e solicitou ao Juiz a transferência  da audiência para outro dia tendo em vista a pretensão de Sebastião em matá-lo a que o Meritíssimo acedeu. Todavia em vez de voltar de imediato Liton foi ao barbeiro fazer a barba hora esta em que foi avistado pelo pessoal de Sebastião que chegava. Leopoldo adverte o Pai e convida-o para regressarem e  assim o fizeram.

      Na caminhonete  de Liton  iam na cabine  Leopoldo (motorista) Noely Luz e Liton e na carroceria vinham as testemunhas Aníbal Lima Luz, Pedro Jose de Souza, Miguel Jose Ferreira, Joaquim Ferreira Santos, Francisco Silva Aguiar, todos a bordo tomaram o rumo de volta a Luciara, eis que depois de viajarem alguns quilômetros foram alcançados pelo corcel de Sebastião dirigido por se filho Waldez que indo a frente levantava muita poeira em ziguezague  no leito da estrada a  que Liton aconselhou a seu filho que  diminuísse a velocidade, assim eles outros, seguiriam em frente certamente  a Porto Alegre do Norte onde os mesmos moravam. Ledo engano,,

        O Episodio: 09 de Agosto de 1985. Entroncamento da BR 242 com a estrada que demanda para Luciara entre as 09.00 e 11,00 horas.

       Liton chega ao  entroncamento, o carro de Sebastião estava estacionado junto a outro veiculo e a aproximadamente 60  metros de distancia da  viatura de  Liton foi quando parou o carro para dar carona a José Raimundo Ribeiro que ali aguardava afim de seguir para Luciara. Na seqüência Pedro Rico que estava na carroceria junto ao lado do motorista viu Sebastião vir caminhando rumo a eles e advertiu a Leopoldo e este aos companheiros de cabine que abriram a  porta do lado direito  e cambaram para  fora escondendo-se atrás do veiculo e nesta fração de segundos ouve-se um tiro, Leopoldo já entrincheirado na viatura responde compassadamente, enquanto que Liton estava  atrapalhado com sua 7,65 pois uma bala amassada engasgou  e enquanto isto a troca de tiros continuou e Sebastião caíra sem vida no local em que ele começara a briga, seu filho Waldez ao tentar fugir de carro não conseguiu ir longe pois uma bala havia atravessado a porta do corcel e atingido o jovem que ainda funcionou o carro e sumiu na estrada,    porem baleado teve que passar  a direção para um outro jovem que estava com ele e o levou para o hospital da Suia Missu, mas já chegara morto.. A grande verdade é que Liton ao se sentir preparado para a luta não havia  mais nada a fazer.

       A 11 de abril de 1988 foi julgado por um tribunal de Justiça de São Felix do Araguaia, sendo a votação de 04 como culpado e 03 como inocente o que lhe deu o direito de recorrer em liberdade.

      Mas com a passagem do tempo a sentença foi cumprida sob  a égide de “Prisão domiciliar” encerrando-se assim um final drástico de uma pendenga em que apenas faltou-se dialogo entre as partes. Raimunda morreu em Goiânia ao sair de um banco foi atropelada outros congênitos não temos conhecimento, Antonio e Belisa  faleceram sem nunca terem se envolvidos diretamente com este problema, deixaram uma filha paraplégica que ainda hoje vive e Luciara. Na cidade apenas um busto do fundador Lucio Pereira Luz traz as lembranças do passado por incrível que pareça tendo sido seu autor  Sebastião.

      É o Brasil, é o  sertão das Terras Bravias

               Obs. Leopoldo tinha um 7,65 e seu Pai outra, ele ao treinar pontaria teve uma bala amassada em sua arma, e então foi até a caminhonete e tirou o pente da arma de seu pai, extraiu uma bala nova colocou a amassada no lugar.

 Certo dia em Mato Verde

                Os beiços de pau...

                 Os índios Kaiapós ou Chucarramães nunca morreram e amizades pelos nossos sertanejos e sempre os consideram seus inimigos em potencial. Sai das margens do rio Xingu, de sua aldeia na Barreira do Pequi, distante mais de duzentos quilômetros para molestar os “Toris” ou “Caraiba” onde quer que estejam. Era a luta dos mais fortes para sobreviver, quase pretos, com rodelas de madeira no beiço furado, pelo tamanho destas se sabia do perigo que cada um representava.

                 Chegada à seca, os sertanejos se organizavam em grupos, não mais deixavam suas casas sem segurança e não andavam sozinhos, carregava sempre a mão sua carabina 44 do papo amarelo de repetição – 12 ou 16 tiros. E nunca as largavam nem para defecar no mato era segurando a arma, dormiam com elas e viviam com elas. Não poucas vezes se ouviu contar que alguém encostara a carabina em uma arvore por uns instantes e quando a procurava não mais a achava e feliz quando não morria por ela, ás vezes os índios gostavam de deixar uma borduna na troca com a arma.

                      Os cuidados aumentavam com as incursões dos índios.

                  Um dia... Dois meninos saíram pelas cercanias da vila Mato Verde para apanharem lenha e não mais voltaram, organizou-se uma equipe de busca que logo encontram um deles morto com a cabeça quebrada e o outro desaparecera, os índios o haviam levado. Debalde foram as buscas, o outro menino só foi encontrado dez anos depois pelo Orlando Villas Boas em um posto indígena, ele estava doente, em São Félix do Xingu, e foi recambiado para seus pais em Mato Verde que eram o Antônio e Joana Barroso, o jovem já tinha e hoje ainda tem o nome de João Kamura, mas não conviveu com seus pais biológicos e nem se adaptou nas novas cidades de Porto Alegre do Norte ou Luciara, preferiu abandonar a sua família, atualmente mora entre os índios Caiapós em São José do Xingu.  Vive na aldeia por opção própria e tem as orelhas e os lábios furados.

                     Caso idêntico partiu de Mato Grosso para acontecer no Pará.

                 Assim também se comportavam algumas aldeias ao norte do Estado do Mato Grosso do Pará e Amazonas. 

                  Eram violentos e agressivos e suas valentias eram identificadas pelo tamanho da rodela de madeira que usava presa no lábio inferior, inicialmente era colocada uma pequena rodela, aproximadamente do tamanho de uma moeda grande que eram presas em pequenos furos feitos no lábio inferior que ia se dilatando até segurar a rodinha de madeira que trazia um sulco em suas beiradas que seguravam o artefato para não se desprender mostrando os buracos quando tiravam o artefato, com o tempo, conforme ia aumentado de tamanho dependendo de quantas mortes o portador já teria feito chegava algumas delas a ter o tamanho de um pires pequeno e crescendo cada vez mais, são tribos de origem desconhecida e catalogadas como Grupo G ou isolados, atualmente já devem ser conhecida as suas origens.

              Até hoje ainda são os terrores das outras aldeias e dos pioneiros desbravadores como os seringueiros, os castanheiros, dos agricultores, os pescadores artesanais e os moradores das pequenas vilas, tanto no norte leste mato-grossense como no estado do Para enfim na Amazônia toda e em torno atacam sempre ao meio do dia quando o sol esta mais a pino, mas fazem incursões noturnas para planejarem seus ataques violentos, finalmente parece terem esquecidos de Mato Verde ou Luciara que passou a viver em paz no tocante a esta nação indígena.

                             §

        Fatos inéditos  acontecidos na região de Luciara.                     

 Retornando no tempo: I –II - III –IV –V - VI - VII  - VIII e IX.

 O pitoresco caso da dança. - I

                 Fatos inéditos marcaram o nascimento daquela cidade, a exemplo, a dona Francisca Miranda, mãe do Lúcio é quem ditava as ordens e os costumes das novas terras e no dia de sua chegada na terra prometida fez as mulheres dançarem de saia arribada batendo as nádegas umas nas outras, era uma simpatia da “mística do congado africano”, para c

Um acidente fatal - II                                         

                  Adauta Baptista Luz era filha de Lucio Pereira Luz e esposa de Flavio Baptista, Professora, escritora, historiadora, compositora e artesã e autora do Livro “Sertão de Fogo”, eles tiveram dois filhos Maria Lucia e Ari César, o filho já era um jovem e simpático rapaz, quando ao tentar manusear uma espingarda cometeu o desatino de colocar uma bala de calibre 38 no lugar do cartucho na espingarda calibre 36 e ao disparar o impacto foi tão grande que a arma descanhotou e o tiro saiu pela culatra entrando cartucho da bala na testa do jovem que teve morte instantânea. Foram momentos de angustia e dores. A cidade inteira chorou por muito tempo. Foi uma perda lamentável, Ari, Maria Lucia, Adauta e Flavio já são falecidos. Deus os tenha.

                       *

O Jovem - III

              Tínhamos um   trabalhador que fazia serviços para nos em uma pequena posse e este homem tinha um filho de aproximadamente 16 anos que tinha o habito de furtar pequenas coisas e num dia que isto aconteceu resolveu castigar o rapaz e amarrando-o começou a espancá-lo o que resultou na morte do jovem. Maria, minha esposa mandou buscar o corpo do jovem na chácara que estava jogado no chão infestado de formigas e todo cheio de manchas roxas pelo corpo, o levamos para nossa casa e o enterramos e denunciamos o pai, mas nada aconteceu com ele, esteve recluso apenas poucos dias.

O sino e o Padre - IV

                  Este caso se passou no começo da vida da ainda vila Mato Verde, a igreja improvisada ficava ali onde hoje estão os pés de manga bem no meio da praça quase a beira rio, era um casinha rústica coberta de palha e amparada por uns couros de vacas para evitarem as chuvas e pelo lado de fora pendurado entre uma armação de paus roliços, bem de longe se avistava um belíssimo sino de bronze dourado, era o despeito amoroso da velharia católica daquele povoado, sempre pela manha anunciava que estava na hora dos fieis se reunirem ou ali ou na casa do Pedro Elias e sua esposa Dica era quem fazia a chamada, uma espécie de coroinha e o próprio povo diziam:

                   --Praque Padre em Mato Verde se o Pedro Elias e a Dica estavam lá. (voz do povo).

Mas numa bela manha a Raimunda ou Dica foi bater o sino e se espantou com o tinido, não era o mesmo e assim vistoriou o sino e descobriu que estava rachado, foi uma pega para capar.

 Iniciou-se uma verdadeira pequena revolução tal a revolta dos mulherios e a desconfiança que se instalou:

--Como foi que isto aconteceu?

Não se achava uma explicação até que um molecote de uns doze anos se aproximou delas e foi logo falando:

--Eu sei o que foi que aconteceu.

--O que foi? Conte logo?

--Hoje antes de o dia clarear de todo o Matusalém, aquele que morava aqui e se mudou lá para o São Felix, chegou de barco e encostou bem ai no barranco e desceu de lá com um sino na mão e chegou aqui desamarrou o sino e o trocou pelo que trouxe e me disse que foi o Padre que mandou ele fazer isto e chispou de volta  para São Felix.

Logo formaram um grupo de quatro homens dispostos a reaverem o sino e para tanto tiveram todo apoio da cidade e logo embarcaram em uma canoa a motor e levaram o sino rachado sumiram rio acima eram 12 léguas de ida e 12 léguas de volta. Seis horas mais tarde regressavam e de longe vinha soltando foguetes ou dando tiros era sinal que se saíram bem.

Houve até festa e eu acho que o Pedro Elias benzeu o sino. Afinal era eles Pedro e Dica que estavam no comando, pelo menos as festanças religiosas já que o padre não vinha, eles as faziam e todas eram realizadas com muito dogmatismo, se é que ele sabia o que isto queria dizer.

--Mesmo assim Mato Verde acabou pulando para Luciara e seus moradores vivem felizes e em paz, a moda deles, fora os impedimentos eventuais já mencionados neste livro e até hoje ainda não sei ainda quem é o Padre que reza missa por lá já que o Pedro Elias e a sua esposa Raimunda faleceram.

                  --O Padre Pedro Casaldaliga se elevou a Bispo e já não rege com sua batuta a Prelazia de São Felix do Araguaia, hoje é Don Pedro Maria Casaldaliga Plá. e ao que parece depois da refrega da questão do Posto da Mata ele tirou umas férias.  Queiram ou não queiram é ele a astuta “Raposa do Araguaia”, e é ele quem ainda continua mandando, mesmo de longe com Parkinson e tudo mais. Ainda é considerado o maná que alimenta as esperanças dos pobres.

                                      *

                O caso de Osmar Kalil Botelho -V

               Osmar Kalil Botelho era casado com a jovem Daily Luz Irmã de Jose Liton, O fato teve origem por quase nenhum motivo, naquele bar, naquela tarde fatídica, certamente bebendo e jogando sinuca estavam um grupo de jovens todos residentes em Mato Verde ou Luciara, Osmar começou a discutir com outro jovem de nome Manoel mais conhecido como Manoel do Narciso, cujo pai era um velho morador, durante a discussão Osmar que era meio esquentado sacou de uma automática Bereta de calibre vinte e dois e disparou varias vezes contra o Manoel que se protegeu atrás do balcão, mas a arma de Osmar pareceu enguiçar e neste lapso o Manoel sacou de seu revolver calibre trinta e oito e disparou quatro vezes contra Osmar atingindo-lhe o peito. Osmar morreu na hora e Manoel foi trancafiado em uma cela improvisada, até que se tomassem outras providencias encaminhando o mesmo para a delegacia mais próxima, mas durante a noite um pistoleiro invadiu a cadeia foi até a cela e assassinou o preso Manoel do Narciso, todo mundo sabe quem foi o mandante e sabe também quem era o criminoso, mas ficou elas por elas enterraram os dois e acabou-se a briga.                               

                                             *

João Vaqueiro e Zé Arraia.   VI                                     

 Uma história de dedicação, amor e carinho á terra que os acolheu.           

                "Em 1954 chega em Luciara João Pereira de Lima (o João Vaqueiro) com sua esposa Maria Pereira Gomes trazendo na bagagem um garoto de apenas seis anos chamado José Pereira Lima. Este menino, nascido em 07 de agosto de 1954, mais tarde viria a ser conhecido com Zé Arraia. 

                  O  João Pereira Lima, ou João Vaqueiro como ficou conhecido, veio para Luciara trabalhar nesta profissão com o sr. Lúcio Pereira  Luz, grande líder e idealizador de Luciara, município criado por lei estadual em 1961. Zé Arraia nasceu em Cristalândia, na época estado de Goiás, hoje Tocantins. Já aos 6 anos de idade acompanhava o pai na lida e dava seus primeiros passos como vaqueiro. Aos poucos foi criando uma parceria e uma intimidade com o grandioso rio Araguaia, que nesta região margeia o estado de Mato Grosso e a Ilha do Bananal. Zé Arraia cresce, torna-se conhecido e respeitado na região, trabalha com grandes nomes da política de Mato Grosso e se dedica a repovoar algumas localidades com tartarugas, passando a conhecer o manejo desses animais e ampliando a sua relação e o respeito pelo rio Araguaia. “Com o crescimento do turismo e a pesca esportiva transforma-se em um dos maiores pirangueiros e orientador da pesca esportiva da região”.(transladado  Internet).

                  Era realmente um homem simples que não incomodava a ninguém e um grande amigo meu  e  companheiro nas caçadas a jacaré-açu, certa feita nos estávamos  em um lago na Ilha do Bananal para estas caçadas, e eu tinha tomado emprestado dele uma machadinha destas de abrir buraco em moirão de curral,  pois ela não tem o gavião era reta e especial para desencaixar os  jacarés. pois não enganchava no couro do pescoço, Mas, o João me recomendou para tomar cuidado com  uso da mesma, pois seu patrão Lucio  tinha ciúmes daquele instrumento. a que eu garanti que nada aconteceria com ela, ledo engano, no primeiro açu que eu arpoei que era um animal  de mais ou menos de uns três metros do anus  a cabeça, ao trazê-lo para perto da canoa e apos ter dado um tiro na nuca do animal desfechei um golpe certeiro na encaixe da espinha bem junto a cabeça do tal, mas o mesmo num arrojado repente deu um pinote e sumiu nas  águas enrolando-se na linha da arpoeira e com a machadinha enterrada na nuca. João  gritou "lá se foi a machadinha", mas  passado  os primeiro instantes de duvidas eu puxei a corda trazendo de volta aquela fera que logo apareceu na tona  girando o corpo  se desvencilhando da corda enrolada no corpo, mas o arpão estava firmemente encaixado no couro do pescoço, e para nossa surpresa  ao se debater junto a canoa, o cabo da machadinha bateu no beiço da mesma e ela  caiu dentro da canoa. então o meu amigo aliviado me disse "nunca conte a ninguém isto que aconteceu aqui pois vão nos chamar de mentirosos". Encerramos a nossa caçada e voltamos para o rancho do meu amigo que ficava bem a margem do rio onde ele estava construindo um curral para  seu patrão Lucio. João morava em Luciara  e eu também, mas sempre viajei muito e numa desta saídas fiquei sabendo que o  meu amigo havia morrido de uma maneira terrivelmente cruel. João criava uns porcos na beira da lagoa em um chiqueiro que havia construído e todos os dias tratava seus porcos. Um dia foi achado morto com a cabeça quebrada e jogado dentro do chiqueiro e os porcos o estavam comendo. Houve muitos comentários sobre como fora morto. Ninguém nunca soube quem o matou.  E se sabem não querem falar.

                                    

Fato pitoresco digno de registro. - VII

                 Este fato  aconteceu  nos    idos de 1934 na época da fundação de Mato Verde. Manduca (Manoel Antonio dos Santos) jovem, era um jovem simpático, era tido como o Don Juan daquela época, faceiro e arisco sabiam usar a lábia e as mulheres, ao que se sabe gostavam, tanto é que se engraçou dele duas viúvas e como estavam indo as turras, Lúcio resolveu acabar com a demanda mandou improvisar um ringue onde no mastro, ao centro e ao alto tinham dois cortes de tecidos de seda, duzentos mil réis em dinheiro, e dois vidros de perfume e um par de sandálias e talco. Intimou as duas a disputarem, no tapa o homem cobiçado e quem ganhasse levava tudo, o homem e os presentes. E logo teve início uma luta sem quartel, era tapa, coice e mordida de todo tamanho até que uma cansada entregou os pontos e a outra saiu de braço dado com seu homem, os presentes e muita palma e viveram bem por muitos anos.

Anos difíceis... O comício eleitoral...VIII

                 Liton havia programado um comício eleitoreiro que seria realizado bem no centro de Luciara, mas o seu opositor Manoel Martins Costa não estava gostando nem um pouco porque ficou sabendo que os adversários iriam descer o sarrafo, e organizou um contra ataque, isto é, revidariam na bala se o pessoal do palanque os atacasse com palavras. Antes de começarem o comício eu fui até a praça para ver o que estava e o que iria acontecer, estava encostado em uma porta da casa comercial de Antônio Sousa, protegido pela sombra de uma arvore que impedia a luz do poste me iluminar já que era ali pelas oito horas da noite, para minha surpresa dois indivíduos encostaram-se a arvore, não me viram, e comentaram:

                    --O Manoel disse para metermos bala no pessoal do palanque se o agredirem com baixarias.

                 --Estou preparado disse o outro – e seguiram uma rua abaixo o outro rumo rua a cima. Fui procurar o Liton e lhe contei o que ouvira, mas ele retrucou:-

                     --Vamos ver se eles têm coragem para fazerem isto, você vai subir no palanque também?

                   --Não, eu vou ficar de fora não quero servir de alvo para esses bandidos. Achei que a minha parte estava feita, Liton estava determinado a fazer o comício e assim sendo procurei minha família, encontrei minha esposa e os filhos que já estavam lá em meio a uma pequena multidão para assistir o comício e os levei para casa.

                    --Maria leve os meninos para casa agora mesmo, isto aqui não vai prestar- e contei a ela o que vira e ouvira.

                    --Já avisou o Liton?

                    --Sim, mas ele não acredita.

                   --Então vamos para casa    agora    mesmo – e   chamando as crianças determinei: todos - Agora mesmo vão para casa.

                     Já estávamos  deitados  quando escutamos um vozeirão vindo do comício e não demorou muito ouvimos uma saraivada de tiros e gritos e muita correria, me levantei para ver o que estava acontecendo foi quando Liton parou o carro na minha porta gritando:

                   --Tem muita gente ferida e morta, vou levando uns aqui para o hospital em São Felix, vai lá ajudar aquele povo.

                 --Eu te avisei, mas você não escuta, agora não há mais nada a fazer a não ser enterrar os mortos.

                   Liton saiu em disparada e eu fui até a praça ver o que tinha acontecido, o que vi e ouvi me deixou estarrecido, durante o comício, na hora em que atacaram verbalmente o outro candidato, vários homens armados começaram a atirar contra o pessoal que estava no palanque e estes revidaram e descendo traçaram um corpo a corpo apelando para as facas e revolveres, o tumulto era tão grande que ninguém sabia mais quem era o outro se amigo ou inimigo tendo um deles derrubado o outro e levantando a faca ia desferir o golpe mortal, mas o crime não se consumou porque antes a vitima se virou para seu agressor e viu que era seu pai e o mesmo viu que era seu filho. Resultado: ficaram oito feridos, dois morreram no local e três foram hospitalizados morrendo mais um depois.

                 Foi uma carnificina e ninguém foi preso.

                    *

Fatos inéditos e reais - IX

                     Outubro de 1955, era por ai, eu estava de retorno da caçada de jacarés e onças na ilha do Bananal, o trabalho fôra rendoso, tínhamos uns 120  couros de jacarés salgados e um pouco de outros como, onça,  porco queixadas e jaguatirica.
                  Minha chegada foi um tanto agradável, pois revia meus filhos e esposa,  e  momentos agradáveis, passamos a conversar sobre os acontecimentos no último mês que eu havia ficado fora de casa, e foi mesmo o último, pois abandonei aquela perigosa vida de mariscador.
                      Entre os vai e vens dos relatos um me tomou a atenção:
                  --Meu velho, ontem  Alvino do Fontoura    veio com a lancha Adventista para fazer um culto, você sabe como são estes Adventistas, eles gostam de ajudar todos necessitados, mas gostam também que frequente o seus cultos.

                  --Mas, (interrompi) você precisou de alguma coisa deles?
                 --Não, mas ele me convidou para assistir o culto ás 19.00 horas, bem no porto da minha mãe Joaninha e, eu fui, mas  já tinham chegado umas dez mulheres, o barco estava todo iluminado por dentro, ele nos convidou a entrar assim sendo subimos pela prancha, pois a lancha  estava encostada bem á beira do porto, e foi fácil porque era uma pequena distância para subirmos no barco. Entramos todos e ele começou o culto com uma oração. Mas enquanto orava o motor de luz que fica na proa do barco se calou e apagou, ficamos no escuro ai as lanternas brilharam, pois cada um tinha sua, o Alvino pediu para termos paciência e foi para a proa do barco ver o motor, escutamos ele puxar o cordão varias vezes, mas nada de motor pegar, então ele voltou e pediu para sairmos do barco enquanto ele ia ver se dava um jeito no motor. Mas para o espanto de todos olhamos para cima naquela noite tão estrelada com lua nova e vimos algo fora do comum, estava mais ou menos a uns cem metros de altura uma enorme coisa redonda com luzes piscando bem na aba era uma coisa redonda e enorme, ela estava parada no ar, piscando, algumas outras pessoas vieram para o porto para ver aquela  assombração, ele ali ficou por uns dez minutos, mas não demorou muito ele balançou um pouco e foi subindo devagar, de repente disparou numa velocidade enorme no rumo do rio acima e sumiu, foi quando chegou um estrondo, pensávamos que ela tinha caído, mas era barulho do eco da velocidade, assim Alvino esclareceu, seguidamente ele tornou a puxar o cordão do motor e ele pegou, não continuamos o culto, fomos para casa e no dia seguinte houve comentários de todo jeito.  Você acha que era um disco voador de outros mundos?

                   --Exatamente.
                   --Mas, o que ele veio fazer aqui?
                   --Isto eu não sei.
                   --Deixa de brincadeira não quero nem sonhar com isso, Deus me guarde.
                 --Fomos dormir, com a pulga   atrás     da orelha (desconfiados de qualquer coisa que não seria boa).           
                  Mas os dias se passaram     e todos esqueceram menos o Adão da Banda de Musica que tempos depois ia de bicicleta ele é um companheiro na estrada da Santa Fé, já era quase noite quando um objeto, cheio de luzes, voando baixinho passou sobre eles, (assim Adão me contou), os dois se espantaram e entram com as bicicletas dentro de uma moita de mato e se aquietaram, mas o tal objeto começou a dar voltas em derredor do pequeno capão sempre com a luz focada para dentro do capão ao que parece querendo localiza-los, mas não os acharam e seguidamente aquele objeto redondo que não fazia nenhum barulho, mas sempre com as luzes piscando subiu e riscou céu acima desaparecendo.

        Era junho de 1962, 18,30, em Santa Izabel do Morro Ilha do Bananal - Fundação Brasil Central.. Como chefe do Centro de Atividades eu alternava minha moradia entre a Ilha do Bananal e Luciara,  chegada a hora de ir pra casa, após um dia de trabalho, autorizei o nosso  funcionário e amigo o José Dedinho para ligar o motor de luz e convidei o Alvino que estava lá de passagem, e o nosso radio telegrafista Bonfim para irmos banhar no rio, e de calção e toalha às  costa lá se fomos os três. Quando chegamos à beira d’água prontos para entrar escutamos um barulho ensurdecedor como se fossem milhares de peixes fugindo em debandada e na sequencia um enorme objeto redondo passou devagar sobre nossas cabeças a uma altura no máximo de 100 metros, mas não tinha luzes piscando, mas era bem nítido  todo o seu contorno e tamanho porque era uma noite clara e cheio de estrelas trazendo ao alto sua lua nova brilhante. Quando passava por nós eu escutei o motor de luz se calar e as luzes todas se apagaram. O fenômeno logo a seguir tomou o rumo da cidade de São Feliz do Araguaia e passando por sobre ela sumiu na negridão da noite, pouco depois  escutamos um estrondo que representava o eco de seu  deslocamento e certamente era a sua maneira de se despedir dos incautos este planetinha empoeirado. Fomos direto ao motor de luz  e sendo ai encontramos o José Dedinho que nervoso explicou:

          --Eu não sei o que foi que  aconteceu eu dei partida e o motor pegou liguei a chave de luz tudo acendeu normalmente, mas de repente quando eu estava olhando para o quadro  de luz houve um estrondo e o motor trancou de vez  jogando o gerador fora do berço, ai apagou tudo. 

           Certamente, mas sem duvida foi interferência do tal objeto voador. (concluímos).

                     Era  uma  noite escura   e muito silenciosa, eu  estava já   acomodado  em   minha   cama conversando com a patroa quando passou por cima de nossa casa em Luciara um avião que pelo ronco deveria ser grande, mas passou muito baixo fazendo as coisas tremerem. Logo se calou. 

       –Maria este avião que passou aqui esta perdido e vai cair, passou muito baixo e com as serras ai para frente não sei não se ele não vai se chocar com elas. 

       Mas nossa conversa não ficou só nisto, poucos dias depois soubemos que um avião de quatro motores e dois andares bateu em uma serra na região de lago Grande abrindo uma enorme clareira na mata e que todos morreram.                       

 Pára-quedistas paulistas já haviam chegado ao local do acidente. Mas a voz do povo contava que antes destes chegarem muitos sertanejos da região estiveram no local e acharam um monte cadáveres e que saquearam tudo que puderam, dizem que os mortos já estavam inchados, mas quando encontravam um com anéis eles cortavam o dedo e tiravam as joias. Eu pessoalmente vi um belíssimo anel de ouro com um diamante nos dedos do Coronel Lucio que me disse ter comprado de um destes aventureiros que chegaram antes. Falava-se em um cofre com muitos diamantes e dizem que não foi encontrado, mas havia diamantes espalhados na área devastada pela queda e  muito tempo depois ainda tinha sertanejo garimpando no local. Dos quatro motores só acharam três. O corpo de avião ainda deve estar lá, pois não se comentou que alguém tivesse feito qualquer tentativa de aproveita-lo em decorrência da serra ser de muito difícil acesso, mas certamente são milhares quilos de alumínio que valeriam muito dinheiro. 

                                                  *

           Os irmãos congênitos...

         ...*O s  í n d i o s  K a r a j á .

                   Os índios Karaja são habitantes seculares do rio Araguaia, nos Estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso e se autodenominam Inã, que significa “nós” e chamam os não índios de tori.  Isso porque Torirarére e Toritori, dois pássaros, avisaram aos índios sobre a sua chegada.

‘          A língua Karaja, do tronco linguístico Macro-Jê, apresenta três distinções: Karajá, Javaé e Xambioá e estas comportam maneiras diferenciadas de falar de acordo com o sexo do falante. Em algumas aldeias, em decorrência do processo de contato com a sociedade nacional, a língua portuguesa passou a ser dominante.

“Os Karajá, com uma população estimada em 2.500 índios, estão distribuídos geograficamente em seis áreas: Parque Indígena do Araguaia, na ilha do Bananal, Terra Indígena Karajá de Aruanã I, em Goiás, Terra Indígena Karajá de Aruanã II, em Mato Grosso, Terra Indígena São Domingos, em Luciara, Mato Grosso, Terra Indígena Maramanduba, no Pará e Terra Indígena Tapirapé/Karajas, em Mato Grosso”.

                  O rio  Araguaia é a grande  referência  para  os Karajá.  A vida social e mitológica gira em torno da ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo.  As aldeias são edificadas próximas aos lagos e afluentes do Araguaia, do rio Javaés e no interior da ilha, com seus territórios específicos de pesca e caça, além daqueles reservados ao cultivo de plantas utilitárias e comestíveis, nas florestas de galeria.  Na época da estiagem, constroem casas temporárias às margens dos rios e lagos para a pesca de peixes e de tartarugas.

                   A história do povo indígena Karajá está envolta em muita disputa pela defesa de suas terras, principalmente contra os Kayapó, Tapirapé, Xavante, Xerente, Avá-canoeiro que, como uma das conseqüências, introduziu novos hábitos culturais no cotidiano Karajá.  Em relação ao contato ocorrido com a sociedade nacional, há notícias que desde o século XVII os jesuítas da Província do       Pará entraram em contato com o grupo dos Xambioá.  Mais tarde, foram as bandeiras paulistas que adentraram o Centro-oeste e atingiram a região dos Karajá. Inclusive a Bandeira Piratininga comandada  por Willy Aurelli 1945/1948.(o grifo é nosso/  (Wdg).

O contato permanente com a sociedade nacional trouxe muitas mudanças na vida Karajá, incorporando elementos estranhos a sua cultura, como também deixou marcas profundas como à doença infecta-contagiosas, o alcoolismo, a subnutrição.  Mas, o sofrimento pelo qual passou o povo Karajá não apagou suas características principais; continuam lutando pela defesa de suas terras e pela manutenção de sua cultura.

                   Na sociedade dos Inã, cabe aos homens a defesa de seu território, fabricar objetos de uso pessoal e coletivo feitos com algodão, penas, palhas, conchas, minerais e madeira, como a canoa e remos; caçar e pescar, construir casas.  Celebram também os rituais da Casa Grande e da Festa de Aruanã, relacionados à subida e descida das águas do Araguaia.  Preparam a terra para o plantio do milho, batata, feijão, cará, amendoim e algumas espécies de frutas, é também tarefa dos homens, representarem seu povo através das associações e nas câmaras de vereadores para intermediar o contato com a sociedade não índia.

As mulheres educam seus filhos: os meninos permanecem sob seus cuidados até a idade do ritual de iniciação; as meninas, por um longo tempo.  Com suas mães, aprendem a cozinhar, coletar frutos nativos do cerrado, mel e vegetais comestíveis da roça, pintar e ornamentar os corpos para as festas, preparar o alimento a ser servido nos rituais, confeccionar diversos artefatos, entre eles, as litokó, as bonecas de cerâmica.

Além dos adornos plumários e dos belíssimos colares feitos com miçangas coloridas, os Karajá se embelezam também com a pintura corporal.  A pintura corporal obedece a padrões que diferenciam os homens em relação à idade. Jovens de ambos os sexos recebem a omamura, tatuagem riscada com dente de peixe-cachorra que representa dois círculos, nas maçãs do rosto, à base de jenipapo e fuligem de carvão.

Obs. do autor: Embora em terras não consolidadas como indígenas os Karajas viveram e vivem ao longo do rio Araguaia. Tradicionalmente são originários das grandes águas (os mares) e exímios canoeiros e artífices em suas fabricações e hoje habitam ao longo do Berrorocam na seguinte escala: Antiga Aldeia de Xambioa, Aldeia da Andorinha, Aldeia da Barreirinha, Aldeia do Crisostemos, Aldeia do Tapirapé (Posto indígena Heloisa Torres), Aldeia do Morro do Padre, Aldeia de São Domingos, Aldeia do Fontoura, Aldeia da Santa Izabel do Morro, Aldeia de São Pedro, Aldeia de Aruanã. e Aldeia do Javaé.(as negritadas eram as aldeias maiores, outras eram núcleos familiares)..

 L i t o k ó” a arte oleira Karajá

As mulheres Karajá são exímias oleiras. 

A arte da cerâmica no mundo Karajá consiste em uma atividade exclusivamente feminina.  Desde pequeninas, as meninas observam suas mães a moldarem a argila, confeccionando belíssimas panelas, potes e pratos, com os mais variados tamanhos e formatos. 

Além da cerâmica utilitária, fabricam a cerâmica figurativa que tem principalmente a função de criar brinquedos para as crianças.  Entre as figuras que representam a cerâmica figurativa encontram-se as famosas litokó, bonecas que encenam a vida cotidiana, religiosa, cerimonial e mitológica, além dos animais como a onça, a tartaruga, o tatu e outros. 

Ainda crianças, serão iniciadas nessa arte através das litoko que também têm função lúdica e contribuem para socializar as meninas que modelam diversas dramatizações da vida cotidiana: cenas de parto, pescaria, caçadas, rituais, inclusive fúnebre.  Além das figuras humanas, criam animais e seres sobrenaturais presentes na mitologia.  Com as bonecas, aprendem as canções de ninar que futuramente cantarão para seus filhos.

Primeiramente, as litokó eram moldadas de forma diferente daquela que é feita hoje em dia.  Possuíam adornos distintivos de sexo e idade e com algumas partes do corpo representadas com traços exagerados, como por exemplo, as nádegas e as coxas.  As pernas confundiam-se com as coxas e os braços, na maioria das vezes, não existiam.

O contato com a sociedade nacional alterou a forma das bonecas, inclusive a arte oleira figurativa imprimindo modificações quanto ao tamanho, tornando-se maior.  O apelo dos consumidores não índios interferiu bastante na sua forma original. As bonecas tornaram-se mais um meio de subsistência dos índios e atualmente, apenas o grupo Karajá mantém a tradição de confeccionar bonecas.

Contos e histórias  indígenas.

Contam os mais velhos que um grupo de mulheres deixava a aldeia para coletar pequi, mas retornava com uma grande quantidade de peixe.

Os maridos dessas mulheres, muito desconfiados, resolveram, sorrateiramente, segui-las e descobriram o que realmente acontecia.  Ao invés de pegar pequi, iam para o rio e, lá chegando, assobiavam, assobiavam, assobiavam... Depois de um tempo, emergiam das águas muitos jacarés trazendo peixes para as mulheres.  Os jacarés e as mulheres se divertiam alimentando-se de peixes e namorando.  Na noite seguinte, os homens resolveram sair da aldeia primeiro do que as mulheres, chegando antes no rio.  Começaram a assobiar, como suas mulheres, e logo os jacarés apareceram com os peixes, enganados, foram mortos pelos índios, que ficaram esperando por suas mulheres para contar o que haviam feito.  As mulheres, indignadas, resolveram transformar-se em boto e passaram a viver nas águas do Araguaia.  Até hoje, o namoro das mulheres com os jacarés é representado através das bonecas de cerâmicas...        

              Ituéra  - Diorréra  -  Dankmar

Entrementes...refazer.....

                 Conforme já comentado em Turismo a estrada pelo interior  entre Luciara e Porto Alegre do Norte MT teve inicio em 2015 e agora em 2021 deveria estar concluída este importante meio de comunicação e integração sócio-regional entre Luciara e Porto Alegre do Norte pelo seu interior o que certamente encurtaria a distancia atual pela BR 158 de  260 Klms. pelo interior para apenas  110 Klms. Podendo ser feito em apenas duas horas de viajem  entre os dois pólos em um bom acesso que ligaria Porto Alegre do Norte, Confresa, Canabrava, e em torno o que virá aumentar o fluxo turístico. 

              Seus povos humildes, dedicados    e bons são   um exemplo de persistência, luta e progresso para as pequenas e pacatas cidades interioranas do nosso país.

                  Suas lindas praias e a transparência das águas do rio, a fauna e a flora e seu humilde povo insistem: venham nos visitar. 

  "!Visitem Luciara e aprendam com ela".

                                      

           Galeria dos Pioneiros desbravadores.

           Suas raízes e origens- de 1926 a 2021.

           Pioneira: Dona Ines Pinheiro 

                  Lago do Tapirapé-1926

                  

                  Família de D. Ines-Barra do Tapirapé 1940.                          
                  


                        (seguro pela mãe Raimunda)
                        Neto: José Célio Pinheiro Luz
                       filho de Raimunda Pinheiro-1940. 
            


 

  Estas e estes foram as sementes que fizeram brotar o Leste-Mato-grossense “Dona Ines Pinheiro e seu esposo Pio José Pinheiro, e familiares:  Raimunda,e filho José Célio,  Oleriano, Luciana, João, Francisco, e companheiros Ciriaco e Sebastião Pereira, Lucio, Valentim Gomes e esposa Joaninha e filhos do Posto Heloisa Torres “FUNAI”. Estes e fixaram por entre os morros da barra dos rios Tapirapés e rio Araguaia, mas com o evento da grande cheia de 1926 tiveram que mudar para o lago Tapirape onde se tornou, mais tarde, em um grande mangueiral”.que ficou sendo ponto de apoio do Lucio e outros para as jornadas sertanejas nas quais procuravam sua terra prometida, Lucio, Severiano e seus companheiros desde 1927 já perambulavam pelos sertões  subindo rio Araguaia conheceram então aquele lugar a que denominaram Mato Verde, e todos os anos ali voltavam até 1934 quando definitivamente se instalaram,  e isto em decorrência e graças á aquela pousada da Dona Ines que  estava localizada em um ponto estratégico.no encontro das águas do Tapirape e Araguaia abrindo assim caminho rumo ao desconhecido. 

L ÚCIO PEREIRA LUZ –1926/1934 a 1970.

     

          

Lucio Pereira Luz. "O pioneiro". 

Fundador desbravador de sertões e sua família à época do evento: esposa Silvina Mendes de Souza – filhos (as): – José -Benedita - Adauta – e Donatilia, na sequência Waldemar – Neton - José Liton  - José Lucio - José Cesar -José Augusto - Daily - Dorly- Dalila e José Célio Pinheiro Luz -Juvêncio Arruda (afilhado)

             SEVERIANO DE SOUZA NEVES – (cunhado Lucio)- esposa Fabriciana e filha Iracy.

             FRANCISCO GOMES LUZ (primo Lucio)- esposa Maria Clementina e filha Rosália.

            PEDRO PEREIRA NONATO – esposa Cedinha os filhos: Felisberto – Olímpia e  José Alberto.

          JOAQUIM  FERNANDES  DE SOUZA    ROSARIO – Horizontina – filhos:  Ana – Maria –        Isabel -- José e o sobrinho Orzino.

           PEDRO CORADO – esposa Maria Corado.

           PEDRO MADALENA – esposa Feliciana e filha Feliciana.

          FELICIANO DIAS – esposa Maria Dias e filhos: Carmina – Joaquim Dias – Natividade –                     Supercílio – Lupercio – Ana Maria e Eliza.

           JACÓ GOMES – esposa Rosa e filha  Auristela.

           JOÃO MIRANDA – esposa Mundica e filho: Wilson.

           JOSÉ ATENEU  LUZ   E    DOMINGOS ABREU LUZ.

           PEDRO ABEL  E Joaninha e filhas Ana, Maria Isabel, José       

 REGISTRO GERAL...                              

 GALERIA DOS COLONIZADORES...

 Inês Abreu Luz,  José Ateneu Luz, Domingas, Maria Rosa  Abreu e Waldemar Luz. Pedro Antônio dos Santos Abel e Joaninha, Maria Abel e irmão Honório,  Joaquim Fernandes de Sousa Rosario e Horizontina e filhos: Ana, Maria, Isabel, José e Orzino.

Outros famílíares em  ordem alfabética,  que de uma forma ou de outra contribuíram e ainda estão a contribuir para o desenvolvimento de Luciara.

 Abi Roque Lima e Jeovania.

Ines Abreu luz.

Abidoral.

Adolfo  Pereira da Silva e Alzira
Alcides Maciel .
Aleixo Gunther e Zilda.
Altino.
Antonio Carlos Camargo.     
Antônio (Petoco).
Antônio de Melo Bosaipo- (barco Frei Chico).
Antônio G. Sousa   e Belisa.
Antônio Padre e esposa.
Antônio R. Souza e Dominga.
Antônio, Laudelino, Manoel,
Aracy,  Wendel .
Arquimedes e Nair.
Aurino Nonato.

Benoir Pereira Sales.
Bento Abreu Luz e Felícia.
Candido Marinho Cardoso e  Rachel.
Celso Feitosa/Thiara.
Daniel Cecílio.
Daniel Gunther e Mauricia .

Danilo Gunther/Rosimeire .
Dionísio Marcolino e Nerci. 
Domingos Cecílio.
Dona Abadia e Ranulfo.
Dorinha e Adolfo. (USA).
Durval C. Garcia e  (Diná).
Durval Cristovam Garcia .
Edi Escorsin ..
Elizeu Abreu Luz e Alzira.
Elpidio (calafate).
Enilda Gunther/ .
Fabiana Gunther.
Fausto Azambuja e Marília.
Felício/  Joaninha Paciente.
Flaviano Seixas (Vivico).
Flavio Baptista e Adauta.
Fortunato Nazir Braine Thomé e Chiquinha.
Francisco Abel.
Francisco Klein Smith.
Francisco Teixeira Luz.
Gil Lima Luz.
Henrique Parente.
Hugo Samuel Alovise.
Horacio e Geronima .
Humberto de Mello Bosaipo.
Inocêncio Borges Araujo.(avô e neto)
Izabel Miranda.
Jacinta Ferreira da Silva.
João Feitosa .
João Felipe e Nega.
João Irineu e Enedina.
João Moreira e Terezinha.
João Moreira e Ruth Gunther
João Neton Luz.
João Paulo Santana. 
João Vaqueiro.
Joaquim F Trindade e Olivia.
José Antonio de Avila.
Joel Gunther /Lucia .
José Barula.
José Célio Pinheiro Luz.
José de Moura Petronilio
José de O. Braga e Benedita.
José Lima e Doda.
José Liton Luz Junior
José Liton/Noemy .
José Pina (Zeca)
José Preto .
José Petronilio e Maria.
José Ranulfo e. Abadia.
José Ribamar e Conceição.
José Rosário e Galdina.
José Teixeira Luz e Nazaré.
José  Souza Costa (Batuíra).
José Mutram (Evangelista)
Juvêncio e Tunica.
Juvenal (vaqueiro).
Juvenal Pereira Sales e Elvira
Leodilce, Noely e Leonilda.
Leonardo Pereira Barros.
Leopoldo Luz ..
Luciara.    
Lucio Pereira Luz e Silvina .
Luiz Gama e Petrolina.
Manoel A. Santos-Manduca.
Manoel Bonfim.
Manoel e Luiz Dario.
Manoel Ferreira  da Silva.
Manoel Martins ( Bibio).
Manuel Bonfim.
Maria Miranda .
Maria Paciente, Dankmar ..
Marina Borges.
Maroto e Rosa.
Messias Rei Arroz, 
Minervino Pinto e Eva.
Miriam Gunther e Dauto.
Mirian Gunther/Wilmar.
Modesta Milhomem.
Nagib Elias Quedi.
Nascere Badre .
Nazir Thomé e Chiquinha.
Nazira Thomé.
Nazirio Oliveira Santos.
Nena.
Odete Lopes de Brito.
Osvaldo Guimarães.
Otaviano Galvão e Gina.
Otildes. Filhos.
Parassú Freitas e Tânia.
Paulo Gunther e Edemildes .
Paulo  Moreira (Marreteiro).
Pedro Abel.
Pedro Costa e Nery..
Pedro José de Sousa e Dica. (Pedro Elias)
Pedro José de Sousa e Lourdes (Pedro Rico)
Pedro Mariano.
Pedro Pereira Luz e Inês.
Racildes.
Raimunda.
Raimundo Meneses.
Raimundo Miranda Souza.
Raimundo Pereira Luz.
Raimundo Teixeira Luz.
Raquel e Filhos.
Ricardina.
Roberto da Silva Santos.
Rosa Barros.
Rosa Gama e Antonia.
Ruslei Alves Luz.,
Salomé Vasconcelos.
Salviano e Berenice.
Sebastião Cecílio.
Sebastião Gomes de Sousa.
Sebastião Ribeiro.
Sebastião Vicente  da Silveira.
Sebastião Vicente e Bené.
Silvina Mendes e filhos.
Silvio R. Maia .
Telesforo e Sara Moreira Aguiar.
Tonico Bosaipo.
Tiago Arantes

Ursulino  Vasconcelos
Vicente Cruz Medina
Virginia e Regina Feitosa.
Vitoria e filhos.                    
Waldemar Ribeiro Martins.
Waldetrudes/Raimundo Pano.
Wellington Luz .



 

E...um aviso para o atual Prefeito:

                  “Em um município como LUCIARA, em que sua força maior esta na Pecuária e Agricultura e, especialmente no Turismo e na pesca há que se lhes presidir um Prefeito ilibado e dinâmico, mas também é muito importante que os Secretários de Agricultura e o de Turismo sejam altamente capacitados e competentes, formando assim o Triangulo do sucesso, e estes deverão lutar na unificação de  fazendeiros, autoridades e de prefeituras vizinhas para concluírem definitivamente a estrada que liga Luciara a BR 158 junto a Porto Alegre do Norte abrindo assim definitivamente as portas para o turismo e consequentemente a evolução desta joia do Araguaia”        (Wdg.)

                    Autor: Wolfgang Dankmar Gunther

                Nova versão editada em  01 de julho de 2021.                                                                                                                                        

                                        §

  Referencias Bibliográficas...

*Histórico de Lucio Pereira Luz... diversos dados pessoais da família Luz, –Conhecimentos pessoais ."Adauta Luz Baptista Livro Sertão de Fogo”.
*Chacina no rio das Mortes (Boletim salesiano) pgs
Extraído do Livro “Mártires do Araguaia” do mesmo autor.
*JORNAL do ARAGUAIA ano 4  n° 15 de setembro de 1963–.
Renuncia Sub Prefeito Aldenor Milhomem:- pg.
*Portaria 294 do SPU fonte Internet pgs.
*Índios Tapirapé na História de Luciara... pg.
*Histórico dos Índios Karajas –.
Seleção, organização e montagem da exposição: Anna, Marli e Salime
Textos: Anna Maria Ribeiro F. M. Costa
Idealização: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso TORAL, André Amaral de. Pintura Fontes
AYTAI, Desiderio. A moça Karajas faz boneca de barro. Publicações do Museu Municipal de Paulínia. Paulínia, n° 21, Agosto de 1982, p. 15-20.
COSTA, Maria Heloisa Fénolon. A arte e o artista na sociedade Karajá.
Fundação Nacional do Índio, Departamento Geral de Planejamento
Comunitário, Divisão de Estudos e Pesquisas, Brasília, 1978.
FITTIPALDI, Ciça. Tainá, a estrela amante: mito dos índios Karajá. São
Paulo: Melhoramentos, 1986 (Série Morena)
LIMA FILHO, Manuel Ferreira. Karajá. Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil. São Paulo: Instituto Sócio ambiental, 2001.
MACHADO, Othon Xavier de Brito. Os Carajás. Ministério da Agricultura.
Conselho Nacional de Proteção aos Índios .Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,
publicação 104, anexo 7, 1947. Expressão corporal Karajá contemporânea.
     VIDAL, Lux (Org.). Grafismo indígena: estudos de antropologia estética.
     São Paulo: Studio Nobel: Editora da Universidade de São Paulo:
*Painel dos disciplinadores e Nomes dos Fundadores e participantes ativos do progresso de Luciara- folhas- pgs...
*Outros dados históricos: conhecimento próprio e Internet.
*Um dia um ser humano ensinou – pg.  – Tristão de Ataíde.
*Bibliografia. Pg.
*Agradecimento  Prece : Isaac Watts   pg..
).
 

  Agradecimento...
             Presença de Deus em “LUCIARA- RAÍZES”.
 
*Eu canto ao Todo poderoso Deus,
Que fez com que aparecessem montes,
Que espalhou oceanos amplamente,
Construiu de vez os altos Céus;
 
Eu canto a sabedoria que ordenou
Que o sol ao dia presidisse;
Que a Lua mandou também brilhar;
E as estrelas, que obedeçam a Sua voz;
 
Eu canto a bondade do Senhor,
Que encheu a Terra de alimento,
E formou as criaturas, como quis.
E achou que estava tudo bom!
 
Senhor, como expostas estão as Tuas obras!
Por onde quer que dirija os olhos meus,
Quer contemple o chão que piso,
Ou olhe para s céus, no espaço em cima,...
 
Não há planta, ou flor, aqui em baixo,
Que não a revele as tuas Glorias, Deus!
E as nuvens se elevam; as tempestades surgem,
Por ordem do Teu trono, ò poderoso Pai!
 
As criaturas todas, por Ti  vivem, Senhor,
O  objeto são do Teu cuidado eterno.
Não há lugar algum, de esconderijo,
Onde Deus não esteja: Ele em toda parte está!
  Izac Wats/Wdg.         
 

*Hino do rio Araguaia.               

 
Meu Araguaia, oh! Quanta beleza,
Em tuas praias de brancas areias,
Tuas noites lindas de luar banhadas,
Aruanã, dos Karajas na aldeia.
Oh! Rio cheio de encantos,
Que banhas a minha terra,
Todo o orgulho de minha’ alma,
Teu rolar garboso encerra.
Quero que no teu banzeiro,
Vá meu sofrer minha dor,
Meu Araguaia querido,
Por ti eu morro de amor.
 
O canto alegre de tuas gaivotas,
Nas manhas lindas sempre lindas,
Na alma da gente deixa mil saudades,
No coração mil doçuras infindas,
Já não posso mais aturar,
O coração cheio de magoas,
Meu Araguaia querido,
Me leve nas tuas águas,
Quero que no teu banzeiro,
Vá meu sofrer minha dor,
Meu Araguaia querido,
Por ti eu morro de amor.
 
Wilson Leite  -Santa Maria do Araguaia.

              

A canção mais antiga de Luciara....  ..
Em teus lindos cabelos, uma rosa prendeu, 
Em teus braços divinos, o cativo sou eu      
Em teus lábios viçosos, mil promessas de amor,     
Hoje eu vivo cantando,         
Esperando o frescor desta rosa de amor       ,
O perfume da rosa, em meu peito ficou.      
É a triste lembrança foi ela quem deixou,   
Esta rosa formosa é que me faz penar,         
Por que sei que cantado,      
Alguém fica esperando vendo a rosa murchar,       
*.....Se eu contar meu sofrimento,
Por este mundo sem fim,       
Se eu contar minha vida, você  tem   dó   de   mim,
Vivo no mundo isolado, num martírio sem fim,       
E é por causa de um amor,   
Que até meus próprios irmãos          
Também são contra mim.      
Até meu violão, que não sabe falar, 
E por ser de madeira, fica em meu lugar,    
Até meu coração, também sente paixão,
Por viver assim tão triste patativa canção......        
.....Se eu contar meu sofrimento.....por este  mundo....

         

Wolfgang Dankmar Gunther - 1948- Mato Verde.
                                                                                      

 A beleza das índias Carajá.


                                                  


   Índia do Parque do Xingu 01

               

                                                 Índias  do parque do Xingu.-2
 


Índia Xavante

                                                                    Índias  Carajás

                                       

 Índias Carajá Sta. Izabel

                                                                    s

Índias Carajás do norte.



Índia Yanomami


                                                                 RAONI -ÍNDIO CAIAPÓ
                                                                                                                                                            
                                               Índia  Carajá da Tribo Inã..usando seu caritó.
                                         
                                               Índia Xinguana com aproximação cultural. 

 





 
autor :Wolfgang Dankmar Gunther.
Avenida Piraguassú 1415.
Porto Alegre do Norte MT./Luciara.
CEP 78.655.000.
Celular; 014.66.984071193.                                     FIM





Nenhum comentário:

Postar um comentário